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Transcrição:

NOTA INFORMATIVA A implementação generalizada de programas de vacinação nas últimas décadas permitiu atingir ganhos notáveis no controlo das doenças preveníveis por vacinação. Contudo, este controlo tem levado a uma falsa perceção de que estas doenças já não são um problema uma vez que, grande parte da população mais jovem nunca contactou com as doenças preveníveis por vacinação nem com as situações graves a elas associadas. Por outro lado, a confiança do público nas vacinas é também afetada por grupos e sites que, sem qualquer base científica, defendem posições radicais e questionam a necessidade e a segurança da vacinação. É necessário reforçar a importância da vacinação, principalmente perante o atual ressurgimento de doenças contagiosass a nível europeu que, para além de causarem morbilidade e/ou mortalidade, colocam um peso económico considerável aos sistemas nacionais de saúde e às famílias. A Direção Geral da Saúde associa se pelo segundo ano consecutivo à Semana Europeia da Vacinação, iniciativaa promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para sensibilizar para a importância da vacinação. A Semana Europeia da Vacinação é uma oportunidade para dinamizar a divulgação de informação sobre os benefícios da vacinação na diminuição dos riscos ligados às doenças preveníveis por vacinação e dar maior visibilidade ao Programa Nacional de Vacinação (PNV). Nesta Semana Europeia da Vacinação pretende se reforçar a importância da adesão ao PNV como prática individual e socialmentee responsável. Pretende se ainda dar a conhecer a importância de uma altaa cobertura vacinal para a eliminação das doenças preveníveis por vacinação na população e ainda salientar a qualidade, a segurança e a efetividade das vacinas que integram o PNV bem como o esclarecimento sobre os principais mitos da vacinação. Os profissionais de saúde têm sido o garante do cumprimento dos cbjetivos do PNV, consolidando e aumentando progressivamentee os ganhos em saúde obtidos ao longo dos 46 anos da sua implementação. Nesta Semana Europeia da Vacinação o envolvimento dos profissionais de saúde 1

torna se fundamental para reforçar as taxas de cobertura vacinal especificamente junto das bolsas de suscetíveis na população. Assim, a motivação dos profissionais de saúde e um elevado nível de conhecimento e capacidade de informação, nesta área específica, são fundamentais para que o PNV não sofra descontinuidades evitáveis na sua aplicação, e para uma adequada resposta aos novos desafios, inclusive desafios decorrentes da expansão de movimentos antivacinação. O Programa Nacional de Vacinação e os resultados de 46 anos de vacinação A vacinação é considerada, entre todas as medidas de saúde pública, a que melhor relação custoefetividade tem evidenciado e a sua aplicação sistematizada sob a forma de programas, contribuiu para melhorar o panorama da saúde no âmbito das doenças infeciosas. Em Portugal, o PNV, implementado em 1965, é um programa totalmente financiado pelo Ministério da Saúde e cuja aplicação permitiu controlar ou eliminar as doenças abrangidas pela vacinação. Trata se de um programa universal, gratuito, acessível e sem barreiras para todas as pessoas presentes em Portugal. Ao longo dos 46 anos, a coordenação do PNV tem sido efetuada pela Direção Geral da Saúde e a sua concretização deve se ao empenhamento dos profissionais de saúde em todo o país bem como à adesão de toda a população, cuja confiança na vacinação tem permitido poupar milhares de vidas e evitar consequências graves, principalmente em relação às crianças. A efetividade do PNV é facilmente demonstrável através da vigilância das doenças transmissíveis de declaração obrigatória (DDO). Comparando o número de casos declarados e o número de mortes para quatro doenças alvo do programa na década anterior ao início do PNV (1956 1965) com os da última década (1999 28), verifica se uma diminuição acentuada para ambos os parâmetros em análise (Quadro 1). Quadro 1 Comparação do número de casos e de mortes por poliomielite, difteria, tosse convulsa e tétano no decénio anterior ao início do PNV e no último decénio. Decénio anterior ao PNV (1956 1965) Últimos 1 anos (1999 28) Casos declarados Mortes Casos declarados Mortes Tosse convulsa 14 429 873 279 Poliomielite 2 723 316 Tétano 3 923 2 625 13 3 Difteria 19 1 1 457 Total 4 175 5 271 49 3 2

As figuras seguintes demonstram também como o tétano, a poliomielite, o sarampo, a doença meningocócica C e a rubéola foram controladas através do PNV (Figuras 1, 2, 3, 4 e 5). 6 1965 no PNV 5 4 3 2 1 1997 Último caso de tétano neonatal 58 6 62 64 66 68 7 72 74 76 78 8 82 84 86 88 9 92 94 96 98 2 4 6 8 1 Figura 1 Casos declarados de tétano em Portugal, 1958 21 6 5 4 3 2 1 1965 no PNV 1987 Último caso de poliomielite 5 55 6 65 7 75 8 85 9 95 5 1 Figura 2 Casos declarados de poliomielite em Portugal, 195 21 3

14 12 1 8 6 4 2 87 89 91 93 95 97 99 1 3 5 7 9 Figura 3 Casos declarados de sarampo em Portugal, 1987 21 45 4 21 Comercialização da vacina 35 3 25 2 15 1 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 26 no PNV Figura 4 Casos declarados de doença meningocócica C em Portugal, 2 21 4

1987 no PNV (VASPR) 25 2 15 1 5 87 88 89 9 91 92 93 94 95 96 97 98 99 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Figura 5 Casos declarados de rubéola em Portugal, 1987 21 O último estudo realizado à população portuguesa sobre a imunidade relativa às doenças preveníveis pela vacinação no âmbito do PNV (2º Inquérito Serológico Nacional que decorreu em 21 22), demonstrou que a maioria da população portuguesa está imunizada para várias doenças abrangidas pelo PNV. Relativamente às coberturas vacinais (percentagem de pessoas vacinadas dentro do grupo a vacinar), Portugal tem atingido valores bastantes elevados nos últimos anos, rondando os 96 97% para as vacinas administradas no primeiro ano de vida e os 94 95% para as vacinas administradas durante o segundo ano de vida e os 5 6 anos de idade, o que tem permitido a não ocorrência de surtos e epidemias, nomeadamente por sarampo, ao contrário do que acontece noutros países europeus, cujos valores de cobertura vacinal são inferiores aos recomendados pela OMS. A importância da vacinação na proteção individual e da comunidade / Considerações finais As vacinas permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que a maioria dos tratamentos médicos. A expressão é melhor prevenir do que remediar aplica se totalmente à vacinação, estando provado que, para as vacinas incluídas no PNV, o que se poupa em mortes prematuras, internamentos hospitalares, consultas/visitas médicas e tempo sem trabalhar/aprender 5

por doença ou por assistência à família ultrapassa largamente os custos da vacinação de toda a população abrangida. Os ganhos em saúde obtidos através do PNV ao longo dos últimos 46 anos são evidentes, mas é necessário sublinhar os fatores que contribuiram para tal. Na verdade, a vacinação do indivíduo, além de constituir um ato para proteção da sua vida e da sua qualidade de vida futura, constitui também um ato de proteção da comunidade, principalmente dos seus familiares e colegas de escola e de trabalho. Além desta proteção individual, uma elevada taxa de cobertura de vacinação numa população impede a circulação dos agentes infeciosos (bactérias ou vírus), o que permite a proteção adicional dos não vacinados (que não têm idade para completar o esquema vacinal ou por alguma contraindicação específica). A este conceito de uma população com alta cobertura vacinal que permita a interrumpção da cadeia de transmissão da doença, chama se imunidade de grupo. Desde a implementação do PNV, mais de 1 milhões de crianças e vários milhões de adultos foram vacinados, o programa mais antigo, mais universal e mais bem sucedido dos programas de saúde nacionais. 6