A PSICOPEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: SABERES PARA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM



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Transcrição:

A PSICOPEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: SABERES PARA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Maria Isabel Leandro da Silva Brito¹ 1. mariaisabel-19@hotmail.com Resumo Este artigo é o resultado de uma pesquisa bibliográfica, visando um estudo sistemático sobre a psicopedagogia e a educação inclusiva como uma proposta de superação das dificuldades de aprendizagem. Partindo do princípio que a educação inclusiva não é uma tendência e sim uma realidade que vem assegurar a todos uma igualdade de ensino e qualidade, e nesta tendência a psicopedagogia tem um importante papel que objetiva a assistência aos alunos que apresentam dificuldades no processo de aquisição do conhecimento, ou seja, no processo de aprendizagem. Este trabalho teve como objetivo realizar uma reflexão acerca da importância da psicopedagogia no processo de inclusão das pessoas com dificuldades de aprendizagem e contribuir para o conhecimento dos educadores na área psicopedagógica, e que vislumbram a superação das dificuldades enfrentadas por seus educandos em relação a aprendizagem, por meio de uma intervenção psicopedagógica. PALAVRAS-CHAVE: Educação Inclusiva, Psicopedagogia, Dificuldades de Aprendizagem. Abstract This article is the result of a literature search, aiming at a systematic study of the inclusive education and educational psychology as a proposal to overcome learning difficulties. Assuming that inclusive education is not a trend but a reality to ensure that everyone has an equal and quality education, educational psychology, and this trend has an important role that aims to assist students who have difficulties in the acquisition process knowledge, ie, in the learning process. This study aimed to perform a reflection about the importance of educational psychology in the process of inclusion of people with learning difficulties and contribute to the knowledge of educators in the area psychoeducational, and overlook the overcoming of the difficulties faced by their students about learning, by means of a psychoeducational intervention. KEYWORDS: Inclusive Education, Educational Psychology, Learning Difficulties.

Introdução A educação inclusiva não foi uma proposta que surgiu por acaso, nem por modismo, surgiu da necessidade de se resgatar a educação como lugar do exercício da cidadania, garantia de direitos e o combate a qualquer forma de discriminação, mostrando que uma pessoa por qualquer que seja suas deficiências, limitações ou dificuldades de aprendizagem tem o seu direito como qualquer cidadão à educação. É sabido que para que se realize uma verdadeira inclusão são necessárias várias mudanças e quebras de paradigmas, no âmbito escolar o processo deve ser igual para todos e com qualidade, porém devem ser atendidas as especificidades e dificuldades de cada aluno, para Coll (1995) apud Beyer (2006, p.71) ensinar na educação inclusiva é garantir que os alunos com necessidades educacionais especiais participem de uma programação tão normal quanto possível e tão específica quanto suas necessidades requeiram e dessa forma atendendo a todos e cada um, Mantoan (2003, p.34), nos diz que: Há diferenças e há igualdades nem tudo deve ser igual, assim como nem tudo deve ser diferente. E nesta proposta inclusiva a psicopedagogia tem um papel muito importante sendo responsável pelas questões da aprendizagem e das dificuldades que decorrem deste processo, a psicopedagogia surgiu da necessidade de integrar os conhecimentos da psicologia e da pedagogia, para compreensão dos processos de desenvolvimento da aprendizagem humana em todas as suas dimensões no espaço social e escolar. Como afirma Porto (2011, p.7). A psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem humana, que surgiu de uma demanda - as dificuldades de aprendizagem, colocada em um espaço pouco explorado, situado além dos limites da pedagogia e da psicologia. Porém além da junção dos saberes pedagógicos e psicológicos, a psicopedagogia busca saberes em outras áreas como a linguística, a psicanálise, a sociologia, a filosofia, a neurologia entre outras, que se integram para formar novos saberes relacionados à questão das dificuldades da aprendizagem, dificuldades que se configuram como desafios para os

educadores dentro do espaço escolar e a prática psicopedagógica apoiada nas bases teóricas sólidas das áreas já citadas, norteiam estratégias na tentativa de superação dos problemas que dificultam a aprendizagem dos educandos. Estes desafios se configuram em situações que são apresentados pelos alunos como: dificuldade de aprendizagem, o fracasso escolar que decorre das dificuldades de aprendizagem, e muitas vezes alunos com deficiências que precisam e devem ser incluídos no processo de aprendizagem, e incluir é na maioria das vezes um grande desafio para os educadores, tendo em vista que a educação inclusiva é uma proposta que sugere mudanças, de concepção, de prática pedagógica enfim, de toda uma reestruturação no âmbito escolar, e esta nova estrutura requer educadores que estejam preparados para a atuação acerca das dificuldades das pessoas com deficiências, dos educandos que tem dificuldades de aprendizagem, e é importante ressaltar a ação do psicopedagogo, visto que ele é um profissional especialista em aprendizagem humana para atuar diretamente nestas limitações, superando as dificuldades para que a escola seja heterogênea, que valorize a diversidade, segundo Mittler (2003, p.25):... a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais oferecidas pela escola. Estas mudanças devem ser planejadas e executadas numa perspectiva de que é possível superar as dificuldades de cada individuo numa visão de superação, Mittler (2003) diz que a inclusão é um caminho a se percorrer com todos os tipos de barreiras e obstáculos, porém estes obstáculos não nos impedem de seguir o caminho e conquistar uma educação igualitária, humanizadora, que atenda a todos sem questionar suas deficiências e que trabalhe suas eficiências, valorizando as especificidades de cada um, dando o direito a cidadania e aprendizagem que para Porto (2011, p.16)... é um processo tão importante para a sobrevivência do homem..., construindo enfim, uma sociedade para todos. O propósito desta pesquisa foi compreender a importância da psicopedagogia no processo de inclusão das pessoas com dificuldades de aprendizagem. Justificando-se pela relevância de se contribuir para o conhecimento dos educadores na área psicopedagógica, e que vislumbram a superação das dificuldades enfrentadas por seus educandos em relação a aprendizagem, por

meio de uma intervenção psicopedagógica. Este estudo nos permitiu conhecer a interdisciplinaridade da psicopedagogia na intervenção dos problemas de aprendizagem na busca de uma educação inclusiva, como também, identificando as características destes problemas, fazendo uma análise das dificuldades mais frequentes que surgem acerca da escola, contemplando a importância de uma formação continua para os educadores de uma forma geral. Referencial Teórico Nas últimas décadas a instituição escolar vem sendo desafiada a cumprir a proposta da educação inclusiva como caminho fundamental de uma escola igualitária, acolhedora dos alunos, em suas singularidades e diferenças, cujo alvo básico é a dissipação das barreiras para uma aprendizagem efetiva, e de qualidade. Para Cunha (2010, p.32) O grande foco da educação deve estar no processo de aprendizagem (...). Scoz (2009) entende a aprendizagem como um processo social (p. 28). Desse modo ressaltamos a importância da aprendizagem para o processo de desenvolvimento do indivíduo, como afirma Porto (2011, p.14): A aprendizagem constitui-se em um processo, uma função, que vai além da aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente à criança. A aprendizagem, como experiência, guarda um elemento universal do humano, na medida em que permite a transmissão do conhecimento e, por meio desse processo, garante a semelhança e a continuidade do coletivo, ao mesmo tempo permitindo a diferenciação e a transformação. O aprender envolve simultaneamente a inteligência, os desejos e as necessidades e, por meio do cognitivo, busca se semelhanças, enquanto que, por meio dos desejos e das necessidades, buscam-se o individual, o subjetivo e o diferente. A partir daí percebemos que a aprendizagem é um processo fundamental para vida do indivíduo, e ela mantém uma relação particular entre o sujeito com o conhecimento e o significado de aprender, Porto (2011, p. 45) ainda diz que... o aprendizado significativo viabiliza o aprofundar-se nas questões do mundo, bem como nas questões pessoais, favorecendo um encontro com o sentido da própria existência.... Ratificando assim a importância da aprendizagem para o individuo. Desde o seu nascimento o individuo inicia

seu processo de aprendizagem, como falar, andar, etc., e isto é algo natural, ou seja, é inato. Logo após ele vai para escola onde começa uma aprendizagem formal, a partir daí vários aspectos são levados em conta no que diz respeito à aprendizagem como os aspectos cognitivos, biológicos, emocionais, sociais e pedagógicos. Estes aspectos estão relacionados diretamente à aprendizagem, ou seja, a construção do conhecimento, e quando o sujeito apresenta alguma dificuldade na aprendizagem, este fato deve está relacionado inconscientemente a um destes aspectos já apresentados. Como diz Porto (2011, p. 14):... deve ser compreendida a relação entre aspectos cognitivos e a afetivos da e na constituição do sujeito. A motivação para aprender está ligada à consciência do indivíduo e, também, aos aspectos inconscientes de seu aparelho psíquico. Cunha (2010) entende que a aprendizagem... se trata de um processo complexo que, a partir de ocorrências e mudanças no interior do individuo, manifesta-se exteriormente, expressandose por meio de ações cognitivas, emocionais e comportamentais (p.108). Muitas vezes as dificuldades de aprendizagem não tem origem apenas no aspecto cognitivo, não se pode atribuir ao aluno à responsabilidade da sua dificuldade, devem-se levar em consideração os demais aspectos, como os afetivos, o seu ambiente familiar e social, os aspectos pedagógicos que envolvem o ambiente escolar em que este aluno está inserido, estes são fatores importantíssimos que favorecem a não aprendizagem, para Scoz (2009) Os aspectos emocionais e afetivos da aprendizagem, destacados por sofisticadas descobertas da psicologia reforçam, cada vez mais, a tônica no indivíduo, em detrimento das implicações dos problemas sociais mais amplos (p.08). O ambiente familiar, ou seja, o meio que o aluno vive, também traz uma série de implicações na aprendizagem do mesmo, como afirma Scoz (2009, p.71): Não há dúvida de que a influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva, que os impossibilita de obter recursos internos para lidar com situações adversas. Isso gera desconfiança, insegurança, improdutividade, e desinteresse, sérios obstáculos à aprendizagem escolar

O envolvimento dos pais no processo de ensino-aprendizagem dos filhos tem fundamental importância para o campo afetivo e emocional da criança, e quando não existe esse envolvimento a tendência é afetar o desenvolvimento cognitivo da mesma influenciando diretamente a sua aprendizagem. Visto que a aprendizagem é um ato essencial da vontade humana e o quanto este ato é importante para o ser humano, sabemos que muitas vezes este processo apresenta dificuldades, que por sua vez leva o sujeito a uma situação de limitação e exclusão. Falar em exclusão nos remete a um passado não tão distante onde as pessoas com alguma deficiência ou limitação não tinha direito a uma educação. Atualmente a escola busca cumprir a proposta de uma inclusão, e para que a escola seja inclusiva não basta apenas matricular alunos com deficiências, mas é preciso que haja toda uma reestruturação na parte física da escola proporcionando o acesso a todos os ambientes escolar. Gil (2005), explica que para que se tenha um ambiente escolar acessível e preciso que se reestruture todo o mobiliário escolar, como também toda a estrutura física para que os alunos com deficiência, até mesmo os que usam cadeira de rodas possam circular livremente por todos ambientes da escola (p. 33). Uma reestrutura na formação do docente. Martins- [et al.] ( 2008, p. 87) enfatiza que: O saber, o conhecimento é, indiscutivelmente, importante. Quem tem por missão educar, e mais especificamente, educar no respeito à diversidade e às diferenças, não pode deixar de conhecer os conteúdos e os fundamentos capazes de assegurar aos educandos a apropriação das aprendizagens significativas para a vida dos indivíduos Desse modo o corpo docente de uma escola aberta a atender a diversidade, deve estar atento aos saberes necessários para este atendimento e buscar apoio em profissionais especializados para auxiliar nesta proposta inclusiva, um destes profissionais é o psicopedagogo, que para Porto (2011, p.8): sendo um profissional multiespecialista em aprendizagem humana que congrega conhecimentos de diversas áreas a fim de intervir nesse processo, com sua intervenção psicopedagógica, pode assumir uma feição preventiva ou terapêutica, relacionando-se com equipes ligadas aos campos de saúde e educação, terapêutica e institucional, respectivamente

O pedagogo poderá integrar seus conhecimentos tanto na escola de forma institucionalizada ou em clínicas, Fernández (2001) explica que o posicionamento clínico faz parte do psicopedagogo e de suas ferramentas conceituais, independentemente de estar trabalhando em uma escola, em uma faculdade, em um consultório... (p.50). Nesta perspectiva de mudança e organização para a prática inclusiva a escola deve está preparada para permitir uma estruturação dinâmica, que torne possível a criação de situações educativas especificas e adequada organização do tempo e dos espaços, de modo que os recursos pessoais e os serviços educativos possam funcionar eficazmente. (CORREIA, 1997. p.123). Portanto, para incluir é preciso estar disposto para enfrentar todas as dificuldades que frequentemente surgem à frente do processo educativo das crianças, como todas as dificuldades que advém do processo de ensino e aprendizagem e estar apto para um continuo processo de mudança, ou melhor, viver esta mudança, integrando os saberes entre a prática psicopedagógica e a pedagogia, na busca por estratégias que superem as dificuldades de aprendizagem, pois a inclusão não é algo que se fala ou se vê,a inclusão é algo que se vive. A Contribuição da Psicopedagogia para Superação das Dificuldades de Aprendizagem O trabalho psicopedagógico, não é apenas a aplicação de conhecimentos da psicologia aos da pedagogia, e sim um trabalho interdisciplinar e multidisciplinar, que visa compreender os processos de aquisição do conhecimento do educando e assim identificar as dificuldades que decorrem deste processo. Cunha (2010, p.105) diz que o psicopedagogo deve ser um bom observador para atingir os demais passos: entendimento, prevenção, atuação e intervenção. Possibilitando assim a seleção de estímulos que favoreçam ao educando a recepção de práticas pedagógicas. Levando em consideração que as dificuldades de aprendizagem podem ser diagnosticadas em diversas origens e naturezas como cognitiva, neurológica, motora, emocional ou social, cabe ao psicopedagogo realizar uma investigação psicopedagógica a fim de identificar não só origem da dificuldade, mas também auxiliar aos educandos em sua

produção escolar e oferecendo aos mesmos, condições para o desenvolvimento de suas potencialidades cognitivas. Diagnosticar e intervir são práticas decorrentes da psicopedagogia, o diagnóstico permite ao psicopedagogo investigar e levantar hipóteses provisórias que identificam as causas que acarretam as dificuldades de aprendizagem, na intervenção são adotados procedimentos que interferem no processo. Souza (2009) diz que é importante destacar as relações mútuas entre as duas atividades, já que um bom diagnóstico é necessário para o planejamento de uma intervenção adequada. (p.113). Vale ressaltar que neste trabalho de diagnóstico e intervenção, a interelação da família, ou seja, dos pais, a escola e os professores é muito importante, pois fazem parte do mundo afetivo e social da criança e o psicopedagogo no processo de intervenção tem como objetivo compreender a criança, a fim de colocar-se no meio fazendo uma ponte entre a criança e seus objetos de conhecimento. Durante a avaliação psicopedagógica o psicopedagogo realiza algumas atividades como observação e análise do histórico familiar, bem como a história de vida do aluno e de sua família, realiza testes com jogos e brincadeiras, além de conversar com os educadores e familiares do educando em processo avaliativo psicopedagógico. No entanto estas atividades não são realizadas apenas com o psicopedagogo, mas também fazem parte do processo, a família, a escola, equipe interdisciplinar e os professores. Todas as atividades que são realizadas em um acompanhamento psicopedagógico tem como finalidade a superação das dificuldades de aprendizagem, por meio do levantamento do perfil familiar e escolar do educando e identificação do problema, para a partir daí o psicopedagogo articular todas as informações levantadas com todos os envolvidos neste processo, para elaborar novas estratégias para o ensino e aprendizagem, bem como novos conteúdos e sugestões de materiais a serem utilizados na aplicação destes conteúdos com intermediações psicopedagógicas. É importante que durante o acompanhamento psicopedagógico o educando seja estimulado para que realize suas atividades com autonomia, desse modo serão observadas suas potencialidades e suas dificuldades. Contudo, (...) o psicopedagogo auxiliará o sujeito a reelaborar sua história de vida, reconstruindo fatos que estavam fragmentados, e a retomar o percurso normal de sua aprendizagem. (PORTO, 2011, P.91).

Metodologia A postura metodológica desta pesquisa caracterizou-se num estudo detalhado centrado em pesquisa bibliográfica, com o objetivo de descrever a importância dos saberes da psicopedagogia para superação das dificuldades de aprendizagem, foram utilizados os procedimentos bibliográficos em uma perspectiva de uma abordagem qualitativa que Oliveira (2005), conceitua esta abordagem como (...) um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico (...) (p.41) e Chizzotti (2008, p. 28) enfatiza que: A pesquisa qualitativa recobre, hoje, um campo transdiciplinar, envolvendo as ciências humanas e sociais; assumindo tradições ou multiparadigmas de análise, derivadas do positivismo, da fenomenologia; da hermenêutica, do marxismo, da teoria crítica e do construtivismo, e adotando multimétodos de investigação para o estudo de um fenômeno situado no local em que ocorre, e, enfim, procurando tanto encontrar o sentido desse fenômeno quanto interpretar os significados que as pessoas dão a eles. E assim procedendo, foi realizado um estudo em diversos autores pertinentes ao tema na busca de um aprofundamento teórico e de um novo fazer pedagógico e psicopedagógico visando a superação das dificuldades de aprendizagem. Considerações Finais É sabido que a psicopedagogia surgiu da necessidade de compreender o processo de desenvolvimento da aprendizagem, bem como todas as dificuldades que decorrem deste processo. Atualmente na educação existe uma proposta inclusiva que visa a construção de uma sociedade mais igualitária onde todos tenham os mesmos direitos e deveres inerentes ao ser humano, a psicopedagogia sendo uma área responsável pelas questões da aprendizagem oferece um importante suporte para que a inclusão de fato aconteça, pois irá nortear os

educadores nas estratégias de superação das dificuldades apresentadas pelos educados com as mais diversas deficiências. É fundamental que na educação inclusiva se acredite que as deficiências dos educando podem ser superadas, bastando para isso que sejam desenvolvidas estratégias e condições que permitam este desenvolvimento dos educandos, caracterizando o ambiente escolar como includente favorecendo o desenvolvimento da aprendizagem. Este estudo nos permitiu conhecer a importância da psicopedagogia para o processo de ensino e aprendizagem, permitindo uma reflexão acerca das dificuldades de aprendizagem e as estratégias que a psicopedagogia oferece numa tentativa de supera-las, por meio de suas técnicas, avaliações, intervenções entre outras estratégias, sendo interdisciplinar integrando-se com outras áreas de conhecimento para assim formar novos saberes e nortear os educadores em todos os desafios relacionados a aprendizagem em sala de aula, contudo vale ressaltar uma vez que os estudos abrangentes são de extrema importância e requer novos estudos pois a educação não se esgota aqui. Referências BEYER, Hugo Otto. Inclusão e Avaliação na Escola de alunos com necessidades educacionais Especiais. 2. Ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006. CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisas qualitativas em ciências humanas e sociais. 2. Ed. - Petrópolis RJ: Vozes, 2008. CORREIA, Luís de Miranda. Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares. Porto Codex Portugal: Porto Editora LDA, 1997. CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão: psicopedagogia práticas educativas na escola e na família. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora WAK, 2010.

GIL, Marta. Educação Inclusiva: O que o professor tem a ver com isso?. São Paulo: Imprensa oficial, 2005 PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos problemas de aprendizagem. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora WAK, 2011. MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê?como fazer?.são Paulo: Moderna, 2003 MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos (org.). Inclusão: Compartilhando Saberes. 3.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. MITLLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003 SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 16. Ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2009. SISTO, Fermino Fernandes. (org.). Atuação Psicopedagógica e Aprendizagem Escolar. 12. Ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2009. OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer Pesquisa Qualitativa. Recife:Edições Bagaço, 2005.