LEGISLAÇÃO BRASILEIRA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART 225 - Todos tem o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendêlo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Parágrafo 2 o - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Parágrafo 3 o - As condutas e as atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar os danos causados. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL (fonte: Paulo Affonso Leme Machado, Estudos de Direito Ambiental, São Paulo, Malheiros, 1994). PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E PREVENÇÃO - consiste em tomar medidas preventivas para evitar o dano ambiental, mesmo quando haja ausência de certeza absoluta da relação de causalidade. Prevenção: determina que o poder público tome medidas de prevenção em relação ao dano ambiental. Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 7
Precaução: é a prevenção que deve ser feita ainda que não se tenha certeza sobre a potencialidade lesiva. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIZAÇÃO - art. 225, 3 o da CF. Quem causar efeito ambiental adverso (dano), perigo ou risco ambiental deve por eles ser responsável administrativa, civil e penalmente. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (usuário-pagador) As pessoas físicas e jurídicas que exerçam atividades poluidoras, mesmo nos limites das normas de emissão e qualidade, independentemente do dever de reparar o dano, INTERNALIZARÃO OS CUSTOS da proteção do meio ambiente, assumindo o custo da poluição. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO E DA PUBLICIDADE - decorre do direito constitucional à informação (art. 5 o, XXXIII). O Poder Público tem o dever de informar a sociedade civil sobre os dados ambientais que tiver ou produzi-los. (arts. 6 o, 3 o e 9 o, XI, da Lei n o 6.938/81), bem como em fornecer publicidade sobre o licenciamento e o estudo de impacto ambiental (art. 225, 1 o, IV, da CF e art. 10, da Lei n o 6.938/81). PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL - Respeitada a soberania dos Estados para estabelecer sua política ambiental e de desenvolvimento, o Brasil deverá cooperar com outros países e povos visando a evitar a poluição transfronteiriça e notificar outros Estados em caso de catástrofe natural ou outras situações de emergência, bem como agindo com presteza na transposição para o direito nacional das convenções internacionais ambientais ratificadas. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO - possibilita a gestão do desenvolvimento, da utilização e proteção dos recursos naturais de forma a: Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 8
Manter o potencial dos recursos naturais para satisfazer as necessidades das presentes e futuras gerações; Proteger a função vital do ar, água, solo e ecossistemas naturais; Evitar, atenuar e minimizar os efeitos das atividades poluidoras. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL DA PROPRIEDADE desde a CF de 1946, a propriedade, para ser reconhecida pelo ordenamento jurídico, deve exercer sua função social (arts. 5 o, XXIII; 170, III e VI; 186, II e 182, 2 o da CF). A função social no direito contemporâneo implica obrigações negativas, no sentido de evitar a prática de atos que prejudiquem os vizinhos, a comunidade e o meio ambiente, bem como exige o cumprimento de obrigações positivas que são impostas aos proprietários em benefício comum. (ex. Produtividade da terra). RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL Responsabilidade civil subjetiva: a vítima deve provar que o réu agiu de forma irresponsável ou quis o prejuízo (imprudência, negligência e imperícia). Responsabilidade civil objetiva: não exige a prova do dolo. Baseiase na existência do dano. Responsabilidade civil ambiental: responsabilidade objetiva. Responsável é aquele que materialmente causou o dano. Fundamenta-se na teoria do risco ou causalidade: Aquele que pratica uma atividade de risco, na hipótese do dano acontecer, será o responsável (independente da atividade ser lícita ou não). Conseqüências da Responsabilidade Civil Objetiva: Prescinde do dolo e da culpa Irrelevância da licitude da atividade Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 9
Irrelevância do caso fortuito e da força maior Irrelevância do dolo de terceiro. o Caso fortuito: acontecimento inevitável e imprevisível de âmbito interno da atividade. Ex: cortes de luz. o Força maior: acontecimento inevitável e imprevisível de âmbito externo. Ex: acidentes naturais. RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL Origem: Lei 9.605/98 Lei dos Crimes Ambientais Unificação em um só texto, a grande maioria dos crimes ambientais que antes estavam em legislação esparsa. Uniformização do trato dos bens ambientais, considerando todos os atentados como crimes e utilizando os mesmos critérios para a definição das penas aplicáveis. Responsabilidade penal da pessoa jurídica art 225, par 3 o da CF e 3 o da Lei 9.605/98. Participação por omissão do dirigente o dirigente da empresa tem a obrigação de evitar o resultado lesivo. Valorização de penas alternativas prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão total ou parcial de atividades... Possibilidade de transação ou suspensão do processo. Exige a prova da recuperação do dano ambiental por laudo pericial. LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 10
A Lei dos Crimes Ambientais Reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e - no caso de penas de prisão de até 4 anos é possível aplicar penas alternativas. A lei criminaliza os atos de pichar edificações urbanas, fabricar ou soltar balões (pelo risco de provocar incêndios), danificar as plantas de ornamentação, dificultar o acesso às praias ou realizar desmatamento sem autorização prévia. As multas variam de R$ 50 a R$ 50 milhões. É importante lembrar, que na responsabilidade penal tem que se provar a intenção (dolo) do autor do crime ou sua culpa (imprudência, negligência e imperícia). Difere da responsabilidade civil ambiental, que não depende de intenção ou culpa. Decreto n o 3.179, de 21 de setembro de 1999 Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Art. 54 Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou a destruição significativa da flora. Pena: reclusão de 01 a 04 anos e multa 2 o Se o crime: V ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasoso, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. Pena: reclusão de 01 a 05 anos. Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 11
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais) ou multa diária. Art. 60 Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes. Pena: detenção, de 01 a 06 meses ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). Lei nº 6.766/79 sobre o parcelamento do solo urbano A Lei Federal 6.766/79 define as competências do Estado e do Município sobre a questão do parcelamento do solo. É um instrumento importante na interface de áreas contaminadas com o desenvolvimento urbano. A lei não permite o parcelamento do solo em áreas poluídas. Art. 3º, Parágrafo único: Não será permitido o parcelamento do solo: (...) II em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; (...) V em áreas (...) onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. A lei contém regulamentos administrativos para a aprovação de projetos de loteamento e desmembramento (Capítulo V) e para o registro de loteamento e desmembramento (Capítulo VI). Através do Art. 12, a Prefeitura Municipal, em casos específicos o Estado (Art. 13), é responsável pela aprovação. Através do Art. 18, aprovado o projeto, o loteador deve submetê-lo ao registro imobiliário (no Registro de Imóveis). Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 12
GESTÃO DE RESÍDUOS Decreto Estado do RS n o 38.356, 01 de abril de 1998 Aprova o Regulamento da Lei n o 9.921, de 27 de Julho de 1993, que dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos no estado do Rio Grande do Sul. ART 4 o Os sistemas de gerenciamento dos resíduos sólidos de qualquer natureza terão como instrumentos básicos planos e projetos específicos de coleta, transporte, tratamento, processamento e destinação final, a serem licenciados pela FEPAM, tendo como metas a redução da quantidade de resíduos gerados e o possível controle de possíveis efeitos ambientais. ART 8 o A coleta, o transporte, o tratamento, o processamento e a destinação final dos resíduos de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços, inclusive de saúde, são de responsabilidade da fonte geradora. 1 o No caso da contratação de terceiros, de direito público ou privado, para a execução de uma ou mais atividades previstas no caput, configurar-se-á a responsabilidade solidária. ART 11 o No caso de utilização de resíduos sólidos como matéria prima, a responsabilidade da fonte geradora somente cessará quando da entrega dos resíduos à pessoa física ou jurídica que os utilizará. Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 13
RESPONSABILIDADE PELA GERAÇÃO DE RESÍDUOS TIPOS DE RESÍDUOS Domiciliar Comercial* Público Serviços de Saúde Industrial Portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários Agrícola Entulho RESPONSABILIDADE Prefeitura Prefeitura Prefeitura Gerador (hospitais,...) Gerador (indústrias) Gerador (portos, aeroportos...) Gerador (agricultor) Gerador *A prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades (geralmente menos de 50 kg/dia) e de acordo com a legislação municipal específica. LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO FEDERAL o 6938/81 (LEI FEDERAL Nº 6.938/81, DE 31/08/81) Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. o Lei nº 9.605, de 13 de fevereiro de 1998. Lei dos crimes ambientais. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. o Lei nº 6.766/79 sobre o parcelamento do solo urbano o Decreto n 3.179, de 21 de setembro de 1999. Dispõe a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências o Resolução CONAMA nº 01/86: define as atividades submetidas, obrigatoriamente, ao EIA (Estudo de Impacto Ambiental) o Resolução CONAMA nº 02/91: dispõe sobre cargas deterioradas, contaminadas, fora de especificação ou abandonadas. o Resolução CONAMA nº 06/91: desobriga a incineração dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos. Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 14
o Resolução CONAMA nº 08/91: veda a entrada no país de materiais residuais destinados à disposição final e incineração no Brasil. o Resolução CONAMA nº 05/93: dispõe sobre os resíduos sólidos oriundos de serviço de saúde, portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários; o Resolução CONAMA nº 23/96: dispõe sobre os movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos, definidos na Convenção da Basiléia; o Resolução CONAMA nº 237/97: Disciplina o licenciamento ambiental no Brasil; o Resolução CONAMA nº 235/98: dá nova redação ao anexo 10 da resolução CONAMA nº 23/96 o Resolução CONAMA nº 257/99: dispõe sobre a destinação final de pilhas e baterias usadas o Resolução CONAMA nº 258/99: dispõe sobre a destinação final de pneumáticos; o Resolução CONAMA nº 264/99: define procedimentos para o licenciamento ambiental para o co-processamento de resíduos em fornos de clínquer para a fabricação de cimento. LEIS ESTADUAIS O LEI nº 11.520/00: Institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e da outras Providências O Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, promulgada em 03/10/89 ) o Lei nº 9.921/93: Dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos, nos termos do artigo 247, parágrafo 3º da Constituição do Estado e dá outras providências. o Lei nº 9519/92: Institui o Código Florestal do Rio Grande do Sul o Lei nº 7488/81: Dispõe sobre a proteção do meio ambiente e o controle da poluição e da outras providências o Decreto N 38.356/98: Aprova o Regulamento da Lei n 9.921, de 27 de julho de 1993, que dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul. o Decreto Nº 23.430/74: Código Sanitário do Estado do Rio Grande do Sul. o Decreto nº 38356/98, que regulamenta a Lei Estadual n.º 9921, de 27/07/1993. Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 15
o Portaria SEMA/FEPAM/Nº 001/2003: Aprova os procedimentos para licenciamento das atividades de recebimento, armazenamento e destinação final, das embalagens de óleos lubrificantes, no Estado do Rio Grande do Sul; o Portaria Estadual Nº 10/96-SSMA: Referente à exigibilidade de EIA/RIMA para empreendimentos de processamento e destinação final de resíduos sólidos industriais perigosos, quanto à exigibilidade de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) no licenciamento ambiental no Estado do Rio Grande do Sul. o Portaria Estadual Nº 12/95-SSMA: Referente à exigibilidade de EIA/RIMA para empreendimentos de processamento e disposição final no solo, de resíduos sólidos urbanos.) Aprova Norma Técnica Nº 03/95-FEPAM. Dispõe sobre a classificação dos empreendimentos de processamento e disposição final no solo, de resíduos sólidos urbanos, quanto à exigibilidade de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) no licenciamento ambiental no Estado do Rio Grande do Sul. RESOLUÇÕES CONSEMA O RESOLUÇÃO CONSEMA N º 038/2003: Estabelece procedimentos, critérios técnicos e prazos para Licenciamento Ambiental realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM, no Estado do Rio Grande do Sul. o RESOLUÇÃO CONSEMA N º 035/2003: Habilita município para realização do licenciamento ambiental das atividades de impacto local. NORMAS TÉCNICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) o NBR 10004 Resíduos Sólidos: Classificação o NBR 10005 Lixiviação de Resíduos Procedimento o NBR 10006 Solubilização de Resíduos Procedimento o NBR 10007 Amostragem de Resíduos Procedimento o NBR 13221 - Transporte terrestre de resíduos Procedimento o NBR 11175 - Incineração de resíduos sólidos perigosos - Padrões de desempenho o NBR 12235 - Armazenamento de resíduos sólidos perigosos Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 16
o NBR 11174 - Armazenamento de resíduos classe II - Não inertes e III inertes o NBR 8418 Apresentação de Projetos de Aterros de Resíduos Industriais Perigosos o NBR 8419/92 - Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos o NBR 8849/95 - Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos o NBR 10157 - Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e operação o NBR 13896 - Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação Geotecnologia Ambiental Prof a Karla Heineck 17