Uso do Método do RPG no Tratamento de Paciente de Escoliose Estrutural



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Transcrição:

1 Uso do Método do RPG no Tratamento de Paciente de Escoliose Estrutural Zeida Azevedo Quintelo 1 zeida.azevedo@gmail.com Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual Faculdade Ávila. Resumo A coluna vertebral possui curvaturas naturais no plano sagital. Uma curvatura lateral na coluna em um plano frontal é chamada de escoliose. A escoliose estrutural ocorre quando existe um comprometimento na estrutura da coluna com encurtamento lateral, rotação e alterações morfológicas e posturais das vértebras. O objetivo deste estudo consiste, por meio de pesquisa bibliográfica, apresentar os conceitos, as consequências, as causas e as condutas de tratamento fisioterápico, utilizando, como meio de terapia, a técnica de RPG (Reeducação Postural Global) como forma de melhorar o bem estar do paciente, eliminando a ocorrência de dores ou mesmo complicações secundárias, a exemplo de problemas respiratórios, sociais e deformidades osteomusculares. Para realização deste estudo, fez-se necessário realizar um levantamento de dados sobre o tema, utilizando artigos científicos e livros. O plano de tratamento com a reeducação postural global (RPG) faz parte de uma técnica de estímulo proprioceptivo, que promove a estabilidade corporal, aperfeiçoa as reações de equilíbrio e de endireitamento, que considera o sistema de músculo esquelético como um todo e único. Diante dessa conduta de tratamento fisioterapêutico, utilizando a técnica RPG, os sinais e sintomas causados pela doença são diminuídos, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes que são acometidos pela escoliose estrutural, o que vai refletir diretamente na sua vida diária. Palavras-chave: Escoliose estrutural; Tratamento; RPG (Reeducação Postural Global) 1. Introdução Nos dias atuais um dos maiores problemas que afligem os países em desenvolvimento são os males da coluna, situações que contribuem sobremaneira para limitar a vida ativa de seus habitantes, tornando-as, na maioria dos casos, precocemente incapacitados para o trabalho e outras atividades de rotina, interrompendo assim uma existência produtiva e acarretando ônus social para o Estado (MOMESSO, 1997). 1 Pós-graduando em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual 2 Orientador. Graduado em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestrando em Bioética e Direito em Saúde.

2 Existem muitas causas conhecidas de escoliose, podendo ser congênita ou adquirida e resultar de uma doença ou lesão. Algumas causas envolvem alterações na estrutura óssea. Entretanto, muitos dos casos de escoliose, as causas não conhecidas, sendo denominadas idiopáticas (FLORENCE P, 1995). A progressão de uma escoliose pode ser vista por alterações devido ao crescimento esquelético em que ocorre uma retração das partes moles posteriores, que vai adicionando um desequilíbrio que pode ser estrutural e não estrutural (SALATE, 2003). De acordo com Souchard & Ollier (2003), isso não tem causa aparente, podendo acontecer por distúrbios proprioceptivos e de equilíbrio, como também por anomalias do tecido de colágeno, dos discos e corpos vertebrais. Concluem também, estes autores, que na mesma existe uma retração dos transversos espinhais, principalmente os multifidios, tendo capacidade de produzir rotação para um lado e látero-flexão para o outro lado. O caráter compensatório da escoliose tem sempre uma retração assimétrica dos músculos espinhais que possuem: Resistência fibroelástica; tônus dos músculos da estática dependente da nossa ereção antigravitacional e uma função estática de suspensão. Sua boa tensão depende do equilíbrio e da rotação articular. Possuem duas forças componentes e uma resultante sobre as vértebras, de modo que, o disco intervertebral obriga a decomposição das forças nessa musculatura, gerando uma coaptação dos processos articulares de um lado, enquanto decoapta do lado oposto. Após certo grau de retração desse músculo constitui-se uma escoliose tridimensional (SOUCHARD & OLLIER, 2003). A escoliose apresenta uma rigidez das partes mole posteriores, levando a um assincronismo do crescimento dos corpos vertebrais anteriores e posteriores, induzindo uma rotação, promovendo uma diminuição ou desaparecimento da curva fisiológica (MIRAMAND, 2001). De acordo com Bienfait & Santos (1999), três tipos de tecidos estão envolvidos na evolução da escoliose: o ósseo, o conjuntivo e o muscular. O crescimento é o fator que os modifica. Sendo que, o conjuntivo e muscular, são dependentes de alongamento ósseo, onde não existe uma regra fixa para o mesmo, podendo ocorrer estirões bruscos. Este mesmo alongamento faz com que todos os músculos trabalhem sob tensão e se alonguem, aumentando o número de sarcômeros em série, bem como tensiona o tecido conjuntivo que resiste a esse crescimento ósseo. Sendo assim, isso leva a um desequilíbrio segmentar, criando-se o que denominamos de concavidade. Nesse caso, encontramos uma maior tensão do convexo. Em geral, a escoliose envolve a região torácica e lombar. Se ocorrendo tipicamente em indivíduos destros, há uma leve curva em S na torácica direita e lombar esquerda ou uma leve curva em C na toracolombar. Pode haver assimetria nos quadris, na pelve e nos membros inferiores (KISNER C, 2005). A escoliose torácica inicia-se por uma lordose, que é uma inclinação lateral e uma torção. A escoliose lombar inicia-se por um ângulo ílio-lombar, uma inclinação lateral, uma cifose lombossacra e uma rotação dos ilíacos. Uma escoliose de dupla curva equilibrada deve ser considerada como uma escoliose torácica, com uma contra curvatura lombar de reequilibração que se estruturalizou progressivamente (SOUCHARD & OLLIER, 2001). Em estudos realizados por Fauvy, a escoliose de dupla curva desequilibrada, deve ser considerada como uma escoliose lombar com ângulo ílio-lombar, acarretando uma contra curvatura torácica de reequilibração que se estruturalizou progressivamente. De acordo com seu grau de mobilidade, Bienfait (1993), apresenta a seguinte classificação das escolioses: Pré-escoliose (no exame clínico se constatam indícios de uma escoliose, porém ao RX em posição ortostática não é confirmado); Escoliose de primeiro grau (ao RX em posição ortostática aparece uma leve flexão lateral sem rotação ou com uma leve rotação vertebral, ao

3 RX em decúbito, a curva desaparece); Escoliose de Segundo grau: (ao RX em posição ortostática aparece uma escoliose, ao RX em decúbito ela se acentua, ao RX sob tração ela desaparece); Escoliose de terceiro grau (não desaparece mesmo em um RX sob tração). As escolioses estruturais apresentam Teste de Adams positivo (presença de gibosidade) e na radiografia a rotação vertebral está presente: A escoliose estrutural envolve uma curva lateral irreversível com rotação fixa das vértebras. A rotação dos corpos vertebrais é em direção à convexidade da curva. Na coluna torácica, as costelas rodam com as vértebras, de modo que haja uma proeminência posterior das costelas no lado da convexidade vertebral e uma anterior no lado da concavidade. Durante a inclinação para frente em escoliose estrutural detecta-se uma giba nas costelas posteriores (KISNER C, 2005). A escoliose estrutural ocorre quando existe um comprometimento na estrutura da coluna com encurtamento lateral, rotação e alterações morfológicas e posturais das vértebras. Podem ser identificadas radiologicamente e não é susceptível de ser corrigida ativamente. Apresenta causa variável, cujo quadro clínico e prognóstico pode variar extremamente. Estão incluídas 90% na escoliose idiopática e 10% nos demais (TOSHIKO M, 2001). As causa mais comuns são: doenças ou distúrbios neuromusculares (como paralisia cerebral, lesão medular, doenças neurológicas ou doenças musculares progressivas); distúrbios osteopático (como hemivértebras, osteomalacia, raquitismo ou fraturas) e idiopática, nos quais, a causa é desconhecida (KISNER C, 2005). Ainda, segundo o mesmo autor, a escoliose estrutural pode causar sérios problemas tais como: Fadiga muscular e distensão ligamentar no lado da convexidade; Irritação de raiz nervosa no lado da concavidade; Desequilíbrios musculares potenciais; Diminuição da flexibilidade na musculatura do lado côncavo da curva; Musculatura alongada e fraca no convexo da curva. A RPG é uma técnica de estímulo proprioceptivo, que promove estabilidade corporal, aperfeiçoa as reações de endireitamento e equilíbrio, considera o sistema músculo-esquelético como um todo e único. (GOMES et al, 2006).Tem sido uma das melhores técnicas para a reabilitação dos desvios posturais, tendo como característica a contração muscular isométrica, dos músculos estáticos, presentes nas diferentes cadeias musculares. Dentre as posturas descritas por Souchard, a postura sentada tem como objetivo fortalecer e alongar toda a cadeia posterior (MOTA ET al, 2008). O presente trabalho teve como objetivo primordial, realizar uma revisão e um levantamento bibliográfico do tema, por meio de artigos científicos e livros, cujo escopo era o de se conseguir um esclarecimento mais abrangente sobre o tratamento fisoterapêutico da escoliose estrutural, com a utilização da técnica RPG (Reeducação Postural Global) em pacientes portadores de tais patologias. 2. Anatomofisiologia da coluna vertebral Conforme Sobotta (1995), a coluna vertebral na vista anterior e posterior é retilínea, na vista lateral é formada por quatro curvaturas fisiológicas que são: a lordose cervical, a cifose dorsal, a lordose lombar e a cifose sacral, sendo constituída por sete vértebras cervicais, doze torácicas, cinco, cinco sacrais e quatro coccígeas.

4 Fonte: Sobotta, (1995). Figura 1 - curvaturas fisiológicas da coluna vertebral. A maioria das vértebras tem como constituintes básicos: o corpo vertebral, a apófise anular, a forame vertebral, os processos articulares, os processos espinhosos e os processos transversos. Na região cervical, possuímos duas vértebras diferenciadas devido ao seu formato a Atlas e a Axis, que seguem o formato fisiológico do crânio, encaixando-se ao osso occipital, permitindo a passagem da artéria vertebral (SOBOTTA, 1995). A coluna vertebral constitui movimentos elementares nos três planos; o frontal, o sagital e o transversal, permitindo a flexão-extensão, a inclinação lateral esquerda e direita e a rotação axial. Esta última é definida como eixo, pois dar suporte a todo o corpo, protege a medula espinhal e é estabilizada intrinsecamente pelos ligamentos, discos intervertebrais e extrinsecamente pelos músculos (KAPANDJI, 2000). 2.1 Método RPG Segundo Castro e Lopes (2003), a Reeducação Postural Global é um método fisioterápico, que considera o sistema muscular de forma integrada no qual os músculos se organizam em um conjunto denominado de cadeias musculares e baseia-se no alongamento de músculos encurtados. Esse método possibilita ao fisioterapeuta a avaliação global do comprometimento do indivíduo, propondo uma atuação fisioterapêutica mais eficaz, tratando as causas e as conseqüências.

5 2.1.1 Origem e fundamento da técnica Fundamentada por Philiph Souchard, a partir das idéias da terapeuta corporal Françoize Mézière, a RPG se baseia no princípio de que, os problemas posturais e musculoesqueléticos, são produzidos pelo encurtamento das cadeias musculares, principalmente a posterior, que se encurtam para nos dar equilíbrio ou estabilidade aos movimentos dos nossos braços e pernas (MARQUES, 2000). Toda a abordagem clássica no tratamento dos problemas musculares ou no treinamento esportivo se baseia no aumento de força muscular. Segundo Souchard, o resultado disso são músculos mais encurtados, acarretando mais deformidade, menos flexibilidade e mais dor (MARQUES, 2000). A RPG atua de forma globalizada, alongando as cadeias musculares encurtadas, através de posturas de estiramento ativo usando a modalidade de musculação isotônica excêntrica, que alonga o grupo muscular tratado e, ao mesmo tempo, aumenta a força muscular (MARQUES, 2000). O método de alongamento muscular ativo, descrito originalmente por Souchard em 1980, alonga em conjunto os músculos antigravitários, os rotadores internos e os inspiratórios (NEDER; SOUZA apud GUIMARÃES et al., 2006). Kisner e Colby (2005) mostram que a má postura pode levar a comprometimentos musculares como o enfraquecimento dos músculos, pouca resistência à fadiga nos músculos posturais, restrições na amplitude de movimento articular ou na flexibilidade muscular. Tais alterações podem limitar a habilidade funcional do indivíduo para realizar atividades repetitivas ou manter posturas sustentadas sem causar dores ou lesões. Atentam, também, para o fato de que, indivíduos acometidos por estes problemas, podem não ter consciência de sua postura defeituosa, de problemas de força ou de flexibilidade. Kisner e Colby (2005) definem a postura como uma posição ou atitude do corpo perante uma atividade específica com uma maneira de alguém sustentar o corpo. A manutenção de uma postura ereta é constantemente perturbada pela gravidade. Normalmente, a linha de gravidade passa através das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral de forma equilibrada. Se o peso de uma região é deslocado para longe da linha de gravidade, as outras regiões compensam para recuperar o equilíbrio. 2.1.2 Cadeias musculares As cadeias musculares são músculos agrupados em conjunto, onde estas trabalham juntas, quando uma sai de seu estado normal, automaticamente às outras a acompanham (SOUCHARD, 2003). As cadeias musculares dividem-se em: respiratória, superior do ombro, anterior do braço, ântero-interna do ombro, ântero-interna do quadril, e lateral do quadril, estas são constituídas por grupos musculares específicos. A cadeia respiratória envolve os músculos escalenos, o peitoral menor, os intercostais e o diafragma. A cadeia anterior do braço compreende o trapézio superior, o deltóide médio, o coracobraquial, bíceps, braquioradial, pronador redondo, palmares, flexores dos dedos e os músculos da região tenar e hipotenar. A cadeia ântero-interna do ombro abrange o subescapular, coracobraquial e peitoral maior. A cadeia lateral do quadril envolve os músculos espinhais, glúteo máximo, isquiotibiais, tríceps sural e os do pé. A cadeia ântero-interna do

6 quadril provém os íliopsoas, pectíneo, adutor curto, adutor longo, grácil e adutor maior (SOUCHARD, 1998). 2.1.3 Patologias geralmente tratadas pelo método O RPG é indicado para várias patologias, sendo estas de problemas morfológicos (cifolordoses, escolioses, genuvaro, genucavo, pés planos, pés cavos, etc), de problemas articulares (cervicalgias, dorsalgias, lombalgias), de problemas pós-traumáticos, de problemas respiratórios, de problemas neurológicos espásticos e de problemas do esporte (SOUCHARD, 2003). 2.1.4 Técnicas do método RPG O método RPG consiste no uso de 7 técnicas, chamadas posturas, a saber: Rã no ar, braços abertos e rã no ar, braços fechados. Estas posições são eficazes no alongamento dos músculos da nuca, do tórax, da respiração, da coluna vertebral, dos ombros, dos cotovelos, das mãos, da pelve, do quadril, dos joelhos e dos pés. Rã no ar; após o desbloqueio respiratório. Peça ao paciente para flexionar os joelhos e quadril apoiando os pés sobre o ombro do fisioterapeuta, mantendo a cadência ritmada da sessão. Solicite a elevação do quadril descorregando o peso no ombro do fisioterapeuta e posicione uma mão sob a região lombo sacra. Tirar os pés do ombro, apoiar a outra mão e antebraço nas pernas do paciente (que estarão flexionadas sob o abdômen) fazendo somente uma tração axial da coluna. Estender os joelhos, mantendo o quadril flexionado até 110⁰, dorsoflexão e côndilos e maléolos unidos com rotação externa dos joelhos, até que o paciente sinta o alongamento da musculatura posterior, não sendo permitida a extensão completa do joelho. Durante a postura, o cóccix deve estar o tempo todo apoiado sobre a mesa. Colocar a fita nos calcanhares, solicitando ao paciente que relaxe as pernas nelas, mantendo o alongamento da musculatura posterior. Estender os joelhos sem perder a flexão do quadril, mantendo a dorsoflexão e o cóccix apoiado na mesa. Pode-se posicionar calços sobre as plantas dos pés, fornecendo assim um feedback ao paciente para manter a dorsoflexão. A Pelve: manter a simetria e equilibrando as assimetrias. Pompar novamente caso necessário, orientar ao paciente para que ao final de cada expiração faça uma pequena pressão do cóccix sobre a mesa criando uma pequena lordose lombar (pode-se colocar uma propriocepção sob o cóccix para fornecer um feedback). Na coluna cervical, uma tração axial, longitudinal, de forma suave e progressiva, pedir ao paciente a consciência da lordose cervical, procurando sensibilizar a cervical com o abaixamento do queixo, com o objetivo de corrigir a hiperlordose cervical. Sempre deve ser usado com critério. Usar calço sob a cabeça nos casos de grande cifose dorsal com lordose cervical. Ombros e membros superiores: posicionar os MMSS, inicialmente a 45⁰ do corpo, com supinação do antebraço e rotação externa do ombro. Afastar ativamente os ombros das orelhas

7 e desenrolar de forma consciente os ombros. Fazer uma pompage escapular. Pedir ao paciente que faça abertura ou fechamento de braços progressivamente. Postura sentada: tem eficácia na coluna vertebral, no quadril, nos joelhos, no esquema corporal. Esta é uma postura mista em carga, já que as pernas não recebem o peso do corpo. Nesta postura é possível pilotar a coluna observando e corrigindo os desequilíbrios. Solicitase ao paciente para que ele sente-se no banco, chão ou mesa. Em seguida, é realizada a pompagem dos ísquios, pedindo ao paciente que eleve o quadril do banco enquanto o fisioterapeuta coloca as duas mãos sob os dois glúteos do paciente, em seguida solta o peso do corpo na mão do fisioterapeuta que então fará uma tração posterior fazendo que o paciente sente sobre os ísquios. Posicionar os pés com as plantas unidas mantendo uma suave pressão de um calcanhar contra o outro e dos pés com o chão, promovendo uma contração excêntrica dos adutores do quadril. Durante a evolução deve estender os joelhos até que as plantas dos pés não tenham mais condições de estarem unidas, É importante a consciência do arco longitudinal do pé. Esta é uma boa oportunidade para trabalhar o pé plano, momento do alongamento máximo dos crurais laterais, fibular curto e logo. Pode-se posicionar uma bolinha entre a planta dos pés. Posicionar os pés em dorsoflexão com progressiva aproximação dos maléolos internos e côndilos internos em rotação externa dos joelhos. Como se fizesse um contorno numa bola entre os joelhos. Progredir a extensão dos joelhos com união dos côndilos internos do fêmur, dos maléolos internos e da borda interna dos pés, fechando o ângulo coxofemoral, sempre mantendo; a pressão dos calcanhares e a lordose lombar ao estender os joelhos. É necessário fechar o ângulo coxofemoral à medida que estendemos os joelhos, e fechar também o ângulo tíbio társico mantendo a dorsoflexão. Pelve e coluna lombar e torácica, o paciente dever manter uma lordose lombar fisiológica e não delordosar, permanecendo o paciente sentado sob os ísquios. E manter a simetria, equilibrando as assimetrias (no caso dos ísquios ficarem desequilibrados, pode colocar um calço sob um deles para assim conseguir equilibrar a pelve). E coluna torácica deve manter uma cifose fisiológica. Coluna cervical uma tração axial, longitudinal, de forma suave, mantida pelo fisioterapeuta não deixando o paciente cair para frente nem para trás, mantendo o corpo no eixo. Os ombros e membros superiores é uma postura que facilita o alongamento da musculatura superior do braço, afastando os ombros das orelhas e desenrolar dos ombros (rotação externa) e não abrir braços. No final da postura quanto aos MMII, o paciente deve ter os joelhos estendidos, com aproximação dos côndilos internos do fêmur associado a uma rotação externa do quadril e mantendo os maléolos internos unidos. E no MMSS os ombros rodados externamante com os cotovelos estendidos, trocar as mãos, porém nunca perder o contato. Postura em pé contra a parede; O paciente deve ser colocado de costas para a parede apoiando toda a coluna, occipital e calcanhar. Desbloquear a respiração instalando o suspiro e pedindo ao paciente que estufe o ventre. Os calcanhares devem estar encostados na parede e unidos mantendo uma pequena abdução de 15⁰, os joelhos semifletidos mantendo uma pequena rotação externa. Manter os maléolos e côndilos unidos. Fazer uma pompage nos pés cavos. Caso os calcanhares estejam afastados da parede, ir aproximando-os a cada repetição da postura tomando cuidado para manter a delordose. Estender os joelhos mantendo sempre a

8 lombar apoiada na parede, e os côndilos unidos. A extensão do quadril e joelho só pode ser feita com a rotação externa do fêmur. Pelve e coluna lombar e torácica; Delordosar a lombar através de uma retroversão pélvica. Manter a coluna lombar e torácica apoiadas na parede. Caso não seja possível manter a lombar apoiada na parede, distanciar os pés da parede para delordosar. Coluna cervical; Tração axial, longitudinal, de forma suave e ativamente. Pedir ao paciente a consciência da lordose cervical procurando sensibilizar a cervical. Se o paciente não conseguir apoiar o occipital na parede sem estender á cervical, colocar um número de calços necessários para manter a cervical em neutro. Correção da nuca 90% decoaptação axial e 10% de retração do queixo. O abaixamento do queixo com o objetivo de corrigir a hiperlordose cervical, sempre deve ser usado com critério para evitar retificação desta curva. Ombros e membros superiores; Afastar os ombros das orelhas. Desenrolar os ombros. Fazer uma pompage escapular. Posicionar os MMSS a 45⁰ do corpo inicialmente, para que desta posição neutra você possa evoluir, abrindo (no máximo até 90⁰) ou fechando os braços (até encostar os braços ao lado do corpo), com supinação do antebraço e rotação externa do ombro. Postura em pé inclinada para frente, nesta postura é possível pilotar a coluna observando e corrigindo os desequilíbrios. Solicita-se ao paciente, para que ele, em pé faça uma resistência na mão do fisioterapeuta que estará posicionada na cervical/occiptal, e flexione os joelhos mantendo maléolos e côndilos unidos fazendo uma pequena rotação externa do joelho. Os membros superiores devem permanecer ao lado do corpo, estendidos e com rotação externa do ombro (palma da mão para frente e depois para baixo). Em seguida, fazendo uma pequena resistência na nuca do paciente o fisioterapeuta solicita uma lordose lombar. O fisioterapeuta vai ganhado fechamento de ângulo coxo femoral sempre com resistência do paciente favorecendo o alongamento da musculatura posterior. A flexão do tronco não deve ultrapassar os 90º com lordose lombar e cervical, cifose dorsal e os braços devem permanecer ao lado do corpo durante toda a postura. Nos membros inferiores, os calcanhares devem estar unidos mantendo uma pequena abdução de 15º, os joelhos semifletidos mantendo uma pequena rotação externa. Manter os maléolos e côndilos unidos, fazendo uma pompage nos pés. Utilizando a tábua, estendendo os joelhos mantendo os côndilos e maléolos unidos. Pelve e coluna, o paciente deve empinar o bumbum formando a lordose lombar e fazendo uma antiversão pélvica. Durante a postura o paciente deve manter a cifose torácica ou recriála nos casos de retificação através da expiração. Os ombros e membros superiores, posicionar os MMSS ao lado do corpo, com rotação externa do ombro e cotovelos estendidos, afastando ativamente os ombros das orelhas. Desenrolar (rotação externa) de forma consciente os ombros. A postura em pé no centro é ao contrário da postura de pé contra a parede é possível pilotar a coluna observando e corrigindo os desequilíbrios. Nos membros inferiores, os calcanhares devem estar unidos mantendo uma pequena abdução de 15º, os joelhos semifletidos e uma pequena rotação externa, e os maléolos e côndilos unidos fazendo uma pompage nos pés. Utilizar a tábua; é necessário elevar a prancha, cada vez que estendemos o joelho, mantendo sempre a delordose lombar, e os côndilos unidos. A extensão do quadril e joelho só pode ser feita com a rotação externa do fêmur. Na pelve e coluna lombar e torácica, realizar uma delordose lombar através de uma retroversão pélvica.

9 Na coluna cervical, uma tração axial, longitudinal, de forma suave, mantida pelo fisioterapeuta não deixando o paciente cair para frente nem para trás, mantendo o corpo no eixo e pedir ao paciente a apoio do occipital na mão do fisioterapeuta mantendo a lordose cervical fisiológica. Nos ombros e membros superiores é uma postura que facilita o alongamento da musculatura superior do braço, afastando os ombros das orelhas. Desenrolar os ombros, posicionando os MMSS ao lado do corpo inicialmente, para que desta posição você possa evoluir, fechando os braços (até encostar os braços ao lado do corpo), com supinação do antebraço e rotação externa do ombro. Na postura final quanto aos MMII, o paciente deve ter os joelhos estendidos, com aproximação dos côndilos internos do fêmur associado a uma rotação externa do quadril e mantendo os maléolos internos unidos. Na postura final quanto aos MMSS, o paciente deve ter os ombros rodados externamente com os cotovelos estendidos. Postura em pé contra a parede, postura em pé inclinada para frente e postura em pé no centro priorizam a respiração, a coluna vertebral, o quadril, os joelhos, os pés, o equilíbrio, e o esquema corporal. 3. Materiais e métodos Para elaboração desse projeto, optou-se pela realização de pesquisa bibliográfica, onde se obteve dados de artigos científicos com publicação entre 1995 a 2011. Foram utilizadas as plataformas de pesquisa os sites de publicação científica, dos quais, foram selecionados 25 artigos, sendo escolhidos 07 deles, 04 revistas e 09 livros, para elaboração do referido trabalho de conclusão de curso. E o fizemos porque já haviam alguns trabalhos repetidos e outros que não eram compatíveis com o tema proposto. Como método para encontrar o tema proposto foi utilizado às seguintes palavras chaves: Escoliose estrutural; Tratamento RPG. 4. Resultados e discussão A relação de cada indivíduo com seu corpo e as diferentes posturas adotadas em cada situação, dependem da imagem corporal que este indivíduo tem de si mesmo. A maioria dos hábitos incorretos de postura resulta na imitação de modelos imperfeitos, portanto, ensinar teoricamente, o modelo postural mais adequado e não modificar os hábitos não resolve. É preciso associar o modelo e o hábito postural para que o corpo entre em harmonia e funcione de maneira perfeita é o objetivo do trabalho em tela (RODRIGUES, 2009). Para que se obtenha um resultado satisfatório é necessária uma avaliação fidedigna com o empenho profissional, para se conseguir recursos completos, que vão refletir no quadro de incapacidade e acompanhamento de sua evolução e consequentemente sua progressão. E, para isso, a radiografia é um instrumento essencial e importante para facilitar na medição da deformidade das curvaturas (BASSANI, 2008). De acordo com Ferreira (1999), a mensuração da escoliose por meio da radiografia é de suma importância para detectar à mesma, quantificar o seu grau, acompanhar a sua evolução com os anos, assim como alterações ocorridas com o uso do método da RPG.

10 Segundo Souchard (1998), a RPG é um método fisioterapêutico de correção postural que trabalha sobre as cadeias de tensão muscular, utilizando posturas de alongamento em lugar de exercícios de repetição. A vantagem das posturas de alongamento, é que bloqueiam o indivíduo em posição de equilíbrio (RODRIGUES R, 2009). Nenhum músculo se move sozinho. Sempre que um deles se contrai gera movimento e acomodação em outros músculos, formando um conjunto. Este conjunto denomina-se cadeia de tensão muscular. Partindo deste conceito, a RPG trabalha globalmente o paciente de forma pessoal e quantitativa, com a finalidade de ir do sintoma à causa das lesões, levando ao relaxamento das cadeias musculares encurtadas, ao desbloqueio respiratório e ao equilíbrio do tônus postural (RODRIGUES R, 2009). Nesta pesquisa, obteve-se um aumento na flexibilidade da cadeia posterior. A RPG promove alongamento dos músculos antigravitacionais, inspiratórios, rotadores internos. Assim sendo, ela promove um aumento de sarcômeros em série, bem como da força muscular, provavelmente pela melhor interação entre os filamentos de actina e de miosina. Como a escoliose é evolutiva, necessita trabalhar a mobilidade muscular, tendo como benefício, a manutenção da extensibilidade musculofacial e uma melhor mobilidade articular, devido à recuperação da relação tensão-comprimento (SANTOS C; PIRES G; FERREIRA M, 2009). Ainda, segundo o mesmo autor, em relação à flexibilidade dos músculos paravertebrais, temse como objetivo, alongar ligamentos, cápsulas e aumentar a extensibilidade das unidades músculo tendineas, aumentando com isso a ADM da articulação. O plano de tratamento para a escoliose torácica direita caracteriza-se em: alongamento de cadeias posterior e anterior na bola; alongamento de cadeias posterior na posição sentada, utilizando a postura de bailarina do RPG (reeducação postural global); alongamento de ísquias-tibiais, tríceps surais, trapézio, abdominais e articulações da coluna (uma série dez repetições cada grupo muscular); agachamento em posição ortostática, com ênfase no apoio nos pés (SANTOS CÍNTIA; CRUZ CAMILA, 2008). 5. Considerações finais Desta forma podemos afirmar que, a técnica de RPG é um recurso muito utilizado pelos fisioterapeutas com o intuito de verificar a flexibilidade e a graduação da dor, por meio do tratamento fisioterapêutico, com princípios do método RPG em pacientes com escoliose estrutural, visto que, os pacientes apresentam na avaliação alterações, diminuição da flexibilidade. Durante o tratamento, a respiração é trabalhada de forma específica para cada caso, proporcionando um alongamento muscular e melhorando a funcionalidade entre a respiração e a postura. A RPG proporciona um relaxamento respiratório Como o nome já indica a principal característica do RPG é cuidar do paciente de forma integral, diferentemente da fisioterapia tradicional, que tem a atenção voltada apenas à queixa imediata do paciente, como uma dor aguda, por exemplo. O corpo é uma rede de músculos interligados e as reações sempre ocorrem em cadeia Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: o tratamento usando a técnica RPG é eficaz, havendo diminuição das retrações musculares, o fortalecimento dos músculos fracos do tronco, melhorando o padrão postural e a diminuição das queixas de dor do paciente. O tratamento promove melhoras na flexibilidade muscular e, na dor, permite uma amplitude maior em flexão de tronco e quadril.

11 A técnica RPG (Reeducação Postural Global) atua na correção da postura e no conseqüente alívio de dores e desconfortos. Ao longo do tempo, ao manter o corpo em posições inadequadas ao sentar, ficar em pé e caminhar ou mesmo ao realizar determinados movimentos repetidos em posições fora do alinhamento ideal, determinados músculos do corpo vão se encurtando e esses encurtamentos acarretam os desvios na postura. Como exemplos desses desvios, temos: diminuição da curva lombar (parte mais baixa da coluna), freqüentemente ocasionada pela postura inadequada ao sentar (quando se escorrega na cadeira). Aumento da curva lombar, chamada hiperlordose, ocasionado muitas vezes pelo excesso de peso das pessoas. Desvios laterais da coluna (escolioses) que podem ser decorrentes das posições assimétricas mantidas por longo período. Aumento para frente da curva na coluna torácica, chamada de hipercifose, (parte alta das costas voltada para a frente), pode aparecer ao manter o corpo muito curvado para frente. Cabeça muito para frente, normalmente mantida para enxergar melhor a tela do computador ou mesmo ao ler uma revista. Ombros curvados para frente, com freqüência mantidos assim na posição sentada em frente ao computador ou então ao final de um longo dia de trabalho. A RPG possibilita o alongamento de várias cadeias musculares, proporcionando melhor alinhamento da coluna vertebral e demais estruturas. A RPG requer do paciente uma participação muito ativa. Ao longo da sessão, ele trabalha seu corpo, alongando os músculos estáticos, ao mesmo tempo em que fortalece os músculos dinâmicos, seguindo a cadeia que está causando a dor ou outros problemas. O tratamento usando a técnica RPG produz o efeito desejado, pois alonga os músculos encurtados, melhora o equilíbrio postural e diminui a compressão dos pulmões, facilitando o processo respiratório. É importante destacar que, a utilização da fisioterapia, não só na reabilitação das deformidades da coluna vertebral, como também na prevenção, vem ajudando a melhorar a postura e, consequentemente, vem proporcionando uma maior produtividade nas atividades da vida diária das pessoas que são acometidas pela escoliose estrutural. 6. Referências BASSANI, E. et al. Avaliação da ativação neuromuscular em indivíduos com escoliose através da eletromiografia de superfície. Revista Brasileira de Fisioterapia; v.12, n.1, São Carlos; jan-fev, 2008. BIENFAIT, M.; SANTOS, A.; Escoliose, uma calamidade tão conhecida. Revista de Fisioterapia da UNICID; v. 8, n.2, p 53-63; 1999. BIENFAIT, M. Os desequilíbrios estáticos - Fisiologia, patologia e tratamento fisioterápico. São Paulo: Summus editorial, 1993. CÍNTIA DOS SANTOS & GABRIELA PIRES & MICHELE FERREIRA. Efeito da corrente Russa associada à postura sentada da RPG em pacientes com escoliose juvenil. v. 3, m. 9, p 2009. CÍNTIA DOS SANTOS MANHÃES & CAMILA CRUZ. Análise de Protocolo Fisioterapêutico em Paciente com Escoliose Torácica à Direita, 2008. http://www.isecensa.edu.br/repositorio/fck/file/artigo - artigo de conclusão de estágio.

12 CASTRO, P. C. G. de; LOPES, J. A. F. Avaliação computadorizada por fotografia digital, como recurso de avaliação na Reeducação Postural Global. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 10, n. 2, 2003. FACHIM, Odília. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Saraiva, 2001. FAUVY LA. Escoliose lombar Aspectos Biomecânicos. In: Congresso Brasileiro de Fisioterapia da Escoliose, II, 2004, Porto Alegre. Anais Escoliose Idiopática: a tridimensionalidade. São Paulo: Núcleo de Estudos e Pesquisa de Escoliose e Biomecânica, 2004. FERNANDES, José. Técnicas de Estudo e Pesquisa. Goiânia: Kelps, 2000. FERREIRA, D. M. A.; Estudo clínico da mensuração da gibosidade e suas correlações com medidas radiológicas na escoliose idiopática. 1999. Tese de (mestrado) em Bioengenharia pela Escola de Engenharia de São Carlos, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e Instituto de Química de São Carlos de Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto SP. GOMES, B.M. et al. O efeito da técnica de reeducação postural global em um paciente com hemiparesia após acidente vascular encefálico. Revista Acta Fisiatr, v.13, n. 2, p. 103-108. 2006. GUIMARÃES, K. G.; et al. Incidência de Desvios Posturais dos Freqüentadores de Academias em Goiânia. Revista Postura. São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.efmuzambinho.org. br/refelnet/resumo_compl.asp0000018214557/pdf> KISNER CAROLIYN & ALLEN LYNN. Exercícios Terapêuticos Fundamentos e Técnicas. 4ª ed. São Paulo: Manole, 2005. KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular: esquemas comentados de mecânica humana. 5. ed., v.3. São Paulo: Panamericana, 2000. LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Cientifica. São Paulo: Atlas, 1997. MARQUES, Amélia Pasqual. Cadeias musculares: um programa para ensinar avaliação fisioterapêutica global. São Paulo: Manole, 2000. MARISA TOSHIKO. Assistência de enfermagem em ortopedia e traumatologia. Editora Atheneu, 2001. MIRAMAND, Y. Princípios e técnica de reeducação tridimensional da escoliose idiopática debutante. Revista Coluna Fisioterápica; v. 1, n. 1, p. 2-9, set, 2001. MOMESSO, R. B. Proteja sua Coluna. São Paulo: Cone, 1997 MOTA, Y.L. et al. Respostas cardiovasculares durante a postura sentada da Reeducação Postural Global (RPG). Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, v. 12, n. 3, p. 161-8, mai jun. 2008.

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14 ANEXOS Fonte: Souchard, (2003). Figura 1: Rã no ar braços abertos. Fonte: Souchard, (2003). Figura 2: Rã no ar braços fechados. Fonte: Souchard, (2003). Figura 3: Rã no chão braços abertos.

15 Fonte: Souchard, (2003). Figura 4: Rã no chão braços fechados. Fonte: Souchard, (2003). Figura 5: Postura sentada

16 Fonte: Souchard, (2003). Figura 6: Postura em pé contra a parede. Fonte: Souchard, (2003). Figura 7: Postura em pé inclinado para frente.

Fonte: Souchard, (2003). Figura 8: Postura em pé no centro. 17