TEXTO BASE PARA A 14ª PLENÁRIA NACIONAL DA CUT



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Transcrição:

TEXTO BASE PARA A 14ª PLENÁRIA NACIONAL DA CUT 2014 1

Direção Executiva Nacional CUT Brasil Gestão 2012-2015 Presidente Vagner Freitas de Moraes Vice-presidenta Carmen Helena Ferreira Foro Secretário-Geral Sérgio Nobre Secretária-Geral Adjunta Maria Aparecida Faria Secretário de Administração e Finanças Quintino Marques Severo Secretário-Adjunto de Administração e Finanças Aparecido Donizeti da Silva Secretário de Relações Internacionais João Antônio Felício Secretário-Adjunto de Relações Internacionais Artur Henrique da Silva Santos Secretária de Combate ao Racismo Maria Júlia Reis Nogueira Secretária de Comunicação Rosane Bertotti Secretário de Formação José Celestino Lourenço (Tino) Secretário-Adjunto de Formação Admirson Medeiros Ferro Júnior (Greg) Secretário de Juventude Alfredo Santana Santos Júnior Secretário de Meio Ambiente Jasseir Alves Fernandes Secretária da Mulher Trabalhadora Rosane Silva 2

Secretário de Organização Jacy Afonso de Melo Secretário-Adjunto de Organização Valeir Ertle Secretário de Políticas Sociais Expedito Solaney Pereira de Magalhães Secretária de Relações do Trabalho Maria das Graças Costa Secretário-Adjunto de Relações do Trabalho Pedro Armengol de Souza Secretária de Saúde do Trabalhador Junéia Martins Batista Secretário-Adjunto de Saúde do Trabalhador Eduardo Guterra Diretoras e Diretores Executivos Antônio Lisboa Amâncio do Vale Daniel Gaio Elisângela dos Santos Araújo Jandyra Uehara Júlio Turra Filho Rogério Pantoja Roni Barbosa Rosana Fernandes Shakespeare Martins de Jesus Vítor Carvalho Conselho Fiscal Antonio Guntzel Dulce Rodrigues Sena Mendonça Manoel Messias Vale Suplentes Raimunda Audinete de Araújo Severino Nascimento (Faustão) Simone Soares Lopes 3

SUMÁRIO Apresentação...07 Conjuntura...08 Cenário Internacional... 08 Conjuntura Nacional...09 As transformações no campo e novas fronteiras no combate às desigualdades...10 Movimentação das forças políticas...12 A CUT e as forças políticas nas Eleições 2014...13 Estratégia...15 Organizar, lutar e avançar nas conquistas...15 EIXO 1 DISPUTA DE HEGEMONIA: DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO E CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO...18 Reforma política...18 Reforma Tributária...19 Reforma Agrária...20 Democratização dos Meios de Comunicação...21 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...21 Democratização das políticas públicas A participação da CUT nos espaços institucionais e a ação no território...23 Política Industrial...24 Redução das desigualdades sociais: a continuidade das políticas de transferência de renda e de valorização do Salário Mínimo...25 Combate a toda forma de discriminação...26 Igualdade de Direitos dos Trabalhadores/as LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais)...26 Igualdade de Direitos dos Trabalhadores/as com Deficiência...26 Erradicação do Trabalho Infantil...27 Erradicação do Trabalho Escravo...27 Juventude...27 Mulheres...28 4

Educação...29 Saúde...31 A LUTA POR DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA...31 A ampliação de direitos SDRT...32 Atuação da CUT nos espaços de regulação das Relações de Trabalho...32 Direito à organização sindical e à negociação coletiva para os trabalhadores do serviço público...33 Não à precarização das relações de trabalho...34 REPARAÇÃO DOS DIREITOS...34 O movimento Sindical na resistência e na luta contra o regime militar...34 Instalação da Comissão Nacional da Verdade: é possível avançar!...35 Comissão Nacional Memória, Verdade e Justiça da CUT...35 EIXO 2 ATUALIZAR O PROJETO POLÍTICO-ORGANIZATIVO DA CUT E FORTALECER A AÇÃO SINDICAL...36 Ampliar nossa base de representação, incluindo novos segmentos da classe trabalhadora brasileira...36 Derrotar o corporativismo...37 Atuar para combater as desigualdades no interior da classe...38 Investir em formação e comunicação...39 Enfrentar o desafio da organização no local de trabalho...40 Fortalecer a organização dos ramos...41 Fortalecer a negociação coletiva...41 Fortalecer as Estaduais...42 Finanças a Serviço do Projeto CUTista...43 Arrecadação estatutária...43 Distribuição dos recursos das mensalidades estatutárias às Instâncias...44 Período para atualização cadastral...45 Ampliar a ação dos Sindicatos...46 Conferência de Finanças...46 5

PROPOSTAS PARA O PLANO DE LUTAS...47 Movimento Sindical Internacional...47 Eleições 2014...47 Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político...48 Democratização dos meios de comunicação...48 Reforma Agrária...48 Reforma Tributária...49 Continuidade da política de valorização do Salário Mínimo...49 Educação básica pública...49 Saúde...49 Funcionalismo Público...50 CONTRIBUIÇÕES AO DEBATE...51 CUT Socialista e Democrática CSD...52 Articulação de Esquerda AE...58 CUT Independente e de Luta...63 Esquerda Popular e Socialista EPS...69 CUT Pode Mais...74 Esquerda Marxista EM...80 6

APRESENTAÇÃO Apresentamos para o debate o Texto Base da 14ª Plenária Nacional da CUT, elaborado pela Direção Nacional. A Plenária ocorrerá num cenário político marcado pela disputa eleitoral em 2014 e terá um papel extremamente importante para o movimento sindical CUTista. Em um momento também de afirmação da CUT no cenário sindical internacional com a indicação do companheiro João Felício à presidência da Confederação Sindical Internacional (CSI). Será um momento para aprofundar a discussão dos projetos políticos em disputa e do papel da CUT neste momento decisivo da história brasileira. Como desdobramento desse processo, a Plenária deverá criar condições para mobilizar nossas bases para a defesa inequívoca do projeto democrático popular que vem sendo construído no País nos últimos onze anos, destacando as mudanças que são necessárias para que esse projeto se amplie e se consolide no futuro. A 14ª Plenária deverá ainda discutir e apresentar propostas para os desafios que a própria CUT enfrenta para atualizar seu projeto político-organizativo e para fortalecer sua de capacidade de continuar defendendo os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora. Coordenação da 14ª Plenária da CUT Sergio Nobre Coordenador Geral Antônio Lisboa Amâncio do Vale Jandyra Massue Uehara Alves José Celestino Lourenço Julio Turra Maria Aparecida Faria Quintino Marques Severo Rosane Bertotti Rosane da Silva Rosana Fernandes Shakespeare Martins de Jesus 7

CONJUNTURA 1. A 14ª Plenária Nacional da CUT acontece num cenário político marcado pela disputa eleitoral em 2014, num ambiente de continuidade da crise do sistema capitalista internacional e de sua repercussão na economia nacional, de pós Copa do Mundo e de acirramento das tensões sociais. As forças políticas conservadoras darão continuidade e intensificarão a campanha de desgaste do governo e das forças políticas que lhe dão sustentação, tendo como objetivo estratégico derrotar, nas urnas, o projeto democrático-popular que vem sendo construído no País nos últimos onze anos. 2. A Plenária terá um papel crucial para o movimento sindical CUTista. Deverá criar condições para ampliar a compreensão dos dirigentes e militantes sobre os projetos políticos em disputa e o papel da CUT neste momento decisivo da história brasileira. Deverá, no desdobramento desse debate, mobilizar as bases para defender, junto com os movimentos sociais, de forma inequívoca, o projeto democrático-popular, intervindo no cenário eleitoral com propostas concretas, consolidadas na Plataforma da Classe Trabalhadora. Deverá discutir a continuidade desse projeto e as mudanças necessárias para que se amplie e se consolide no futuro. 3. Deverá discutir os desafios que o próprio movimento sindical CUTista enfrenta, do ponto de vista da atualização de sua estrutura organizativa e do fortalecimento da capacidade real de ação, para continuar intervindo, para além de 2014, nos rumos da sociedade brasileira, fazendo a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora. Cenário Internacional 4. A mais recente crise do capitalismo internacional, deflagrada em 2008, continua cobrando um alto preço da classe trabalhadora. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem atualmente 202 milhões de pessoas desempregadas no mundo. Deste total, 74 milhões são jovens de até 25 anos de idade. Em países como a Espanha e a Grécia, o desemprego juvenil ultrapassa 56% da população economicamente ativa. 5. Além do desemprego, os/as trabalhadores/as estão sendo penalizados/as com a perda de direitos e com a precarização das relações de trabalho. Assistimos, de um lado, ao enfraquecimento do movimento sindical e ao aumento da pobreza e da desigualdade social e, de outro, à concentração de riquezas como faces da mesma moeda: estamos vivenciando uma das fases mais perversas do capitalismo. 6. As políticas propostas pelos governos dos Estados Unidos (EUA) e União Europeia (UE) para enfrentamento aos efeitos da crise internacional, baseadas em medidas neoliberais que pregam austeridade e corte de gastos, além de não estancarem seus efeitos, promovem a recessão, reduzem os gastos do Estado na área social, deteriorando as condições de vida dos/as 8

trabalhadores/as, enquanto imensas somas de recursos públicos são destinadas para salvar os responsáveis pela própria crise: o sistema financeiro e as corporações transnacionais. 7. Com o desemprego crescente, aumentam a discriminação e a xenofobia contra trabalhadores/as imigrantes, já submetidos/as a condições precárias de trabalho. Crescem em vários países, no rastro da crise, movimentos de caráter fascista. 8. A América Latina, uma das regiões mais desiguais do mundo, foi a única a conseguir reduzir a desigualdade social na década passada. Entre 2002 e 2011, a desigualdade de renda diminuiu em 14 dos 17 países sobre os quais há dados comparáveis. No período, cerca de 50 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema na região. Nos últimos 20 anos, o gasto social em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) teve um incremento de 66%. 9. Apesar desse avanço, há diferenças significativas entre os países da América Latina. Os governos do Brasil, Venezuela, Argentina, Uruguai, Bolívia e Equador, nos últimos 10 anos, têm empenhado esforços para a adoção de espaços de integração política, econômica e social, independentes das garras do imperialismo estadunidense. Exemplos deste esforço são a UNASUL (União de Nações Sul Americanas) e a CELAC (Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos). Entretanto, ainda existem na América Latina governos alinhados ao neoliberalismo e ao imperialismo estadunidense, como México, Colômbia e Paraguai. Chamamos a atenção para a ofensiva do capital sobre os direitos dos/as trabalhadores/as, com as graves perseguições e precarização do trabalho em curso no México. Conjuntura nacional 10. Além de aspectos políticos, a crise internacional tem uma decisiva dimensão econômica, cujos desdobramentos poderão afetar os países que possuem maior dependência frente ao comércio internacional, maior vulnerabilidade cambial e taxas de juros mais altas. Apesar da visão negativa de setores do grande empresariado e da grande mídia, hoje a economia brasileira é bem mais sólida do que foi no final dos anos noventa, quando foi duramente afetada pela crise internacional. 11. Em 2013 o Brasil cresceu em 2,3%, indicador relevante se considerada a estagnação da economia mundial. O índice de inflação oficial do país (o IPCA- IBGE) ficou em 5,91%, dentro da meta de inflação e semelhante a 2012. Desde 2004, a inflação vem se mantendo dentro das metas pré-estabelecidas, situação bem diferente do período anterior a 2002. 12. O mercado de trabalho ainda vem apresentando um cenário positivo, apesar das taxas pouco robustas de crescimento do País: baixas taxas de desemprego, com permanência de geração de novos postos de trabalho formais e as negociações coletivas apresentando reajustes salariais com ganhos reais na faixa dos 2%. 13. Medidas recentes do governo, porém, podem afetar negativamente o desempenho da economia brasileira no próximo período. Entre elas, destaca- 9

se a elevação da taxa de juros, que restringe os investimentos produtivos, eleva a dívida pública, com impacto também negativo no mercado de trabalho. 14. Olhando retrospectivamente, para além de uma avaliação do desempenho recente da economia brasileira, é fundamental resgatar as políticas adotadas nos últimos dez anos pelos governos Lula e Dilma, que mudaram significativamente para melhor a sociedade brasileira: mais de 30 milhões de pessoas foram retiradas da situação de pobreza extrema, através da criação de postos de trabalho, da valorização do salário mínimo e das políticas de transferência de renda e de inclusão social. Houve, na realidade, uma mudança de fundo em relação ao modelo de desenvolvimento: o projeto neoliberal dos governos anteriores foi substituído por outro em que o Estado, além de assegurar a estabilidade macroeconômica, desenvolve políticas focadas na redução das desigualdades econômicas e sociais, abrindo canais de diálogo com a sociedade e criando espaços institucionais (Conferências, Conselhos etc.) em que seus representantes são ouvidos e têm o que dizer sobre as políticas públicas que estão sendo implementadas no País. 15. Um dos principais instrumentos de transferência de renda utilizados pelo governo é a política de reajustes anuais do salário mínimo. Ela possibilitou uma recomposição gradual de seu poder de compra e teve grande impacto na economia nacional, alavancando o aquecimento do mercado interno e promovendo inclusão social. Adotada pelo governo Lula em 2007, foi transformada em lei em 2011 pela presidenta Dilma, com duração prevista até 2015. Conquista de uma bandeira histórica da CUT, esta política vem sendo questionada por setores conservadores. Os argumentos contrários ao da permanência da política atual devem ser desconstruídos, destacando seu papel distributivo, assim como seus ganhos em relação ao aumento do consumo, superação da miséria e melhoria dos indicadores sociais. É a continuidade deste projeto democrático-popular de desenvolvimento que estará em disputa em 2014, polarizando o debate, seja em relação aos rumos da economia, seja em relação à sociedade que queremos para as gerações futuras. As transformações no campo e novas fronteiras no combate às desigualdades 16. A partir dos anos 90, a agricultura no Brasil e no mundo foi marcada pela constituição de grandes empresas: agroindústrias e varejistas que controlam o mercado mundial. Esse processo de concentração do controle do setor por agroindústrias multinacionais e grandes redes varejistas, tem criado um cenário difícil para a agricultura familiar, com quem disputam recursos e a quem submetem como elos mais frágeis da cadeia produtiva. Os/as assalariados/as rurais vinculados/as aos complexos agroindustriais, são também submetidos/as a processos abusivos de exploração. As relações de poder no campo continuam desfavoráveis aos/às trabalhadores/as, cuja luta segue com ameaças e assassinatos de lideranças. 17. Apesar de a Política Agrícola ter beneficiado a agricultura familiar, a partir de 2003, com o fortalecimento do acesso ao crédito, com a ampliação dos recursos para o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e com outros mecanismos direcionados a este segmento, o centro desta política continua sendo o fortalecimento do agronegócio. 10

18. Os resultados do agronegócio e a produtividade do setor baseiam-se, entre outros instrumentos, na baixa remuneração dos/as trabalhadores/as. A faixa salarial com maior frequência é a de 0,5 a 1 salário mínimo. Cerca de 80% dos/as trabalhadores/as no campo recebem até 1,5 SM. 19. Segundo dados da PNAD/IBGE (2012), 30% das pessoas ocupadas no campo são assalariadas, 28,5% são por conta própria, 2,3% são empregadores, 26,8% são trabalhadores/as na produção para o próprio consumo e 12,4% não são remunerados/as, sendo esse último grupo o que sofreu mais impacto no último período, já que, em 2004, representava 24,1% do total de ocupados/as no campo. Do total de assalariados/as, cerca de 60% não possuem carteira de trabalho assinada, ficando na informalidade. Em algumas regiões, como Norte e Nordeste, a informalidade chega a 95%! 20. Os/as trabalhadores/as também têm sido afetados/as pelas novas tecnologias introduzidas na agricultura (máquinas, insumos e novas técnicas de produção), que reduzem a demanda de mão de obra sem que tenham sido construídas alternativas para as vítimas desse processo. Tem se generalizado a remuneração por produção, que leva a jornadas de trabalho exaustivas, provocando o adoecimento dos/as trabalhadores/as e também a perda da capacidade laborativa com idade reduzida. 21. A grande quantidade de agrotóxicos utilizados expõe os/as trabalhadores/as ao risco de intoxicação e de adoecimento. Os/as trabalhadores/as no campo ainda estão sujeitos a formas extra-econômicas de coerção e ao trabalho escravo, realidade ainda frequente na área rural. 22. Recentemente foram aprovadas algumas medidas que melhoram as condições de trabalho no campo, como por exemplo, a Lei nº 11.718/2008 que possibilitou que os/as trabalhadores/as rurais em atividades de curta duração tivessem seus contratos formalizados, com garantia de manutenção de todos os direitos e o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-açúcar, que proporcionou avanços importantes, como melhoria das condições de trabalho, principalmente, no que se refere à diminuição considerável da contratação por pessoa interposta, reduzindo a informalidade. 23. Esse quadro coloca antigos e novos desafios em relação à superação das desigualdades sociais ainda existentes no País, assim como leva a CUT a priorizar sua ação junto aos/às trabalhadores/as rurais, buscando fortalecer sua organização para que possam defender seus interesses imediatos e históricos. Está em curso proposta do Ministério do Trabalho e Emprego que permite a criação, no meio rural, de sindicatos de categorias diferenciadas como assalariados/as rurais e agricultores/as familiares. A discussão feita pela Coordenação de Trabalhadores Rurais da CUT, em preparação ao processo de criação do Macrossetor Rural, aponta a possibilidade de organização desses segmentos de trabalhadores/as rurais em entidades nacionais da CUT. 11

Movimentação das forças políticas 24. A ação das forças conservadoras vem se dando de várias formas. O julgamento e a execução da Ação Penal 470 foram marcados por uma série de violações constitucionais e por graves erros, transformando-se num processo de judicialização da política que abre precedente para criminalizar os movimentos sociais e que afronta a democracia. Esta constatação justifica a posição assumida pela CUT de exigir uma revisão criminal que anule a sentença da AP 470. 25. Esses fatos, amplificados pela enorme exposição na mídia, deixaram claro a partidarização da justiça e a realização de um julgamento político, cujo principal objetivo é a derrota de um ciclo político inaugurado pelo governo social e democrático do Presidente Lula. 26. As manifestações populares que tomaram as ruas do País em junho de 2013, reivindicando melhoria na mobilidade urbana, na saúde, na educação e, ao mesmo tempo, denunciando a corrupção, foram manipuladas pela imprensa com o intuito de descredenciar o governo e os próprios manifestantes. A repressão e a violência policial criaram clima de terror em várias capitais e dispararam uma onda de criminalização do movimento, aumentando a instabilidade e o tensionamento. A estratégia de manipulação das informações desviou o foco de uma análise mais consistente sobre a real motivação das manifestações populares. 27. A população exige mais Estado, mais políticas públicas universais. Os serviços de saúde e educação pública não atendem nem em quantidade, nem em qualidade a necessidade da população, que se encontra refém da exploração na educação e na saúde privada. A falta de uma política de segurança pública nas grandes cidades, que tenha como objetivo garantir a cidadania da população, o respeito à democracia e aos direitos humanos, que trabalhe com ações preventivas em parceria com a comunidade, faz crescer a marginalidade, a violência e a insegurança. 28. É fundamental entender que a origem e o real sentido das manifestações estão longe da tentativa de reduzi-las a uma ação de vândalos, ou da interpretação de que se trata de uma expressão popular de oposição à presidenta Dilma e contra as mudanças que o País viveu nos últimos anos. 29. A juventude que ascendeu economicamente manifesta sua legítima reivindicação por mais cidadania, mais serviços públicos de qualidade, mais participação política, mais respeito e liberdade. 30. As manifestações de junho também recolocaram no centro do debate nacional a necessidade de uma mudança profunda no atual sistema político brasileiro através de uma reforma política, defendida há muito tempo pela CUT. Compreendendo que o atual Congresso não fará esta reforma, nem as outras (reforma agrária, reforma tributária, democratização dos meios de comunicação) necessárias para transformar o Brasil num país mais democrático e justo, a CUT organizou junto com movimentos sociais a campanha pelo Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. 12

31. A CUT deve mobilizar suas bases para que atuem de forma decisiva na campanha do Plebiscito Popular e levar este debate para o processo eleitoral, intervindo na construção de uma plataforma de governo que dialogue com as reivindicações da população, especialmente, da juventude, e que contemple as reformas estruturais necessárias à consolidação da democracia no País e, pedindo o compromisso da presidenta Dilma, candidata à reeleição, com o resultado do Plebiscito e a convocação de uma Constituinte para a reforma política. 32. É neste cenário que se insere o movimento Não vai ter Copa e suas variantes, como mais uma tentativa da direita, ajudada por setores autoproclamados de esquerda, para desgastar o governo no debate político eleitoral. O futebol é uma manifestação cultural que envolve e mobiliza a população no que deve ser uma grande festa popular. A Copa do Mundo é um grande evento, que gera importante movimentação no turismo, investimento na infraestrutura e injeção de dinheiro na economia, que devem gerar empregos e riqueza para o País. 33. A avaliação da CUT sobre a Copa do Mundo inclui nossa crítica ao papel que a FIFA (Federação Internacional de Futebol) tem desempenhado na sua organização, impedindo a população local e os/as trabalhadores/as de participar e se beneficiar do evento, monopolizando as atividades econômicas no entorno dos estádios e impendido que os recursos fiquem na comunidade. Da mesma forma, a CUT condena as condições precárias a que foram submetidos/as muitos/as trabalhadores/as envolvidos/as nas obras da Copa. 34. A CUT denuncia ainda a interferência da FIFA na legislação nacional e local, e a exploração dos/as trabalhadores/as antes e durante a realização do evento. Defende que os seus direitos sejam discutidos em negociações setoriais com participação do governo, e que sejam garantidos o acompanhamento do sindicato e a fiscalização pública. 35. A CUT continua sua tradição de luta, ocupando as ruas, praças e avenidas, colocando a classe trabalhadora em movimento, ao lado de outras centrais sindicais e de movimentos sociais para exigir do governo resposta à Pauta da Classe Trabalhadora. Da mesma forma, continua exigindo a retirada definitiva do PL 4330 da pauta do Congresso. Mobilizará suas bases, novamente, para impedir que este projeto ou qualquer outro que vise a precarização das relações de trabalho sejam aprovados. A CUT e as forças políticas nas Eleições 2014 36. No cenário político, um novo realinhamento das forças de direita divide a base de sustentação do governo Dilma com a candidatura de Eduardo Campos a presidente pelo PSB, junto com a Rede Sustentabilidade de Marina Silva e o PPS de Roberto Freire. Embora sua candidatura aglutine forças políticas antes aliadas ao PT e ao PSDB, se apresentando como uma alternativa à polarização Dilma versus Aécio, Eduardo Campos não representa um novo projeto político para o País, substancialmente diferente daquele representado pelo candidato do PSDB. 13

37. Na prática, as candidaturas Eduardo Campos/Marina Silva representam mais uma possibilidade para as forças do capital num segundo turno das Eleições 2014 e um enfraquecimento do PT com a divisão de palanques nos estados. A tentativa de construir uma imagem de candidato que realinha as forças de esquerda pretende mascarar um projeto político que tem o apoio da mídia e do sistema financeiro. 38. Os partidos de oposição ditos de esquerda (PSOL, PSTU) tentam se credenciar com as manifestações populares e se assumir como porta-vozes das insatisfações e reivindicações da população. Sem apresentar alternativa viável, trabalham para desconstruir a imagem e as conquistas do governo democrático-popular nos últimos 11 anos, terminando por favorecer a direita na disputa eleitoral. 39. A estratégia da direita dividiu a base de sustentação do governo e teve impacto sobre o posicionamento das Centrais Sindicais que, pela primeira vez desde 2006, estarão separadas, apoiando candidatos diferentes para a presidência da República. 40. Por isso, será fundamental orientar a militância para que tenha clareza das diferenças e dos interesses que cada uma das candidaturas representa, dando a ela instrumentos para fazer o debate com os/as trabalhadores/as na base. A CUT deverá ressaltar os avanços conseguidos nos últimos anos através do crescimento com inclusão social, da geração de empregos, da diminuição da pobreza e da miséria. Esta ação em cada sindicato, nos locais de trabalho, em cada município, será fundamental para definir o processo eleitoral. 41. Esta deve ser uma tarefa fundamental para a CUT. Precisamos disputar os corações e mentes destes/as trabalhadores/as. Os rumos do país dependem, em grande parte, da capacidade do movimento sindical brasileiro, em especial da CUT, de mobilizá-los e ser porta-voz de suas reivindicações. 42. Neste sentido, a CUT deverá intervir no processo eleitoral. Ao fazer a defesa do projeto democrático-popular sinalizará a necessidade de aprofundar as mudanças que vêm sendo construídos no Brasil, com ações que garantam um salto de qualidade nas condições de vida da classe trabalhadora. Para tanto, deverá apontar as dificuldades que resultam de um governo de coalizão e alianças políticas com setores conservadores que apoiam iniciativas visando a redução do custo do trabalho através da flexibilização de direitos. 43. Trabalhando com o eixo da Reforma Política (Plebiscito Popular) ao longo da campanha, a CUT deverá promover ações para a eleição de um maior número de deputados/as e senadores/as, identificados/as com a nossa Plataforma, visando uma recomposição no perfil do Congresso Nacional. 14

ESTRATÉGIA Organizar, lutar e avançar nas conquistas 1. Como tem sido reafirmado nos últimos Congressos e Plenárias Nacionais, o que orienta a construção da estratégia da CUT é o compromisso com a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, a luta por melhores condições de vida e trabalho e o engajamento no processo de transformação da sociedade brasileira em direção à democracia e o socialismo. 2. Como foi reafirmado na 13ª Plenária, dentre os objetivos da Central está o de lutar pela emancipação dos trabalhadores como obra dos próprios trabalhadores, tendo como perspectiva a construção da sociedade socialista. Enfrentamos, desde 2008, uma das mais amplas e profundas crises do sistema capitalista internacional que vem cobrando um alto preço da classe trabalhadora, penalizada com o desemprego, com a perda de direitos e com a precarização das relações de trabalho. 3. A CUT definiu que o combate à crise deve ser feito com uma estratégia combinando dois movimentos. O primeiro, definindo o que fazer e aonde chegar: o enfrentamento imediato à crise, sem perder o horizonte de uma transição para um novo modelo de desenvolvimento, com a ampliação da participação popular nas decisões políticas, com sustentabilidade econômica, social e ambiental, distribuição de renda e valorização do trabalho. O segundo, focado em fortalecer o projeto sindical CUTista como condição para a CUT atingir esses objetivos históricos. 4. O 11º CONCUT reafirmou as linhas gerais dessa estratégia, destacando que ela continuará lastreada pelos princípios que nos forjaram: a liberdade e autonomia sindical buscando elevar a consciência da classe trabalhadora e ampliar a capacidade de luta da sociedade organizada. Reafirmou dois eixos fundamentais para sua ação estratégica: impulsionar a luta pelo desenvolvimento sustentável e atualizar o projeto político-organizativo da CUT para os próximos 10 anos. 5. Embora a crise internacional tenha sido enfrentada com relativo êxito, processo no qual a CUT teve um papel fundamental, o cenário apresentado acima indica que a estratégia da CUT para o próximo período deve articular, nesses dois eixos, os seguintes campos de ação: o fortalecimento e a democratização do Estado e das políticas públicas, a construção do desenvolvimento sustentável, a defesa e ampliação dos direitos e o fortalecimento do movimento sindical. 6. A ação da CUT pela democratização do Estado deverá se dar através da mobilização e luta por reformas estruturais (Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, Reforma Agrária, Reforma Tributária, Democratização dos Meios de Comunicação) como condição para o fortalecimento do projeto democrático-popular que está sendo construído no país. 15

7. A ação da CUT pela democratização do Estado deverá se dar também por meio da apresentação das propostas nos espaços (Conferências, Conselhos etc.) onde são discutidos e definidos temas de interesse dos/as trabalhadores/as. A CUT deverá continuar propondo para a sociedade um modelo de desenvolvimento sustentável e solidário, tendo como referência a Plataforma da Classe Trabalhadora, com propostas de proteção do emprego e do trabalho decente, de combate às desigualdades regionais e sociais, de democratização das políticas públicas e de democratização das relações de trabalho. 8. No campo da defesa dos direitos, a ação da CUT deverá combinar a mobilização e luta pela ampliação de direitos (Pauta da Classe Trabalhadora), com defesa dos direitos existentes (combate à precarização das relações de trabalho) e a reparação de direitos violados pela ditadura militar. 9. A ação da CUT no âmbito internacional deverá destacar seu protagonismo no enfrentamento à crise internacional e na defesa dos interesses históricos da classe trabalhadora, processo que deverá ser articulado com propostas de ação para fortalecer o próprio sindicalismo CUT como condição para conduzir, com êxito, sua estratégia para os próximos anos. 10. Para conduzir sua estratégia no plano mais geral de disputa pelo projeto democrático-popular, a CUT deverá priorizar a luta social, a proximidade e a articulação com setores combativos do movimento organizado que apoiam esse projeto, defendem a necessidade de sua continuidade e que têm consenso sobre as mudanças necessárias na economia, na política e na sociedade, para que ele avance e se consolide. 11. Aprimorar a relação com o conjunto dos movimentos sociais é um passo fundamental a ser dado por dirigentes e militantes CUTistas, a fim de garantir novo dinamismo e maior protagonismo histórico da CUT. É preciso potencializar alianças com entidades cujo histórico de mobilização, representatividade e, especialmente, bandeiras de luta, estão em sintonia com a Plataforma da CUT. A agenda prioritária desta aliança deverá ser aquela que impulsiona avanços no projeto democrático-popular em nosso País. 12. A classe trabalhadora é internacional. Este é o princípio de qualquer ação estratégica que tenha como objetivo central a ruptura com o atual sistema capitalista de relações sociais, através da construção de alianças rumo a outro modelo de relações sociais, que tenha como base a democracia e o socialismo, pautado no respeito à autodeterminação dos povos. 13. Desse modo, a ação estratégica internacional da CUT deve estar centrada no fortalecimento da posição e da atuação da Central no movimento sindical internacional como: as Federações Internacionais dos ramos, a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), a Confederação Sindical Internacional (CSI), a Iniciativa do Sul sobre Globalização e Direitos Trabalhistas (SIGTUR), a Confederação Sindical dos Países de Língua Portuguesa (CSPLP), a Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial e a Assembleia Mundial dos Movimentos Sociais (AMMS), entre outras alianças e fóruns sindicais nas relações SUL SUL¹ e dos blocos geopolíticos BRICs², 16

IBAS³, CELAC 4, UNASUL 5 e MERCOSUL 6. Através dessas organizações, intervimos nos espaços multilaterais onde são definidas políticas de interesse da classe trabalhadora. 14. A CUT deverá ampliar sua ação solidária ao movimento sindical e aos/às trabalhadores/as de países menos desenvolvidos, em especial, na América Central, Caribe e África, por meio do Instituto de Cooperação da CUT (IC-CUT) e demais parceiros. 15. Além disso, a CUT deverá continuar investindo em programas que visam ampliar a compreensão dos dirigentes sindicais sobre o cenário internacional e o papel que a CUT vem desempenhando para fortalecer o movimento sindical internacional, como o curso de formação em política internacional e sindicalismo, promovido pela CUT e a Universidade Global dos Trabalhadores. 16. Deverá também fortalecer o caráter internacional da classe trabalhadora com ações que promovam a aliança entre organizações de trabalhadores/as em empresas multinacionais aprofundando a experiência da CUT, já em curso, com a política de Ação frente às multinacionais. 17. Deverá fortalecer a luta contra as políticas recessivas geradas pela crise internacional do capitalismo, que ampliam a exploração do capital e violam direitos humanos dos/as trabalhadores/as, criminalizando a organização sindical de trabalhadores/as em várias regiões do mundo. 18. A CUT deverá aprofundar suas ações direcionadas aos/às trabalhadores/as brasileiros/as que estão fora do Brasil e imigrantes oriundos/as de outros países que trabalham no Brasil, com ações que possibilitem ampliar o acesso à informação sobre direitos, formação sobre cidadania e apoio a organização sindical de trabalhadores/as migrantes. ¹ Cooperação Sul-Sul - mecanismo de desenvolvimento conjunto entre países emergentes em resposta a desafios comuns. ² BRICs grupo formado por países chamados emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. ³ IBAS Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul, desenvolvida no intuito de promover a Cooperação Sul-Sul. 4 CELAC - Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos. 5 UNASUL - União de Nações Sul-Americanas - é formada pelos doze países da América do Sul. 6 MERCOSUL Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. 17

EIXO 1 DISPUTA DE HEGEMONIA: DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO E CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO 19. A 14ª Plenária deverá preparar dirigentes e militantes da base CUTista para os embates que serão travados na sociedade brasileira no segundo semestre, mobilizando-os para a defesa do projeto democrático-popular durante as eleições gerais. Devemos reafirmar a importância da continuidade desse projeto e das reformas estruturais que são necessárias para que ele se consolide no futuro. 20. A CUT deverá colocar as reformas estruturais no centro de seu debate político e de sua ação estratégica em 2014, destacando sua importância para a continuidade e avanço do projeto democrático popular que está sendo construído no País. Deverá aproveitar os espaços de formação de dirigentes e militantes para aprofundar a reflexão desses temas, assim como deverá explorar essas questões nas mobilizações que promoverá neste ano, no plano nacional e regional, de forma articulada com os movimentos sociais e populares. 21. Devemos apresentar e defender o projeto de desenvolvimento sustentável que a CUT vem construindo ao longo dos anos e que tem como referência a Plataforma da Classe Trabalhadora. 22. A ação da CUT deverá também manter neste cenário a mobilização de suas bases pela ampliação de direitos, defesa dos direitos existentes e reparação de direitos dos/as trabalhadores/as violados pela ditadura militar. Reforma Política 23. No que se refere ao sistema político, a atual Constituição preservou o entulho da ditadura e um sistema político dominado pelo poder econômico, sem proporcionalidade real e com um Senado revisor de todas as decisões da Câmara. O 3º CONCUT (BH 1988) denunciou o caráter global profundamente antipopular, fruto de um Congresso Constituinte que, na verdade, era o próprio Congresso Nacional (não foi uma Constituinte nem exclusiva e nem soberana). Ao mesmo tempo, a CUT sempre defendeu a necessidade de garantir a efetivação dos direitos sociais inscritos na Constituição. 24. A CUT defende um modelo de desenvolvimento no qual a real democracia e participação popular são fundamentais. A ampliação da intervenção sobre o Estado deve ser combinada com a radicalização da democracia e do controle social, permitindo, assim, que as decisões da direção do crescimento econômico deixem de ser definidas exclusivamente pelos interesses do mercado. A transformação social só irá ocorrer com a participação ativa da classe trabalhadora. 25. O poder econômico e as forças conservadoras conseguem eleger a maioria no Congresso, levando o governo a compor uma ampla coalizão para manter a 18

governabilidade. Esse quadro frustra as iniciativas de mudança na direção desejada pelas forças populares, além de permitir aos empresários e forças conservadoras uma capacidade enorme de pressionar o Congresso para aprovar medidas que precarizam as relações de trabalho e fragilizam o movimento sindical. Essas características dificultam o avanço das transformações necessárias para se consolidar no País um novo modelo de desenvolvimento baseado na democratização do Estado, no aperfeiçoamento da democracia representativa, no fortalecimento dos partidos políticos, na ampliação da democracia participativa, no respeito ao meio ambiente, na ampliação da cidadania e na inclusão social. 26. Levando em conta este quadro, a CUT, que há tempo vem defendendo a necessidade da reforma política, juntou-se com os movimentos sociais e populares na campanha pelo Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. A campanha deverá ser priorizada até a Semana da Pátria (1º a 7 de setembro), quando serão recolhidos os votos em urnas em todo o País, com um protagonismo dos sindicatos CUTistas ao lado dos setores populares e entidades que se somam nesta batalha, para que milhões respondam SIM à questão Você é a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?. 27. Entre os principais elementos da reforma do sistema político proposto pela CUT, destacamos: financiamento público exclusivo para as campanhas e critérios para acesso, como densidade eleitoral dos partidos; voto em lista com alternância de sexo, com definição feita em convenções partidárias; fim do Senado; proporcionalidade de representação por Estado da federação; fidelidade partitária programática; inclusão de mecanismos para a democratização do Poder Judiciário e impedimento da judicialização e partidarização dos conflitos. 28. A CUT deverá aprofundar esta discussão ao longo de 2014 e conclama suas entidades a se engajarem decisivamente na campanha, a fazerem o debate do tema nas suas bases sindicais e a mobilizá-las para as ações em prol da campanha formando comitês de base junto com os movimentos sociais e populares. Reforma Tributária 29. A realização de uma Reforma Tributária no Brasil é outra mudança fundamental para melhorar a distribuição de renda e combater as desigualdades econômicas e sociais. Nosso principal desafio continua sendo o de mudar a estrutura regressiva do sistema tributário brasileiro, concentradora de renda, substituindo-a por uma estrutura que institua a progressividade como princípio e amplie a tributação sobre a propriedade, lucros e ganhos do capital. Mudanças nessa direção poderão se tornar ferramentas essenciais na política de erradicação da pobreza, de redução das desigualdades e de uma melhor distribuição de renda. 30. Entre os elementos da proposta de reforma tributária defendida pela CUT, destacamos: aperfeiçoar a progressividade da estrutura tributária, no que se refere a tributos diretos (aplicados sobre a renda) e indiretos (aplicados sobre preços); elevar o peso dos tributos diretos no total arrecadado; taxar grandes 19

fortunas e heranças; desonerar a cesta básica; incentivar a formalização do trabalho; aperfeiçoar a distribuição de recursos no chamado Pacto Federativo; eliminar a guerra fiscal; incentivar o investimento produtivo; recuperar a capacidade de investimento do Estado nas áreas sociais e de infraestrutura; combater a fraude e a sonegação. Reforma Agrária 31. Outra reforma fundamental é a agrária. Demanda histórica do movimento progressista no Brasil, sua realização pode provocar, além da democratização do acesso à propriedade da terra, altamente concentrada nas mãos de latifundiários e empresas multinacionais, mudanças nas relações de poder no campo e na sociedade brasileira, o fortalecimento dos/as trabalhadores/as rurais e do movimento sindical rural, melhor distribuição de renda e o fortalecimento da agricultura familiar. 32. O Brasil continua sendo um dos países de maior concentração fundiária do mundo. Esse quadro vem sendo acentuado nos últimos anos pela ação de grandes empresas nacionais, aliadas a empresas e bancos estrangeiros e focadas no agronegócio, assim como pela ação das agroindústrias multinacionais e das grandes redes varejistas, que passam por um processo intenso de fusão e de concentração de capital, e que desenvolvem uma política agressiva de controle de terras como base para a expansão dos seus empreendimentos no Brasil. Seu objetivo é controlar a cadeia produtiva, desde a produção de sementes até a agroindústria. Esse movimento fez disparar o preço da terra, dificultando sua desapropriação para fins de reforma agrária. 33. Apesar de serem responsáveis por uma parte significativa do PIB nacional, estas empresas direcionaram o plantio para monoculturas como soja, cana-deaçúcar, e eucalipto, que não são destinados para a alimentação, mas para a produção de ração, combustível e papel. Mesmo com todo o crescimento experimentado nos últimos anos, a produtividade do agronegócio é questionável, pois sua produção tem como base a precarização do trabalho, a frouxidão no controle da posse e da tributação da terra, o passivo ambiental, a rolagem, remissão e redução de dívidas no crédito rural, estímulos tributários, entre outros mecanismos derivados das ações e omissões dos poderes públicos. 34. Para se ter uma ideia da participação desse setor na vida política nacional e na definição das políticas para o campo, basta mencionar que a chamada Frente Parlamentar da Agropecuária (Bancada Ruralista) é a maior do Congresso Nacional. 35. A agricultura familiar, por outro lado, é responsável por 70% da produção de alimentos consumidos no País. Gera postos de trabalho e tem uma produção em maior sintonia com a sustentabilidade socioeconômica e ambiental. No entanto, sofre com a relação desigual de estímulos dada pelo governo ao agronegócio. 36. Para fazer frente a essa dificuldade, parte da agricultura familiar brasileira tem sido integrada às grandes cadeias produtivas como forma de garantir condições de produção e de sustento de suas famílias. Por serem o melo mais fraco da cadeia, são pressionadas constantemente pelas empresas 20

agroindustriais ou do setor varejista a reduzirem preços. E o fazem à custa de um processo de autoexploração, de intensificação do trabalho e de precarização das relações de trabalho assalariado. 37. A diretriz de ampliar produtividade dos assentamentos para depois acelerar a criação de novos assentamentos deve ser repensada. Muitos deles necessitam de assistência para se consolidarem como empreendimentos sustentáveis, mas isso não inviabiliza que novos assentamentos sejam realizados dentro dessa nova concepção. 38. A Reforma Agrária deve ir além da distribuição de terras e garantir a implantação de infraestrutura social no campo, como escolas, equipamentos de lazer, postos de saúde, ruas. Deve garantir assistência técnica e capacitação para os/as assentados/as, além de política de crédito, de processamento dos alimentos sob o controle dos/as próprios/as assentados/as, e não das indústrias, agregando maior valor aos produtos e à comercialização dos produtos. 39. Somente com essas garantias é que poderemos enfrentar a pobreza, o êxodo rural e ainda garantir a produção de alimentos para as áreas urbanas de modo sustentável e com preços justos. É fundamental democratizar o acesso à terra, à água e aos bens da natureza, impedindo que as grandes empresas se apropriem e monopolizem esses recursos naturais. É fundamental assegurar a produção agrícola diversificada, com a utilização de técnicas de produção agroecológicas que busquem o aumento da produtividade das áreas, conciliando-as com o respeito ao trabalhador e ao meio ambiente. Democratização dos Meios de Comunicação 40. Temos assistido na história recente do País a um processo de concentração de poder nos grandes conglomerados de comunicação, que têm usado esse monopólio para combater o projeto democrático popular e desgastar o governo. Esse paradigma da comunicação, voltado para o lucro e a serviço da manipulação política, precisa ser quebrado. É fundamental defender outro paradigma, em que a Comunicação seja concebida como política pública e como direito humano. Política pública que preserve a pluralidade, a representatividade e o interesse público. Direito humano que assegure o acesso aos meios de comunicação, a liberdade de expressão e a participação social na construção do conteúdo e gestão do sistema de radiodifusão. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 41. Para a CUT, o desenvolvimento deve abarcar a sustentabilidade política, econômica, ambiental e social em que o Estado assuma o papel de indução desse processo, segundo princípios democráticos, com garantia de direitos, especialmente, a liberdade de organização e o emprego formal de qualidade, com inclusão social e redução das desigualdades. Esta concepção, fruto do acúmulo ao longo da Jornada pelo Desenvolvimento, inclui o desenvolvimento territorial regional como um componente essencial. 21

42. A crise de 2008 impactou não somente a classe trabalhadora com um aumento exponencial da desigualdade no mundo, mas também impactou severamente o meio ambiente e os tratados multilaterais e cenários internacionais de negociação e governança. Os países do Anexo I (Desenvolvidos), que iniciavam um avanço mais expressivo quanto à renovação de compromissos de redução de emissão de GEEs (Gases de Efeito Estufa), após a crise, vêm ampliando a distância de ações concretas e compromissos vinculantes, especialmente, com a proximidade de um novo acordo do Protocolo de Quioto. 43. As Mudanças Climáticas são tratadas internacionalmente, pois têm abrangência e características globais. Em vários países membros da ONU os impactos das Mudanças Climáticas são sentidos, aumentando assim a vulnerabilidade das populações e exigindo-lhes esforço e resiliência. Os impactos destas mudanças no mundo do trabalho se intensificam, mas, no Brasil falta ainda aprofundamento, estudos, mecanismos e instrumentos específicos de análise de seus reais impactos. A CUT que integra o Comitê Gestor do Fundo Clima participa também da elaboração do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas e das preparações para a COP 20 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que neste ano será realizada em Lima, no Peru. 44. A CUT luta por um desenvolvimento sustentável capaz de integrar as vertentes políticas, ambientais e sociais de forma economicamente includente, assegurando aos/às trabalhadores/as condições dignas de vida e trabalho. Os processos produtivos, no entanto, de modo geral, atingem o ambiente e impactam o setor laboral. Isto nos remete à necessidade de alterações estruturantes no modelo produtivo e de diversificação nas estratégias de sensibilização e mobilização da classe trabalhadora para o consumo consciente, a economia solidária e o comércio justo, princípios que garantem uma economia mais equilibrada e atuam incisivamente na disputa de projeto, na luta contra o capital e na disputa de hegemonia na sociedade. 45. Neste sentido, o trabalho é elemento central e decisivo para a transformação e o estabelecimento de novos paradigmas de sociedade. A mobilização dos/das trabalhadores/as, a partir de seus locais de trabalho, é o principal instrumento para enfrentamento dos modelos predatórios e insustentáveis. É necessário também, intensificar as ações preventivas, estudos, pesquisas e indicadores que possam nos dar uma radiografia dos impactos da produção sobre o meio ambiente. Da mesma forma, é preciso conhecer os impactos das mudanças climáticas para o emprego, a partir das especificidades dos biomas e investir na formação e qualificação da nossa base social, para que se garanta uma transição justa, trabalho decente e empregos de qualidade. 46. O investimento em novas tecnologias e eficiência é também caminho que poderá resultar em possibilidades, não apenas de manutenção, mas, sobretudo, de geração de novos postos de trabalho decente, assegurando direitos sociais e trabalhistas e ações ambiental e ecologicamente adequadas. As perdas de postos de trabalho em todo o mundo são impactantes e recaem especialmente sobre Mulheres, Negros e Negras e Jovens. Um dos desafios colocados pode se dar pela via da Transição Justa, que pressupõe uma sociedade de baixo carbono aliada à tecnologias inovadoras de produção, com trabalho decente e geração de empregos de qualidade nas áreas de 22