ENTReVISTA Foto: João Luiz Ribeiro / ASCOM / FINEP André Amaral de Araújo Assessor da presidência da FINEP Alberto Sarmento Paz 6 Voltada a promover e financiar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica, a FINEP Financiadora de Estudos e Projetos é atualmente a maior indutora nacional de atividades de inovação. Criada em 1967, a entidade resultou de uma conjunção de fatores que, entre outras variáveis, buscava financiar empresas para atender a orientação econômica da época, especialmente para fazer frente ao modelo de substituição de importações. Ao longo do tempo, a instituição sofreu alterações para mudar sua rota de atuação, atendendo à nova dinâmica do mercado nacional. Porém, manteve-se orientada a ser uma grande indutora do desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I), que, como argumenta André Amaral de Araújo, atual assessor da presidência da FINEP, não ocorrem por acaso e nem espontaneamente. Formado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pós-graduado em Economia e Administração e com especialização em Internacionalização de Empresas (CESA Paris) e Gestão da Qualidade Total (UFMG), Araújo atua na FINEP desde 1985, quando assumiu a chefia do Departamento de Informações e Métodos. De lá para cá, passou pelos Departamentos de Apoio à Consultoria Nacional e de Captação e Planejamento, foi diretor entre 1999 e 2001 e chefe do Departamento de Planejamento Orçamentário por cinco anos. Paralelamente à atuação na FINEP trabalhou nos ministérios do Planejamento (1996 a 1999) e de Ciência e Tecnologia (2001 a 2003) e na Comissão Nacional de Energia Nuclear (2003 a 2005). Araújo atendeu a Revista da SBCC para contar um pouco da história da FINEP e comentar a atuação da entidade e os resultados que ela produz para o desenvolvimento nacional. Revista da SBCC: Conte um pouco da história da FINEP, sua missão e atuação dentro da estrutura do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). André Amaral: A FINEP é uma empresa pública federal, sociedade anônima de capital fechado, vinculada ao MCTI, criada pelo art. 191 do Decreto- -lei nº 200 de 1967, e constituída pelo Decreto nº 61.056 do mesmo ano. Ela nasceu com o objetivo de absorver as atribuições do Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas que havia sido criado em 1965. Este Fundo se destinava basicamente ao financiamento de usuários de serviços de consultoria, ou diretamente às empresas de consultoria de engenharia, para a realização de estudos de viabilidade e projetos de engenharia para grandes obras de infraestrutura públicas, como Itaipu e Ponte Rio-Niterói, entre outros exemplos, servindo assim como importante instrumento do planejamento dos investimentos públicos. A associação do financiamento de projetos com o estímulo à criação de empresas de consultoria de engenharia SBCC - Set/Out - 2012
capazes de desenvolvê-los decorreu das medidas de substituição de importação que orientava o desenvolvimento econômico do País à época. Essa mudança deslocou o foco da FINEP para o financiamento de empresas e ampliou o campo de atuação para os grandes investimentos industriais. Todo esse movimento culmina com a transferência para a FINEP das atribuições exercidas pelo Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico (FUNTEC), que fora constituído em 1964 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). A finalidade do FUNTEC era financiar a implantação de programas de pós-graduação nas universidades brasileiras, visando à capacitação de recursos humanos para empresas de engenharia e indústrias. Em 1969, mediante o Decreto-Lei nº 719, o Governo instituiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), destinado a financiar a expansão das atividades da FINEP, que assume então o papel de Secretaria Executiva. Revista da SBCC: Nesse momento a FINEP passa a ter um papel central na política de ciência e tecnologia nacional? André Amaral: Esse papel torna-se mais marcante a partir 1971, quando a FINEP passa a conceder financiamentos diretos e a repassar recursos para o CNPq e outros agentes de fomento. A FINEP diretamente, ou como gestora dos recursos do FNDCT, passou a operar diversas modalidades de contratos de financiamento e de participação junto às empresas e instituições científicas e tecnológicas (ICTs_, como operações de crédito (inclusive subvencionadas com taxas de juros reais negativas), participação acionária direta e indireta, encomenda/compra de projetos e estudos e financiamento não reembolsável para instituições sem fins lucrativos. A capacidade de financiar o sistema nacional de C,T&I, combinando recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis, assim como outros instrumentos, proporciona à FINEP grande poder de indução de atividades de inovação, essenciais para o aumento da competitividade do setor empresarial. Após duas décadas de instabilidade orçamentária, os Poderes Executivo e A FINEP passa a ter papel central na política de ciência e tecnologia em 1971, quando começa a conceder financiamentos diretos e a repassar recursos para o CNPq e outros agentes de fomento Legislativo, a partir de 1997, empreenderam uma grande reforma do FNDCT, constituindo diversos fundos setoriais destinados a vincular receitas e garantir uma arrecadação própria para o FNDCT. Esses Fundos garantiram ao FNDCT uma arrecadação em 2011 de R$ 3,5 bilhões. Em 2007, a Lei nº 11.540 do FNDCT define um novo escopo de atuação, regulamenta um novo modelo de gestão e institui o Conselho Diretor do fundo, bem como estipula o uso de novos instrumentos reembolsáveis capazes de configurar um fundo contábil, com receitas próprias e perspectiva de autossustentação a longo prazo. Revista da SBCC: Em quais etapas do processo de desenvolvimento científico e tecnológico a FINEP pode atuar? André Amaral: Em todas. A FINEP atua marginalmente nas etapas relacionadas à formação de RH, normalmente estimulada por bolsas para mestrado, doutorado ou pós- -graduação lato sensu, pois as atribuições do apoio a essas atividades é realizado pelo Governo Federal por meio do CNPq e do CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Portanto, a FINEP tem autorização legal para financiar desde a infraestrutura para pesquisa, como criação de novos laboratórios ou centros de pesquisas até atividades de inovação, como desenvolvimento de novos produtos, processos e comercialização pioneira de novas tecnologias, o que significa apoiar qualquer instituição pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para ofertar uma nova tecnologia para a sociedade. Somente a partir deste momento o que era tecnologia se transforma em inovação. Inovação pressupõe o uso de uma nova tecnologia. Para fomentar essa diversidade de projetos e atividades é indispensável dispor de diversos instrumentos financeiros, como subvenção social (recursos não-reembolsáveis) destinada às Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), e empréstimos, subvenção econômica e investimento para as empresas, sendo este último mediante parceira com fundos de investimento. Revista da SBCC: De que maneira as empresas podem se candidatar a re- 7 Set/Out - 2012 - SBCC
ENTReVISTA CACR Engenharia e Instalações Ltda. Av. dos Imarés, 949 Indianópolis 04085-002 São Paulo SP Tel: (11) 5561-1454 Fax: (11) 5561-0675 Produtos: Projeto Executivo Sistemas de Ar Condicionado Central Sistema de Ventilação Industrial Salas Limpas Sistema de Coleta de Pó Climatização Têxtil Sistemas de Recuperação de Resíduos Comissionamento, Validação Contrato de Manutenção www.cacr.com.br cacr@cacr.com.br ceber recursos e como esses recursos são reembolsáveis para a FINEP? André Amaral: A política operacional para o fomento está dividida em duas formas de divulgação: apoio direto às ICTs e financiamento às empresas. No site da FINEP é possível conhecer mais detalhes sobre essas operações. Os instrumentos são operados segundo procedimentos distintos. O crédito é operado em fluxo contínuo, ou seja, as empresas podem entrar em contato a qualquer momento. As condições financeiras das linhas e produtos estão detalhados no site. A subvenção econômica é realizada mediante editais públicos anuais. Quando utilizada para algum programa estratégico é feito um edital específico para a área- -alvo. O apoio mediante investimento é realizado em parceira com fundos de investimentos privados, nos quais a FI- NEP é cotista minoritária. Atualmente, a entidade participa de 26 fundos de investimento. Existe uma agenda, divulgada periodicamente, que detalha os procedimentos e os períodos de realização dos Ventures Foruns, eventos nos quais as empresas podem fazer contatos com os gestores de fundos e apresentar seus planos de investimentos, mas a área de investimento da FINEP está permanentemente à disposição para orientar as empresas. Revista da SBCC: Quais os principais entraves para uma empresa receber apoio da FINEP? André Amaral: Não existem entraves mas sim condicionantes, as quais são requeridas pelas políticas públicas para repassar recursos não- -reembolsáveis ou conceder empréstimos subsidiados a prazos longos. A primeira exigência é a garantia de que 8 o investimento será realizado no propósito original. Essa condição é essencial para qualquer agente de fomento, principalmente na área de inovação, em que, mesmo sem se desviar do seu propósito, as instituições, públicas ou privadas, podem não obter êxito. Há um risco elevado associado à natureza do desenvolvimento tecnológico. No caso do crédito, as garantias para cobrir dívidas de longo prazo normalmente impõem custos adicionais para as empresas. De modo geral, é importante que a empresa disponha de um bom plano ou projeto de investimento em inovação em área considerada prioritária pelo governo federal Revista da SBCC: Quais os principais critérios para a aprovação de projetos? André Amaral: De modo geral, é importante que a empresa disponha de um bom plano ou projeto de investimento em inovação em área considerada prioritária pelo governo federal. No governo da presidenta Dilma Rousseff, o Plano Brasil Maior (PBM) e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) indicam as áreas prioritárias, as quais são detalhadas na política operacional da FINEP. O segundo fator são os currículos, da instituição e da sua equipe. Na área de C,T&I experiência e capacitação são indicadores fundamentais para SBCC - Set/Out - 2012
as instituições se lançarem em projetos de risco. Quanto maior o risco e a aderência às áreas estratégicas mais os planos e os projetos podem receber maiores subsídios, como no caso dos temas das chamadas públicas para subvenção econômica. Revista da SBCC: A FINEP também investe na incubação de empresas e implantação de parques tecnológicos? André Amaral: Sim e para melhor entendimento é possível acessar editais específicos no site da instituição, tanto para o caso das incubadoras quanto para parques tecnológicos. Revista da SBCC: Qual a relação da FINEP com os fundos setoriais e como estes contribuem para o desenvolvimento da C&T no Brasil? André Amaral: Os fundos setoriais garantiram a estabilidade do FNDCT. Os fundos têm um modelo de governança compartilhado: cada um deles mantém um comitê gestor formado por representantes do Governo Federal das áreas de C,T&I (MCTI, CNPq e FINEP) e do segmento específico, como o Ministério de Energia ou o de Indústria e Comércio, do setor privado e do meio acadêmico. O comitê gestor é responsável pela elaboração dos chamados Planos Anuais de Investimentos. Qualquer representante pode influenciar na elaboração das prioridades. A FINEP é apenas um dos representantes nesses fóruns e atua como agente de operações, oferecendo suporte à operacionalização das prioridades definidas pelo colegiado. Na área de C,T&I experiência e capacitação são indicadores fundamentais para as instituições se lançarem em projetos de risco Revista da SBCC: Como a FINEP obtém recursos para investimento em novos projetos de ciência e tecnologia? André Amaral: Além do montante proveniente do FNDCT, a FINEP capta recursos junto ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do Mi- ENGENHARIA TOTAL Salas Limpas em Regime Turn Key Ar Condicionado Ventilação / Exaustão Automação Predial Divisórias, Forros, etc ENGENHARIA 28 ANOS Obras Civis Fone/Fax. (11) 4345-4777 www.abecon.com.br
ENTReVISTA nistério do Trabalho, ao Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), que concede empréstimos direto do Tesouro Nacional, e ao Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações do Ministério das Comunicações (FUNTTEL). Outras fontes incluem os retornos de investimentos realizados no passado e a possibilidade de captação junto às agências públicas multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial. Revista da SBCC: Quantas empresas e instituições já foram atendidas pela FINEP e qual o volume de investimento envolvido? André Amaral: Desde o início da operação dos fundos setoriais, em EXCELÊNCIA EM INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO Contando com uma equipe de profissionais altamente qualificados, realizamos trabalhos de engenharia, obras, gestão de contratos e serviços corretivos que contemplam os segmentos de: Especialidades: Ar Condicionado Refrigeração Ventilação Industrial Filtragem Salas Limpas Retrofit Áreas de Atuação: Engenharia Obras Gestão de Contratos Serviços Corretivos Masstin Engenharia e Instalações Ltda. Av. Sete de Setembro, 97 Jardim Recanto 09912-010 Diadema SP Fone/Fax: (11) 4055-8550 Site: www.masstin.com.br E-mail: comercial@masstin.com.br 1999, o FNDCT desembolsou mais de R$ 12 bilhões no apoio a mais de 8.000 convênios assinados com ICTs, e mais de R$ 10 bilhões aplicados em projetos e planos de investimentos de mais de 3.000 empresas, mediante concessão de subvenção econômica, crédito, equalização da taxa de juros de operações de crédito, ou de fundos de investimentos. Desde o início da operação dos fundos setoriais, em 1999, o FNDCT desembolsou mais de R$ 22 bilhões no apoio a convênios assinados com ICTs ou aplicados em projetos e planos de investimento Revista da SBCC: O senhor pode citar alguns projetos apoiados pela FI- NEP que julgue mais relevantes para a sociedade? André Amaral: Uma coleção variada de projetos importantes podem ilustrar os 45 anos de existência da FINEP. Há diversos projetos de desenvolvimento tecnológico nas áreas de saúde, aeronáutica, informática, petróleo e indústria em geral. Revista da SBCC: Qual a importância da FINEP para o desenvolvimento do Brasil? André Amaral: Tecnologia e inovação não ocorrem por acaso e nem espontaneamente. Do ponto de vista de 10 uma agência de fomento, tecnologia e inovação não acontecem apenas quando você estabelece um balcão e as empresas, os institutos de pesquisa e as universidades vêm procurar por financiamento. Inovação e tecnologia exigem capacidade de previsão e sintonia com o que há de mais avançado no mundo. Trata-se de funcionar como um radar capaz de identificar falhas, obstáculos e problemas que nos impedem de desenvolver tecnologia e inovação. O Brasil construiu, ao longo de 20, 30 anos, um sistema de ciência e tecnologia muito forte, mas que, ao mesmo tempo, tem muita dificuldade para manter boa relação com a economia e com o mundo real da sociedade. A FINEP desenvolveu ao longo dos anos uma sensibilidade para trabalhar com tecnologia que nenhuma outra instituição no País possui. Tecnologia e inovação não cabem em caixinhas predeterminadas. Por mais que você tente formalizar e estabelecer um padrão de comportamento, nada permitirá que a gente prescinda da presença do analista, aquele que olha como a tecnologia está se dando, sendo gerada e construída. Esta capacidade a FINEP conseguiu construir e é um de seus ativos mais preciosos. A FINEP sabe o caminho das pedras e tem condições de fazer isso de um modo sistemático, melhor do que outras instituições. Esta capacidade não é fácil de ser construída. É possível encontrar pessoas qualificadas em outras áreas e até mesmo grupos em outras instituições que fazem o que a FINEP faz, porém, como instituição, a FINEP está melhor posicionada do que qualquer outra para assumir esta tarefa. Saiba mais acessando: www.finep.gov.br SBCC - Set/Out - 2012
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