CONVERSOR DE TORQUE PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO Em matérias anteriores, conhecemos algumas noções básicas do funcionamento de uma transmissão automática, com seus componentes principais, informando ao técnico reparador automotivo seu funcionamento, bem como alguns parâmetros para a execução de um diagnóstico deste dispositivo junto ao cliente. Nesta matéria, iremos abordar detalhadamente um tema que vem levantando muitas perguntas, com a finalidade de fornecer aos técnicos reparadores, meios para compreender seu funcionamento e assim, realizar alguns testes determinando se o seu desempenho poderá afetar ou não a transmissão. Conversor de Torque Sabemos que em um veículo equipado com transmissão mecânica, quem transfere torque do motor para a transmissão é o sistema de embreagem. Ela é um componente que acopla e desacopla mecanicamente o motor da transmissão, por meio de um sistema de garfo e rolamento, agindo como uma alavanca, acionada pelo pé do motorista. Num veículo equipado com transmissão automática, quem realiza esta tarefa de transferir e ampliar o torque do motor é o conversor de torque, com um acoplamento fluido, conforme veremos. Ele é composto pelo impulsor da bomba, acionado pelo virabrequim, o impelido ou turbina, conectado ao eixo de entrada da transmissão e o estator, elemento montado entre os dois primeiros, fixado à carcaça da transmissão por uma roda livre (embreagem unidirecional), montados na carcaça do conversor. Ele é preenchido com fluido de transmissão automática, fornecido sob pressão pela bomba da transmissão, que é ejetado pelo impulsor da bomba do conversor, num fluxo muito forte que movimenta a turbina. Veja estes componentes na figura 1.
Construção 1. Bomba impulsora A bomba impulsora é integrada com a caixa do conversor e possui em seu interior inúmeras palhetas curvas montadas radialmente. Um anel guia é instalado nas bordas internas das palhetas, formando um caminho para que o óleo tenha um fluxo laminar. A carcaça do conversor é conectada ao virabrequim, pela placa de arrasto ou flexplate. Importante: A bomba impulsora está conectada ao virabrequim, e gira junto com ele. (fig.2)
2. Rotor da turbina No rotor da turbina são também instaladas muitas palhetas, como na bomba impulsora, entretanto, a direção da curvatura destas palhetas é oposta a das palhetas da bomba impulsora. O rotor da turbina é instalado no eixo de entrada da transmissão, de modo que suas palhetas se opõem às da bomba impulsora, com uma folga muito pequena entre elas. Ao receber o fluxo do fluido proveniente da bomba do conversor, giram no mesmo sentido, fazendo girar o eixo de entrada da transmissão. (fig.3)
Importante: O rotor da turbina está conectado ao eixo de entrada da transmissão girando com ele assim que o veículo entra em movimento, com a transmissão em "D", "3", "2", "L" ou "R". Contudo, é impedido de girar quando o veículo estiver parado com a alavanca da transmissão nas posições "D", "3", "2", "L" ou "R", porém, quando a transmissão está com a alavanca nas posições "P" ou "N", ele rodará livremente com a rotação da bomba impulsora. 3. Estator O estator está localizado entre a bomba impulsora e o rotor
da turbina. É fixado por um eixo estriado na carcaça da transmissão, pela roda livre (embreagem unidirecional). (fig.4) As pás do estator interferem na direção do óleo que volta da turbina para a bomba impulsora. Caso não existisse o estator, este óleo, ao retornar da turbina, incidiria em sentido contrário à rotação do motor, freando o mesmo e reduzindo o torque transmitido à transmissão. As pás do estator coletam o óleo assim que ele sai do rotor da turbina, e o redirecionam de modo que ele atinja a parte traseira das pás da bomba impulsora, fornecendo um impulso adicional a esta. A roda livre permite que nesta fase, quando o rotor da turbina está quase parado e o veículo iniciando seu movimento, o estator permaneça travado na carcaça, forçando, por meio de suas pás, o óleo na direção do giro do motor.
Porém, na medida em que o rotor da turbina aumenta sua velocidade, o fluido já é direcionado, por meio da força centrífuga, no sentido certo de giro (giro do motor) e nesta ocasião, a roda livre libera a rotação do estator, impedindo que seja um obstáculo ao óleo. Portanto, o estator é girado ou bloqueado, conforme a direção do fluido incidente em suas pás, embora sua pista interna esteja sempre travada na carcaça da transmissão. (fig.5) Funcionamento da embreagem unidirecional (Roda Livre) por elementos toroidais Quando a pista externa tenta girar na direção indicada pela seta A (veja na figura 6), ela empurra as extremidades superiores dos elementos toroidais que compõem a roda livre. Sendo que a distância l1 é mais curta que a distância l, o elemento gira, permitindo a rotação da pista externa.
Contudo, quando a pista externa tenta girar na direção oposta B, os elementos toroidais não conseguem girar porque a distância l2 é maior que a distância l. Portanto, os elementos agem como cunhas, travando a pista externa e impedindo-a de se mover. Para ajudar os elementos toroidais nessa função, é instalada uma mola de retenção que mantém os elementos sempre ligeiramente inclinados na direção de bloqueio da pista externa. Dica: Esse mesmo tipo de embreagem unidirecional é também utilizado dentro da transmissão, para controlar o movimento do conjunto de engrenagens planetárias. Redação: APTTA Brasil Associação de Profissionais Técnicos em Transmissão Automática www.apttabrasil.com e-mail: contato@apttabrasil.com