CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, MICROBIOLÓGICA E SENSORIAL DE GELÉIA DE TOMATE



Documentos relacionados
DESENVOLVIMENTO, ACEITABILIDADE E INTENÇÃO DE COMPRA DE DOCE DE BANANA EM MASSA ADICIONADO DE AMENDOIM

Análise sensorial de diferentes formulações de Smoothie

Caracterização de iogurte elaborado a partir de leite de cabra acrescido com polpa de uvaia (Eugenia uvalha cambess)

ANÁLISE SENSORIAL DE DIETAS ENTERAIS INDICADAS PARA USO VIA ORAL

ELABORAÇÃO DE MANTEIGA COM ADIÇÃO DE CENOURA DESIDRATADA ELABORATION OF BUTTER WITH ADDITION OF DEHYDRATED CARROT

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE IOGURTE NATURAL COM POLPA DE ABACAXI BASE MEL

AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE PREPARAÇÕES ELABORADAS COM APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS ALIMENTARES

EMPREGO DAS FARINHAS DE BANDINHA DE FEIJÃO EXTRUSADA E QUIRERA DE ARROZ NA FORMULAÇÃO DE BOLOS SEM GLÚTEN

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE MASSA DE PIZZA ENRIQUECIDA COM FARINHA DO RESÍDUO DE EXTRAÇÃO DO AMIDO DA AMÊNDOA DA MANGA (Mangifera indica L.

Utilização de fibras alimentares como substitutos de gordura em linguiça tipo toscana

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUA DESTILADA E OSMOSE REVERSA 1. Wendel da Silva Lopes 2, Andressa da Silva Lopes 3, Adriana Maria Patarroyo Vargas 4.

Desenvolvimento e Avaliação Sensorial de Produtos Alimentícios Elaborados com Farinha de Puba em Substituição a Farinha de Trigo

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PLANTAS MEDICINAIS DESIDRATADAS ORIUNDAS DE CULTIVO ORGÂNICO

ANÁLISE QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO MUNICÍPIO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE TRÊS DIFERENTES TIPOS DE MASSA DE PIZZA

CONDIÇÕES DE RECEBIMENTO DE CARNES EM RESTAURANTE COMERCIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA (RS) 1

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELO CALOR

1Caracterização de frutos de diferentes genótipos de maracujazeiro. 2Flávio Flôres Britto 1 ; Cláudio Lúcio Fernandes Amaral 1

Determinação de cloretos em produtos de origem animal por argentometria

TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RESFRIAMENTO RADIAL EM SUCOS DILUÍDO E CONCENTRADO

PESQUISA DE SATISFAÇÃO DE USUÁRIO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO UNILAB

PERFIL SENSORIAL DE REQUEIJÃO À BASE DE SOJA

Sumário Executivo. Levantamento do perfil dos usuários dos Restaurantes Populares

GOMA XANTANA COMO AUXILIAR DE FLOCULAÇÃO NO TRATAMENTO DE ÁGUAS PARA ABASTECIMENTO

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE CASCAS E SEMENTES DE MAMÃO RESUMO

Através do projeto vivenciando valores na saúde o Colégio Adventista Ellen G. White com informações do site R7.com, fornecerão a você receitas

QUALIDADE DE SUCOS DE UVA ORGÂNICOS DE DIVERSAS CULTIVARES DE VIDEIRA

a) preparado contendo uva (fruta) correspondente a um ingrediente característico:

PERFIL DE DOMINÂNCIA TEMPORAL DAS SENSAÇÕES DE CHOCOLATES ELABORADOS COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CACAU

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE PÃES ARTESANAIS PULVERIZADOS COM EXTRATOS ALCOÓLICOS DE ERVAS AROMÁTICAS E CONDIMENTARES 1

Portaria Nº 63, DE 23 DE ABRIL DE Publicado no Diário Oficial da União de 24/04/2008, Seção 1, Página 6

EFEITO DA ADIÇÃO DE FARINHA DE LINHAÇA NA ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BOLO DE CHOCOLATE

ELABORAÇÃO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇA TOSCANA ADICIONADA DE EXTRATO DE PRÓPOLIS

OBTENÇÃO DE GELÉIA DIET

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE

ESTUDO DA REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS EM EFLUENTES DE PETRÓLEO UTILIZANDO BAGAÇO DA CANA

NÍVEIS DO CONSUMO DE CERVEJA EM CAICÓ: UM ESTUDO DO MARKETING SOBRE A PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR

Normas Adotadas no Laboratório de Microbiologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE 14. BOLO SETE GRÃOS

QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE MAMÃO PAPAIA COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE ARACAJU

Journal of Fruits and Vegetables, v. 1, n. 1, p , 2015

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE POLPAS DE FRUTAS COMERCIALIZADAS EM ITAPETINGA-BA

Genkor. 32 FOOD INGREDIENTS BRASIL Nº Introdução

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE VITAMINA C EM DIFERENTES SUCOS NATURAIS E INDUSTRIALIZADOS

Agroindústria Processamento Artesanal de Frutas - Compotas (limão, goiaba, manga, figo) Menu Introdução Figo Goiaba Limão Manga. 1.

ANÁLISE DE DIFERENTES MODELOS DE ATRIBUIÇÃO DE NOTAS DA AVALIAÇÃO INTEGRADORA (AVIN) DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DO UNICENP

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS COMO SUBSTRATO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATEIRO

OBTENÇÃO DE ETANOL A PARTIR DA BIOMASSA DE FRUTAS

QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE ILHA SOLTEIRA (SP)

POTENCIALIDADES DO LODO DE ESGOTO COMO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS

Lara Ribeiro Sisti Luisa de Albuquerque Philippsen Laudicéia Soares Urbano INTRODUÇÃO

TÍTULO: ACEITABILIDADE DE REFRIGERANTE COM FIBRA COMPARADO COM MARCA LÍDER DE MERCADO E MARCA REGIONAL DA CIDADE DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP

Treinamento Conservas de frutas 382

Satisfação dos consumidores: estudo de caso em um supermercado de Bambuí/MG

48º Congresso Brasileiro de Olericultura

POSTURA CORPORAL/DOENÇAS OCUPACIONAIS: UM OLHAR DA ENFERMAGEM SOBRE AS DOENÇAS OSTEOARTICULARES

Análise da influência do marketing verde na decisão de compra de estudantes universitários no interior da Paraíba

UFPB PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

Considerando a necessidade de estabelecer a identidade e a qualidade dos produtos de cervejaria destinados ao consumo humano;

PROMOVENDO A REEDUCAÇÃO ALIMENTAR EM ESCOLAS NOS MUNICÍPIOS DE UBÁ E TOCANTINS-MG RESUMO

DEFUMAÇÃO. Aplicação da defumação. Defumação: DEFUMAÇÃO. Efeito conservante da defumação MECANISMO DE AÇÃO DA FUMAÇA

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO ÁCIDO CLORÍDRICO NA ATIVAÇÃO ÁCIDA DA ARGILA BENTONÍTICA BRASGEL

Avaliação agronômica de variedades de cana-de-açúcar, cultivadas na região de Bambuí em Minas Gerais

CONCURSO DE TOMATE. O Melhor Tomate do Brasil no 6º Seminário Nacional de Tomate de Mesa 2015

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICO DOS REFRIGERANTES

III PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO A PARTIR DE FOLHAS DE CAJUEIRO E MANGUEIRA

Características da Carne de Frango

Teste de aceitabilidade mercadológica de duas cultivares de soja especiais para alimentação humana

EFEITO DE DIFERENTES NÍVEIS DE CÉLULAS SOMÁTICAS SOBRE A QUALIDADE DE IOGURTE NATURAL E QUEIJO MINAS FRESCAL

Instituto Politécnico de Coimbra Escola Superior Agrária de Coimbra

PESQUISA DE MERCADO COM CONSUMIDORES DE OVO DE CODORNA

DataSenado. Secretaria de Transparência. Avaliação do programa Ciência sem fronteiras. Perfil dos participantes

FARINHA DO CAROÇO DA MANGA COMO INGREDIENTE NA ELABORAÇÃO DE PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO

ELABORAÇÃO DE GELEIAS DIETÉTICAS DE VINHO

Eixo Temático Gestão Ambiental BARREIRAS ENCONTRADAS NA COMPRA DE PRODUTOS ORGÂNICOS NUM SUPERMERCADO DE NATAL/RN

PRODUÇÃO DE ETANOL A PARTIR DA RAIZ DE MANDIOCABA

GROINDÚSTRIA PALAVRAS-CHAVE: ABACAXI; RESÍDUOS DE CASCA; GELÉIA; ANÁLISE SENSORIAL.

Elaboração e análise sensorial de salgado assado adicionado da casca de abacaxi (Ananas comosus L. Merril).

ANEXO MODELO DE PROPOSTA COMERCIALCOM VALORES

SEGURANÇA MICROBIOLÓGICA DE RESÍDUO DA INDUSTRIALIZAÇÃO DE BATATA

INSTRUÇÃO DE TRABALHO Determinação de Amido e Carboidratos Totais em Produtos de Origem Animal por Espectrofotometria UV/Vis

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: PAPENBORG LATICÍNIOS LTDA

FINANCIAMENTO DE UNIDADES DE I&D ( )

Monitoria como instrumento para a melhoria da qualidade do ensino em Farmacotécnica

Teste Sensorial - Doce de Leite Prime -

Estudo sobre o Uso de Drogas entre estudantes do Ensino Médio e EJA na Escola Estadual Silveira Martins/Bagé-RS

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA E LEGALIDADE EM BEBIDAS DE LARANJA

O Batido. O leite e a fruta apresentam na sua constituição um. Os batidos constituem-se como uma excelente fonte de

Perguntas e respostas sobre a RDC nº 44/2010

PERFIL DA POPULAÇÃO DE MICRO-ÁREAS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO BAIRRO SANTA FELICIDADE DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL PR

DETERMINAÇÃO VITAMINA C E AÇÚCARES DE TREZE VARIEDADES DE LARANJA PRODUZIDA NA REGIÃO DE TRÊS PONTAS MG

ANAIS 2010 ISSN IMPLANTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM EMPRESAS DO RAMO ALIMENTÍCIO

Química C Extensivo V. 2

V ESTUDO TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO GUAMÁ. BELÉM-PA.

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM PONTOS DETERMINADOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAMBORIÚ

PERFIL EMPREENDEDOR DOS APICULTORES DO MUNICIPIO DE PRUDENTÓPOLIS

Congresso Brasileiro de Processamento mínimo e Pós-colheita de frutas, flores e hortaliças

INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE VÁCUO NA DESSALINIZAÇÃO DE ÁGUAS SALOBRAS E SALINAS POR MEIO DE DESTILAÇÃO TÉRMICA

No Brasil, as frutas e

Transcrição:

165 ISSN 1517-8595 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, MICROBIOLÓGICA E SENSORIAL DE GELÉIA DE TOMATE Ana Claudia Tsuchiya 1, Ana da Graça M. da Silva 1, Marinêz de Souza 1, 2, Carla A. P. Schmidt 3 RESUMO O tomate apresenta excelente palatabilidade e é fonte de vitaminas e sais minerais. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a aceitabilidade e as características físico-químicas e microbiológicas de diferentes formulações de geléia de tomate. Foram elaboradas três formulações de geléia: geléia de tomate simples (GTS), geléia de tomate com hortelã (GTH) e geléia de tomate com cravo-da-índia (GTC). As geléias foram avaliadas quanto ao ph, acidez titulável (% ácido cítrico), sólidos solúveis totais (ºBrix), avaliação microbiológica e sensorial. Todas as formulações estavam de acordo com os padrões microbiológicos e físico-químicos estabelecidos pela legislação vigente e apresentaram índices de aceitabilidade superiores a 75 (% aceitação), o que indica que o produto seria bem aceito no mercado brasileiro. Palavras-chave: análise microbiológica, avaliação físico-química, pectina. PHYSICAL-CHEMICAL, MICROBIOLOGICAL AND SENSORIAL CHARACTERIZATION OF TOMATO JAM ABSTRACT Tomatoes present excellent palatability and are a source of vitamins and mineral salts. This study assesses the acceptability and the physical-chemical and microbiological of different formulations of the tomato jam. Three types of tomato jam have been developed: pure tomato jam (PTJ), tomato jam with mint (TJM), tomato jam with clove (TJC). The various kinds of jam had their ph, acidity (% citric acid), soluble solids (º Brix), microbiological and sensorial evaluation assessed. All formulations were in tune with the standard microbiological and physical-chemical requirements as established by law, having presented higher rates of acceptability, up to 75%, which indicates that the product will be well accepted in the Brazilian market. Keywords: microbiological analysis, physical chemical evaluation, pectin. Protocolo 102.22 de 22/09/2008 1 Graduanda Curso de Tecnologia em Laticínios, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: aninha.foz@hotmail.com, espanholinha_smi@hotmail.com, marinez.de.souza@hotmail.com 2 Graduanda Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: marinez.de.souza@hotmail.com 3 Doutoranda Curso de Agronomia, Universidade Estadual de Londrina e Docente Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: cs910@yahoo.com.br 3

166 Caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de geléia de tomate Tsuchiya et al. INTRODUÇÃO Geléia de fruta é o produto preparado com frutas e/ou sucos ou extratos aquosos das mesmas, podendo apresentar frutas inteiras, partes e/ou pedaços de variadas formas. Tais ingredientes devem ser misturados com açúcares, com ou sem adição de água, pectina, ácidos e outros ingredientes até atingir consistência semisólida adequada. O termo frutas abrange frutos e partes comestíveis de vegetais, incluindo gengibre, tomate, ruibarbo, castanha e outras (Brasil, 1978). O fruto do tomate está entre as hortaliças mais consumidas no mundo. É fonte de vitaminas A e C, e sais minerais como potássio e magnésio. Os frutos em sua maioria são vermelhos quando maduros, com exceção aos cultivares japoneses do tipo salada, que possuem frutos rosados. Os pigmentos responsáveis pela coloração de tomates maduros são os carotenóides licopeno e β-caroteno (Resende, 1995). A pectina é o polissacarídeo que, junto com a celulose e hemicelulose, formam o material estrutural das paredes celulares dos vegetais (Bobbio & Bobbio, 2001). São solúveis em água e possuem número de metoxilas esterificadas e grau de neutralização variável. Na presença de ácido e sacarose, em concentrações adequadas, formam géis bastante estáveis, processo conhecido como geleificação (Silva, 2000). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a aceitabilidade e as características físicoquímicas e microbiológicas de três diferentes formulações de geléia de tomate. MATERIAIS E MÉTODOS Obtenção das amostras No processamento da geléia foram utilizados frutos de tomate tipo Santa Cruz adquiridos no CEASA da cidade de Foz do Iguaçu - PR, açúcar cristal Alto Alegre, cravo-daíndia (Caryophilus aromaticus), hortelã (Mentha spicata), limões rosa (Citrus limonia), adquiridos no comércio local, e pectina GRINDSTED Pectin LA 210, fornecida pela empresa Danisco Brasil Ltda. Para a elaboração de cada formulação de geléia foram selecionados 5 quilos de tomate maduros e com homogeneidade no tamanho. Estes foram higienizados em água corrente e cortados ao meio através de processo manual. Após terem sido cortados, os frutos foram triturados no liquidificador e peneirados. A polpa retida na peneira foi descartada e o suco (rendimento de 80%) transferido para um recipiente de aço inoxidável, com a adição dos ingredientes sólidos, açúcar cristal (62,5%) e pectina (0,5% em relação a massa total). Após a homogeneização e completa dissolução dos ingredientes foi adicionado 1,5% de caldo de limões rosa. A mistura permaneceu sob cocção e agitação manual contínua durante 5 horas em fogo brando, até a obtenção da consistência adequada de geléia (65ºBrix). Após a cocção, as geléias foram envasadas em frascos de vidro, seguido de resfriamento e armazenamento sob refrigeração. O procedimento citado foi utilizado para a elaboração de geléia de tomate simples (GTS), geléia de tomate com hortelã (GTH) e geléia de tomate com cravo-da-índia (GTC), diferenciandose apenas na utilização 0,5% de folhas de hortelã para GTH e 0,25% de cravos-da-índia para GTC, sendo estes adicionados antes do aquecimento da mistura. Análises físico-químicas As três formulações de geléia de tomate foram avaliadas quanto ao ph, acidez titulável (% ácido cítrico) e sólidos solúveis totais (ºBrix) de acordo com os métodos preconizados pelo Instituto Adolfo Lutz (1985). Análises microbiológicas Dentre as análises microbiológicas a que as geléias foram submetidas estão: coliformes a 35ºC e 45ºC, mesófilos, bolores e leveduras e estafilococos coagulase positiva. As análises foram realizadas em triplicata de acordo Brasil (2003). Para a realização das mesmas foi utilizado o laboratório de Microbiologia de Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus de Medianeira.

Caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de geléia de tomate Tsuchiya et al. 167 Análise sensorial A avaliação sensorial foi realizada por 102 julgadores não treinados, entre docentes e discentes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A equipe abrangeu indivíduos de ambos os sexos, sendo 67 % do sexo feminino e 33 % do sexo masculino, com idade entre 14 e 50 anos. O procedimento ocorreu em Laboratório de Análise sensorial, com cabines individuais, sob luz branca. A apresentação das amostras para a análise sensorial deu-se em pratos de porcelana, codificados com 3 dígitos aleatórios. Estas foram servidas com acompanhamento de biscoitos tipo água e sal fornecidos pela empresa Ninfa Indústria de Alimentos Ltda e um copo de 180 ml de água destilada para limpeza do palato entre a avaliação das amostras. Os atributos avaliados foram: sabor, aroma, cor, brilho, consistência e impressão global. Para o teste de aceitação cada provador recebeu uma ficha de avaliação sensorial, com escala hedônica estruturada de nove pontos, abrangendo de desgostei muitíssimo a gostei muitíssimo (Figura 1). Figura 1: Ficha correspondente a escala de avaliação sensorial. Os resultados obtidos a partir dos testes sensoriais foram avaliados por análise de variância (ANOVA) e teste de comparação de médias de Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO Análises físico-químicas As geléias apresentaram coloração vermelha e consistência uniforme. Para verificação das características físico-químicas, as três formulações foram submetidas a análises de ph, acidez titulável (% ácido cítrico) e sólidos solúveis totais (ºBrix). Os resultados estão expressos na Tabela 1.

168 Caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de geléia de tomate Tsuchiya et al. Tabela 1: Características físico-químicas das três formulações de geléia de tomate. Análises GTS GTH GTC ph 3,1 3,2 3,3 Acidez titulável (% ácido cítrico) 0,5 0,4 0,6 Sólidos solúveis totais (ºBrix) 65 65 65 Na preparação de geléia a legislação brasileira estabelece um ph máximo de 3,4, acidez titulável de no mínimo 0,3% e no máximo 0,8% e um teor mínimo de 65ºBrix de sólidos solúveis totais (Jackix, 1988). De acordo com os resultados da avaliação físico-química (Tabela 1), observa-se que as três formulações apresentaram-se de acordo com esses parâmetros. O teor de sólidos solúveis totais, ph e acidez contribuíram para a formação da consistência adequada das geléias. Além disso, de acordo com Jackix (1988), ao ph de 3,1 têmse a inibição da proliferação de microrganismos patogênicos. Análises microbiológicas As análises microbiológicas efetuadas avaliam as condições higiênicas do produto (Tabela 2). Tabela 2: Resultado das análises microbiológicas das três formulações de geléia de tomate. Amostras Coliformes à 35 ºC (NMP/g) Coliformes à 45 ºC (NMP/g) Mesófilos (UFC/g) Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) Bolores e leveduras (UFC/g) GTS < 3 < 3 < 10 1 < 10 2 10 3 GTH < 3 < 3 < 10 1 < 10 2 < 10 2 GTC < 3 < 3 < 10 1 < 10 2 10 3 Nenhuma das amostras apresentou contaminação por coliformes a 35 e 45 ºC, mesófilos e estafilococos coagulase positiva. Para bolores e leveduras o limite estabelecido é de 10 4 UFC/g, estando portanto todas as formulações dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente (Brasil, 2001). A maior preocupação no processamento de geléias é a presença de bolores e leveduras já que estes necessitam de baixo ph para sua multiplicação. Mas devido à baixa resistência térmica, raramente estão associados a processos de deterioração de produtos que sofreram tratamento térmico, porém deve ser lembrada a existência de algumas espécies termorresistentes de fungos deterioradores (Torezan & Pezoa, 2000). Estes resultados estão de acordo com os resultados apresentados por Granada et al. (2005), nos quais constataram incidência e crescimento de microrganismos do grupo coliforme e de bolores e leveduras inferiores a 3 NMP/g e 10 4 UFC/g, respectivamente. Análise sensorial Uma pesquisa de consumo de geléias foi realizada anteriormente a elaboração das geléias de tomate, com o objetivo de verificar o consumo e a aceitabilidade do produto a ser elaborado. A pesquisa contou com uma amostra

Caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de geléia de tomate Tsuchiya et al. 169 aleatória de 100 pessoas, entre discentes e docentes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Dos participantes da pesquisa 59,8% eram do sexo feminino e 40,2% do sexo masculino, com idade entre 14 e 55 anos. Observou-se que 65,7% dos participantes incluem geléias em sua dieta, e que para 52,4% estas servem como acompanhamento de pães. Verificou-se que os sabores de preferência destes consumidores são os tradicionais de uva, morango e goiaba, e que 59,4% dos entrevistados consumiriam geléias de sabores não tradicionais, como é o caso da geléia de tomate. A Tabela 3 apresenta as médias atribuídas às geléias pelos provadores, para os atributos sabor, aroma, cor, brilho, consistência e impressão global. Tabela 3: Notas médias atribuídas pelos provadores às diferentes formulações de geléia de tomate. Atributos Amostras GTH GTS GTC Sabor 7,19ª 7,13ª 7,14 a Aroma 7,13ª 7,01ª 7,08ª Cor 7,37ª 7,45ª 7,38ª Brilho 7,35ª 7,59ª 7,51ª Consistência 7,15ª 7,25ª 7,14ª Impressão global 7,40ª 7,37ª 7,20ª *Médias seguidas de mesma letra na mesma linha não diferem significativamente de acordo com o teste Tukey, a 5% de significância. Constatou-se que não houve diferença significativa ao nível de 5% entre as geléias elaboradas. As notas atribuídas aos parâmetros sensoriais analisados, indicam que os provadores gostaram de forma regular a moderada (conceitos gostei regularmente e gostei muito ) das diferentes formulações de geléias de tomate. Figura 2: Resultado do teste de aceitabilidade das diferentes formulações de geléia de tomate, de acordo com os atributos avaliados em porcentagem de aceitação dos produtos.

170 Caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de geléia de tomate Tsuchiya et al. As três formulações de geléia de tomate obtiveram grau de aceitação elevado, de 95-75% (Figura 2). Segundo Dutcoksky (1996), índices de aceitabilidade superiores a 70% indicam que o produto terá boa aceitação no mercado brasileiro. Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que as diferentes formulações de geléia de tomate são uma opção viável para industrialização de novos produtos, tendo em vista o valor nutricional do tomate e o montante da produção nacional. CONCLUSÃO Ao nível de significância de 5%, verificouse que não houve diferença significativa entre as formulações de geléia de tomate. As médias e a percentagem obtidas foram consideradas satisfatórias, tendo em vista que as formulações elaboradas apresentaram índices de aceitabilidade superiores a 75 (% aceitação), o que indica que o produto seria bem aceito no mercado brasileiro. Para os requisitos físico-químicos de ph, acidez e sólidos solúveis totais, os produtos apresentaram-se de acordo com os padrões estabelecidos, fatores estes que contribuíram para a formação da consistência e aspectos sensoriais desejáveis das geléias. Nenhuma das amostras apresentou-se em desacordo com os padrões microbiológicos estabelecidos pela legislação vigente. AGRADECIMENTOS A Indústria Danisco Brasil Ltda, localizada em Cotia SP, por ter fornecido a pectina utilizada no processamento das geléias e Ninfa Indústria de Alimentos Ltda, localizada em Medianeira PR, por ter fornecido o biscoito utilizado na análise sensorial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Ministério da Saúde.. Resolução Normativa nº 15. Secretaria de Vigilância Sanitária. 1978. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 62 de 26 de agosto de 2003. Brasil. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 12. Secretaria de Vigilância Sanitária., 02 de janeiro de 2001. Bobbio, P. A.; Bobbio, F. O. Química do processamento de alimentos. 3 ed. São Paulo: Livraria Varela, 2001. 143p. Dutcoksky, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 1996. 123p. Granada, G. G.; Zambiazi, R. C.; Mendonça, C. R. B.; Silva, E. Caracterização física, química, microbiológica e sensorial de geléias light de abacaxi. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 25(4): 629-635, out.-dez. 2005. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 2 ed. São Paulo, 1985, 371 p. Jackix, M. H. Doces, geléias e frutas em caldas: teórico e prático. Ed. da UNICAMP. São Paulo: Icone, 1988. 172p. Resende, J. M. Qualidade pós-colheita de dez genótipos de tomate do grupo multilocular. 1995. Lavras, 88 f. Dissertação (Mestre em Ciência dos Alimentos). Escola Superior de Lavras. Silva, J. A. Tópicos da tecnologia dos alimentos. São Paulo: Varela, 2000. 227p. Torezan, G. A. P.; Pezoa Garcia, N. H. Produção de geléia de manga através de processo contínuo de fabricação, rica em sólidos da fruta e sem adição de açúcares. In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia Alimentos, 17, Fortaleza-CE, 2000, Resumos... Fortaleza- CE, Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2000, v. 4, p. 11.136.