Design Gráfico Contemporâneo PSICODELISMO. Julio Cesar de Lira. Larissa Ribeiro de Sousa. Niara Rodrigues Freire Luz. Rodolfo dos Santos



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Transcrição:

Design Gráfico Contemporâneo PSICODELISMO Julio Cesar de Lira Larissa Ribeiro de Sousa Niara Rodrigues Freire Luz Rodolfo dos Santos Turma F - 6 semestre - Noturno Professora Cecília São Paulo 2011

HISTÓRIA Os anos 60 foi um período de explosão de juventude em todos os aspectos, e daí estendeu-se o termo Arte Psicodélica utilizada por toda produção artística jovem da época. Onde essa arte teve melhor repercussão foi em pôsteres de divulgação de shows, capas de discos, murais e revistas, onde a maior parte vinham das bandas de rock. Os designers psicodélicos desse período rejeitavam o modernismo - uma corrente artística que surgiu na última década do século XX, como resposta às conseqüências da industrialização, revalorizando a arte e sua forma de realização: manual como algo fora de moda. Enquanto os modernistas olhavam apenas para o futuro em busca de inspiração, o psicodelismo olhava para todos os lugares, muitas vezes através das alucinações provocadas por drogas alucinógenas (LSD). As alucinações geradas pela droga eram de efeitos caleidoscópicos, o usuário chega à estágios no qual a capacidade de receber e analisar de forma estrutural as informações do ambiente ficam destorcidas. Pôster com figura distorcida de Charles Chaplin As drogas eram legais na Califórnia até 1966, e sua influência na percepção era simulada nas peças gráficas por meio de uma deslumbrante repetição de contrastes cromáticos, seja em preto e branco, seja entre cores complementares. Muitos designers afirmavam escolher sua palheta de cores a partir de suas experiências visuais com o LSD. As principais características que distinguem um trabalho psicodélico são: o uso de imagens fantasiosas, padrões de caleidoscópio, cores brilhantes e contrastantes, grande detalhamento das

ilustrações, elementos simétricos, objetos amorfos e distorcidos, repetição de motivos e tipografia inovadora. Na tipografia o espaço existente entre as letras e dentro delas era contrabalançado pelas próprias letras, da mesma maneira que as cores contrastavam entre si com igual intensidade. Há quem diga que eles usavam o conceito: Se você não consegue ler, é porque não é para você. Mesmo parecendo algo tão novo e revolucionário, o uso de estados alterados de consciência como um recurso para a expressão da arte é praticado desde a pré-história. A classificação das formas de comunicação do homem pré-histórico como trabalhos artísticos é contraditória, entretanto, desenhos que remetem a experiências Capa de álbum de Santana Abraxas alucinatórias são nomeados como entoptic art. A simples repetição de círculos concêntricos na parede de uma caverna poderia ser considerada um tipo de entoptic art, por não ter aparentemente nenhuma relação com objetos e acontecimentos reais, e provavelmente relacionam-se com a falta de explicação dos fenômenos naturais para o homem primitivo. Um dos designers mais famosos desse período foi Wes Wilson, destacando-se na produção de peças gráficas para shows de rock. Victor Moscoso também realizou trabalhos notáveis, e era o único com formação em artes. Estudou cores em Yale com Josef Albers, ex-professor da Bauhaus.

The Beatles - Sgt. Pepper s Lonely Hearts Club Band (1967) Projetada pelos artistas pop Peter Blake e Jann Haworth, a consagrada capa deste disco fundamental dos Beatles, lançado pela Parlophone, é provavelmente a mais famosa já criada. Utiliza personagens da cultura pop norte americana, além de contrastar imagens coloridas com imagens em preto e branco. Cream Disraeli Gears (1967) O design de Martin Sharp traz ícones surrealistas de alucinações induzidas por drogas em vermelho e amarelo lisérgicos. Temos um grande número de imagens sobrepostas, causando uma sensação de alucinação visual, que é reforçada pelo uso de tons saturados, que ora se contrastam com tons mais luminosos. The Jimi Hendrix Experience Are You Experience (1967) O designer Ed Thrasher trabalhou de uma maneira mais simples na capa desse disco. Ele utiliza um acorde dissonante, fazendo uma oposição tonal entre o amarelo luminoso e o magenta saturado. Apesar da tipografia psicodélica, conseguimos ler as palavras devido ao destaque que o amarelo proporciona ao magenta. Dr. Timothy Leary PH.D. L.S.D. (1966) O mesmo princípio da capa de Jimi Hendrix vale para este modelo. Temos um contraste por oposição de tons complementares, embora a tipografia seja legível e de tom diferente. As letras verdes ganharam destaque do fundo, graças à presença de um terceiro tom, considerado neutro, o preto.

Peça produzida para o concerto: O Fantasma da Ópera 1967 Neste cartaz, produzido para o concerto Phanton of the Opera é possível notar muitos elementos com influências no psicodelismo, apesar de não trazer a cor como principal elemento para a criação dessa atmosfera. Fica clara a influência da Art Nouveau nesta peça, especialmente nas curvas formadas pelo texto e nos cabelos da mulher. A leitura é dificultada pela mínima presença do fundo em relação ao texto (tanto nas formas de cada letra como entre elas). Peça gráfica produzida para o concerto: Can You Pass The Acid Test? A cor, neste cartaz, é tratada de forma diferente. A confusão não se dá através do contraste tonal, que provoca uma vibração, mas sim pela grande quantidade de cores e texturas diferentes. As letras também são preenchidas com texturas o que, propositalmente, dificulta a leitura visto que o texto e o fundo se confundem. Pôster de Wes Wilson para os shows de The Grateful Dead, Junior Wells ans his Chicago Blues Band e The Doors. 1967 Mais uma vez a cor e o formato da letra são as chaves para a construção de uma peça gráfica com influências no psicodelismo. Agora o roxo, o verde e o laranja, sempre em tons muito saturados trazem a vibração para o Pôster.

ATUALMENTE A boa repercussão da arte psicodélica foi muito bem aproveitada peara fins comerciais, alguns anos mais tarde. Os desenhos de cores fortes fizeram sucesso na estamparia de tecidos que são usados na moda até os dias atuais. O mercado publicitário por sua vez, aproveitou a onda em anúncios para a juventude, que se identificava com essa linguagem dita cool. As indústrias também incorporaram diversos elementos do design psicodélico nos seus produtos, e evoluíram com o surgimento de novas tecnologias digitais, que permitiram a criação de ilustrações mais complexas.