As correntes subterrâneas dum e-learning inovador: uma antevisão do relatório anual HELIOS 2006/07 Claudio Dondi



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Transcrição:

Nº 4 Maio 2007 elearning Papers Editorial Observar o fenómeno e-learning Roberto Carneiro e Fabio Nascimbeni Artigos As correntes subterrâneas dum e-learning inovador: uma antevisão do relatório anual HELIOS 2006/07 Claudio Dondi HELIOS: redefinir Territórios e-learning Claudio Delrio e Thomas Fischer Observar o fenómeno e-learning: o ensino nas escolas. Analisar a inovação transformadora do e-learning Nikitas Kastis O e-learning na Bulgária o estado da arte Daniela Tuparova e Georgi Tuparov Incorporar recursos em linha em contextos presenciais na universidade. A óptica dos estudantes Linda J. Castañeda Quintero elearning Papers A elearning Papers é uma revista do elearningeuropa.info, o portal da Comissão Europeia que promove a utilização das TIC na área da aprendizagem ao longo da vida Edição e produção: P.A.U. Education, S.L. Email: editorial@elearningeuropa.info ISSN: 1887-1542 Os textos publicados nesta revista, excepto indicação em contrário, estão sujeitos a uma licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Proibição de realização de Obras Derivadas 2.5. Podem ser copiados, distribuídos e exibidos desde que sejam citados o autor e a fonte electrónica que os publicou, a elearning Papers. Não estão autorizados o uso comercial nem as obras derivadas. A licença pode ser consultada na íntegra em http://creativecommons.org/licenses/by-ncnd/2.5/deed.pt_pt

Editorial: observar o fenómeno e-learning Como com qualquer outro novo fenómeno complexo, o e-learning tem vindo a atrair, nas últimas décadas, grande interesse junto de diversos quadrantes, e de forma verdadeiramente horizontal, nos sectores do ensino e da formação. São muitos os nomes dados ao uso desta ou daquela TIC nos processos de aprendizagem, desde e-learning a aprendizagem enriquecida por via tecnológica, a aprendizagem ubícua; são várias as gerações anunciadas para o e-learning; e várias as previsões sobre o seu futuro desde as mais optimistas às mais cépticas. Paralelamente, a crescente relevância do uso de TIC nos sectores do Ensino & da Formação (E&F) tradicionais e a crescente aceitação do potencial que as novas tecnologias podem provocar nos sistemas de aprendizagem revelam a falta de informação fiável nos planos quantitativo e qualitativo sobre o fenómeno e-learning. Esta situação não surpreenderá ninguém, dada a natureza mista do e- learning : por um lado as TIC, uma das componentes de mudança mais rápidas na nossa sociedade, e por outro o ensino, um dos sectores reconhecidamente mais lentos em acatar mudanças. Com efeito, apesar dum certo número de organizações recolherem, analisarem e produzirem de forma profissional informações sobre e-learning (o Eurostat, a rede Eurydice, a IEA, a OCDE, a EUN, o Eurobarómetro, e vários projectos CE), estas recorrem a metodologias diferentes chegando a resultados também diferentes seja em termos de cobertura temporal, geográfica ou de utilizadoresalvo. A Rede MENON, co-editora deste número da revista elearning Papers, e os seus membros têm observado nos últimos 15 anos as mudanças ocorridas nos campos do E&F induzidas pelas TIC à luz de perspectivas globalizantes, concentrando-se em aspectos diferentes, mas sempre com a intenção de complementar exercícios em curso e de contribuir para o aprofundamento futuro do e- learning na Europa. Paradoxalmente, vários exercícios de observação (ewatch, L-change, DELOS, HELIOS, POLE e os projectos LEONIE) chegaram à conclusão que tentar observar o e-learning enquanto fenómeno coerente pode muito bem induzir em erro: a experiência diz-nos que, nos dias que correm, existem tantas alternativas de e-learning quantos os sub-sistemas diferentes de aprendizagem (escola, universidade, formação profissional, desenvolvimento profissional nas empresas, educação de adultos, aprendizagem informal) e as visões que os encarregados de promover e de conceber os sistemas de e-learning têm do mundo. Os artigos deste número da elearning Papers aprofundam este conceito da diferenciação das alternativas em e-learning, começando no artigo de Claudio Dondi por uma análise crítica das mudanças que ocorrem hoje em dia nos sistemas de E&F e por uma observação da inovação interna que as TIC podem trazer à aprendizagem, passando no artigo de Claudio Delrio por um esforço de estruturação capaz de definir diferentes Territórios e-learning onde as mudanças ocorrem a ritmos distintos, e terminando no artigo de Nikitas Kastis - com uma leitura do que se passa no sector das escolas em relação ao e-learning. Roberto Carneiro e Fabio Nascimbeni elearning Papers www.elearningpapers.eu ISSN 1887-1542 2

Claudio Dondi SCIENTER, Itália Ao passo que no ano 2000 a percepção que se tinha do e-learning era a de que se estava perante uma mega tendência única nos sistemas de ensino e no sector das empresas, a experiência mostrou que isso não é verdade. A mudança em E&F, política de inovação, tendências nfo/files/media/media12720. As correntes subterrâneas dum e-learning inovador: uma antevisão do relatório anual HELIOS 2006/07 Este artigo é uma antevisão do relatório anual do HELIOS 2006/07, publicação final do projecto HELIOS, que apresenta as principais evoluções em e-learning dos últimos dois anos na Europa e faz uma recensão do debate em torno da inovação associada às TIC nos sistemas de ensino e formação. O artigo expõe, nomeadamente, o debate em curso na Europa sobre e- learning, sobre a aprendizagem ao longo da vida e a inovação provocada pelas TIC nos sistemas de ensino e de formação na UE. Abrindo com uma análise da crise conceptual e terminológica que parece presentemente afectar o próprio conceito de e-learning, o artigo afirma que, paradoxalmente, o hábito de se recorrer às TIC para dar apoio a processos de aprendizagem parece estar hoje mais disseminado e mais articulado do que alguma vez esteve. Indo mais longe afirma que, ao passo que no ano 2000 a percepção que se tinha do e-learning era a de que se estava perante uma mega tendência única nos sistemas de ensino e no sector das empresas, a experiência mostrou que isso não é verdade. Na realidade, a finalidade, os modelos pedagógicos ou melhor o corpo de aprendizagem a organização e a incorporação económica do e-learning são extremamente diferenciados, não apenas consoante o sub-sistema de aprendizagem (escola, universidade, formação profissional, etc.) mas também consoante as visões que os encarregados de promover e de conceber os sistemas de e-learning têm do mundo. Para uma melhor percepção destas diferentes formas e visões do e- learning, muito longe já da distinção sectorial clássica, o HELIOS propõe-nos o conceito de Territórios e-learning, camadas adicionais de diferenciação e de articulação do fenómeno TIC para aprender, para nos ajudar a compreender melhor as dinâmicas presentes e futuras do e-learning. O artigo passa depois a analisar a relação entre o e-learning e a inovação na aprendizagem; os resultados do HELIOS mostram que, para além das tendências terminológicas e da publicidade que se lhe faz, o lugar ideal para novo e-learning não é onde o conhecimento consolidado precisa de ser divulgado mas sim onde se está a desenvolver novo conhecimento, onde os objectivos da inovação vão ser partilhados e atingidos de forma participativa. Seguidamente reflecte-se sobre como é que o HELIOS vê o e-learning no ano 2010, e mais especificamente sobre os ritmos de mudança nos diferentes Territórios e-learning. Como era de se esperar, a velocidade observada em ambientes de aprendizagem informal é mais elevada, é bastante elevada no ambiente empresarial e mais reduzida no ensino e na formação institucionais. À guisa de conclusão genérica, os resultados do observatório HELIOS dizem-nos que o novo lugar do e-learning enquanto catalizador da inovação e enriquecedor de processos de aprendizagem informal precisa duma abordagem completamente nova, em que os decisores em matéria de educação não são os únicos, nem mesmo os principais, agentes. A aprendizagem tem de ser encorajada em qualquer momento, em qualquer lugar: neste campo, os decisores em matéria de desenvolvimento local e regional estão muito bem colocados para pôr em prática medidas consequentes. elearning Papers www.elearningpapers.eu ISSN 1887-1542 3

HELIOS: redefinir Territórios e-learning Claudio Delrio SCIENTER, Itália Thomas Fischer FIM- NewLearning, Alemanha Em vez de nos centrarmos em leis unidireccionais de evolução, talvez seja mais adequado adoptar uma leitura descritiva e indutora e tentar isolar e descobrir áreas coerentes de e-learning, para podermos apreender um fenómeno tão multiforme como é o do e-learning. Territórios e-learning, evolução, mapeamento,observação nfo/files/media/media12725. Durante muito tempo, a representação da evolução da sociedade industrial foi feita em termos duma diferenciação funcional crescente distribuída por entre os vários extractos sociais. À luz deste paradigma, à medida que se desenvolve um fenómeno social, este passa duma natureza indiferenciada para a sua diferenciação em várias camadas sociais ou sistemas, assumindo em cada um funções distintas. Daí que o que aconteceu nos últimos anos com a evolução do e-learning possa muito bem ter sido a passagem para a sua diferenciação funcional. Todavia, não é possível partir do princípio de que as únicas divisões na evolução do e-learning estejam associadas apenas à diferenciação funcional em sub-sistemas sociais. Estão a aparecer muitas outras divisões possíveis (ex: por sector, por finalidade ou consoante o grupo-alvo) que têm contribuído para uma crescente diferenciação do e-learning. Para mais, a tecnologia permite um número cada vez maior de cenários de utilização; o e-learning está frequentemente associado à aprendizagem presencial em formatos combinados e podemos identificar evoluções especificamente nacionais em e-learning. Em vez de nos centrarmos em leis unidireccionais de evolução, talvez seja mais adequado adoptar uma leitura descritiva e indutora e tentar isolar e descobrir áreas coerentes de e-learning, para podermos apreender um fenómeno tão multiforme como é o do e- learning. Assim, neste artigo apresentamos os chamados Territórios e-learning, criados pelo consórcio HELIOS. Estes Territórios e- learning são úteis por várias razões: - Ajudam a ir para além das simples diferenciações funcionais do e-learning e da sua evolução; - Contribuem para pôr fim ao debate que opõe o desaparecimento do e-learning ao seu desenvolvimento total, visto que se defende que o e-learning se encontra em fases de desenvolvimento diferentes em territórios diferentes; - Criam uma plataforma de diálogo para os profissionais e os decisores, e espera-se deles que alimentem as vias de pesquisa dos investigadores; - Vêm dar apoio às redes de contactos, à coordenação e à integração entre projectos e observatórios nacionais, sectoriais e especializados; - Promovem o benchlearning, já que sugerem que se passe de avaliações comparativas para análises interpretativas e adaptativas; - Assim, estão a contribuir para a identificação e para a recolha de indicadores relevantes sobre o desenvolvimento do e-learning e o seu impacto no interior de cada território; - Finalmente podem ser usados como roteiro para desenvolvimentos em e-learning tendo como ponto de partida uma base territorial em vez duma base agregada. elearning Papers www.elearningpapers.eu ISSN 1887-1542 4

Nikitas Kastis MENON Network Segundo a qual as mudanças necessárias que caracterizam as interrelações com a tomada de decisão na educação e com as evoluções fora da escola passam agora a ser tidas em conta. Palavras Chave Escolas, inovação nfo/files/media/media12729. Observar o fenómeno e-learning: o ensino nas escolas. Analisar a inovação transformadora do e-learning Nos últimos 25 anos, o sector das escolas tem sido o terreno mais fértil para as políticas públicas e para as actividades de financiamento, assim como para as que têm um interesse comercial, com o fito de aumentar a disponibilidade das TIC no sector educativo. Desde o tempo em que se ia simplesmente ao encontro das necessidades de inovações piloto nos processos de aprendizagem, o discurso institucional sobre o impacto das TIC nos resultados escolares assumiu gradualmente uma abordagem mais amadurecida e objectiva segundo a qual as mudanças necessárias que caracterizam as inter-relações com a tomada de decisão na educação e com as evoluções fora da escola passam agora a ser tidas em conta. Estas inter-relações foram muito afectadas pelo grau de penetração das TIC na sociedade em geral, implicando uma abordagem holística à evolução da aprendizagem na escola no que respeita aos resultados escolares e ao seu impacto a longo prazo no crescimento e na inclusão social. Houve muito investimento público, sob a forma de subsídios ao desenvolvimento de produtos finais ou de produtos-piloto (sobretudo off-line) tanto a nível nacional como europeu. No entanto, apesar da ausência de análises bem fundamentadas sobre a rentabilidade em termos qualitativos e de eficiência na aprendizagem, parece que estas aplicações de conteúdo específicas só foram postas em prática marginalmente nos curricula escolares. Entretanto, as alterações dos modelos (comerciais) de conteúdo digital, que aparecem devido ao aumento constante dos serviços disponíveis via Internet, que revolucionam os mercados de serviços de conteúdo, questionam cada vez mais o paradigma tradicional de que o conhecimento se adquire na escola (do modelo unívoco do debitar para um modelo combinado debitar-sacar-debitar ). Isto significa que a disponibilidade em hardware (infra-estrutura) e a (relativa) abundância de conteúdo digital tipo sebenta (a falácia das novas sebentas da era electrónica) não parecem ser suficientes para criar experiências de aprendizagem inovadoras, enriquecidas e avançadas, fazendo com que a rentabilidade dos investimentos seja marginal. Passámos assim a considerar três dimensões estratégicas da evolução: a que respeita aos processos de tomada de decisão (gestão das escolas), a que respeita ao nível de acessibilidade relacionado com a obtenção duma qualidade padrão e, finalmente, a que respeita ao aparecimento de campos de intersecção no desenvolvimento profissional dos docentes assim como à cadeia de valor do conteúdo (conhecimento) já que faz desaparecer a fragmentação tradicional entre quem cria e quem consome conhecimento. elearning Papers www.elearningpapers.eu ISSN 1887-1542 5

Daniela Tuparova Universidade do Sudoeste, Bulgária Georgi Tuparov Universidade do Sudoeste, Bulgária Nos últimos anos do processo de pré-adesão da Bulgária à União Europeia, as condições de incorporação e de utilização eficiente do e-learning em vários estabelecimentos de ensino melhoraram consideravelmente. Escola, universidade, incorporação, professores, atitudes nfo/files/media/media12735. O e-learning na Bulgária o estado da arte O estudo aborda o desenvolvimento e o ponto de situação do e- learning na Bulgária dos últimos anos. Apresentam-se dados estatísticos sobre o sistema educativo nacional. Identificam-se e analisam-se os principais catalizadores de desenvolvimento desta forma de educação na Bulgária. Os catalizadores são os estabelecimentos de ensino e de investigação que participam num certo número de projectos internacionais; as medidas tomadas pelo Estado para acelerar o processo de incorporação das tecnologias e-learning em todos os níveis do sistema de ensino; assim como o grau de preparação, as atitudes e os problemas do pessoal docente nos níveis do ensino secundário e superior. Nos últimos anos do processo de pré-adesão da Bulgária à União Europeia, as condições de incorporação e de utilização eficiente do e-learning em vários estabelecimentos de ensino melhoraram consideravelmente. Os principais factores que influenciaram positivamente a melhoria do índice de e-ensino na Bulgária podem ser resumidos aos seguintes: participação de estabelecimentos de ensino e de investigação numa série de projectos internacionais; política governamental; iniciativas tomadas pelos estabelecimentos de ensino, de investigação e universidades; especialistas qualificados em TIC, pedagogia, psicologia e outras áreas que, de forma entusiasta, dão o seu contributo ao desenvolvimento e à divulgação de conteúdo e- learning. Infelizmente subsistem problemas tais como a falta de conteúdo e-learning, nomeadamente na área das ciências sociais e humanas; a insuficiente preparação e disponibilidade por parte de professores universitários e pessoal docente nas escolas quanto ao uso das tecnologias e-learning; a insuficiente capacidade pedagógica por parte dos professores para o uso de tecnologias e-learning; ausência dum sistema de regras nos estabelecimentos de ensino e em algumas universidades para incentivar o pessoal docente a desenvolver e a utilizar conteúdo e-learning. A nosso ver, para ultrapassar os problemas apontados acima, é necessário adoptar um sistema regulamentar que incentive, desenvolva e recorra a conteúdos e-learning em todos os níveis de ensino; é necessário divulgar boas práticas; tornar largamente acessíveis software de fonte aberta e ambientes e-learning com interfaces em búlgaro; fazer investigação conjunta a uma escala maior sobre temas tecnológicos e pedagógicos em e-learning; ter um maior número de universidades a oferecer Masters em e- learning. elearning Papers www.elearningpapers.eu ISSN 1887-1542 6

Linda J. Castañeda Quintero Educational Technology Research Group (GITE). Universidade de Múrcia, Espanha A comunicação em linha mais comum entre estudantes e professores é o correio electrónico e não outras ferramentas (fóruns, quadros de mensagens, etc.), e a aprendizagem onsite não é suficientemente valorizada por nenhuma das partes. Universidade, aprendizagem flexível, recursos em linha, docente, estratégia em espanhol http://www.elearningeuropa. info/files/media/media12743. Incorporar recursos em linha em contextos presenciais na universidade. A óptica dos estudantes Neste documento apresentamos um relatório de avaliação sobre o programa Campus Virtual desenvolvido pela Universidade de Múrcia (Espanha). O programa abarca a concepção, a produção e o uso de recursos educativos em linha no contexto universitário para cursos de três faculdades diferentes (Química, Medicina e Educação), desenvolvido com um LMS (sistema de gestão da aprendizagem) próprio da Universidade chamado SUMA. Esta avaliação pretende aprofundar a análise do programa em termos da incorporação das ferramentas educativas TIC no ensino superior, da motivação dos professores e das estratégias de formação. O relatório expõe as opiniões dos estudantes envolvidos na experiência. A nossa amostra é de 243 estudantes de sete cursos diferentes e com eles aprendemos o seguinte: a) Os estudantes não estão preparados para utilizar eficientemente os novos meios para aprender, e preferem texto simples para trabalhar; a literacia digital dos nossos estudantes não é suficiente para aceder ao conhecimento disponibilizado pelos meios digitais; b) A comunicação em linha mais comum entre estudantes e professores é o correio electrónico e não outras ferramentas (fóruns, quadros de mensagens, etc.), e a aprendizagem on-site não é suficientemente valorizada por nenhuma das partes; c) Os estudantes têm uma opinião favorável em relação às TIC, mas não são verdadeiros entusiastas; d) A utilização de computadores pelos estudantes não aumentou depois desta experiência, mas melhorou a utilização que fazem das ferramentas TIC; e) As pessoas no ensino superior sabem que as TIC implicam o recorrer a mais dum recurso de aprendizagem, como recurso de trabalho, e dão muita importância à possibilidade de se trabalhar com estas tecnologias nos programas de licenciatura; f) Uma das prinicipais fontes de problemas relacionadas com o trabalho em linha é a natureza e as características do LMS utilizado. Finalmente, foi com este relatório que ficámos cientes de que o elemento mais relevante quando se trata de melhorar a incorporação das TIC no ensino superior é a metodologia pedagógica usada nos cursos. Esta é a nova linha da frente e deve ser explorada em profundidade. elearning Papers www.elearningpapers.eu ISSN 1887-1542 7