Caracterização da resposta em atraso de grupo de altifalantes e microfones



Documentos relacionados
A lei da indução electromagnética é o que fundamenta o funcionamento do microfone e do altifalante de indução.

Medição tridimensional

Sumário. Comunicações. O som uma onda mecânica longitudinal

PARADOXO DA REALIZAÇÃO DE TRABALHO PELA FORÇA MAGNÉTICA

Matriz do Teste de Avaliação de Física e Química A - 11.º ano 1 de fevereiro de minutos

SISTEMAS AVANÇADOS DE DETEÇÃO DE ARMADURAS EM ESTRUTURAS E EDIFICIOS DE BETÃO SÉRIE PROFOMETER PM MODELO PM-600 E PM-630

TRANSFORMADORES. P = enrolamento do primário S = enrolamento do secundário

4. Tarefa 16 Introdução ao Ruído. Objetivo: Método: Capacitações: Módulo Necessário: Análise de PCM e de links

Você sabia que, por terem uma visão quase. nula, os morcegos se orientam pelo ultra-som?

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica

Objectivos. Classificação dos Sons. Agradáveis Úteis Incómodos / Ruído

ni.com Série de conceitos básicos de medições com sensores

Densímetro de posto de gasolina

TONALIDADE X FREQUÊNICA

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE CURITIBA CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA

CORRENTE CONTÍNUA E CORRENTE ALTERNADA

O RUÍDO LABORAL E A SUA PREVENÇÃO

Freqüência dos sons audíveis: entre 20Hz (infra-sônica) e Hz (ultra-sônica, audíveis para muitos animais).

Equalização: Corrigir ou Criar

C5. Formação e evolução estelar

FEUP RELATÓRIO DE CONTAS BALANÇO

PROVA DE FÍSICA QUESTÃO 01 UFMG

Potência, uma coisa mais que complicada Parte V

Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade Avaliação Sumativa - Ciências Físico - Químicas 11.º Ano - Ano Lectivo 09/10

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos

3 Estetoscópios Contextualização Histórica.

Guia de utilização da notação BPMN

Introdução ao Controlo Numérico Computorizado I Conceitos Gerais

(D) A propriedade que permite reconhecer dois sons correspondentes à mesma nota musical, emitidos por fontes sonoras diferentes, é a frequência.

Tecnologia de faixa para falha

Os motores de CA podem ser monofásicos ou polifásicos. Nesta unidade, estudaremos os motores monofásicos alimentados por uma única fase de CA.

Fontes de Alimentação

FÍSICA - 3 o ANO MÓDULO 32 ACÚSTICA

Filtros de sinais. Conhecendo os filtros de sinais.

Top Guia In.Fra: Perguntas para fazer ao seu fornecedor de CFTV

3.1. Classifique: o tipo de movimento da formiga o tipo de movimento da barata.

Microfone e altifalante. Conversão de um sinal sonoro num sinal elétrico. sinal elétrico num sinal sonoro.

MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY Introdução ao Laboratório Eletrônico: Laboratório 2: Componentes Passivos. 3º Trimestre de 2002

Data 23/01/2008. Guia do Professor. Introdução

7 - Análise de redes Pesquisa Operacional CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE REDES. 4 c. Figura Exemplo de um grafo linear.

Prof. Daniel Hasse. Multimídia e Hipermídia

Profa. Maria Fernanda - Química nandacampos.mendonc@gmail.com

Análise Técnico/Financeira para Correção de Fator de Potência em Planta Industrial com Fornos de Indução.

Detector de intrusão Série Professional Sabe quando activar o alarme. Sabe quando não o fazer.

TECLADO. (aula 1) O Teclado é um instrumento musical eletrônico, composto por teclas onde simulam sons de forma digital! Origem do Instrumento

Guia PFV - Painéis Fotovoltaicos

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RECEPTORES DE CONVERSÃO DIRETA

Underwater Comunicação Rádio

1) Entendendo a eletricidade

CAPÍTULO 08/ MÓDULO 01: ONDAS.

Distância de acionamento. Distância sensora nominal (Sn) Distância sensora efetiva (Su) Distância sensora real (Sr) 15/03/2015

Trabalho sobre No-breaks

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

IMPLANTAÇÃO DE MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO DE MICROFONES ACÚSTICOS. RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIBIC/CNPq/INPE)

1 Introdução simulação numérica termoacumulação

Como funciona o MOSFET (ART977)

RFID APLICADO NO GERENCIAMENTO DE CORRIDAS DE ATLETISMO

ANEMÔMETRO A FIO QUENTE

1 Introdução. 2 Exemplo de aplicação

Electrónica para Telecomunicações

Miguel Nascimento Nº TIM LTM 12 Janeiro 2011

Automatismos Industriais

CURSO TÉCNICO DE ELETRÔNICA ANÁLISE DE CIRCUITOS 1 MÓDULO

Transitores de tempo em domínio de tempo

INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS MEDIÇÃO DE TEMPERATURA TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA

Estes sensores são constituídos por um reservatório, onde num dos lados está localizada uma fonte de raios gama (emissor) e do lado oposto um

Cálculo da distância mínima a um. obstáculo para produção de eco

Cotagem de dimensões básicas

Tecnologia nacional potencia sustentabilidade

Controlo de iluminação local multifuncional

Antenas, Cabos e Rádio-Enlace

Nome 3ª série Nº Conceito

Energia Eólica. Atividade de Aprendizagem 3. Eixo(s) temático(s) Ciência e tecnologia / vida e ambiente

Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído

GUIA DE PROJECTO INTEGRADO PARA O CLIENTE VERSÃO FINAL

Capítulo 3 Documento Rascunho Eurico Ferreira S.A. 23 de Fevereiro de António Luís Passos de Sousa Vieira ee07362@fe.up.

TRABALHO 1 - ESTUDO DE CIRCUITOS RC e RLC

3 Metodologia de calibração proposta

Curso de Capacitação Básica em Ultrassonografia haroldomillet.com

Modem e rede local. Guia do usuário

Teclado. Mike McBride Anne-Marie Mahfouf Tradução: Lisiane Sztoltz

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL DE SANTA MARIA Curso de Eletrotécnica

Características do Sistema

* Acesso à programação protegido por senha; * Alimentação: 90 a 240Vca (Fonte chaveada).

Aula 9 ESCALA GRÁFICA. Antônio Carlos Campos

Planificação de. Aplicações Informáticas B

AGRUPAMENTO DE CLARA DE RESENDE COD COD

3. FORMAÇÃO DA IMAGEM

Além do Modelo de Bohr

AULA 6 Esquemas Elétricos Básicos das Subestações Elétricas

Um especialista em manutenção preditiva

Sensores e Atuadores (2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA AUTOMATIZADO PARA INSPEÇÃO ULTRA-SÔNICA EM CASCO DE NAVIO

MANUAL DA SECRETARIA

Figura Ar sangrado do compressor da APU

1. Introdução. 1.1 Contextualização do problema e questão-problema

FERRAMENTAS DA QUALIDADE

PAVIRO Sistema de chamada e evacuação por voz com qualidade de som profissional Flexibilidade desde o início PAVIRO 1

1 Problemas de transmissão

Transcrição:

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Caracterização da resposta em atraso de grupo de altifalantes e microfones Daniel Alexandre Azevedo Gomes ESTADO DA ARTE Relatório de Preparação da Dissertação realizado no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Major Telecomunicações, Electrónica e Computadores Orientador: Prof. Dr. Aníbal João de Sousa Ferreira 17 de fevereiro de 2012

Daniel Alexandre Azevedo Gomes, 2012

Índice Índice... iii Lista de figuras... v Abreviaturas e Símbolos... vii Capítulo 1... 1 Introdução... 1 1.1 - Tema e Objetivos... 1 1.2 - Motivação... 1 1.3 - Estrutura do Relatório... 2 Capítulo 2... 3 Estado da Arte... 3 2.1 - Atraso de Grupo... 3 2.2 - Transdutores Eletroacústicos... 6 2.2.1 - Transdutor de bobina móvel... 6 2.2.2 - Transdutor piezoelétrico... 7 2.2.3 - Transdutor eletrostáticos... 7 2.3 - Microfone... 8 2.3.1 Elemento... 8 2.3.2 Direcionalidade... 10 2.3.3 Sensibilidade... 11 2.3.4 Resposta em frequência... 11 2.3.5 Impedância... 11 2.4 - Altifalante... 12 2.4.1 Transdutor... 12 2.4.2 Sensibilidade... 13 2.4.3 Sistemas de múltiplas vias... 14 2.4.4 Filtro Crossover... 14 2.4.5 Resposta em frequência... 15 2.4.6 Impedância e Potência... 15 2.5 - Conclusão... 16 Capítulo 3... 17 Proposta de trabalho... 17 3.1 - Ferramentas a utilizar... 17 3.1.1 Câmara Anecoica... 17 3.1.2 Matlab... 18 3.2 - Metodologia... 18 iii

3.3 - Plano de trabalho... 19 Capítulo 4... 20 Conclusão... 20 Referências sitiográficas... 21 Referências bibliográficas... 22 Anexos... 23

Lista de figuras Figura 2.1 - Forma de onda simples... 3 Figura 2.2 - Representação da amplitude e período de um sinal... 4 Figura 2.3 - Desfasamento entre duas ondas de igual frequência e amplitude. [a]... 4 Figura 2.4 Representação temporal da onda em forma de dente de serra. [4]... 5 Figura 2.5 - Representação temporal da onda após adicionar uma fase aleatória a cada componente das frequências [4]... 5 Figura 2.6 - Representação de dois sistemas possuidores de fase linear. No primeiro podese observar um salto. [b]... 5 Figura 2.7 - Princípio da Indução eletromagnética [c]... 6 Figura 2.8 - Captador piezoelétrico em guitarra clássica. [d]... 7 Figura 2.9- Microfone de bobina móvel. 1 - Ondas sonoras; 2 - Diafragma; 3 - Bobina; 4 - Íman; 5 - Corrente elétrica (sinal de áudio). [e]... 8 Figura 2.10 - Microfone de condensador. 1 - Ondas sonoras; 2 - Diafragma; 3 - Placa do condensador; 4 - Polarização; 5 Resistência da carga; 6 - Corrente elétrica (sinal de áudio). [e]... 9 Figura 2.11 - Posição do microfone relativamente ao diagrama polar. [4]... 10 Figura 2.12 - Várias direcionalidades. Da esquerda para a direita: omnidirecional, figurade-oito, cardióide, supercardióide e hipercardióide. [4]... 10 Figura 2.13 - Resposta em frequência de um microfone dinâmico (Sennheiser e845) [f]... 11 Figura 2.14 Princípio de funcionamento de um altifalante. [g]... 12 Figura 2.15 - Interior de altifalante. [h]... 13 Figura 2.16 - Coluna de 3 vias (Bowers & Wilkins CM Centre 2). [i]... 14 Figura 3.1 - Esquema da metodologia a usar nos testes.... 18 Figura 3.2 - Estimativa de Plano de trabalho... 19 v

Abreviaturas e Símbolos Lista de abreviaturas (ordenadas por ordem alfabética) FEUP LTI RMS Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Linear time-invariant Root Mean Square Lista de símbolos ω τg Frequência angular Atraso de grupo vii

Capítulo 1 Introdução 1.1 - Tema e Objetivos O tema a tratar neste projeto é a caracterização do comportamento em atraso de grupo de transdutores eletroacústicos (altifalantes e microfones). Por norma este tipo de dispositivos é caracterizado apenas pela magnitude da sua resposta em frequência que nos dá uma representação do ganho/atenuação do transdutor para todo o espetro sonoro. No entanto, o seu comportamento em termos de fase e da sua derivada, ou seja, o atraso de grupo, é geralmente descurado. Este último tem de ser constante para que um sinal de onda emitido/recebido pelo transdutor não sofra alterações, podendo inclusivamente chegar a ser percetível para o ouvinte. O objetivo é caracterizar a resposta em atraso de grupo de diversos dispositivos eletroacústicos, entre eles alguns de precisão, e avaliar o impacto que esta provoca na perceção auditiva. 1.2 - Motivação Sendo prática comum a não inclusão de informação sobre o comportamento em atraso de grupo dos dispositivos eletroacústicos, este projeto pretende evidenciar até que ponto esta situação poderá ser prejudicial para um determinado sinal sonoro e para a sua perceção pelo sistema auditivo humano, isto pelo facto dos dispositivos poderem ter comportamentos completamente distintos em termos de resposta em fase e por sua vez atraso de grupo, mesmo possuindo uma resposta em magnitude semelhante. Alguns estudos já efetuados, nomeadamente [1] e [2], demonstram que os efeitos do atraso de grupo são possíveis de serem detetados pelo ouvido humano. 1

2 Introdução Esta situação é ainda mais crítica quando nos referimos a dispositivos de elevada precisão, onde é exigida a melhor qualidade de gravação/reprodução. A caraterização em atraso de grupo poderá ser assim determinante para a escolha de um dispositivo relativamente a outros. 1.3 - Estrutura do Relatório Este documento encontra-se dividido em quatro capítulos. No primeiro capítulo é feita uma breve introdução ao tema do projeto, para se perceber o que está em causa e quais as possíveis conclusões que se poderão tirar. Em seguida temos um capítulo onde é feita uma análise das tecnologias existentes atualmente no mercado na área do tema a desenvolver. No início desse capítulo são também explicados alguns conceitos essenciais para que se possa perceber o que está em causa nesta análise. No terceiro capítulo é explicada qual a metodologia que se vai usar no projeto e será feito um plano de trabalho bem como uma listagem das ferramentas que serão necessárias ao longo do semestre. Por último, é feita uma conclusão sobre o trabalho até agora desenvolvido.

Capítulo 2 Estado da Arte Neste capítulo irá ser explicado o que é o atraso de grupo de um sinal e quais as implicações no seu domínio temporal. Além disso será feito um estudo dos princípios de funcionamento dos transdutores eletroacústicos e quais as suas caraterísticas mais relevantes. 2.1 - Atraso de Grupo Para podermos entender o que é o atraso de grupo, necessitamos antes de perceber o funcionamento do som e a forma como ele existe na natureza. O som pode ser descrito como a propagação de vibrações num determinado meio, seja ele sólido, líquido ou gasoso. Este é ultimamente captado pelo sistema auditivo dos seres vivos (caso o possuam) tornando-se assim num meio de interação destes com o ambiente que os rodeia. O som, sendo ele uma vibração, pode ser assim representado temporalmente numa forma de onda, na qual é feita a relação entre a sua amplitude em função do tempo. Figura 2.1 - Forma de onda simples As caraterísticas mais importantes de um sinal são a sua frequência, amplitude e fase. A amplitude representa a magnitude de vibração de uma onda sonora, a frequência é o número de oscilações efetuadas durante um segundo (inverso do período) e a fase é a distância entre 3

4 Estado da Arte dois pontos de igual valor e derivada, estando um deles na onda original e o outro numa onda de igual frequência e amplitude, mas com fase 0º. Figura 2.2 - Representação da amplitude e período de um sinal Figura 2.3 - Desfasamento entre duas ondas de igual frequência e amplitude. [a] Um determinado sinal, bem como o comportamento de um sistema (como no caso dos transdutores eletroacústicos), pode ser representado no domínio das frequências, ao invés de este ser feito no domínio temporal. Sendo assim, o sinal resultante após este ter passado por um sistema linear e invariante no tempo (LTI), pode ser descrito pela equação [3] Y(jω) = H(jω). X(jω) (2.1) onde Y é o sinal à saída do sistema, X é o sinal de entrada e H é a resposta em frequência do sistema. Esta última provoca alterações ao nível da amplitude e da fase para cada uma das componentes do sinal de entrada. Sendo assim esta equação pode ser decomposta em Y(jω) = H(jω) X(jω) (2.2) <Y(jω) = <H(jω) + <X(jω) (2.3) onde a primeira equação representa a transformação ao nível da magnitude do sinal e a segunda ao nível da sua fase. Para que não exista distorções no sinal de saída relativamente ao de entrada, é necessário que a magnitude da resposta em frequência do sistema seja constante para todas as frequências afetadas no sinal X. No caso da fase, o valor a ser somado para cada uma das

Estado da Arte 5 componentes da frequências pode levar a que a relação entre cada uma delas se altere, modificando assim o sinal de saída. Apesar de estes dois aspetos poderem provocar a distorção de um sinal de áudio, apenas o primeiro é por norma considerado. Em seguida podemos ver um exemplo [4] onde o sinal em forma de dente de serra apenas é afetado por distorção ao nível da fase. Figura 2.4 Representação temporal da onda em forma de dente de serra. [4] Figura 2.5 - Representação temporal da onda após adicionar uma fase aleatória a cada componente das frequências [4] Como se pode comprovar, o nível de distorção introduzido é bastante elevado, sendo por isso expectável alterações a nível de sonoridade. Para que não exista distorção proveniente da alteração da fase do sinal, é necessário que o sistema pelo qual ele passa seja de fase linear, isto é, a sua fase tem de ser uma função linear da frequência, isto excluindo possíveis saltos de ±π. Em seguida estão representados dois exemplos de sistemas de fase linear: Figura 2.6 - Representação de dois sistemas possuidores de fase linear. No primeiro pode-se observar um salto. [b]

6 Estado da Arte O atraso de grupo é definido [3] por: (2.4) Analisando a fórmula, pode-se ver que o atraso de grupo é na realidade o simétrico da derivada do gráfico representativo da fase de um sistema. Tendo este último de ser linear, conclui-se assim que para que um sistema não provoque distorções (ao nível da fase) a um determinado sinal, o atraso de grupo tem de ser constante ao longo das frequências. 2.2 - Transdutores Eletroacústicos Um transdutor eletroacústico é um dispositivo que permite a conversão de energia elétrica em mecânica, que por sua vez dá origem a ondas sonoras. O processo contrário também é possível ou seja, converter a energia proveniente da pressão sonora em energia elétrica. Dois dispositivos encarregues de efetuar tal operação são o altifalante e o microfone, respetivamente. Para se conseguir fazer a conversão entre estes dois tipos de energia são usados certos materiais e propriedades físicas, que permite assim produzir o efeito desejado. Ao longo dos anos foram produzidos transdutores eletromecânicos dos mais diversos tipos, mas atualmente os mais usados são os de bobina móvel, piezoelétricos e eletrostáticos. Segue-se uma breve descrição do princípio de funcionamento de cada um destes tipos de transdutores: 2.2.1 - Transdutor de bobina móvel Também conhecido como dinâmico, este é o tipo de dispositivo mais usado em altifalantes e um dos mais populares na produção de microfones. Quando um campo magnético é alterado junto de uma bobina, é induzida uma corrente elétrica nesta. O caso contrário também é verdade, ou seja, ao fornecer uma corrente elétrica à bobina, é criado um campo magnético. É baseado neste princípio que este tipo de dispositivo funciona. Figura 2.7 - Princípio da Indução eletromagnética [c]

Estado da Arte 7 Na figura 2.7 pode-se observar que quando o íman se movimenta dentro da bobina, é criada uma corrente elétrica. Assim que ele pára, essa corrente é interrompida. Ao fazer o movimento contrário é criada outra vez uma corrente, mas neste caso no sentido oposto. 2.2.2 - Transdutor piezoelétrico Este tipo de transdutor faz uso de materiais que possuem uma propriedade especial. Os materiais piezoelétricos (por exemplo o quartzo), quando sujeitos a uma tensão mecânica, originam um campo elétrico de igual intensidade à força que os comprime. [4] De igual modo, ao aplicar uma tensão no material este vibra, produzindo assim som. A utilização deste tipo de material para a produção de microfones e altifalantes é reservada a algumas aplicações com fins especiais, por exemplo em captadores usados em instrumentos musicais ou na produção de sonares. Visto esta tecnologia de transdutores não ser usada de uma forma generalizada para o propósito em estudo neste projeto, estes não serão analisados em detalhe. Figura 2.8 - Captador piezoelétrico em guitarra clássica. [d] 2.2.3 - Transdutor eletrostáticos O transdutor eletrostático tem como base de funcionamento o condensador. Este é formado por duas placas paralelas, sendo no caso do microfone uma delas a superfície que permite receber as ondas sonoras. A sua utilização é mais frequente em microfones, sendo o seu uso em altifalantes algo reduzido. Apesar do componente base ser o mesmo, o modo como este é implementado para cada um dos casos é diferente, sendo assim será feita uma explicação do funcionamento de cada um deles na secção que lhes é destinada.

8 Estado da Arte 2.3 - Microfone Iremos agora analisar os microfones em maior detalhe, ver as características mais importantes que os permite distinguir, bem como o modo como eles funcionam. Serão estudados aqueles que são mais usados na captação de música e voz cantada. 2.3.1 Elemento O elemento é o dispositivo presente dentro da cápsula do microfone, e é este o responsável por converter a energia mecânica proveniente do som em energia elétrica. Tratase na realidade do transdutor eletroacústico. Dos tipos de transdutores brevemente estudados na secção anterior, os mais vulgares na produção de microfones são os de bobina móvel e os de condensadores. Figura 2.9- Microfone de bobina móvel. 1 - Ondas sonoras; 2 - Diafragma; 3 - Bobina; 4 - Íman; 5 - Corrente elétrica (sinal de áudio). [e] Na figura 2.9 podemos ver um esquema simplificado de um microfone de bobina móvel. Este é constituído por um diafragma que está ligado fisicamente a uma bobina, onde no seu interior está presente um íman permanente. Devido à pressão exercida pelas ondas sonoras, o diafragma do dispositivo vibra e, junto com ele, a bobina que lhe está acoplada. Como foi estudado na secção anterior (secção 2.2.1), o movimento da bobina dentro do campo magnético criado pelo íman permanente origina uma corrente nesta. A intensidade dessa mesma corrente é proporcional ao deslocamento da bobina móvel. [4] Pretende-se que a massa do conjunto bobina e diafragma seja a menor possível, para que a sua resistência à transferência de energia proveniente das ondas sonoras seja mínima. Um tipo de material usado na construção do diafragma é o Mylar TM, que é uma película de poliéster fabricada pela DuPont Company [5]. Este material é bastante resistente e suporta bem as mudanças de temperatura e humidade, daí que seja ótimo para eventos no exterior. Anteriormente era usada uma película de alumínio, tendo o inconveniente de ser bastante frágil. Como o conjunto diafragma e bobina tem alguma massa (sendo a bobina a mais pesada) estes vão ter frequências de ressonância, geralmente perto dos 350Hz. Para isso são

Estado da Arte 9 usadas várias técnicas e outros componentes para tornar a resposta do microfone o mais constante possível para as várias frequências Figura 2.10 - Microfone de condensador. 1 - Ondas sonoras; 2 - Diafragma; 3 - Placa do condensador; 4 - Polarização; 5 Resistência da carga; 6 - Corrente elétrica (sinal de áudio). [e] Na figura 2.10 podemos ver um esquema simplificado de um microfone de condensador. Este é constituído por duas placas, sendo que uma delas é fixa e a outra móvel. Esta última é na realidade o diafragma do microfone, possuindo uma baixíssima espessura. Estas duas placas formam um condensador, que é o elemento chave para o seu funcionamento. O seu princípio de funcionamento é bastante simples. Como uma das placas do condensador é fixa e a outra é móvel, a distância entre elas muda com a vibração recebida pelo diafragma na presença de uma onda sonora. Para um condensador de placas paralelas, a sua capacidade é dada por [6] (2.5) onde C é a capacidade do condensador, A representa a área das placas metálicas, d a distância entre elas e ε 0 uma constante elétrica. Através da expressão 2.5 podemos concluir que com a alteração da distância entre as placas do condensador, a sua capacidade também é alterada. Sabe-se ainda que [6] (2.6) onde C é capacidade do condensador, Q a sua carga e V a sua tensão. A carga no condensador é mantida a um nível praticamente constante, visto este ser projetado de maneira a ser um filtro passa alto relativamente ao som. Sendo assim, existe uma alteração da tensão nos terminais do condensador quando a sua capacidade é alterada. Esta diferença de tensão entre o condensador e a fonte que o está a polarizar, modula uma corrente na resistência de carga. O potencial entre os terminais dessa resistência representa o sinal de áudio captado. Devido à alta impedância deste circuito, o sinal é encaminhado para um pré-amplificador.

10 Estado da Arte Os microfones de condensador apresentam algumas vantagens [5], nomeadamente frente aos de bobina móvel: Diafragma mais pequeno e leve, reduzindo o ruido proveniente das vibrações do microfone; Resposta em frequência bastante uniforme e de banda mais extensa; Consegue medir pressões sonoras bastante elevadas; Baixo nível de ruído. No entanto também tem inconvenientes, como o facto de necessitar de alimentação extra, e de serem mais caros. 2.3.2 Direcionalidade Os microfones podem ser classificados quanto à sua direcionalidade ou seja, ao modo como captam os sons provenientes de diferentes direções. Esta é tipicamente representada na forma de um diagrama polar, que mostra de que zonas é que o microfone admite os sons. Figura 2.11 - Posição do microfone relativamente ao diagrama polar. [4] As principais opções disponíveis quanto à direcionalidade são: omnidirecional, unidirecional e bidirecional. Os microfones unidirecionais são também conhecidos como cardióides e os bidirecionais como figura-de-oito, isto devido às suas representações do diagrama polar. Figura 2.12 - Várias direcionalidades. Da esquerda para a direita: omnidirecional, figura-de-oito, cardióide, supercardióide e hipercardióide. [4]

Estado da Arte 11 A direcionalidade a escolher depende do uso que se pretende dar ao microfone. Para gravar um discurso, um microfone omnidirecional poderá não ser a melhor escolha, visto captar todos os ruídos envolventes. 2.3.3 Sensibilidade Outra característica importante nos microfones é a sensibilidade. Esta indica, tal como o nome sugere, o nível de sensibilidade que o microfone apresenta quando estimulado por um determinado som. Quanto mais sensível for o microfone, maior será o nível elétrico na saída relativamente à pressão sonora recebida. Por norma os microfones de condensadores são mais sensíveis que os de bobina móvel. A unidade usada é geralmente o mv/pa ou o dbv, e quanto mais elevado é o seu valor, maior é a sensibilidade. 2.3.4 Resposta em frequência A resposta em frequência, que normalmente é representada pelo gráfico da magnitude de um diagrama de bode, indica-nos o ganho que o microfone apresenta ao longo do espetro das frequências. O ideal seria que o microfone apresentasse uma resposta plana ao longo de todas as frequências de operação. Figura 2.13 - Resposta em frequência de um microfone dinâmico (Sennheiser e845) [f] 2.3.5 Impedância Esta é outra característica de grande importância na escolha de um microfone. A unidade de medida é o Ohm (Ω). Quanto menor for a impedância de um microfone, melhor será o seu desempenho. Um microfone de uso profissional tem por norma uma impedância de aproximadamente 200 ohms. [5] Os microfones de elevada impedância estão limitados no comprimento do seu cabo de ligação, podendo ser de apenas 5 metros. Isto acontece porque a sua impedância em conjunto com a capacidade que o cabo apresenta forma um filtro passa baixo, fazendo com que as frequências agudas comecem a ser bastante atenuadas. Existe também o problema de estes serem mais suscetíveis ao ruído.

12 Estado da Arte 2.4 - Altifalante Nesta secção iremos abordar os altifalantes, perceber melhor o seu funcionamento e saber quais as características mais importantes a ter em conta no momento da sua escolha. 2.4.1 Transdutor Como já vimos anteriormente, este é o elemento responsável por converter a energia elétrica em energia sonora, isto no caso do altifalante. Ao longo dos anos apareceram e desapareceram diversas tecnologias responsáveis por fazer este tipo de conversão, sendo que atualmente as que têm maior presença no mercado em termos práticos na produção de altifalantes são: eletrodinâmicos, eletrostáticos e piezoelétricos. Os transdutores eletrodinâmicos são os mais vulgarmente usados na construção de altifalantes para reprodução de música e voz cantada. Por essa razão, apenas esses serão objeto de estudo nesta secção. Tal como foi visto na secção 2.2.1, o princípio de funcionamento de um altifalante eletrodinâmico é baseado na existência de uma bobina estando esta sob o efeito de um campo magnético. Quanto um elétron se encontra em movimento dentro de um campo magnético, é exercida uma força sobre este que pode ser calculado [6] pela fórmula f = j x B (2.7) onde j é o vetor de deslocamento do elétron, B o vetor do campo magnético e f o vetor da força resultante. Figura 2.14 Princípio de funcionamento de um altifalante. [g] O altifalante é composto por um íman permanente que cria um campo magnético no seu interior. Sob o efeito desse campo magnético existe uma bobina, que por sua vez está ligada a um diafragma, sendo este geralmente em forma de cone. Quando uma corrente percorre esta bobina, é criada uma força que a faz deslocar. Fazendo inverter o sentido da corrente, a força passa a ser feita no sentido contrário. É através destes movimentos do diafragma que é produzido o som.

Estado da Arte 13 A criação do campo magnético tal como ilustrado na figura 2.14, geralmente é conseguido usando um íman, um back plate + pole piece e um front plate. O back plate e o pole piece estão encarregues de estender um dos polos do íman para o interior da bobina, enquanto o front plate estende o outro polo para o seu exterior. Figura 2.15 - Interior de altifalante. [h] Na figura 2.15 é possível ver a bobina em cobre, o íman, o back plate ligado na parte inferior deste, o pole piece que está ligado ao back plate, o front plate que se encontra em cima do íman, o cone (diafragma) e o seu sistema de suspensão. Note que a bobina se encontra no espaço formado entre o pole piece e o front plate, ou seja, os polos do íman. O material mais barato usado para produzir os cones dos altifalantes é o papel. Este pode ser feito de uma folha de papel que é depois enrolada em cone ou então moldado a partir de pasta de papel. No entanto as empresas que projetam e produzem os altifalantes têm vindo a usar cada vez mais outros materiais, estando disponíveis cones feitos a partir de diversos plásticos, fibra de carbono, kevlar, entre outros. Para proteger a bobina de poeiras que a podiam danificar, é usado no centro do cone uma tampa que a mantem isolada. Esta é conhecida como dust cap, e a sua forma e materiais usados no fabrico são dos mais diversos, isto porque para além da sua função de proteger a bobina, ela também tem influência no som emitido pelo altifalante. 2.4.2 Sensibilidade Num altifalante a sensibilidade indica a capacidade do dispositivo em produzir energia sonora a partir de um sinal elétrico de entrada. Para que seja possível comparar a sensibilidade entre diferentes dispositivos, tiveram de ser criados standards, os quais indicam que tipo de testes devem ser efetuados e em que condições.

14 Estado da Arte O standard mais comummente usado é o db-spl a 1 metro com um sinal de entrada de 1 Watt. Isto é convertido para 2,83 Vrms para uma impedância de 8 ohms. Assim sendo, um altifalante tem a capacidade de produzir maior intensidade sonora a partir da mesma entrada quanto maior for a sua sensibilidade em db. 2.4.3 Sistemas de múltiplas vias Em muitos dispositivos de reprodução de música, são utilizadas colunas compostas por vários altifalantes. Cada altifalante é dedicado para a reprodução de uma certa gama de frequência, tendo eles diferentes tamanhos e geometrias. Um altifalante para reproduzir sons graves tem por norma um tamanho grande, porque assim precisa de menos energia e pode ter um curso de suspensão mais curto relativamente a um altifalante de menores dimensões para o mesmo efeito. Já um altifalante para reproduzir sons bastante agudos (tweeter) é por norma pequeno, levando a que o sistema bobina + cone apresente menor massa, podendo assim vibrar a maior frequência sem haver deformação do seu formato. Tal diferenciação deve-se à incapacidade de um único altifalante conseguir reproduzir de forma satisfatória todas as regiões audíveis do espetro sonoro. Apenas é usado um único altifalante em sistemas de reprodução de voz ou em sistemas de baixo custo. O número de vias de uma coluna indica-nos o número de altifalantes nela contida dedicados a reproduzir diferentes regiões do espetro sonoro. Figura 2.16 - Coluna de 3 vias (Bowers & Wilkins CM Centre 2). [i] Como se pode ver na figura 2.16, um sistema de N vias pode ter mais que N altifalantes nele contido, havendo neste caso dois altifalantes dedicados à reprodução dos sons graves. Para se fazer a divisão das frequências destinadas a cada um dos tipos de altifalantes, são usados filtros Crossover. 2.4.4 Filtro Crossover O crossover é um filtro analógico ou digital, tendo este como função separar as regiões do espetro sonoro destinadas a diferentes tipos de altifalantes presentes num sistema de múltiplas vias. Este filtro pode ser do tipo: Passa-baixo deixa passar apenas as frequências abaixo de um determinado limiar, atenuando as restantes. Passa-alto deixa passar apenas as frequências acima de um determinado limiar, atenuando as restantes.

Estado da Arte 15 Passa-banda - deixa passar apenas as frequências compreendidas entre dois valores, as outras são atenuadas. O tipo mais simples de filtro é o de 1ª ordem, em que o sinal na região de atenuação decresce 10dB/década, podendo no entanto ser de maior ordem [5]. Num sistema de altifalantes passivo, a ordem vai tipicamente até a um valor máximo de 3, sendo usado a partir daí filtros ativos. A frequência à qual o filtro começa a atenuar tem de ser adaptada caso a caso, conforme os altifalantes que o construtor coloca num determinado sistema. 2.4.5 Resposta em frequência Apesar da resposta em frequência ser um dos aspetos mais importantes na caraterização da performance musical de um altifalante, esta é por vezes omitida pelo fabricante ou representada apenas em parte, levando em erro o consumidor. Por norma esta vem facultada sob a forma: xx Hz yy khz (+/- 3dB) onde xx e yy representam as frequências mais baixa e mais alta, respetivamente, que o altifalante ou sistema consegue reproduzir com uma margem de 3dB da frequência mais audível para a menos audível. No entanto, por vezes não é divulgado o valor em db entre a frequência mais e menos audível. O fabricante indica assim apenas a gama de frequências que o altifalante consegue reproduzir, podendo no entanto algumas serem reproduzidas com um volume bastante baixo ou inclusivamente inaudível. É portanto de grande relevo que se tenha em atenção estes detalhes na altura da escolha de um sistema de som. 2.4.6 Impedância e Potência A impedância é indicada nas características de um altifalante pelo seu valor nominal, no entanto ela muda em função da frequência. Sendo assim, é aconselhado que se encontre o seu valor mínimo num gráfico impedância-frequência, possivelmente fornecido pelo fabricante do equipamento. Esta é uma característica bastante importante a ter em atenção. A utilização de altifalantes de impedância 4 Ohm com um amplificador preparado apenas para 8 Ohm, pode levar à destruição deste último, visto não ter capacidade para fornecer a corrente necessária para uma impedância tão baixa. Os altifalantes costumam também ser especificados com um valor de potência. Por vezes o valor indicado é o de pico, o que não é o mais correto. O que se deve procurar saber é a potência RMS (Root Mean Square), que nos dá uma aproximação mais real da potência do altifalante. No entanto esta não é constante, altera-se conforme a frequência do sinal de entrada. Sendo assim, o valor indicado deve servir apenas como guia, não devendo ser considerado apenas isso na escolha do altifalante.

16 Estado da Arte 2.5 - Conclusão Neste capítulo foi possível ficar a perceber melhor o conceito de atraso de grupo e a influência que este tem num sinal. Após a análise dos diversos tipos de transdutores consegue-se perceber que o atraso de grupo, apesar de ser uma característica importante no que respeita à distorção do sinal, é de forma geral não revelada ao consumidor final, ficando este sem saber qual o nível de distorção que o dispositivo introduz no sinal recebido. Uma completa caracterização destes dispositivos é uma tarefa de grande complexidade, e os resultados obtidos são de difícil interpretação para grande parte das pessoas. Por essa mesma razão os dispositivos vêm com caracterizações de mais simples execução, mas que nem sempre revelam a verdadeira qualidade sonora do dispositivo. Dispositivos com características equivalentes podem ter desempenhos distintos.

Capítulo 3 Proposta de trabalho Neste capítulo será introduzida uma proposta para o plano de trabalho a realizar durante o segundo semestre. Este plano de trabalho irá ser eventualmente atualizado à medida que o projeto se for desenvolvendo. Serão também apresentadas algumas ferramentas de trabalho necessárias para se proceder ao estudo a realizar, bem como a metodologia a ser empregue no global. 3.1 - Ferramentas a utilizar Ao longo da realização deste projeto irão ser utilizadas diversas ferramentas, as quais são indispensáveis para atingir o fim desejado. As ferramentas identificadas até ao momento estão listadas em seguida. 3.1.1 Câmara Anecoica Uma câmara anecoica é um espaço onde o teto, paredes e chão estão revestidos de um material especial com uma forma própria, projetada para absorver as ondas produzidas no seu interior, evitando assim reflexões e permitindo o seu isolamento relativamente ao exterior da câmara. No caso da câmara anecoica disponível na FEUP, esta foi projetada para ser usada com fontes de ondas eletromagnéticas, e não com fontes sonoras. No entanto apresenta algumas características que lhe permitem ter um desempenho acústico acima de qualquer outra sala disponível atualmente para os testes a realizar. 17

18 Proposta de trabalho 3.1.2 Matlab O Matlab é uma ferramenta matemática bastante usada na engenharia. Este software será usado para preparar a experiência a realizar e permitirá fazer a análise dos dados recolhidos posteriormente. Poderá ser depois criada uma comparação gráfica entre o sinal envidado para o altifalante e o sinal recolhido pelo microfone, destacando assim as deformações que estes dispositivos introduzem. 3.2 - Metodologia Na elaboração deste projeto usar-se-á uma metodologia inovadora com base em sinais digitais de teste especiais para, em ambiente anecóico, atuar um altifalante e registar o sinal adquirido por um microfone. Serão usados três microfones e três altifalantes, sendo efetuada uma reprodução e gravação por apenas um tipo de dispositivo de cada vez. No final terão sido efetuadas nove combinações diferentes, sendo posteriormente analisados os resultados obtidos. Tal experiência será realizada numa câmara anecoica presente na Faculdade de Engenharia de Universidade do Porto (FEUP), estando esta projetada para a atenuação de sinais de radiofrequência. Apesar de esta não ter sido otimizada para atenuar sinais sonoros, o seu desempenho poderá ser satisfatório. Os sinais serão depois processados e analisados para que se tirem conclusões da experiência efetuada. Na figura 1.1 pode-se ver um esquema da metodologia a adotar, onde D/A é um conversor de Digital para Analógico e A/D é um conversor que faz a operação contrária. Figura 3.1 - Esquema da metodologia a usar nos testes.

Proposta de trabalho 19 3.3 - Plano de trabalho Em seguida é apresentado o plano de trabalho que se prevê para a execução deste projeto. Uma imagem com maior detalhe pode ser consultada no anexo A. Figura 3.2 - Estimativa de Plano de trabalho

Capítulo 4 Conclusão A elaboração deste primeiro relatório para a cadeira Preparação da Dissertação foi bastante útil, isto porque me permitiu aumentar o conhecimento sobre a tecnologia envolvida no fabrico de altifalantes e de microfones, bem como perceber como era a atual situação no que toca à caracterização do desempenho dos mesmos. É agora percetível que no que toca à caracterização do desempenho destes equipamentos, principalmente em altifalantes, esta é por vezes feita de uma forma pouco metódica. Apesar de terem vindo a aparecer normas para facilitar e homogeneizar o tipo de testes a efetuar, são poucos os fabricantes que optam por efetuar os testes seguindo essas indicações. É também visível que a informação relativa ao atraso de grupo de um determinado equipamento é por norma não fornecida. Em altifalantes é inclusivamente usual não ser fornecida uma informação detalhada quanto à magnitude da resposta em frequência. Será agora necessário definir o conjunto de testes a efetuar, nomeadamente escolher o tipo de sinal a emitir/captar pelos diversos conjuntos altifalante/microfone, para assim se poder dar início à fase de experimentação. 20

Referências sitiográficas [a] Phase (waves). Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/phase_%28waves%29. Acesso em 01/Fevereiro/2012. [b] Linear Phase. Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/linear_phase. Acesso em 02/Fevereiro/2012 [c] Physics - Source to consumer. Disponível em http://www.bbc.co.uk/scotland/learning/bitesize/standard/physics/energy_matters /source_to_consumer_rev1.shtml. Acesso em 03/Fevereiro/2012 [d] Piezoelectric sensor. Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/piezoelectric_sensor. Acesso em 3/Fevereiro/2012 [e] Microphones: How to choose. Disponível em http://en.audiofanzine.com/microphone/editorial/articles/microphones-how-tochoose.html Acesso em 04/Fevereiro/2012. [f] Microphones Dynamic Microphone. Disponível em http://www.sennheiser.com/sennheiser/products.nsf/resources/dc5ff0648b51e647c 12574330041AA8C/$File/evo_845_GB.pdf. Acesso em 8/Fevereiro de 2012. [g] Magnetic Forces and Fields. Disponível em http://sdsuphysics.org/physics180/physics180b/chapters/magnetic_forces.htm Acesso em 9/Fevereiro/2012. [h] Flex Units Loudspeaker Drivers. Disponível em http://www.audiotechnology.dk/iz.asp?id=4 a 119 Acesso em 9/Fevereiro /2012. [i] CM Centre 2. Disponível em http://www.bowerswilkins.eu/speakers/home_audio/cm_series/cm-centre-2.html. Acesso em 10/Fevereiro/2012 21

Referências bibliográficas [1] J. Blauert and P. Laws, "Group delay distortions in electroacoustical systems," Journal of the Acoustical Society of America, vol. 63, pp. 1478-1483, 1978. [2] H. Banno, K. Takeda, and F. Itakura, "The effect of group delay spectrum on timbre," Acoustical Science and Technology, vol. 23, pp. 1-9, 2002. [3] A. V. Oppenheim, A. S. Willsky, and S. H. Nawab, Signals & systems, 2nd ed. Upper Saddle River, N.J.: Prentice Hall, 1997. [4] L. L. Henrique, Acústica musical. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. [5] G. Ballou, Electroacoustic devices : microphones and loudspeakers. Amsterdam ; Boston: Focal, 2009. [6] H. M. Nussenzveig, Curso de física básica. S. Paulo: Editora Edgard Blucher, 1997. 22

Anexos Anexo A 23