ANATOMIA FOLIAR DE Ichthyothere terminalis (Spreng.) S. F. Blake (ASTERACEAE) DO CERRADO RUPESTRE DO ESTADO DE GOIÁS 1



Documentos relacionados
FOLHA FOLHA. Base foliar Limbo. Pecíolo. Principais funções: fotossíntese e transpiração

CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO EPIDÉRMICO DURANTE A EXPANSÃO DE FOLÍOLOS DE Carapa guianensis (Aubl.)

AGENDA 2015 ATIVIDADE ESCLARECIMENTO

BIOVESTIBA.NET BIOLOGIA VIRTUAL Profº Fernando Teixeira UFRGS FISIOLOGIA VEGETAL

Uma simples folha. Queila de Souza Garcia

ANATOMIA FOLIAR COMPARADA DE ESPÉCIES DE AROEIRA: Myracrodruon urundeuva ALLEMÃO E Schinus terebinthifolius RADDI

Modificações nas características estomáticas de plantas de genótipos de milho (Zea mays L. spp mays) em função da morfologia foliar

É a parte da Botânica que estuda os tecidos

Morfoanatomia Foliar de Pouteria sp. nov. (Sapotaceae) em Ambiente de Sol e Sombra

Estudo farmacognóstico das folhas de Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze (Amaranthaceae)

TECIDOS VEGETAIS BOTÂNICA

Aula 2 Organelas Celulares, Cortes histológicos, Célula Vegetal x Animal 22/03/2011. Profº Skiba all rights reserved

AVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DE UM SOLO SOB FLORESTA ATLÂNTICA NA FAZENDA SANTA RITA, FARIA LEMOS, MG

Consulta Pública 38/2009

Células-guarda: decisão do dilema fome x sede

BIOLOGIA BIOMAS BRASILEIROS

O SERVIÇO DE POLINIZADORES E A EFICÁCIA REPRODUTIVA DAS PLANTAS EM FRAGMENTOS VEGETAIS DE CERRADO NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS, GOIÁS

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Anatomia foliar de Richterago Kuntze (Mutisieae, Asteraceae) 1

Estudo morfoanatômico preliminar do caule e da folha de Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze (Asteraceae-Heliantheae)

FATORES CLIMÁTICOS ELEMENTOS ATMOSFÉRICOS ALTERAM A DINÂMICA LATITUDE ALTITUDE CONTINENTALIDADE MARITIMIDADE MASSAS DE AR CORRENTES MARÍTIMAS RELEVO

CONTEÚDO E HABILIDADES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA INTERATIVIDADE FINAL. Aula 14.2 Conteúdo: Biomas Brasileiros

Diversas funções no organismo: revestimento, absorção, secreção. Tecido epitelial e tecido conjuntivo. Prof. Mauro. Quanto ao formato da célula:

Controle de irrigação e avaliação do crescimento de plantas de pequizeiro (Caryocar brasiliense camb.) irrigadas e adubadas em Goiânia.

Biomas Brasileiros. A Geografia Levada a Sério

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Arquitetura foliar de espécies de Eugenia L. (Myrtaceae), da restinga de Algodoal, Maiandeua, Pará

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

Escola da Apel Técnicas Laboratoriais de Biologia. Trabalho elaborado por:

TECIDOS FUNDAMENTAIS PARÊNQUIMA

MORFOLOGIA VEGETAL. Morfologia externa e interna da raiz e do caule PROFª SANDRA BIANCHI

Exercícios de aprofundamento 2015 Bio Morfologia(Plantas)

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E VETERINÁRIA

FACULDADES UNICEN - Primavera do Leste Curso de Agronomia 2 o Semestre Disciplina de Anatomia Vegetal

Nome: Nº: Turma: Geografia. 1º ano Biomas Sílvia fev/08 INTRODUÇÃO

A interdependência entre os elementos na BIOSFERA.

Mudanças na estrutura diamétrica em uma comunidade no Cerrado de Itirapina, São Paulo

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO ESTADO DO PARÁ: UM ESTUDO SOBRE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS DA AMAZÔNIA

ENSAIO PRELIMINAR UTILIZANDO CULTURAS DE DAPHNIA SIMILIS, PARA A DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE REPRODUÇÃO, SEGUNDO A EQUAÇÃO DE MALTHUS

Lista de Exercícios de Recuperação do 3 Bimestre

HISTOLOGIA VEGETAL. Santo Inácio. Educação para toda a vida. Colégio. Jesuítas

Sistemas de Trocas Gasosas

Bauhinia variegata: Diagnose Morfoanatômica e Análise Comparativa entre Exemplares de Regiões Climáticas Distintas

Diagnose do estado nutricional de plantas de Milho

ANATOMIA E FISIOLOGIA OCULAR MARIA DE JESUS CLARA 2005/2006

APROVEITAMENTO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NATURAIS E DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NA INOVAÇÃO QUÍMICA DE COMPÓSITOS POLIMÉRICOS

COLÉGIO MARQUES RODRIGUES - SIMULADO

AGRICULTURA TRADICIONAL DE CORTE E QUEIMA NO BIOMA DE MATA ATLÂNTICA (RJ) - BRASIL

Linha 1: Resposta biológica nas terapias em Odontologia.

Célula Importância. Lentes objetivas Marcelo Francisco Pompelli Tela do computador. Estômato aberto e a câmara substomática.

Fisiologia Vegetal 1. A ÁGUA NA VIDA DAS PLANTAS:

COMO SURGEM OS TECIDOS

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DE FOLHAS ADULTAS DE HIMATANTHUS OBOVATUS (M. ARG.) WOOD (APOCYNACEAE)

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO AMENDOIN CULTIVADO NA REGIÃO DE MINEIROS, GOIÁS 1. Katya Bonfim Ataides Smiljanic 2

a) 8% em solução no plasma, 40% em ligação com a hemoglobina e 52% em ião carbonato.

Anatomia vegetal: como é uma folha por dentro? Luiz Felipe Souza Pinheiro*; Rosana Marta Kolb

atividade 2 Como ocorre o transporte de água no corpo das plantas Construir explicações a partir de observações

136) Na figura observa-se uma classificação de regiões da América do Sul segundo o grau de aridez verificado.

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DE FOLHA, COLMO E RIZOMA DE Digitaria insularis 1

ANATOMIA E FISIOLOGIA. Renata Loretti Ribeiro Enfermeira Coren/SP 42883

Aula 1 BIOLOGIA Botânica - Práticas 2012/2013 Departamento de Biologia Vegetal Francisco Carrapiço e Isabel Caçador

CLIMATOBOTÂNICA O QUE É CLIMATOBOTÂNICA QUADRO CLIMATOBOTÂNICO

Processo Seletivo/UFU - Julho ª Prova Comum - PROVA TIPO 1 GEOGRAFIA QUESTÃO 21

ANATOMIA FOLIAR DE Mentha x villosa HUDS SOB DIFERENTES ESPECTROS DE LUZ

Instituto de Ciências Biomédicas, USP. Departamento de Anatomia. São Paulo-SP.

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE AZALÉIA Rhododendron indicum: CULTIVAR TERRA NOVA TRATADAS COM ÁCIDO INDOL- BUTÍRICO, COM O USO OU NÃO DE FIXADOR

O que você deve saber sobre BIOMAS MUNDIAIS

Domínios Florestais do Mundo e do Brasil

Sistema Circulatório

Bioma é um conceito estabelecido para classificar ambientes com base na

EXERCÍCIOS DE REVISÃO - CAP. 04-7ºS ANOS

UFMG º DIA BIOLOGIA BERNOULLI COLÉGIO E PRÉ-VESTIBULAR

Educador: Mariana Borges Batista Componente Curricular: Biologia Data: / /2012 Estudante: 1ª Série

IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA DE MAYTENUS SENEGALENSIS FOLHA COMO FÁRMACO VEGETAL. Serrano R., Gomes E.T e Silva O. Resumo

Alguns componentes da membrana plasmática estão representados na figura abaixo.

DISSECAÇÃO ANATÔMICA DE VASOS SUPERFICIAIS DA PERNA E SUA IMPORTÂNCIA NA ELUCIDAÇÃO DA TROMBOFLEBITE SUPERFICIAL 1

ANÁLISE FOTÔNICA E ULTRA-ESTRUTURAL DA EPIDERME FOLIAR DE Galinsoga parviflora CAV. E G. ciliata (RAF.) BLAKE, ASTERACEAE

Clima e Vegetação. Clima e Vegetação. Prof. Tiago Fuoco

Exercícios com Gabarito de Biologia Pteridófitas

01. (FUVEST) Dentre os vários aspectos que justificam a diversidade biológica da Mata Atlântica, encontram-se:

BIOMAS BRASILEIROS. Prof.ª Débora Lia Ciências/ Biologia

CURSO DE FARMÁCIA Autorizado pela Portaria nº 991 de 01/12/08 DOU Nº 235 de 03/12/08 Seção 1. Pág. 35 PLANO DE CURSO

Morfo-anatomia do eixo vegetativo aéreo de Achyrocline alata (Kunth) DC. (Asteraceae)

Estudo anatômico das folhas de Psidium widgrenianum Berg. (Myrtaceae), uma potencial espécie medicinal *

1 A Floresta Amazônica é o maior bioma brasileiro, mas vem sofrendo. 2 Julie é uma garota americana que veio ao Brasil com sua família para conhecer

TRANSLOCAÇÃO DE SOLUTOS ORGÂNICOS

RESUMÃO DE BIOLOGIA BIOLOGIA I BIOMAS. - Tundra Altitudes elevadas ao norte do planeta. Não há arvores, vegetação rasteira. Baixas temperaturas.

MACROFAUNA EDÁFICA DO SOLO E LÍQUENS COMO INDICADORES DE DEGRADAÇÃO EM REMANESCENTES FLORESTAIS URBANOS

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular ANATOMOFISIOLOGIA I Ano Lectivo 2015/2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP. Margarida Maria R.B.P.Leal

QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ESTÔMATOS DE TRÊS ESPÉCIES DO GÊNERO CATTLEYA (ORCHIDACEAE) NATIVAS DO CERRADO

DISCIPLINA: BIOLOGIA PROFª. CRISTINA DE SOUZA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

BIOLOGIA MÓDULO II do PISM (triênio )

RESPOSTA ESPECTRAL DE FOLHAS DO URUCUM INFECTADA POR Oidio bixae

APLICAÇÃO DE UM SIMULADOR INDUSTRIAL COMO FERRAMENTA DE GESTÃO EM UMA REFINARIA DE ÓLEO DE SOJA

PlanetaBio Resolução de Vestibulares FUVEST ª fase

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2016

Sensor de Imagem Química para Detecção e Análise de Gases. 1/5

MELIPONICULTURA: OPORTUNIDADE DE RENDA COMPLEMENTAR PARA OS QUILOMBOLAS DO MUNICÍPIO DE DIAMANTE PB

GESTÃO AMBIENTAL. Zoneamento Ambiental. Espaços Territoriais especialmente protegidos ... Camila Regina Eberle

Transcrição:

ANATOMIA FOLIAR DE Ichthyothere terminalis (Spreng.) S. F. Blake (ASTERACEAE) DO CERRADO RUPESTRE DO ESTADO DE GOIÁS 1 Dayana Figueiredo ABDALLA 2 ; Maria Helena REZENDE 3 ; Moemy Gomes de MORAES 4 ; Aristônio Magalhães TELES 4 ; Maria Tereza FARIA 5. 1. Parte da dissertação de Mestrado da primeira autora, dayanaabdalla@yahoo.com.br.financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. 2. Discente do programa de Pós-graduação em Biologia, ICB-UFG. 3. Docente do Instituto de Ciências Biológicas, UFG. 4. Docente do Instituto de Ciências Biológicas, UFG. 5. Discente do programa de Pós-graduação em Botânica, UnB. Palavras-chave: Compositae; Ichthyothere; restrição hídrica; cerrado rupestre. 1. INTRODUÇÃO No Brasil, a família Asteraceae está representada por 271 gêneros e 1.966 espécies, abrangendo os domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal (NAKAJIMA et al., 2010). Segundo Hind (1993), as espécies de Asteraceae no Brasil são abundantes nos ecossistemas: cerrado, campo rupestre, campo de altitude e restinga, estando ausente ou muito pobremente representada, na floresta tropical úmida. Metcalfe & Chalk (1950) relataram a grande variabilidade morfológica e anatômica das Asteraceae, destacando a constância de caracteres como canais secretores, caules herbáceos com feixes colaterais acompanhados por fibras, presença de estômatos anomocíticos, ocorrência de crescimento secundário não usual em espécies lenhosas e presença de endoderme ao redor do sistema vascular. Estudos sobre a anatomia foliar em Asteraceae têm servido como base para morfogênese, fisiologia ecológica, taxonomia e evolução (FELIPPE & ALENCASTRO, 1966; ANDERSON & CREECH, 1975; ARIAS, 1995; MELO-DE- PINNA, 2004; MARTINS et al., 2006) Canais resiníferos e laticíferos são referidos como componentes do sucesso adaptativo das Asteraceae, visto que essas estruturas contêm compostos responsáveis pela defesa química da planta (CRONQUIST, 1981; WAGNER, 1991; MOLARES et al., 2009). O gênero Ichthyothere Mart. pertencente a família Asteraceae tribo Heliantheae, consiste em 19 espécies distribuídas geograficamente por todas

regiões do Brasil, sendo Ichthyothere terminalis (Spreng.) S.F.Blake encontrada nos domínios da Amazônia, Caatinga e Cerrado (NAKAJIMA et al., 2010). Esta espécie de hábito herbáceo ocorre no cerrado rupestre, numa fitofisionomia onde as plantas estão sujeitas a condições extremas, com variações drásticas de temperatura, escassez de substrato, limitação no suprimento hídrico e de nutrientes, contribuindo para que plantas deste local sejam ideais para o estudo de caracteres estruturais e dos mecanismos de respostas a restrição de água. Considerando que no cerrado rupestre as plantas estão sujeitas a condições extremas, o presente trabalho tem como objetivo descrever características anatômicas ocorrentes nas folhas de I. terminalis que possam estar relacionadas à adaptação da planta ao ambiente. 2. MATERIAL E MÉTODOS O material vegetal foi coletado na Reserva Biológica da Universidade Federal de Goiás Prof. José Ângelo Rizzo, situada no Parque Estadual da Serra Dourada. Foram coletadas amostras de folhas expandidas de três indivíduos da espécie I. terminalis. Fragmentos do terço médio da lâmina foliar foram fixados em FAA 70 conforme descrito por Jonhansen (1940) e em mistura de Karnovsky (KARNOVSKY,1965). Posteriormente os fragmentos foram transferidos para etanol 70%. Para análise anatômica, os cortes histológicos e a dissociação do tecido epidérmico foram tratados conforme a microtécnica vegetal. As fotomicrografias foram realizadas em fotomicroscópio Zeiss modelo Axioskop com utilização de filme Kodacolor ASA 100. Para a análise em microscópio eletrônico de varredura (MEV), parte das amostras foi fixada em Karnovsky, desidratadas em série etílica e submetidas a dessecação ao ponto crítico e posteriormente metalizadas com ouro. A análise do material foi realizada em microscópio Jeol, JSM 6610, equipado com EDS, Thermo Scientific NSS Spectral Imaging, do Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução LAMMAR/ UFG. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As folhas de I. terminalis são anfiestomáticas com estômatos predominantemente anisocíticos. Folhas anfiestomáticas têm sido consideradas como estratégia de plantas de ambiente muito seco, no intuito de aumentar a taxa

de fotossíntese permitindo trocas gasosas mais eficientes quando comparadas com características de folhas hipoestomáticas (MOTT et al., 1982). Em vista frontal as células epidérmicas apresentam paredes anticlinais retas a levemente encurvadas em ambas as faces e presença de ceras na superfície, tricomas tectores pluricelulares unisseriados na face abaxial e tricomas glandulares sésseis e cabeça pluricelular com espaço subcuticular amplo, localizados em depressões da epiderme adaxial. Medri & Lleras(1980) atribuíram a menor sinuosidade da parede celular às estratégias adaptativas contra perda de água. Em secção transversal, a epiderme da lâmina foliar é uniestratificada, as células possuem paredes periclinais externas e internas espessadas, revestidas por cutícula delgada com estrias epicuticulares. Vários autores consideram a espessura da cutícula um caráter xeromórfico relacionado com a proteção contra a transpiração excessiva (PYYKKO, 1966; HANDRO et al., 1970). No entanto, estudos têm demonstrado que a resistência da cutícula em relação à perda d água depende muito mais, da composição química, estrutura molecular da cutícula e do arranjo das ceras localizadas na superfície da epiderme ou embebidas na matriz de cutina, para maior ou menor difusão de água, do que simplesmente da espessura da cutícula (KERSTIENS, 1996). Esses estudos podem sugerir que uma das estratégias de I. terminalis para evitar perda de água seja o resultado da associação das ceras com a cutícula delgada, somado ao espessamento das paredes periclinais externas e internas das células epidérmicas. A lâmina foliar apresenta o mesofilo dorsiventral com parênquima paliçádico formado por uma a duas camadas de células e parênquima lacunoso com várias camadas de células contendo projeções nas paredes. A nervura central, em secção transversal, apresenta contorno convexo-convexo; colênquima angular com três camadas de células na face adaxial e duas a três camadas na face abaxial; sistema vascular constituído por três a cinco feixes colaterais, sendo o feixe central com maior tamanho em relação aos demais; presença de esclerênquima associado ao floema e ao xilema, sendo predominante no feixe central; presença de ductos secretores no parênquima cortical. E parênquima clorofiliano se estendendo na região cortical da nervura central, na face adaxial. Ductos secretores encontram-se associados aos feixes de médio e pequeno calibre.

Em secção transversal o bordo é de contorno arredondado, levemente encurvado para face abaxial, as células epidérmicas possuem paredes periclinais externas espessadas e subjacente à epiderme ocorre colênquima angular. 4. CONCLUSÕES As características como folhas anfiestomáticas, ceras na superfície das células epidérmicas, células epidérmicas com paredes periclinais externas e internas espessadas podem conduzir a hipótese da ocorrência de um processo adaptativo, da espécie em estudo, ao ambiente do cerrado com restrição hídrica e alta intensidade luminosa. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, L. C. & CREECH, J. B. Comparative leaf anatomy of Solidago and related Asteraceae. Am. J. Bot. 62:486-493, 1975. ARIAS, R. L. Estudo morfoanatômico em espécies de Lychnophora Mart. (Asteraceae) dos campos rupestres do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, SP, p. 89, 1995. CRONQUIST, A. An Integrated system of classification of flowering plants. New York, Columbia, University Press, 1981. FELIPPE, G. M. & ALENCASTRO, F. M. M. Contribuição ao estudo da nervação foliar das Compositae dos cerrados I Tribos Helenieae, Helianthae, Inulae, Mutisae, Senecionae. Ann. Acad. Bras. Cien. 38:125-157, 1966. HANDRO, W., CAMOS, J. F. B. de M. & OLIVEIRA, Z. M. Sobre a anatomia foliar de algumas Compostas dos Campos Rupestres. Ciência e Cultura 22:107-126, 1970. HIND, D.J.N. A checklist of Brazilian Senecioneae (Compositae). Kew Bulletin, Kew, Richmond, Surrey, 48 (2):279-295, 1993. JOHANSEN, D.A. Plant microtechnique. McGraw-Hill Book Company, New York, p.523,1940. KARNOVSKY, M. J. A. Formaldehyde-glutaraldehyde fixative of high osmolality for use in electron microscopy. J. Cell. Biol. 27:137-138, 1965. KERSTIENS, G. Cuticular water permeability and its physiological significance. Jour. Exper. Of Bot. 47:1813-1832, 1996. MARTINS, L. R. R., MOURÃO, K. S. M., ALBIERO, A. L. M., CORTEZ, D. A. G., DIAS-FILHO, B. P., NAKAMURA, C. V. Estudo morfoanatômico preliminar do caule e

da folha de Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze (Asteraceae-Heliantheae). Brazilian Journal of Pharmacognosy 16(1): 42-52, 2006. MEDRI, M. E. & LLERAS, E. Aspectos da anatomia ecológica de folhas de Hevea brasiliensis Mucll.Arg. Acta Amaz. 10:463-493, 1980. MELO-DE-PINNA, G. F. A. Anatomia foliar de Richterago Kuntze ( Mutisieae, Asteraceae). Acta bot. bras. 18(3): 591-600. 2004 METCALFE, C. F. & CHALK, L. Anatomy of the dicotyledons: leaves, stem and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses. 2 v., Oxford: Clarendon Press.p.724, 1950. MOLARES, S.,GONZALEZ, S. B., LADIO, A., CASTRO, M. A. Etnobotánica, anatomia y caracterizacion físico-química Del aceite esencial de Baccharis obovata Hook. et Arn. (Asteraceae: Asterae). Acta bot. bras. 23(2): 578-589. 2009. MOTT, K. A., GIBSON, A. C. & O LEARY, J. E. The adaptative significance of amphistomatic leaves. Plant Cell and Envir. 5:455-460, 1982. NAKAJIMA, J., LOEUILLE, B., HEIDEN, G., DEMATTEIS, M., HATTORI, E.K.O., MAGENTA, M., RITTER, M.R., MONDIN, C.A., ROQUE, N., FERREIRA, S.C., TELES, A.M., BORGES, R.A.X., MONGE, M., BRINGEL JR., J.B. A., OLIVEIRA, C.T., SOARES, P.N., ALMEIDA, G., SCHNEIDER, A., SANCHO, G., SAAVEDRA, M.M., LIRO, R.M., SOUZA-BUTURI, F.O., PEREIRA, A.C.M., MORAES, M.D. 2010. Asteraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível no site: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/fb000055. PYYKKO, M. The leaf anatomy of east Patagonian xeromorphic plants. Ann. Bot. Fenn. 3:453-622, 1966. WAGNER, G. J. Secreting glandular trichomes: more than just hairs. Plant Physiol. 96:675-679, 1991.