CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO



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FEITO PGT/CCR/PP/N Nº 13600/2010 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 15ª Região Interessado(s) 1 Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região Interessado(s) 2 Prefeitura Municipal de Campinas Interessado(s) 3 Ministério Público do Trabalho Assunto(s): Consulta (Possibilidade de doação de autos ao Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador da Prefeitura de Campinas) Procurador consulente: Alex Duboc Garbellini CONSULTA. Diante das peculiaridades que envolvem os procedimentos que tramitam nesta Instituição e da necessidade de resguardo das informações e interesses relativos à vida privada das partes envolvidas, bem como da falta de regulamentação específica no âmbito do Ministério Público do Trabalho, sou pela impossibilidade de doação de autos findos e arquivados à requerente. RELATÓRIO Trata-se de consulta sobre a viabilidade de doação de autos findos e arquivados ao Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador-CEREST, do Município de Campinas/SP, conforme requerimento à fl. 04 deste feito. 1

O ilustre Órgão ministerial consulente submeteu o requerimento à fl. 04 à apreciação desta C. Câmara nos seguintes termos. 1. A PRT da 15ª publicou, recentemente, edital contendo a listagem dos procedimentos findos e arquivados há mais de quatro anos, informando ao público em geral que serão eliminados em curto prazo. 2. Ciente deste fato, a Sra. Coordenadora do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador da Prefeitura de Campinhas encaminhou ofício a esta Regional Solicitando a doação de diversos procedimentos em fase de eliminação para que sejam preservados naquele órgão, dada a possibilidade de serem eventualmente úteis para a comprovação de condições de trabalho vigentes no passado nas empresas investigadas (documento em anexo). 3. Considerando os termos da decisão no Processo PGT/CCR/9111/2008 que concluiu pela impossibilidade de doação de autos arquivados a instituição de ensino e tendo em vista as peculiaridades do caso presente, consulto essa D. Câmara de Coordenação e Revisão sobre a viabilidade da solicitação do CEREST. 4. Ressalto que, em relação à atividade do Ministério Público do Trabalho, esses autos não têm qualquer utilidade em razão de terem sido arquivados há mais de quatro anos, no mínimo, e sem qualquer movimentação posterior. O pedido do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador do Município de Campinas/SP restou assim vazado (fl. 04), ad litteram: Em atenção aos Avisos de Eliminação de Documentos, em epígrafe, o Centro de Referência em Saúde do Trabalho (Cerest) de Campinas, unidade da Secretaria Municipal de Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS) vem pela presente requerer vistas e a doação do inteiro teor dos procedimentos investigatórios nas listas anexas, para fins de 2

preservação e potencial uso, no futuro, como elemento contribuinte para o reconhecimento e caracterização das condições ambientais e relações de trabalho vigentes nas empresas e instituições investigadas. Tais informações favorecerão o cumprimento da missão institucional do Cerest, no tocante aos estabelecimento de associações entre possíveis adoecimentos de trabalhadores/pacientes e os vínculos laborais prévios. Requer, ainda, autorização para complementação da triagem dos documentos de interesse, através de acesso físico ao acervo, o que permitirá confirmar o conteúdo temático e documental de cada processo, assegurando a seleção apenas daqueles com potencial interesse para este Serviço. os autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram É o relatório. ADMISSIBILIDADE CONHEÇO da presente consulta, com esteio no inc. III, do art. 103, da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO No Brasil, o direito de acesso à informação e a proteção aos documentos é ratificado em nossa Constituição em vários de seus Títulos, cabendo destacar os seguintes: Dos Direitos e Garantias 3

Fundamentais: Capítulo I (art. 5º, incisos XIV, XXXIII, XXXIV, LXXII, LXXIII); Da Organização do Estado: Capítulo II (art. 23, incisos III e IV; art. 24, inciso VII); Da Ordem Social: Capítulo III, seção II (art. 216, inciso IV e parágrafos 1º e 2º). Posteriormente, foi sancionada a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências. Nesta lei, o tema acesso à informação está contemplado em seu Capítulo V, nominado "Do Acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos", cujos artigos 22 a 24 assim estabelecem: Art. 22. É assegurado o direito de acesso pleno aos documentos públicos. Art. 23. Decreto fixará as categorias de sigilo que deverão ser obedecidas pelos órgãos públicos na classificação dos documentos por eles produzidos. 1º Os documentos cuja divulgação ponha em risco a segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas são originariamente sigilosos. 2º O acesso aos documentos sigilosos referentes à segurança da sociedade e do Estado será restrito por um prazo máximo de 30 (trinta) anos, a contar da data de sua produção, podendo esse prazo ser prorrogado, por uma única vez, por igual período. 3º O acesso aos documentos sigilosos referente à honra e à imagem das pessoas será restrito por um prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data de produção. Art. 24. Poderá o Poder Judiciário, em qualquer instância, determinar a exibição reservada de qualquer documento sigiloso, sempre que indispensável à defesa de direito próprio ou esclarecimento de situação pessoal da parte. 4

Parágrafo único. Nenhuma norma de organização administrativa será interpretada de modo a, por qualquer forma, restringir o disposto neste artigo. O reconhecimento do direito de acesso à informação leva, como um desaguadouro natural, à consagração do princípio da transparência administrativa. A comunicabilidade dos arquivos, respeitadas as restrições legais cabíveis, protege a Administração, porquanto garante a retitude de sua atuação e aumenta a eficácia no seu controle. A liberdade de informação, a proteção da segurança nacional e dos interesses do Estado e o respeito à vida privada e à privacidade são princípios norteadores, mesmo que contraditórios, na regulação do acesso à informação. Quanto à classificação dos documentos como sigilosos, o Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002, que dispõe sobre a salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, no âmbito da Administração Pública Federal, e dá outras providências, assim estabelece em seu art. 2º e parágrafo único, verbis: Art. 2º São considerados originariamente sigilosos, e serão como tal classificados, dados ou informações cujo 5

conhecimento irrestrito ou divulgação possa acarretar qualquer risco à segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. Parágrafo único. O acesso a dados ou informações sigilosos é restrito e condicionado à necessidade de conhecer. No tocante ao acesso aos documentos tidos por sigilosos, a Lei nº 11.111. de 5 de maio de 2005, que regulamenta a parte final do disposto no inciso XXXIII, do caput, do artigo 5º, da Constituição Federal e dá outras providências, estabelece o seguinte em seus artigos 2º, 7º e seu parágrafo único, ad litteram: Art. 2 o O acesso aos documentos públicos de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral será ressalvado exclusivamente nas hipóteses em que o sigilo seja ou permaneça imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, nos termos do disposto na parte final do inciso XXXIII do caput do art. 5 o da Constituição Federal. Art. 7 o Os documentos públicos que contenham informações relacionadas à intimidade, vida privada, honra e imagem de pessoas, e que sejam ou venham a ser de livre acesso poderão ser franqueados por meio de certidão ou cópia do documento, que expurgue ou oculte a parte sobre a qual recai o disposto no inciso X do caput do art. 5 o da Constituição Federal. Parágrafo único. As informações sobre as quais recai o disposto no inciso X do caput do art. 5 o da Constituição Federal terão o seu acesso restrito à pessoa diretamente interessada ou, em se tratando de morto ou ausente, ao seu cônjuge, ascendentes ou descendentes, no prazo de que trata o 3 o do art. 23 da Lei n o 8.159, de 8 de janeiro de 1991. 6

No âmbito do Ministério Público do Trabalho, a questão do sigilo de documentos é tratada na Resolução CSMPT nº 69, de 12 de dezembro de 2007, nos artigos abaixo: Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado: I omissis; II omissis; III omissis. 1º omissis. 2º omissis. 3º omissis. 4º omissis. 5º Para preservação da integridade ou dos direitos do denunciante, o Ministério Público do Trabalho poderá decretar o sigilo de seus dados, que ficarão acautelados em Secretaria. Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com exceção das hipóteses de sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar prejuízo às investigações, casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser motivada. 1º omissis. 2º omissis: I- omissis. II - omissis; III - omissis; IV - omissis; V - omissis. 3º omissis. 4º omissis. 5º A restrição à publicidade deverá ser decretada em decisão motivada, para fins do interesse público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a determinadas pessoas, provas, informações, dados, períodos ou fases, cessando quando extinta a causa que a motivou. 6º Os documentos resguardados por sigilo legal deverão ser autuados em apenso e permanecer acautelados em secretaria. 7

No que pertine à temporalidade dos documentos, ou seja, a definição do prazo de sua preservação e o momento estabelecido para sua eliminação ou destinação aos arquivos intermediário e permanente, segundo o valor e o potencial de uso que apresentam (documentos) para administração que os gerou e para a sociedade, a Lei nº 8.159/91, estabelece em seu artigo 9º, verbis: Art. 9º A eliminação de documentos produzidos por instituições públicas e de caráter público será realizada mediante autorização da instituição arquivística pública, na sua específica esfera de competência. No âmbito da Justiça do Trabalho, tal questão é tratada na Lei nº 7.627, de 10 de novembro de 1987, cujo art. 1º, assim estabelece: Art. 1º. Fica facilitado aos Tribunais do Trabalho determinar a eliminação, por incineração, destruição mecânica ou por outro meio adequado, de autos findos há mais de 5 (cinco) anos, contado o prazo da data do arquivamento do processo. No Ministério Público do Trabalho, a Resolução CSMPT nº 69/2007, em seu art. 12, limita o desarquivamento de inquéritos civis ao período de 6 meses após seu arquivamento: Art. 12. O desarquivamento do inquérito civil, diante de novas provas ou para investigar fato novo relevante, poderá ocorrer no prazo máximo de seis meses após o arquivamento. 8

Transcorrido esse lapso, será instaurado novo inquérito civil, sem prejuízo das provas já colhidas. A matéria (possibilidade de destruir autos findos e arquivados de inquérito civil), ainda que com objeto diverso da presente (cedência ou doação de autos findos) já foi objeto de consulta junto à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho (Processo PGT/CCR/Nº 9993/2008), que entendeu pela possibilidade de eliminação definitiva de autos findos e arquivados de inquéritos civis e de outros documentos, verbis: CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PROCESSO PGT/CCR/9993/2008 Interessados: PRT 2ª Região Assunto: Consulta sobre possibilidade de destruir autos findos e arquivados de ICP Relatório A ilustre Procuradora da PRT/2ª Região, Doutora Oksana Maria Dziura Boldo, tendo em vista a existência de um grande arquivo morto naquela Regional, e considerando o disposto na Portaria 262/2005, que instituiu comissão para elaborar projeto de normas e procedimentos para controle, tramitação, arquivamento e baixa de documentos no âmbito do Ministério Público do Trabalho, na Resolução CSMPT nº 69/2007, que limita o desarquivamento de inquéritos civis ao período de 6 meses após seu arquivamento, e na Lei nº. 7.627/1987, que possibilita a eliminação de autos findos há mais de cinco anos na Justiça do Trabalho, solicita a manifestação da Câmara de Coordenação e Revisão quanto à possibilidade de serem destruídos autos findos e arquivados de Inquéritos Civis Públicos, e se admitida tal eliminação, após quanto tempo e em quais circunstâncias esta pode ocorrer. Admissibilidade Pedindo sinceras escusas pela prolongada demora na solução da presente Consulta, em boa parte explicada pelo crescente volume de processos que tramitam 9

atualmente na Câmara de Coordenação e Revisão, opino pelo conhecimento. Voto A propósito da matéria sub examen, é possível identificar o Processo nº 08130.002206/2004, que tramitou no Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, tendo como objeto a fixação de normas para regulamentar o procedimento de eliminação de documentos no âmbito do Ministério Público do Trabalho, bem como a Portaria nº 262/2005, referida pela Consulente, que instituiu comissão para elaborar projeto de normas e procedimentos para controle, tramitação, arquivamento e baixa de documentos no âmbito do Ministério Público do Trabalho. Não obstante, inexiste, s.m.j., regramento consolidado acerca da política de gestão documental no âmbito do parquet trabalhista. Nesse contexto, manifesta-se a Câmara de Coordenação e Revisão pela possibilidade de eliminação definitiva, pelas Procuradorias Regionais do Trabalho, de autos findos e arquivados de Inquéritos Civis Públicos, assim como de outros documentos do arquivo, a exemplo de providência já efetivada pela PRT de Campinas (cf. Portaria nº 012, de 02 de março de 2010, ora juntada aos autos). O plano de eliminação dos referidos autos e documentos, contudo, deverá ser coordenado por comissão criada especialmente para esse fim e observará os ditames da Lei nº. 8.159/1991 (política nacional de arquivos públicos e privados) regulamentada pelo Decreto nº. 4073/2002, bem como da Lei nº. 7.627/1987 (eliminação de autos findos nos órgãos da Justiça do Trabalho), por analogia, e também as regras relativas aos instrumentos arquivísticos de gestão documental (Plano de Classificação de Documentos; Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos; e Manual de Procedimentos Arquivísticos) C o n c l u s ã o Assim, conclui-se pela possibilidade de eliminação definitiva, pelas Procuradorias Regionais do Trabalho, de autos findos e arquivados de Inquéritos Civis Públicos, assim como de outros documentos, nos exatos termos expostos. Brasília, 30 de agosto de 2010. Rogério Rodriguez Fernandez Filho Subprocurador Geral do Trabalho 10

Faço registrar, por necessário e oportuno, que a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho já foi provocada sobre a possibilidade de cedência de autos arquivados de IC s à instituição de ensino (Consulta PGT/CCR/Nº 9111/2008), momento em que entendeu por sua impossibilidade. Peço vênia para transcrever a integralidade do voto condutor, ad litteram: CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PROCESSO PGT/CCR/9111/2008 Interessados: PRT 2ª Região Assunto: Consulta sobre possibilidade de ceder os autos arquivados de IC s para utilização por alunos de instituição de ensino Relatório A ilustre Procuradora da PRT/2ª Região, Doutora Oksana Maria Dziura Boldo, em face de requerimento de universidade local, solicita a manifestação da Câmara de Coordenação e Revisão quanto à possibilidade de serem cedidos autos findos e arquivados de Inquéritos Civis Públicos, para utilização por alunos de instituição de ensino. Autuado o feito nesta Câmara, foi-me redistribuído, por prevenção, em virtude da aposentadoria do Relator originalmente sorteado, Doutor Guilherme Mastrichi Basso (fls.05/06). É o relatório. Admissibilidade Pedindo sinceras escusas pela prolongada demora na solução da presente Consulta, em boa parte explicada pelo crescente volume de processos que tramitam atualmente na Câmara de Coordenação e Revisão, opino pelo conhecimento. Voto Registre-se, ab initio, que não há previsão legal para a doação/cessão de processos judiciais, ou autos de inquéritos civis públicos, findos e arquivados. Efetuada pesquisa em programas de gestão, destinação e/ou eliminação de documentos já adotados por 11

outros órgãos públicos1, verificou-se não constar a hipótese ora em análise. Ademais, não obstante o Processo nº 08130.002206/2004, que tramitou no Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, tendo como objeto a fixação de normas para regulamentar o procedimento de eliminação de documentos no âmbito do Ministério Público do Trabalho, bem como a Portaria nº 262/2005, referida pela Consulente, que instituiu comissão para elaborar projeto de normas e procedimentos para controle, tramitação, arquivamento e baixa de documentos no âmbito do Ministério Público do Trabalho, inexiste, s.m.j., regramento consolidado acerca da política de destinação e eliminação de documentos no âmbito do parquet trabalhista. Por outro lado, não se pode perder de vista que os autos em questão envolvem informações e interesses relativos à vida privada das partes envolvidas, e que estão, portanto, protegidos pelo disposto no art.5º, inciso X, da Constituição Federal ( são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação ). Nesse contexto, ausente previsão legal nesse sentido, manifesta-se a Câmara de Coordenação e Revisão pela impossibilidade de serem cedidos autos findos e arquivados de Inquéritos Civis Públicos para utilização por alunos de instituição de ensino. C o n c l u s ã o Ante o exposto, conclui-se pela impossibilidade de serem cedidos autos findos e arquivados de Inquéritos Civis Públicos para utilização por alunos de instituição de ensino. Brasília, 30 de agosto de 2010. Rogério Rodriguez Fernandez Filho Subprocurador Geral do Trabalho Portanto, diante das peculiaridades que envolvem os procedimentos que tramitam nesta Instituição e da necessidade de resguardo das informações e interesses relativos à vida privada das partes envolvidas, bem como da falta de regulamentação específica no âmbito do 12

Ministério Público do Trabalho, alho, outra conclusão não há senão a expressada e acolhida no Processo PGT/CCR/Nº 9111/2008. CONCLUSÃO Posto isso, CONHEÇO da presente consulta submetida a esta Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, e, VOTO no sentido da impossibilidade de doação de autos de procedimentos findos e arquivados ao Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador, do Município de Campinas/SP, ora requerente, por ausência de amparo legal. Cientifique-se o i. Procurador consulente, determinando-se o retorno dos autos à Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região para as providências cabíveis. Brasília, 06 de julho de 2011. VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora-Geral do Trabalho Membro da CCR/MPT - Relatora 13