QUAL O PAPEL DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE DO CONTESTADO: O QUE FAZ O TUTOR? Nauria Inês Fontana 1 RESUMO: Este artigo pretende mostrar qual o papel da tutoria, comparando o que está relatado em bibliografia do assunto com a realidade desempenhada na UnC, enquanto tutoria. PALAVRAS-CHAVE: Educação a distância, Tutoria RESUMEN: Este artigo pretende mostrar cual eres el papel Del tutor, de la realidad de la UnC, en comparación a lo que esté relatado en bibliografía del asunto, en cuanto tutoría. PALABRAS-LLAVE: Educación a distancia, Tutoria 1. Introdução A definição de educação a distância utilizada neste trabalho é a constante no artigo primeiro do Decreto 2494, de 10 de fevereiro de 1998, reproduzida a seguir: é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. Segundo Bacha Filho (2003, p.27) falar em educação a distância é tocar num assunto polêmico, visto por grande número de educadores como sinônimo de ensino de baixa qualidade ou de oportunismo mercantilista. Nos últimos anos a educação a distância (EAD) está crescendo devido, principalmente, à idéia de educação permanente, em função da velocidade e da inovação das informações que vem surgindo. Ainda, com auxílio de um eficiente sistema de correios, com bons sistemas de transmissão via televisão e internet, bem como o barateamento disto tudo, aliado a, cada vez mais, falta de tempo das pessoas e, especialmente, das dificuldades de deslocamento por motivos profissionais, familiares ou pessoais. Nesse sentido, a EAD passa a assumir papel determinante no processo de formação e atualização das pessoas, tornando realidade a cidadania universal. (Bacha, 2003,.28) Assim, relacionada a EAD temos vários papéis sendo desempenhados. Além do papel do professor, aparece o tutor. O que faz, o que deveria fazer. Qual o papel 1 Professora da UnC, Campus de Concórdia, Mestre em Lingüística, Tutora de EAD. fontana@uncnet.br
dele na EAD. Estas são algumas questões que queremos tentar responder neste artigo, especialmente no âmbito da UnC. 2. Tutoria, suporte para alunos que aprendem Devemos perceber que a EAD não se opõe a ensino presencial, mas lhe complementa. As mais variadas combinações entre o ensino presencial tradicional e o ensino a distância são possíveis de serem implementadas, com resultados positivos para a qualidade do ensino. (Bacha, 2003, p.41) A importância da tutoria aparece na Portaria 301, de 07 de abril de 1998, que normatiza os procedimentos de credenciamento, quando, no seu artigo terceiro, inciso quinto trata sobre a descrição clara da política de suporte aos profissionais que irão atuar como tutores. Segundo Rover (2003, p.51) o que diferencia a EAD da educação presencial, conseqüentemente, é o fato de que a responsabilidade pedagógica não recai preponderantemente sobre o professor como indivíduo, mas sobre a instituição que congrega professores e especialistas para a elaboração do material didático e de técnicas apropriadas para o acompanhamento do aluno e verificação de sua aprendizagem. A ABED, ao criar seu código de ética para a educação a distância também indica qual é o papel do tutor no processo de ensino aprendizagem, ou seja, é acompanhar, sistematicamente, o progresso de cada aluno, usando os recursos de tutoria, apoio didático e aconselhamento, e fazer um trabalho constante de motivação de cada um deles no sentido de que possam completar o programa de estudos com bom aproveitamento. 2.1 Competências Segundo Maia (2002, p.14) é fundamental que o tutor tenha competência tecnológica para agir com naturalidade, agilidade e aptidão no ambiente tecnológico que está utilizando. É preciso ser um hábil navegador e pesquisador da rede, conhecer sites de busca e pesquisa bem como ter intimidade com envio e recebimento de e-mails, netiqueta, participar de listas e fóruns de discussão, ter sido mediador em algum e-group ou tenha familiaridade de alguma comunidade virtual de aprendizagem. Para Niskier (1999, p.391) o tutor é o elemento estimulante e orientador para o autodesenvolvimento do aluno. Niskier ainda detalha qual é o papel do tutor: i. Comentar os trabalhos realizados pelos alunos; ii. Corrigir as avaliações escritas dos estudantes; iii. Ajudar os estudantes através de discussões e explicações para que compreendam os materiais dos cursos; iv. Responder as questões sobre a instituição; v. Ajudar aos estudantes para que planejem seu trabalho; vi. Organizar círculos de estudo;
vii. Fornecer informações por telefone, fax e e-mail; viii. Supervisionar trabalhos práticos e projetos; ix. Apresentar-se em encontros periódicos; x. Atualizar informações sobre o progresso dos estudantes; xi. Servir de intermediário entre a instituição e os estudantes. 2.2. Relacionamento professor-tutor Segundo Contreras López (1999, p.180) es muy importante que el profesor (...) y el tutor elaboren un plan de acción tutoral que comunicaran a los alumnos y en el que la resolución de problemas y otros ejercicios prácticos tengan asignado un papel fundamental. Muitas vezes o aluno manifesta melhor suas dúvidas com o tutor, sendo o tutor, então, elemento essencial para a aprendizagem do aluno. Segundo Niskier (1999, p.393) os tutores possuem uma participação importantíssima na avaliação, seja detectando dificuldades didáticas dos materiais instrucionais, seja observando os problemas de desempenho acadêmico dos estudantes seja sugerindo formas alternativas de enfrentar os problemas individuais que afetam os estudantes. 3. E na UnC? Atualmente a EAD está ainda engatinhando, mas isto não quer dizer que não haja tutoria. Na UnC, Campus de Concórdia, a tutoria acontece na forma à distância, como também na presencial. Nos vários cursos desenvolvidos pelo Núcleo de Educação a distância está presente o papel do tutor. Também nestes cursos são oferecidas oportunidades de encontros entre os alunos de um mesmo curso, a intervalos pré-determinados. Se seguirmos as indicações dadas por NISKIER, a tutoria da UnC faz todas as atividades ali citadas. Ou seja, a tutoria existente, comenta os trabalhos realizados pelos alunos; corrige as avaliações escritas dos estudantes; ajudar os estudantes através explicações para que compreendam os materiais dos cursos; responder as questões sobre a instituição, ou, quando não competente para tal, repassa para quem for competente para fornecer tal resposta; auxilia os estudantes para que planejem seu trabalho; organiza encontros para palestras, encontros ou simplesmente, avaliações e discussões; fornece informações por telefone, fax e, principalmente por e-mail; encaminha dúvidas para o professor responsável pelo curso, ou disciplina; mantêm atualizadas as informações sobre o progresso dos estudantes, enviando-as para os órgãos competentes; serve de intermediário entre a instituição e os estudantes. Enfim, em nada deixa a desejar. O tutor na UnC faz juz ao significado da palavra, ou seja, protege o aluno, realmente. Faz a orientação acadêmica e também a nãoacadêmica, orientando-o para o que for necessário com o objetivo do bom andamento no curso. Podemos até dizer que há dois tipos de tutoria: a presencial (em encontros,
palestras, ou outras atividades), quando o aluno procura a estrutura física oferecida pela UnC; e a tutoria a distância através das respostas via mail, telefone gratuito e ferramentas disponíveis no ambiente virtual, ou ainda quando o tutor toma a iniciativa de entrar em contato com seus tutorandos, por estes meios de comunicação. Entretanto, há algumas considerações que devem ser analisadas, ou seja, há um número reduzido de tutores em relação ao número de alunos matriculados em cursos ou disciplinas a distância, deste modo o atendimento não poderá ser feito com excelente qualidade. Sempre haverá perdas, para ambos os lados (alunos e Universidade). 4. Conclusão Há a necessidade de profissionais qualificados,comprometidos com a qualidade de Educação desejada. Para tanto, a UnC, também deverá fazer o seu papel, ou seja, oferecer um número razoável de alunos para cada profissional envolvido com a tutoria. No entanto, este é um caminho que está sendo iniciado, e, com certeza, assim que a UnC acrescer o número de alunos estudando a distância, conseqüentemente aumentará o número de profissionais envolvidos com a tutoria a distância. A orientação do tutor é extremamente necessária para que a aprendizagem ocorra de fato, com uma ativa interação e aprendizado. A utilização da informática, hoje, é um recurso educacional, que somente auxiliará o aluno para a ampliação dos seus saberes. 5. Referências ABED. Um código de ética para a educação a distância. In: FRAGALE FILHO, R. (org.). Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP & A, 2003, p.116-118 BACHA FILHO, T. Educação a distância, sistemas de ensino e territorialidade. In: FRAGALE FILHO, R. (org.). Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP & A, 2003, p.13-42 CONTRERAS LOPEZ, A. Las posibilidades de la educación a distancia en carreras de inginiería y medioambientales. In: MARTINS, O.B. (org). Educação a distância: um debate multidisciplinar. Curitiba: Edufpr, 1999. p.177-186 Decreto 2494 de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB. In: FRAGALE FILHO, R. (org.). Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP & A, 2003, p.81-84 FERREIRA, A.C.R. et. alii. Avaliação de um curso de formação de professores a distância: a experiência do consórcio UERJ/CEDERJ. Acessado em 09/06/04 Disponível em http://www.ateneonline.net/datos/40_01_oliveira_eloiza.pdf
MAIA, C. Guia brasileiro de educação a distância. São Paulo: esfera, 2002. MARTINS, O.B. (org.) Educação a distância: um debate multidisciplinar. Curitiba: edufpr, 1999. NISKIER, A. Educação a distância: a tecnologia da esperança. São Paulo: Loyola, 1999. Portaria 301 de 07 de abril de 1998, que normatiza procedimentos de credenciamento, In: FRAGALE FILHO, R. (org.). Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP & A, 2003, p.86-88 ROVER, A.J. A educação a distância no ensino de graduação: contexto tecnológico e normativo. In: FRAGALE FILHO, R. (org.). Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP & A, 2003, p.43-69