Currículo da Educação Infantil e as atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil 1. Educação Infantil: desafios e dilemas atuais 1
EC n 59/09 (obrigatoriedade do ensino dos 4 aos 17 anos de idade): -Fortalecimento/cisão da Educação Infantil. -Prioridade da matrícula das crianças de 4 e 5 anos (pré-escola) em detrimento das crianças 0 a 3 anos de idade (creche). -Visibilidade/invisibilidade da criança pequena. Formação e identidade profissional do/a professor/a da Educação infantil: - o processo de seleção e admissão (concurso) de professores/as que atuam nas redes pública e privada deve assegurar a formação específica na área e mínima exigida por lei. (BRASIL, 2005) 2
Formação e identidade profissional do/a professor/a da Educação infantil: -os cargos de monitor, atendente, auxiliar, entre outros, mesmo que ocupados por profissionais concursados em outras secretarias ou na secretaria de Educação e que exercem funções docentes, devem ser extintos progressivamente. (BRASIL, 2005) Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CNE/CEB n 5, de 17 dezembro de 2009). -Divulgação das DCNEIs pelas Secretarias de Educação, Conselhos Municipais e Estudais de Educação junto às instituições de Educação Infantil. -Atualização e implementação das Propostas Pedagógicas a partir das DCNEIs. 3
Do ponto de vista do desenvolvimento intelectual, as pesquisas mais recentes parecem indicar que, em relação ao nível de inteligência geral possuído aos 17 anos, cerca de 50 por cento do acervo intelectual acumulado já estão fixados aos 4anos, enquanto os 30 por cento seguintes são adquiridos entre os 4e 8anos. Amaior parte do tempo passado na escola entre 8e17 anos é portanto dedicada à aquisição dos 20 por cento restantes, oque sugere que aatual distribuição dos recursos pelos diferentes níveis de escolaridade merece ser revista. Alguns economistas chegam a pensar que se as autoridades educacionais investissem de forma mais sistemática eadequada na educação pré-escolar, poder-se-ia economizar substancialmentenos investimentosescolaressubseqüentes. (Henri DIEUZEIDE, 1978 apud FONSECA, 2002, p. 209) 2. A proposta pedagógica da Educação Infantil a partir das atuais DCNEIs (Resolução CNE/CEB n 5, de 17 dezembro de 2009). 4
Alguns conceitos: Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e préescolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. (Art.5º). Criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (Art.4º). 5
Currículo é o conjunto sistematizado de práticas culturais no qual se articulam as experiências e saberes das crianças, de suas famílias, dos profissionais e de suas comunidades de pertencimento e os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (Art. 3 ). Alguns elementos do Currículo Concepções: criança e educação Estrutura do programa, tempo, rotina Espaço físico (área interna e externa) Materiais e mobiliário Equipe, família e comunidade Atividades/brincadeiras/interações Observação e registro Formação continuada Recursos humanos, materiais e financeiros 6
A Proposta Pedagógica da Educação Infantil As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios: I Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. II Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. III Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. (Art. 6º ). 7
A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. (Art. 8º ). Art. 9º As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira, garantindo experiências que: I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; 8
II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; IV - recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço-temporais; V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; 9
VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade. VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; 10
X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; XI - propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. Parágrafo único -As creches e préescolas, na elaboração da proposta curricular, de acordo com suas características, identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades pedagógicas, estabelecerão modos de integração dessas experiências. 11
Paradoxos da infância (QVORTRUP,1995) 1.Os adultos querem e gostam de crianças, mas têm-nas cada vez menos, enquanto a sociedade lhes proporciona menos tempo e espaço. 2. Os adultos acreditam que ébenéfico quer para as crianças quer para os pais passarem tempo juntos, mas vivem cada vez mais vidas separadas. 12
3. Os adultos gostam da espontaneidade das crianças, mas estas vêem as suas vidas ser cada vez maisorganizadas. 4. Os adultos afirmam que as crianças deveriam estar em primeiro lugar, mas cada vez mais são tomadas decisões em nível econômico epolítico sem que as mesmas sejam levadas em conta. 13
5. A maior parte dos adultos acredita que émelhor para as crianças que os pais assumam sobre elas maior responsabilidade, mas, do ponto de vista estrutural, as condições que estes têm para assumir este papel deterioram-se sistematicamente. 6. Os adultos concordam que se deve proporcionar o melhor início de vida possível às crianças, mas estas pertencem a um dos grupos menos privilegiados da sociedade. 14
7. Os adultos concordam que se deve ensinar às crianças o significado da liberdade e da democracia, mas a sociedade limita-se aoferecer preparação em termos de controle, disciplina eadministração. 8. Os adultos atribuem geralmente às escolas um papel importante na sociedade, mas não se reconhece como válida acontribuição das crianças na produção de conhecimentos. [...] 15
9. Em termos materiais, a infância não importa aos próprios pais, mas antes à sociedade. Contudo, a sociedade deixa os custos por conta dos pais e das crianças. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 20, de 11 de novembro de 2009. Trata da revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12745&itemid=8 66>. Acesso em: 31 mar. 2010.. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?catid=323:orgaos-vinculados&id=13684:resolucoesceb-2009&option=com_content&view=article>. Acesso em: 31 mar. 2010.. Ministério da Educação e do Desporto/SEB. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à educação. Brasília: MEC, 2005. QVORTRUP, Jens. A infância na Europa: novo campo de pesquisa. Disponível: <http://cedic.eic.uminho.pt/textos_de_trabalho/textos/jensqvortrup.pdf> Acesso: 06 mai. 2007. 16
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