ÍNDICE - 02/07/2007 Folha de S.Paulo... 2 XColuna...2 Folha de S.Paulo... 3 Cotidiano...3 Folha de S.Paulo... 5 Cotidiano...5



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ÍNDICE - Folha de S.Paulo...2 XColuna...2 Folha de S.Paulo...3 Cotidiano...3 Superbactéria reduz eficácia de antibióticos...3 Folha de S.Paulo...5 Cotidiano...5 Hospitais tentam reduzir uso de antibiótico...5 Valor Econômico...7 Empresas...7 Blue Chip...7 Gazeta Mercantil...8 Opinião...8 Regulamentação com falhas...8 Revista Veja...9 Cartas...9 Cartas...9 Revista IstoÉ...10 Medicina & Bem-estar...10 Solução de emergência...10 IstoÉ Dinheiro...12 Entrevista...12 Os laboratórios Enganam o consumidor"...12 Gazeta Mercantil...16 Indústria...16 O que esperar do PAC da saúde?...16 Revista Veja...18 Geral...18 Sem estardalhaço...18 Folha de Londrina (PR)...19 Geral...19 Pacientes buscam a cura de doenças no veneno das abelhas...19 Folha de Londrina (PR)...21 Geral...21 Bioquímico sugere forma industrializada...21

Folha de S.Paulo XColuna PT x PT. Vem aí uma briga e tanto no PT. O senador Tião Viana (AC) apresentou projeto de lei desobrigando o SUS a fornecer medicamentos de alta complexidade caso não haja determinação da Anvisa. Imediatamente, Flávio Arns (PR) mobilizou uma rede de ONGs contra a proposta do colega. Elas devem lotar a audiência pública marcada sobre o tema nesta semana.

Folha de S.Paulo Cotidiano Superbactéria reduz eficácia de antibióticos Estudo inédito da Anvisa aponta que medicamentos estão perdendo o efeito devido ao uso excessivo nas UTIs do país Remédio para tratar infecções urinárias não funcionou em 70% dos casos analisados; agência realizará monitoramento CLÁUDIA COLLUCCI DA REPORTAGEM LOCAL Alguns dos antibióticos mais usados nas UTIs brasileiras estão perdendo o efeito em razão da resistência bacteriana. É o que aponta um estudo inédito da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que avaliou o perfil de sensibilidade desses medicamentos. A gentamicina, um dos remédios mais usados para combater problemas gastrointestinais não fez efeito em 59% dos casos analisados. No tratamento da pneumonia, a situação foi parecida: a oxacilina não funcionou em 62% dos casos. A resistência bacteriana também ficou clara em casos de infecção urinária: em 70% deles, a ceftriaxona, um dos remédios mais indicados, foi ineficaz. Para os médicos, a resistência é resultado do uso excessivo de antibióticos, que faz com que as bactérias criem barreiras contra eles. Esses microorganismos têm a habilidade de mudar a membrana celular para impedir a entrada do antibiótico ou alterar a sua própria composição química para que o antibiótico não as mate. "Bactérias resistentes prolongam a internação em 50% do tempo e aumentam os custos em 70%", diz Renato Grinbaum, chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital do Servidor Público Estadual. "Medicamentos que há dez anos só tinham resistência em 1% dos casos hoje não funcionam em 60%." O estudo da Anvisa, feito entre julho de 2006 e fevereiro deste ano em 64 hospitais -na grande maioria públicos-, é o primeiro trabalho de uma rede em implantação e que pretende monitorar, continuamente, a resistência microbiana. No futuro, segundo a Anvisa, a idéia é que esses dados orientem os médicos sobre o uso mais adequado dos antibióticos nas mais diversas situações. "Boa parte dos médicos trabalha empiricamente e sofre influência muito grande da indústria farmacêutica. Eles têm uma tendência para querer prescrever o antibiótico mais caro, o lançamento mais recente, que, nem sempre, é o mais eficaz", afirma o diretor da Anvisa, Cláudio Maierovitch. Por exemplo, no estudo, observou-se uma baixa freqüência do uso da ampicilina -só 47%- no tratamento do Staphylococcus aureus, responsável pelas infecções hospitalares. Mas ela teve uma eficácia de 94% nos casos analisados. "É um dos antibióticos mais antigos que a gente conhece, extremamente útil e um dos mais baratos. Os médicos, muitas vezes, partem do princípio de que a bactéria que vão tratar é resistente à ampicilina, então eles nem a usam", afirma. A agência também vai monitorar o consumo de cada antibiótico no Brasil. "Queremos acompanhar, ao mesmo tempo, os perfis de resistência e de consumo para ver se existe coerência entre as duas coisas." Para ele, essa coerência não existe. Além da interferência da indústria farmacêutica, ele cita a dificuldade de apoio laboratorial confiável, que dê a identificação correta da bactéria envolvida na infecção.

Uso empírico Segundo o infectologista Alexandre Rodrigues Marra, dos hospitais Albert Einstein e São Paulo (ligado à Unifesp), é comum o médico administrar um antibiótico de amplo espectro (capaz de tratar a maioria das bactérias), enquanto esperam o resultado dos exames que vão mostrar exatamente o tipo de bactéria envolvida na infecção. "Se não der antibiótico ao paciente com infecção, ele morre. Se a gente acerta com o antibiótico [de amplo espectro], as chances de óbito são menores." "Às vezes, o médico, com medo, acaba deixando os dois", explica Marra. "O uso empírico dos antibióticos nas UTIs, na tentativa de diminuir a mortalidade, tem um preço. As bactérias ficaram resistentes." Remédio inócuo Após contrair escarlatina e salmonela e com a imunidade fragilizada por antibióticos que não eram suficientes para curá-la, Beatriz, 2, filha de Renato e Andréia de Camargo, pegou pneumonia. A inflamação dos pulmões se espalhou pelo resto do corpo, e ela ficou 28 dias na UTI. "Demorou para ela melhorar de verdade", diz a mãe. Hoje, mesmo saudável, Beatriz ainda é assistida por médicos. Para o infectologista Alfio Rossi Junior, do Instituto de Pediatria do Hospital das Clínicas (SP), que atende Beatriz, a resistência das bactérias é causada, em grande parte, por culpa dos "médicos que receitam muitos antibióticos". Colaborou DANIEL BERGAMASCO, da Reportagem Local

Folha de S.Paulo Cotidiano Hospitais tentam reduzir uso de antibiótico Alguns também usam drogas antigas; no Hospital das Clínicas, médicos precisam justificar a indicação do medicamento Instituto Central do HC registra até 200 infecções hospitalares causadas por microorganismos resistentes por mês DA REPORTAGEM LOCAL Controle rigoroso do uso de antibióticos, utilização de drogas antigas e diminuição do tempo de administração dos medicamentos. Essas são algumas das estratégias que os hospitais estão adotando no combate à resistência bacteriana. Por exemplo, no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, ao receitar um antibiótico, o médico precisa preencher um formulário e justificar a indicação. Segundo a pediatra Lucília Santana Faria, o paciente só recebe o medicamento se uma comissão especializada aprovar. A junta médica também determina a dose e o tempo do tratamento. Faria, que ainda coordena a UTI pediátrica do Hospital Sírio-Libanês, diz que o mesmo rigor é aplicado no uso profilático de antibióticos [quando se dá remédio antes e depois da cirurgia para prevenir infecções]. "Como temos [no Sírio] muito paciente cirúrgico, usamos o antibiótico na profilaxia, mas ele é suspenso no tempo correto para evitar a resistência." No Instituto Central do Hospital das Clínicas, por onde passam cerca de 35 mil pacientes por mês, de cem a 200 deles sofrem de infecção causada por agentes de grande resistência. "Tomamos muito cuidado com higiene e no manuseio de objetos, como tubos e catéteres, para diminuir esse número", diz Ana Sarah, do controle de infecção hospitalar do HC. Uma outra medida é a redução do tempo de administração de antibióticos, que foi amplamente discutida durante o seminário internacional promovido pelo hospital Albert Einstein no mês passado. Segundo o infectologista Alexandre Rodrigues Marra, do Einstein, há estudos franceses que mostram que o uso de antibióticos contra pneumonia nas UTIs por oito dias tem o mesmo resultado se o remédio for administrado durante 14 dias. "É claro que precisa avaliar caso a caso. Têm infecções em que você precisa dar mais tempo, como a endocardite [na válvula do coração]. Mas uma pneumonia associada à ventilação mecânica pode ser tratada em menos de 14 dias." Outra estratégia, já utilizada por alguns hospitais, é voltar a utilizar antibióticos antigos, como a polimixinas, da década de 1940. O remédio caiu em desuso em razão dos efeitos colaterais e, ao longo dos anos, foi sendo substituído por outros. Mas as bactérias foram ficando tão resistentes que algumas delas, como a Pseudomonas aeruginosa (responsável por infecções oportunistas), estão sendo combatidas com polimixina, afirma Marra. Uma terapia que promete bons frutos para o futuro são medicamentos que atingem os alvos que causam a resistência bacteriana. Mas as pesquisas estão em fase de estudos.

No HC, há um grupo que analisa o DNA de bactérias para averiguar se o mesmo tipo está contaminando vários pacientes -ou seja, se existe um surto no hospital. (CLÁUDIA COLLUCCI E DANIEL BERGAMASCO)

Valor Econômico Empresas Blue Chip Angela Klinke Delivery de remédio geladinho O trabalho de conclusão de MBA do economista André Kina não ficou só no papel. Gerada nos bancos acadêmicos, a 4 Bio distribui apenas medicamentos especiais -- aqueles que são frutos de pesquisas biotecnológicas e desenvolvidos para doenças raras, como hemofilia, esclerose múltipla, além de problemas de reprodução humana, entre outros. Ao identificar este nicho há quatro anos, Kina investiu em infraestrutura, logística e atendimento. Os produtos são armazenados em geladeiras especiais, transportados em embalagem com termômetros em prazos menores do que 24 horas para clínicas e consumidores finais. Para não correr risco de ficar sem energia, Kina instalou um megagerador na empresa. Hoje, seus parceiros são os laboratórios Schering, Serono, Abbot, entre outros. Em breve, ele começa a vender a inovadora vacina de HPV, do laboratório Merck Sharp & Dohme. Kina espera faturar esse ano R$ 8 milhões, um crescimento de 100% em relação ao ano passado. A maior parte das vendas é de produtos para reprodução humana. "Percebi uma oportunidade de negócios. Meu objetivo é ser líder nesse segmento, ampliar a participação em outros estados", diz Kina, ex-executivo da Procter & Gamble. Delivery I O mercado de medicamentos especiais está acelerado. Em 1990 eram somente 10, hoje são 200 em comercialização e 800 em pesquisa. Movimentou US$ 55 bilhões em 2005 no mundo todo. No Brasil, representa US$ 1 bilhão ou 10% do mercado total de medicamentos. Delivery II Toda vez que ia visitar um médico para apresentar sua empresa, Kina acabava dando dicas de gestão para os doutores. Transformou os aconselhamentos informais em um curso on-line para gestão de clínicas médicas, hospedado no site da 4 Bio. Ação de relacionamento.

Gazeta Mercantil Opinião Regulamentação com falhas O Código de Defesa do Consumidor diz que é direito do cidadão ter acesso a todas informações sobre o produto que está comprando, assim como os testes exigidos. Hoje são comercializadas no Brasil várias categorias de medicamentos, separadas de acordo com o tipo de registro obtido perante Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dentre as espécies mais comuns estão o "de referência", os genéricos e os similares. O medicamento de referência é inovador na sua classe terapêutica, cujo fabricante conduz os testes clínicos exigidos para verificar a segurança. O genérico é aquele com princípio ativo idêntico ao primeiro, mas que por disposição legal, não pode ostentar qualquer marca comercial, razão pela qual é vendido pelo nome do princípio ativo. Para seu registro no Brasil, é exigida por lei a apresentação de testes que comprovem a bioequivalência e a biodisponibilidade em relação ao de referência. Estes exames comprovam que o genérico tem propriedades idênticas às dele - ou quase. Assim, a garantia pode ser conferida de forma indireta, a partir de sua equivalência ao medicamento de referência, que já comprovou às autoridades os requisitos de segurança. Por fim, há o similar, em que sempre residiu o risco sanitário brasileiro na área farmacêutica. Ao contrário do que já ocorria em relação aos genéricos, dos similares somente passaram a ser exigidos os testes por ocasião da renovação do registro, a partir de 2003. Recentemente veículos de comunicação destacaram que membros da Anvisa reconheciam não serem capazes de garantir o efeito destes medicamentos. Embora a área sanitária tenha suprido essa falha na legislação, a ação prática não é imediata. Por exemplo, empresas que solicitarem à Anvisa o registro de medicamento similar após a entrada em vigor da norma deverão apresentar os testes de bioequivalência e biodisponibilidade. Porém, os já registrados sob a proteção da legislação anterior, deverão adaptar-se às novas regras, anexando os testes, somente por ocasião da renovação a cada cinco anos. Durante anos o consumidor submeteu-se a um injustificado risco sanitário, em que bastava para colocação no mercado a mera afirmativa quanto às propriedades da droga colocada no mercado, desprovida de qualquer comprovação científica. Essa situação foi revista pelo legislador. Porém, em razão da sua aplicação nos casos antigos, a insegurança sanitária em torno dos similares deverá persistir por algum tempo. Tal problema poderia ser atenuado caso os consumidores fossem informados sobre os remédios que já tiveram seus registros renovados. Além do direito à saúde, constitucionalmente previsto, é também direito do cliente, por aplicação do Código de Defesa do Consumidor, o acesso a todas as informações importantes sobre o produto que está comprando, de forma clara e precisa. (Colaborou: Erismar Bastos, consultor em Direito Sanitário).

Revista Veja Cartas Cartas Agnes Nishimura Como médica e portadora de forma familiar de esclerose lateral amiotrófica, foco de estudo da pesquisadora Agnes Nishimura (Auto-retrato, 27 de junho), ressalto a importância de sua descoberta para nossos familiares e para a medicina, abrindo novos horizontes para essa doença, até agora, sem cura. Lembro que a pesquisa foi conduzida por essa jovem brilhante cientista brasileira, que, infelizmente, teve de deixar o Brasil para continuar pesquisando porque em nosso país as dificuldades burocráticas e orçamentárias dificultam as pesquisas científicas. E acredito que estudos com células-tronco embrionárias impulsionarão terapias novas, que salvarão a vida de muitos já nascidos. Infelizmente, no momento, há enfermos perdendo a vida devido ao atraso nessas pesquisas, motivado, talvez, pelo mesmo dilema: o que vem antes, a galinha ou o ovo? Espero que Deus inspire com sabedoria a mente de nossos governantes, pela liberação dos estudos com células-tronco embrionárias. Boa sorte, Agnes, e obrigada. Silvia Beatriz Costa Valle Brasília, DF

Revista IstoÉ Medicina & Bem-estar Solução de emergência Uso da pílula do dia seguinte, remédio tomado contra o risco de gravidez, aumentou 80% entre as jovens brasileiras e pode se tornar uma aliada polêmica MÔNICA TARANTINO A pílula do dia seguinte chegou há oito anos às farmácias brasileiras - e em 2004 começou a ser distribuída na rede pública. Trata-se de uma cartela de dois comprimidos com hormônios que têm a missão de dificultar a fecundação e, conseqüentemente, a gravidez. Bem antes disso, ginecologistas já receitavam combinações de anticoncepcionais com efeito idêntico às clientes inseguras com as conseqüências de uma relação sexual sem proteção ou marcada por incidentes como o estouro da camisinha. Ou seja, um recurso de emergência para situações de risco. E haja emergência! A mais recente pesquisa sobre a sexualidade e a saúde das nossas meninas mostrou um aumento de 80% no uso do remédio em três anos. O estudo foi feito com 178 garotas com menos de 20 anos, atendidas nos serviços de referência para adolescentes paulistas. "Das 120 que já tinham vida sexual, 35,8% usaram a pílula de emergência pelo menos uma vez. Em 2004, esse número era menor: 20% recorreram ao método", diz a ginecologista Albertina Duarte Takiuti, responsável pelo estudo e coordenadora do Programa Estadual de Saúde do Adolescente de São Paulo. O crescimento do uso da pílula revela que as garotas estão preocupadas em evitar a gravidez indesejada, mas, ao mesmo tempo, não estão tomando as devidas precauções para que isso não aconteça. Resumindo: não se valem de anticoncepcionais e, mais grave, não exigem que o parceiro use camisinha, expondose assim às doenças sexualmente transmissíveis. Em 60,5% dos casos avaliados pelo trabalho, as jovens que tomaram a pílula do dia seguinte fizeram sexo sem preservativo e não estavam usando nenhum outro método anticoncepcional. As demais usaram preservativos que teriam se rompido, segundo elas, durante a relação sexual. A pesquisa também mostrou que a maioria das jovens conhece o método de última hora, mas isso não quer dizer que saibam como usá-lo. "Elas ignoram que pode falhar em 10% a 15% dos casos e o vêem como uma espécie de pílula mágica", diz Albertina. A estudante paulista Carla, 16 anos, descobriu isso na prática. "Esqueci da camisinha e meu namorado comprou a pílula do dia seguinte. Tomei certo, mas mesmo assim fiquei grávida", conta a garota, enquanto embala no colo a filha Mercedes, de sete meses. Agora ela usa um dispositivo intra-uterino para evitar nova gravidez. "Aproveitamos esse momento para uma ação educativa sobre a importância da proteção com anticoncepcionais e com a camisinha, por causa das doenças sexualmente transmissíveis", diz Albertina Outro comportamento desaconselhável é o uso constante da pílula. Cerca de 46% das garotas avaliadas tomaram mais de uma vez. "Isso diminui a eficácia, mas elas desconhecem", explica a ginecologista Mônica Moreira, de São Paulo. A estudante de fisioterapia Júlia Salvatti, 21 anos, acredita que uma das explicações para o consumo repetido, até mais de uma vez por mês, é que algumas jovens tomam a pílula como se fosse mais um anticoncepcional. "Não é. Deveria haver mais campanhas para esclarecer como funciona de fato e sobre a prevenção da gravidez", afirma. Júlia tomou uma única vez, aos 19 anos, durante a fase em que interrompeu o uso regular de

comprimidos anticoncepcionais por recomendação médica. "Deu certo, mas até minha menstruação chegar, dez dias depois do remédio, fiquei muito ansiosa. Não quero passar por isso de novo", diz. A pesquisa de Albertina identificou mais áreas delicadas. "Cerca de 21% dos parceiros das meninas que usaram comprimidos do dia seguinte não participaram da decisão. Outros 7% não aprovaram a escolha. Isso mostra que o peso está caindo sobre os ombros das garotas, até mais do que em anos anteriores. Elas estão mais sozinhas", conclui. A questão ganha relevância considerando que a atividade sexual começa cada vez mais cedo, por volta dos 15 anos, e em geral depois de um mês de relacionamento com o segundo parceiro. A grande procura pelo remédio mostra a real necessidade de ampliar o acesso a ele. Mais um passo nesse rumo será o início, em julho, da distribuição gratuita desse contraceptivo nos postos Dose Certa, em estações de ônibus, trens, metrô e hospitais. Também se discute os prós e contras de eliminar a necessidade de receita para que a mulher receba o remédio na rede pública dentro do prazo mais adequado, sem esperar pelas consultas. Resta ajustar o foco para que o acesso venha junto com a consciência de que a pílula deve ser usada como uma solução rápida para deslizes, e não no lugar da prevenção - sobretudo a camisinha, segura para evitar gravidez e doenças.

IstoÉ Dinheiro Entrevista Os laboratórios Enganam o consumidor" A jornalista americana, especializada em indústria farmacêutica, diz que as empresas lançam remédios inúteis, mantêm relação promíscua com médicos e cobram preços exorbitantes por seus produtos Marcia Angell, 68 anos, comprou uma briga feia. Crítica ferrenha dos grandes conglomerados farmacêuticos, a jornalista norte-americana decidiu escrever um livro para "lavar a roupa suja" e contar o que acontece dentro dos laboratórios. Angell coloca o dedo na ferida: diz que os consumidores estão sendo passados para trás e que as empresas fabricam remédios para doenças imaginárias. A obra "A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos - como somos enganados e o que podemos fazer a respeito" (Ed. Record, 322 págs., R$ 45) acaba de chegar ao País. Ex-editora-chefe do jornal "The New England Journal of Medicine", a mais conceituada publicação da área no mundo, e membro da Harvard Medical School, Angell foi apontada pela revista "Time" como uma das 25 pessoas mais influentes da América em 1997. A disparada do lucro do setor nos anos 80 e 90 chamou sua atenção. Diz que passou noites e noites em claro, teve medo de represálias, mas foi em frente na busca por informações. "Os consumidores podem não saber dos detalhes da política comercial dos laboratórios, mas eles entendem que os preços estão subindo aos céus e que essas empresas têm lucros exorbitantes, sustentados por vendas suspeitas", afirma ela, nessa entrevista exclusiva à DINHEIRO. DINHEIRO - Em seu livro, a sra. afirma que, nas últimas duas décadas, a indústria farmacêutica tem se distanciado de sua proposta original, que é descobrir e produzir novos medicamentos úteis à humanidade. Nós estamos sendo enganados? MARCIA ANGELL - Sim, estamos sendo enganados. Não há a menor dúvida disso. Os laboratórios farmacêuticos querem que acreditemos que eles têm de cobrar altos preços pelos medicamentos por conta dos investimentos com pesquisa e desenvolvimento de novas fórmulas. Mas isso não é verdade. Na prática, eles gastam mais de duas vezes em marketing do que gastam em pesquisa e desenvolvimento e têm embolsado, em termos de lucro, mais dinheiro do que o valor gasto nessas duas áreas. Então, é correto afirmar que os altos preços cobrados por eles cobrem os imensos gastos em marketing e mantêm os lucros absurdos. A verdade está na nossa cara. Qualquer um pode ir aos websites das companhias e ver o relatório anual para descobrir o quanto eles têm dito que gastam em pesquisa e desenvolvimento e o quanto gastam em marketing e administração. DINHEIRO - Quais são os valores? ANGELL - A indústria fala que desembolsa cerca de US$ 802 milhões para criar um novo medicamento (segundo levantamento do setor de 2002), mas análises de especialistas independentes informam que o valor é apenas uma pequena fração disso (algo entre US$ 71 milhões e US$ 150 milhões, segundo levantamento da Healthy Research Group). Somente uma parte mínima do que é lançado pode ser realmente classificada como novos medicamentos. DINHEIRO - No Brasil, os preços começaram a cair de forma mais acelerada recentemente, com a expansão do mercado de produtos genéricos. Por que os medicamentos são tão caros ainda? ANGELL - O que as empresas dizem é que o alto risco do negócio exige investimentos elevados sem garantia de sucesso no desenvolvimento de

medicamentos. No entanto, ano a ano as companhias do setor registram os lucros mais elevados entre todas as indústrias da economia. Em 2004, a lista das nove maiores empresas do setor nos EUA, montada pela revista "Fortune 500", mostrava que a margem de lucro média do segmento atingia os maiores patamares entre todos os setores da economia norte-americana. Essa taxa foi de 16% das vendas em 2004, comparada com a média de 5,2% de todas as empresas verificadas pela pesquisa. São os consumidores que pagam por esse enorme lucro. DINHEIRO - É possível saber se os valores gastos pelos consumidores têm crescido? ANGELL - Os americanos gastam quase duas vezes mais, em média, pelos mesmos medicamentos adquiridos por canadenses e europeus. Nessas duas regiões, os países possuem formatos de regulação de preço, com intervenção governamental, que os EUA não têm. Eu não posso dizer que a situação dos países emergentes, como o Brasil, é semelhante à que ocorre nos Estados Unidos, com valores exorbitantes cobrados pelas mercadorias, mas eu suspeito que as companhias farmacêuticas colocam o preço que querem em seus produtos e isso também acontece no Brasil. "O Lipitor, da Pfizer, receitado contra colesterol, é um remédio de imitação" DINHEIRO - A sra. já disse algumas vezes em entrevistas que as empresas do setor "vendem" doenças que não existem... ANGELL - As companhias freqüentemente vendem doenças que podem ser tratadas pelos remédios que estão lançando, em vez do contrário. Elas apresentam medicamentos para tratar, por exemplo, o que as empresas chamam de "desordem de ansiedade social", que nada mais é que a timidez. Há casos em que os laboratórios ampliam a definição dos fatores de risco de uma doença. Todo mundo sabe que comer muitos produtos gordurosos pode ser perigoso, eleva o colesterol e, em alguns casos, requer tratamento com drogas. A questão aí é que os "especialistas", com ligações financeiras com a indústria, ficam baixando o nível considerado normal e todo mundo pode entrar no nível de risco, entende? Então, nesse cenário, muita gente toma remédio para baixar o colesterol sem necessidade. DINHEIRO - Em seu livro, a sra. afirma que a indústria farmacêutica tem enchido o mercado com produtos que a sra. chama de "medicamentos de imitação". Como isso pode acontecer? Não há fiscalização dos órgãos reguladores? ANGELL - As companhias do setor têm despejado os medicamentos de imitação no mercado porque eles querem aumentar os ganhos imediatos, fazendo lucro certo e rápido por meio da fabricação das ditas "novas" versões, que foram, na realidade, criadas a partir de velhos medicamentos. Muitos remédios de imitação têm boas perspectivas de êxito, o que acaba levando esse mercado a um crescimento enorme, impulsionado facilmente pela ação publicitária. Existe hoje toda uma família de produtos de imitação. Por exemplo, existem seis remédios muito similares para o controle do colesterol. Um deles, o Lipitor, da Pfizer, está entre os produtos "top" do mercado, mas ele é realmente um produto de imitação. Eu acho que o consumidor está cansado dessa situação, de pagar preços exorbitantes por mercadorias por conta de gastos astronômicos das empresas em suas marcas e também na área administrativa. O FDA (U.S. Food and Drug Administration, órgão de controle desse mercado nos EUA) informa que próximo a 80% do que foi lançado pelas empresas nos últimos sete anos não eram mercadorias muito melhores ou diferentes do que aquelas que já estavam sendo vendidas pelo mercado. Mas eles não podem fazer nada. A ação do órgão se restringe a liberar medicamentos que tenham efeito sobre a doença identificada. E o produto irá agir, já que ele é uma cópia de outros medicamentos que já atuam sobre a doença. Então não há muito o que fazer nesse sentido.

DINHEIRO - O que seria necessário para mudar esse cenário? Elevar a fiscalização em cima dos grupos, ou implantar mudanças mais drásticas por meio do poder público? ANGELL - Eu propus em meu livro um programa de reformas vitais para o setor. Talvez a mais importante seja a criação de uma norma que determine que as companhias comparem com maior rigor o desenvolvimento de "novas" drogas que são uma cópia daquelas já fabricadas pelas empresas. No sistema atual, essa comparação, que é necessária para que haja a liberação do FDA, acontece com produtos de baixa qualidade, com "pílulas de açúcar". Então, nessa história, compara-se um novo lançamento com alguma coisa que é melhor que nada. Isso torna possível que as companhias continuem colocando no mercado produtos copiados, em vez de investirem realmente em mercadorias de que a população precisa urgentemente. Essa população conta com o aparecimento de avanços científicos importantes, que os laboratórios podem e devem coordenar. DINHEIRO - Há conivência com os médicos? ANGELL - Para se ter uma idéia, há questões éticas nisso também. Os laboratórios dão presentes e privilégios para os médicos. Eles provavelmente gastam bilhões de dólares ao ano cortejando os doutores. Isso é evidentemente um absurdo. Contamina o sistema porque deixa o médico desconfortável, menos propenso a realizar críticas e a ser imparcial em relação a alguma marca, por exemplo. DINHEIRO - Até que ponto isso é ruim para os pacientes? ANGELL - Isso é muito ruim para os pacientes. As companhias do segmento gastam milhões de dólares em campanhas publicitárias, mas aplicam bilhões para seduzir os médicos. Pode parecer loucura, mas não é. O jogo de sedução começa na universidade, onde são distribuídas amostras grátis para os futuros médicos, são pagos almoços e distribuídos brindes. Os futuros médicos aprendem absurdos. Podem chegar a acreditar que os melhores medicamentos são os mais novos, recém-lançados. "Eu gosto dos genéricos. Eles não vendem a falsa idéia de que são inovadores" DINHEIRO - A sra. comenta que as companhias do setor estariam criando ensaios clínicos para fazer com que seus produtos pareçam melhores do que são. Como isso é possível? ANGELL - No passado, as empresas do setor pagavam por ensaios clínicos para testar medicamentos, mas isso acabou. Agora, elas estão envolvidos diretamente na elaboração desses estudos que determinam a eficiência do medicamento. São elas mesmas que não só elaboram o estudo como analisam e interpretam os resultados. Isso dá aos laboratórios uma imensa capacidade de controlar todo o sistema e, obviamente, eles podem maquiar o medicamento, mostrando no estudo que o produto é melhor do que realmente é. Mais que isso: enquanto eles enaltecem o lado positivo, escondem o lado negativo, como efeitos colaterais. Por conta disso, eu acredito muito que a literatura médica, na descrição dos seus produtos, não é nada confiável. DINHEIRO - A sra. é favorável à expansão do mercado de medicamentos genéricos? ANGELL - Eu sou muito favorável à expansão do mercado de genéricos no Brasil e no mundo. Eles são idênticos às mercadorias que possuem marcas de expressão, mas têm uma diferença em relação aos produtos de "imitação". Os genéricos não estão sendo criados e vendidos com a idéia de que são mercadorias novas. Eles não compram essa mensagem errada de que são lançamentos - e, portanto, não é preciso pagar caro por eles. DINHEIRO - A sra. é uma crítica ferrenha do mercado de medicina alternativa. Por quê?

ANGELL - Eu acredito que os produtos lançados pela medicina alternativa deveriam ser amplamente testados para que se pudesse verificar a eficácia deles. Eu não sou contra os medicamentos em si. Quero deixar isso claro. Eu sou contra essa postura que o segmento tem de que não é necessário testar os remédios que as empresas tentam vender.

Gazeta Mercantil Indústria O que esperar do PAC da saúde? 2 de Julho de 2007 - O PAC da saúde está prestes a ser anunciado sem que se saiba muito sobre ele. Citado reiteradamente pelo ministro José Gomes Temporão desde a posse, sabe-se apenas que pretende alavancar o complexo industrial da saúde no País, por meio de uma estratégia que fortaleça a produção local de medicamentos, insumos e equipamentos e incentive a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, tendo em vista a melhoria do atendimento e das ações do sistema de saúde. Esse objetivo seria alcançado mediante um plano articulado entre diversas áreas e órgãos do governo, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Ciência e Tecnologia (MCT). Ao longo de quase quatro meses, o ministro repetiu que a ênfase do PAC da saúde é usar os financiamentos do BNDES, tirar proveito do poder de compra do Estado e promover a pesquisa e a produção de medicamentos por empresas nacionais. Em nenhum momento a proposta foi debatida em detalhes com representantes do setor produtivo. Essa circunstância gera naturalmente uma série de dúvidas. Como o governo vai tornar a indústria local competitiva? Sem a revisão do modelo de regulação econômica (e do controle de preços), que distorce o planejamento estratégico e compromete a rentabilidade das empresas, tal objetivo dificilmente será alcançado. Como o governo espera promover P&D na área farmacêutica? Pelo menos três condições precisam ser satisfeitas: estabelecer canais duradouros entre as instituições acadêmicas e as empresas; acabar com a escassez de recursos e a desarticulação das diversas instâncias públicas que lidam com a inovação; e oferecer financiamentos em condições adequadas para as médias e pequenas empresas. A baixa demanda pelas verbas do Profarma Inovação P, D & I ilustra o desafio. Como o governo pretende atrair para o País "etapas nobres do processo de desenvolvimento de medicamentos" e incentivar a transferência de tecnologias? Diante do lento sistema de registro de novas substâncias e das incertezas jurídicas provocadas pelas ameaças à propriedade intelectual, é compreensível que, como observou o ministro da Saúde, a indústria farmacêutica multinacional se sinta desestimulada e questione o real interesse do governo em firmar acordos de transferência de tecnologia. Como o governo pensa em incentivar a instalação de uma "base produtiva forte para atender à inclusão social e atenuar as desigualdades"? Essa meta certamente não será alcançada com a manutenção da carga tributária de 35,07% incidente sobre o preço final dos medicamentos, nem pela imposição de medidas compulsórias, como a obrigatoriedade da venda fracionada de medicamentos. Como o governo quer tirar vantagem do poder de compra do Estado? O Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) nas compras de medicamentos feitas pelo poder público em nada contribui para isso. Outro obstáculo é a Lei 8.666, que estabelece uma concorrência iníqua entre os qualificados laboratórios instalados no País e fornecedores internacionais cuja única vantagem comparativa é o preço. Será possível estabelecer um pólo farmacêutico competitivo e importante com ações focadas exclusivamente nos laboratórios de capital nacional? É um ponto

controverso no próprio governo. Há dias, MDIC e BNDES anunciaram um novo aspecto da política industrial que prevê o apoio a subsidiárias brasileiras de multinacionais fabricantes de produtos inovadores de alto valor agregado. As questões aqui apresentadas demonstram a complexidade da questão, a necessidade de amplo debate e de uma articulação bem conduzida, tanto do lado do governo quanto da iniciativa privada, que leve ao crescimento auto-sustentado do complexo produtivo da saúde, com foco no bem-estar da sociedade brasileira. A indústria farmacêutica quer participar dessa discussão. Disposição que manifesta sistematicamente desde 2002 e que reafirmou na última campanha presidencial, quando a Febrafarma elaborou um documento com sugestões ao futuro governo.

Revista Veja Geral Sem estardalhaço Depois de alardear o licenciamento compulsório de um remédio antiaids, o governo negocia com o fabricante a compra da versão líquida do medicamento, indicada para crianças O Ministério da Saúde anunciou, na semana passada, a chegada ao Brasil do primeiro lote do genérico do anti-retroviral efavirenz, fabricado na Índia. O efavirenz é um dos principais medicamentos do coquetel antiaids distribuído gratuitamente a 75.000 doentes. A importação do genérico é fruto do licenciamento compulsório (quebra de patente, na prática) do remédio desenvolvido pelo laboratório americano Merck Sharp&Dohme. A medida foi objeto de grande estardalhaço. Sem nenhum barulho, no dia 18 de maio, duas semanas depois da quebra de patente, o governo teve de recorrer à Merck para reabastecer seus estoques de efavirenz líquido, usado no tratamento pediátrico da aids. Num fax da Subsecretaria de Assuntos Administrativos, o Ministério da Saúde solicitou a compra de 28 000 frascos do remédio em xarope. Essa quantidade é suficiente para atender, por um ano, 1 000 pacientes de até 12 anos portadores do vírus HIV. No Brasil, o número de crianças infectadas cai continuamente desde 2003 (veja o quadro abaixo). Cerca de 70% delas foram contaminadas durante o parto. Nenhuma companhia farmacêutica produz o antiretroviral em xarope - a não ser a Merck. O primeiro lote, com 7.000 frascos, será entregue ao governo nos próximos trinta dias. O restante, em setembro, novembro e janeiro. Quando o estoque terminar, o contrato deverá ser renovado. Daqui a alguns dias, o Ministério da Saúde assinará um contrato com o laboratório americano Abbott, fabricante do anti-retroviral Kaletra. O acordo prevê um desconto de 30% na compra do medicamento, o que representa uma economia de 10 milhões de dólares por ano. Resta a pergunta: por que não se celebrou um contrato semelhante com a Merck? Segundo o presidente da divisão latino-americana do laboratório, Tadeu Alves, também foi oferecido ao governo um desconto de 30% na venda do efavirenz. Além disso, a Merck sugeriu transferir a tecnologia de fabricação do remédio ao Brasil dois anos antes do fim da patente. O benefício financeiro, aliado ao industrial, seria maior do que o obtido com o licenciamento compulsório. Mas é o tipo de coisa que não rende manchetes.

Folha de Londrina (PR) Geral Pacientes buscam a cura de doenças no veneno das abelhas Uso da apitoxina não tem registro junto ao Ministério da Saúde Aplicação nas costas, na altura da cintura e das axilas: estimular a produção de cortisona pelas glândulas supra-renais João Cândido possui esclerose múltipla: ''Meu tratamento é exclusivamente veneno de abelha, vitaminas e exercícios'' Roseli Arins teve diagnóstico de artrose há três anos: ''Melhor alternativa para minha saúde e qualidade de vida'' Andando com dificuldades e ajuda de uma bengala, o funcionário público aposentado João Cândido Lara Neto, de 59 anos, se dirige ao estabelecimento onde, a cada 15 dias, recebe cerca de dez ferroadas de abelha. Portador de esclerose múltipla desde os 34 anos, optou por se tratar com o veneno de abelha, ou a apitoxina, há sete anos. ''Meu tratamento é exclusivamente o veneno de abelha, vitaminas e exercícios'', disse ele, enquanto levava as ferroadas no joelho, nas mãos e na cabeça. ''O efeito é instântaneo, já sinto a reação no meu organismo e na locomoção'', relatou João, que, em seguida, levantou sozinho da cadeira e saiu andando sem a bengala. O aposentado confessa que a iniciativa do tratamento foi própria. ''A maioria médica é contra a apitoxina, nem o meu neurologista, nem a minha nutróloga recomendaram que eu fizesse o tratamento'', explica. O aposentado conta que, no começo da doença, fazia aplicações de veneno de cobra trazido dos Estados Unidos, cujo efeito era similar ao da abelha. ''Desde que comecei a levar as ferroadas, nunca mais tive crises. Antes, quando eu tinha crises precisava tomar cortisona, mas agora o veneno da abelha provoca a produção natural da cortisona no organismo. É muito melhor'', compara João Cândido. Para ele, não há possibilidades de ficar sem as picadas da abelha. ''Sinto falta. Imagine que graças ao veneno da abelha eu pude dançar com minha filha no baile de formatura dela. A minha vida mudou'', conta João Cândido. O estabelecimento, em Curitiba, onde João recebe as ferroadas não é revelado, nesta reportagem, para não aumentar a demanda de pessoas e também porque o tratamento com apitoxina não é registrado junto ao Ministério da Saúde. No local, é feita aplicação da apitoxina gratuitamente para as pessoas, cujo serviço é divulgado de boca-em-boca. A aplicação nas costas, na altura da cintura e das axilas, estimula a produção de cortisona pelas glândulas supra-renais e nos locais de dor previne a atrofia muscular. As ferroadas, no entanto, são feitas apenas em pessoas imunes ao veneno da abelha, aquelas que são alérgicas ou hipersensíveis não podem se submeter ao tratamento - nos casos mais graves pode levar até a morte. As aplicações são cuidadosamente registradas numa ficha, com dia, total de ferroadas e local, informações exigidas pelos médicos, até porque é preciso apresentar um protocolo médico para fazer o tratamento. Na ficha também é informado os problemas de saúde: esclerose múltipla, reumatismo, artrite, hérnia de disco, dores na coluna, escoliose e fibromialgia.

''Não se trata de algo de fundo de quintal, a apitoxina é um conhecimento universal. Basta fazer uma pesquisa, ler publicações. Agora a classe médica apoiar ou não é questão de abertura de cada profissional. Sou plenamente convencida que é a melhor alternativa para minha saúde e qualidade de vida'', defende a socióloga aposentada Roseli Arins, 53 anos, que recebe as ferroadas, toda semana, há mais de dois anos e tem aprovação de um médico para o tratamento. De lá para cá, exames comprovam que a doença não teve evolução. A socióloga teve o diagnóstico de artrose (desgaste das articulações), há três anos, e decidiu não fazer o tratamento convencional devido aos efeitos colaterais. ''Não cheguei a ter dor, nem restrição dos movimentos, mas optei pela prevenção com a apitoxina, que é natural e não vai me causar transtornos ao tratar uma doença que não tem cura'', justifica Roseli, que diz ser ''perfeitamente suportável'' a ferroada. ''Meu alergologista ficou perplexo quando soube que eu fazia o tratamento há tanto tempo. Pediu, então, um exame de rastro para abelha. O resultado foi dentro da normalidade. Ele não fez nenhum comentário'', conta ela. Flora Guedes De Curitiba