caderno do PROFESSOR EDUCAçÃO FÍSICA ensino médio 2 a - SÉRIE volume 2-2009



Documentos relacionados
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

Gabarito do Caderno do Aluno para o professor

OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E MATERIAIS MANIPULÁVEIS

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

1 a Prova P.I. Vanzolini Caderno Gestor 1ª PROVA CADERNO_GESTOR_VOL1_2010_PARTE1_P1

Disciplina: Alfabetização

Educadores veem excessos em nova base curricular brasileira

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

CARTA ABERTA EM DEFESA DO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

O REGISTRO COMO INSTÂNCIA DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR

UTILIZANDO O BARCO POP POP COMO UM EXPERIMENTO PROBLEMATIZADOR PARA O ENSINO DE FÍSICA

A IMPORTÂNCIA DO USO DO LABORATÓRIO DE GEOMETRIA NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES

DESCRIÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA INICIATIVA

A escola para todos: uma reflexão necessária

Aula 1: Demonstrações e atividades experimentais tradicionais e inovadoras

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCATIVAS NAS SÉRIES INICIAIS SOB A VISÃO DO PROFESSOR.

LUTAS E BRIGAS: QUESTIONAMENTOS COM ALUNOS DA 6ª ANO DE UMA ESCOLA PELO PROJETO PIBID/UNIFEB DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1

EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA E AS NOVAS ORIENTAÇÕES PARA O ENSINO MÉDIO

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

Prefeitura Municipal de Santos

A CIÊNCIA DOS PEQUENOS JOGOS Fedato Esportes Consultoria em Ciências do Esporte

Ensino Técnico Integrado ao Médio FORMAÇÃO GERAL. Ensino Médio

PROGRAMA DE FUTEBOL 10ª Classe

Consumidor e produtor devem estar

RECURSOS DIDÁTICOS E SUA UTILIZAÇÃO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

IDENTIFICANDO AS DISCIPLINAS DE BAIXO RENDIMENTO NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO DO IF GOIANO - CÂMPUS URUTAÍ

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

REPRESENTAÇÕES DE AFETIVIDADE DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Deise Vera Ritter 1 ; Sônia Fernandes 2

ENSINO DE BIOLOGIA E O CURRÍCULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REFLEXÃO INICIAL.

Projeto Inovaeduc Perguntas Frequentes

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Projeto Bem-Estar Ambiente, educação e saúde: sustentabilidade local. Tema 9 - Elaboração de projetos de intervenção nas escolas

ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA 3º E.M.

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN INTERVENÇÃO EDUCATIVA INSTITUCIONAL PROJETO PSICOPEDAGÓGICO

Pedagogia Estácio FAMAP

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA)

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

PEDAGOGIA EM AÇÃO: O USO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

II MOSTRA CULTURAL E CIENTÍFICA LÉO KOHLER 50 ANOS CONSTRUINDO HISTÓRIA

Critérios de Avaliação Educação. Grupo Disciplinar de Educação Física 2014/2015

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS CAICÓ

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

O JOGO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Gerenciamento de Projetos Modulo VIII Riscos

ENERGIA. Documentário da série Descobertas da Antiguidade

ANÁLISE DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: REFLEXÕES INICIAIS ACERCA DA PRODUÇÃO DE 2006 A 2014

Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Universidade Estadual de Londrina

Iniciando nossa conversa

A TUTORIA A DISTÂNCIA NA EaD DA UFGD

BSC Balance Score Card

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

A MATEMÁTICA ATRÁVES DE JOGOS E BRINCADEIRAS: UMA PROPOSTA PARA ALUNOS DE 5º SÉRIES

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA RELATÓRIO FINAL DE AUTO-AVALIAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEISDA CPA DA FACULDADE ARAGUAIA

ACESSIBILIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO CEGO DO CURSO DE GEOGRAFIA, A DISTÂNCIA

PROBLEMATIZANDO ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

O uso de jogos no ensino da Matemática

4. O Comunicador da Sustentabilidade

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

Coleta de Dados: a) Questionário

PLANO DE TRABALHO TÍTULO: PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA DAS CRIANÇAS

AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: instrumento norteador efetivo de investimentos da IES

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA ESPECIFICIDADE NO TREINAMENTO DO FUTEBOL CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: EDUCAÇÃO FÍSICA

AS MANIFESTAÇÕES DE VIOLÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES HUMANOS NO PROJETO ESPORTE NA COMUNIDADE, NA LOCALIDADE DE MONDUBIM.

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

COMO AVALIAR UM CURSO DE EAD EM SAÚDE? UMA EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ NA ÁREA DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

PROCESSO SELETIVO 2015 Curso de Medicina 2ª Etapa CADERNO DE PROVAS DISCURSIVAS

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

Crenças, emoções e competências de professores de LE em EaD

USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

Código de Convivência: Desenvolvendo a cidadania e o protagonismo juvenil

Caro(a)s voluntário(a)s. é

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO (Currículo de início em 2015)

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

DICA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL

MATRIZ CURRICULAR CURRÍCULO PLENO/ ª SÉRIE CÓDIGO DISCIPLINAS CHA MODALIDADE DIDÁTICA 080

O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA UMA PRÁTICA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA INOVADORA

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

PROFESSORES DE CIÊNCIAS E SUAS ATUAÇÕES PEDAGÓGICAS

Transcrição:

caderno do PROFESSOR ensino médio 2 a - SÉRIE volume 2-2009 EDUCAçÃO FÍSICA

Governador José Serra Vice-Governador Alberto Goldman Secretário da Educação Paulo Renato Souza Secretário-Adjunto Guilherme Bueno de Camargo Chefe de Gabinete Fernando Padula Coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas Valéria de Souza Coordenador de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo José Benedito de Oliveira Coordenador de Ensino do Interior Rubens Antonio Mandetta Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação FDE Fábio Bonini Simões de Lima EXECUÇÃO Coordenação Geral Maria Inês Fini Concepção Guiomar Namo de Mello Lino de Macedo Luis Carlos de Menezes Maria Inês Fini Ruy Berger GESTÃO Fundação Carlos Alberto Vanzolini Presidente do Conselho Curador: Antonio Rafael Namur Muscat Presidente da Diretoria Executiva: Mauro Zilbovicius Diretor de Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação: Guilherme Ary Plonski Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz Scavazza e Angela Sprenger COORDENAÇÃO TÉCNICA CENP Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas Coordenação do Desenvolvimento dos Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Professores Ghisleine Trigo Silveira AUTORES Ciências Humanas e suas Tecnologias Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo, Regina Célia Bega dos Santos e Sérgio Adas História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers Ciências da Natureza e suas Tecnologias Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume Física: Luis Carlos de Menezes, Sonia Salem, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira e Yassuko Hosoume Química: Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião S239c Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, Jéssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins e Sayonara Pereira Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti e Sérgio Roberto Silveira LEM Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos Matemática Matemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie Equipe de Produção Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza Assessores: Alex Barros, Antonio Carlos de Carvalho, Beatriz Blay, Carla de Meira Leite, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de Oliveira, José Carlos Augusto, Luiza Christov, Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata, Renata Elsa Stark, Ruy César Pietropaolo, Solange Wagner Locatelli e Vanessa Dias Moretti Equipe Editorial Coordenação Executiva: Angela Sprenger Assessores: Denise Blanes e Luis Márcio Barbosa Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie Edição e Produção Editorial: Conexão Editorial, Verba Editorial e Occy Design (projeto gráfico) APOIO FDE Fundação para o Desenvolvimento da Educação CTP, Impressão e Acabamento Esdeva Indústria Gráfica A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei nº 9.610/98. * Constituem direitos autorais protegidos todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais. Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Caderno do professor: educação física, ensino médio - 2ª série, volume 2 / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Adalberto dos Santos Souza, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Sérgio Roberto Silveira. São Paulo : SEE, 2009. ISBN 978-85-7849-256-4 1. Educação Física 2. Ensino Médio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Souza, Adalberto dos Santos. III. Daolio, Jocimar. IV. Venâncio, Luciana. V. Sanches Neto, Luiz. VI. Betti, Mauro. VII. Silveira, Sérgio Roberto. VIII. Título. CDU: 373.5:796

Prezado(a) professor(a), Vinte e cinco anos depois de haver aceito o convite do nosso saudoso e querido Governador Franco Montoro para gerir a Educação no Estado de São Paulo, novamente assumo a nossa Secretaria da Educação, convocado agora pelo Governador José Serra. Apesar da notória mudança na cor dos cabelos, que os vinte e cinco anos não negam, o que permanece imutável é o meu entusiasmo para abraçar novamente a causa da Educação no Estado de São Paulo. Entusiasmo alicerçado na visão de que a Educação é o único caminho para construirmos um país melhor e mais justo, com oportunidades para todos, e na convicção de que é possível realizar grandes mudanças nesta área a partir da ação do poder público. Nos anos 1980, o nosso maior desafio era criar oportunidades de educação para todas as crianças. No período, tivemos de construir uma escola nova por dia, uma sala de aula a cada três horas para dar conta da demanda. Aliás, até recentemente, todas as políticas recomendadas para melhorar a qualidade do ensino concentravam-se nas condições de ensino, com a expectativa de que viessem a produzir os efeitos desejados na aprendizagem dos alunos. No Brasil e em São Paulo, em particular, apesar de não termos atingido as condições ideais em relação aos meios para desenvolvermos um bom ensino, o fato é que estamos melhor do que há dez ou doze anos em todos esses quesitos. Entretanto, os indicadores de desempenho dos alunos não têm evoluído na mesma proporção. O grande desafio que hoje enfrentamos é justamente esse: melhorar a qualidade de nossa educação pública medida pelos indicadores de proficiência dos alunos. Não estamos sós neste particular. A maioria dos países, inclusive os mais desenvolvidos, estão lidando com o mesmo tipo de situação. O Presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, dedicou um dos seus primeiros discursos após a posse para destacar exatamente esse mesmo desafio em relação à educação pública em seu país. Melhorar esses indicadores, porém, não é tarefa de presidentes, governadores ou secretários. É dos professores em sala de aula no trabalho diário com os seus alunos. Este material que hoje lhe oferecemos busca ajudá-lo nesta sua missão. Foi elaborado com a ajuda de especialistas e está organizado em bimestres. O Caderno do Professor oferece orientação completa para o desenvolvimento das Situações de Aprendizagem propostas para cada disciplina. Espero que este material lhe seja útil e que você leve em consideração as orientações didático-pedagógicas aqui contidas. Estaremos atentos e prontos para esclarecer suas dúvidas e acatar suas sugestões para melhorar a eficácia deste trabalho. Alcançarmos melhores indicadores de qualidade em nosso ensino é uma questão de honra para todos nós. Juntos, haveremos de conduzir nossas crianças e jovens a um mundo de melhores oportunidades por meio da educação. Paulo Renato Souza Secretário da Educação do Estado de São Paulo

Sumário São Paulo faz escola Uma Proposta Curricular para o Estado 5 Ficha do Caderno 7 Orientação sobre os conteúdos do bimestre 8 Tema 1 Esporte Modalidade individual: tênis 10 Situação de Aprendizagem 1 O que sabemos a respeito do tênis? 12 Situação de Aprendizagem 2 Apreciando uma partida de tênis 15 Atividade avaliadora 17 Proposta de Situações de Recuperação 19 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 19 Tema 2 Efeitos do treinamento físico: fisiológicos, morfológicos e psicossociais 20 Situação de Aprendizagem 3 Conhecendo os efeitos do treinamento sobre os sistemas do corpo 22 Atividade avaliadora 24 Proposta de Situação de Recuperação 24 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 24 Tema 3 Exercícios resistidos (musculação): benefícios e riscos à saúde nas várias faixas etárias 26 Situação de Aprendizagem 4 Desvendando o mundo da musculação 30 Situação de Aprendizagem 5 Musculação e hipertrofia muscular: riscos e benefícios 31 Atividade avaliadora 33 Proposta de Situações de Recuperação 33 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 33 Tema 4 Contemporaneidade: questões de gênero e sexo no esporte e na ginástica 35 Situação de Aprendizagem 6 Tênis em duplas 35 Atividade avaliadora 37 Considerações finais 38 Quadro de conteúdos Ensino Médio 39

SãO PaUlO Faz ESCOla UMa PROPOSTa CURRiCUlaR PaRa O ESTadO Prezado(a) professor(a), É com muita satisfação que apresento a todos a versão revista dos Cadernos do Professor, parte integrante da Proposta Curricular de 5 a a 8 a séries do Ensino Fundamental Ciclo II e do Ensino Médio do Estado de São Paulo. Esta nova versão também tem a sua autoria, uma vez que inclui suas sugestões e críticas, apresentadas durante a primeira fase de implantação da proposta. Os Cadernos foram lidos, analisados e aplicados, e a nova versão tem agora a medida das práticas de nossas salas de aula. Sabemos que o material causou excelente impacto na Rede Estadual de Ensino como um todo. Não houve discriminação. Críticas e sugestões surgiram, mas em nenhum momento se considerou que os Cadernos não deveriam ser produzidos. Ao contrário, as indicações vieram no sentido de aperfeiçoá-los. A Proposta Curricular não foi comunicada como dogma ou aceite sem restrição. Foi vivida nos Cadernos do Professor e compreendida como um texto repleto de significados, mas em construção. Isso provocou ajustes que incorporaram as práticas e consideraram os problemas da implantação, por meio de um intenso diálogo sobre o que estava sendo proposto. Os Cadernos dialogaram com seu público-alvo e geraram indicações preciosas para o processo de ensino-aprendizagem nas escolas e para a Secretaria, que gerencia esse processo. Esta nova versão considera o tempo de discussão, fundamental à implantação da Proposta Curricular. Esse tempo foi compreendido como um momento único, gerador de novos significados e de mudanças de ideias e atitudes. Os ajustes nos Cadernos levaram em conta o apoio a movimentos inovadores, no contexto das escolas, apostando na possibilidade de desenvolvimento da autonomia escolar, com indicações permanentes sobre a avaliação dos critérios de qualidade da aprendizagem e de seus resultados. 5

Sempre é oportuno relembrar que os Cadernos espelharam-se, de forma objetiva, na Proposta Curricular, referência comum a todas as escolas da Rede Estadual, revelando uma maneira inédita de relacionar teoria e prática e integrando as disciplinas e as séries em um projeto interdisciplinar por meio de um enfoque filosófico de Educação que definiu conteúdos, competências e habilidades, metodologias, avaliação e recursos didáticos. Esta nova versão dá continuidade ao projeto político-educacional do Governo de São Paulo, para cumprir as 10 metas do Plano Estadual de Educação, e faz parte das ações propostas para a construção de uma escola melhor. O uso dos Cadernos em sala de aula foi um sucesso! Estão de parabéns todos os que acreditaram na possibilidade de mudar os rumos da escola pública, transformando-a em um espaço, por excelência, de aprendizagem. O objetivo dos Cadernos sempre será apoiar os professores em suas práticas de sala de aula. Posso dizer que esse objetivo foi alcançado, porque os docentes da Rede Pública do Estado de São Paulo fizeram dos Cadernos um instrumento pedagógico com vida e resultados. Conto mais uma vez com o entusiasmo e a dedicação de todos os professores, para que possamos marcar a História da Educação do Estado de São Paulo como sendo este um período em que buscamos e conseguimos, com sucesso, reverter o estigma que pesou sobre a escola pública nos últimos anos e oferecer educação básica de qualidade a todas as crianças e jovens de nossa Rede. Para nós, da Secretaria, já é possível antever esse sucesso, que também é de vocês. Bom ano letivo de trabalho a todos! Maria inês Fini Coordenadora Geral Projeto São Paulo Faz Escola 6

FiCha do CadERnO Esporte; Corpo, saúde e beleza; Contemporaneidade nome da disciplina: área: Etapa da educação básica: Série: Educação Física Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio 2 a Período letivo: 2 o bimestre de 2009 Temas e conteúdos: Esporte Corpo, saúde e beleza Contemporaneidade 7

ORiEnTaçãO SObRE OS COnTEúdOS do bimestre Professor, este Caderno foi elaborado para servir de apoio ao seu trabalho pedagógico cotidiano com a 2 a série do Ensino Médio. Os temas deste 2 o bimestre são enfocados a partir da concepção teórica da disciplina, já explicitada anteriormente, fundamentada nos conceitos de Cultura de Movimento e Se-Movimentar. Assim, as Situações de Aprendizagem aqui sugeridas para os temas Esporte; Corpo, saúde e beleza e Contemporaneidade possibilitarão aos alunos o confronto de suas experiências de Se-Movimentar com importantes dimensões do mundo contemporâneo, gerando conteúdos mais próximos de sua vida cotidiana. Esperase, desse modo, contribuir para a construção de uma autonomia crítica e autocrítica no âmbito da Cultura de Movimento. No tema Esporte, será abordado o tênis, como exemplo de uma modalidade individual ainda não conhecida (no sentido de praticada, vivenciada) pelos alunos, com destaque para a importância das técnicas e táticas para o desempenho esportivo e apreciação do espetáculo esportivo. Contudo, o projeto políticopedagógico da escola poderá optar pelo desenvolvimento de outra modalidade esportiva individual. Pretende-se que os alunos possam, além de conhecer aspectos históricos, identificar os princípios técnicos e táticos dessa modalidade, capacitando-os a analisar e apreciar uma partida de tênis. No tema Corpo, saúde e beleza serão abordados dois subtemas. O primeiro abordará os efeitos do treinamento físico, com destaque para suas repercussões na conservação e promoção da saúde, possibilitando a identificação e reconhecimento dos efeitos do treinamento físico sobre os sistemas orgânicos, bem como da relação entre os diversos tipos de exercícios físicos e o desenvolvimento de certas capacidades físicas. O segundo subtema tratará dos exercícios resistidos (musculação) e seus possíveis riscos e benefícios à saúde em diferentes faixas etárias, com objetivo de possibilitar que os alunos identifiquem os princípios que direcionam um programa de musculação, bem como suas diferentes aplicações. O mundo contemporâneo caracteriza-se por grandes transformações, das quais o aumento e velocidade do fluxo de informações é uma das mais impactantes, influenciando os conceitos e as relações que o indivíduo mantêm com seu corpo e com as pessoas, podendo gerar reações preconceituosas em relação a diferenças de sexo, etnia, características físicas, dentre outras. Neste 2 o bimestre, o tema Contemporaneidade tratará de questões ligadas à diferença, preconceito e expectativas de desempenho em relação ao gênero e sexo, Por Cultura de Movimento entende-se o conjunto de significados/sentidos, símbolos e códigos que se produzem e reproduzem dinamicamente nos jogos, esportes, danças e atividades rítmicas, lutas, ginásticas etc., os quais influenciam, delimitam, dinamizam e/ou constrangem o Se-Movimentar dos sujeitos, base de nosso diálogo expressivo com o mundo e com os outros. O Se-Movimentar é a expressão individual e/ou grupal no âmbito de uma Cultura de Movimento; é a relação que o sujeito estabelece com essa cultura a partir de seu repertório (informações/conhecimentos, movimentos, condutas etc), de sua história de vida, de suas vinculações socioculturais e de seus desejos. 8

Educação Física - 2 a série - Volume 2 de modo a evidenciar para os alunos a necessidade de respeitar as diferenças nas experiências do Se-Movimentar no esporte e na ginástica, identificando e evitando formas de preconceito e discriminação. As estratégias escolhidas que incluem a realização de gestos/movimentos, a participação em jogos, encenações, a busca de informações, análise de vídeos, entrevistas, a análise de dados, a vivência de exercícios físicos procuram ampliar as possibilidades de aprendizagem e compreensão dos alunos no âmbito da Cultura de Movimento. A avaliação é proposta de modo integrado ao processo de ensino e aprendizagem, sem restringir-se a procedimentos isolados e formais (como uma prova, por exemplo). Sugere-se privilegiar a proposição de atividades avaliadoras que, integradas ao percurso da aprendizagem, favoreçam a elaboração de sínteses relacionadas aos temas e conteúdos abordados e a aplicação, em situações-problema, das habilidades e competências que se pretende que os alunos adquiram. As Atividades Avaliadoras devem favorecer a geração, pelos alunos, de informações ou indícios qualitativos e quantitativos, verbais e não verbais que são, então, interpretados pelo professor, nos termos das expectativas de aprendizagem em relação aos conteúdos. Nesse sentido, o professor pode valer-se de observações sistemáticas sobre interesse, participação e capacidade de cooperação do aluno, autoavaliação, trabalhos e provas escritas, resolução de situações-problema, elaboração e apresentação de situações táticas nos esportes, dramatizações, dentre outros recursos. Por fim, é importante lembrar que a avaliação não tem como finalidade primeira atribuir conceitos e notas aos alunos, mas conscientizá-los sobre suas aprendizagens, assim como problematizar e aperfeiçoar a prática pedagógica para que essas expectativas sejam atingidas. A quadra é o tradicional espaço da aula de Educação Física, mas algumas Situações de Aprendizagem aqui sugeridas podem ser desenvolvidas na sala de aula, no pátio externo ou em outro espaço da escola, como biblioteca, sala de informática ou de vídeo, desde que compatível com as atividades programadas. Também algumas etapas podem ser realizadas pelos alunos como atividade extra-aula (pesquisas, produção de textos etc). As orientações e sugestões a seguir têm a intenção de oferecer-lhe subsídios, no sentido de facilitar o desenvolvimento dos temas e conteúdos apresentados. Não pretendem definir as situações de aprendizagem como únicas a serem realizadas, nem restringir sua criatividade para outras atividades ou para variações de abordagem dos mesmos temas. As Situações de Aprendizagem aqui propostas também poderão ser enriquecidas com leitura de textos (adequados ao nível do Ensino Médio) e exibição de filmes relacionados aos temas. Sugestões nesse sentido são apresentadas ao longo deste Caderno. Isto posto, professor, bom trabalho! 9

TEMa 1 ESPORTE MOdalidadE individual: TêniS Embora nos últimos anos o tênis tenha sido apresentado de forma mais explícita pelas mídias, podemos considerá-lo como uma modalidade esportiva desconhecida dos alunos, principalmente se considerarmos a compreensão do jogo, a proximidade com os implementos e espaços necessários, a importância das técnicas e táticas no desempenho esportivo, sua inserção e aderência no cotidiano das aulas de Educação Física. Esses fatores são importantes para a apreciação do espetáculo esportivo. A expressão modalidade individual, ainda não conhecida dos alunos, deve ser entendida como modalidade não inserida ou não vivenciada nas aulas de Educação Física quando comparadas, por exemplo, com modalidades esportivas mais tradicionais. Alguns gestos presentes no tênis, como o rebater, já foram experimentados pelos alunos em outras situações do cotidiano como o jogo de peteca, que nada mais é do que rebater um implemento para que atinja determinada área, com certa altura, combinando algumas técnicas e táticas com uma das mãos. Podemos também tomar como exemplo o voleibol, que também é constituído pelo movimento de rebater, embora em algumas situações seja permitido rebater e impulsionar a bola com as duas mãos. Os elementos novos trazidos pelo tênis são a raquete e o número reduzido de participantes. As Situações de Aprendizagem aqui sugeridas permitirão aos alunos a associação e a compreensão de outras modalidades individuais que apresentam algumas semelhanças, tais como: tênis de mesa, badminton, squash, frescobol e tamboréu. Algumas ações já vivenciadas pelos alunos em outros contextos, como as saídas rápidas, paradas bruscas e mudanças de direção, darão suporte para a aprendizagem das ações necessárias no tênis. Nem todos os princípios operacionais definidos por Bayer (1994), e encontrados em muitas modalidades esportivas, estão presentes no tênis. Nesta modalidade não se caracterizam a conservação de bola, a progressão em direção ao alvo e ao adversário, e a finalização em um alvo (situação de ataque), assim como a recuperação da posse de bola, a contenção da bola e proteção ao alvo, embora, neste último caso, a defesa do alvo seja a parte da quadra que o jogador defende (situação de defesa). Boa parte dos movimentos do tênis lembra algumas situações já vistas no voleibol, tais como recepção, defesa e ocupação de um espaço e ataque com o objetivo de evitar a devolução de bola, e ainda apresenta outro implemento para realizar esses movimentos a raquete. Nas Situações de Aprendizagem, esse instrumento será adaptado, usando-se de materiais de fácil acesso pelos alunos. 10

Educação Física - 2 a série - Volume 2 Quando nos reportamos às modalidades esportivas, é comum lembrarmos da forma mecanizada e tradicional com que muitas vezes elas foram tratadas em Situações de Aprendizagem fragmentadas e nem sempre objetivadas em uma ação eficaz, pautandose em movimentos que não garantem o sucesso no jogo. Garganta (1995) apresenta as unidades funcionais como um método a ser utilizado no jogo, como forma de introduzir os alunos em sua dinâmica. As unidades destacadas são: eu-bola, eu-bola-alvo, eu-bola-alvoadversário, e cabem tanto no tênis quanto nas demais modalidades esportivas que utilizam bola. Desta forma, busca-se nas Situações de Aprendizagem uma aproximação dessas unidades. O tênis, como modalidade esportiva individual, requer em princípio um espaço físico (campo/quadra dividido por uma rede) para confronto dos adversários e objetos específicos (bola e raquete). Tais espaços e objetos não são acessados por uma parcela significativa da população, já que a maioria dos espaços disponíveis são privados e os acessórios são de alto custo. Agrava essa situação a ausência de políticas que incentivem o acesso a parques e clubes públicos para a prática de esportes. Jovens adolescentes jogando tênis O tênis é a modalidade esportiva individual que utiliza raquete mais praticada em todo o mundo e com praticantes nos cinco continentes, seguida pelo badminton, segundo dados da Federação Internacional de Tênis. Muitas modalidades esportivas, a exemplo do futebol, percorreram e percorrem processos de transição entre diferentes camadas socio econômicas; a inserção do tênis nas aulas de Educação Física poderá contribuir para esse processo. O domínio de determinado gesto, a compreensão de determinadas técnicas e táticas podem ser apreendidos à medida que são apresentadas diferentes situações dessa modalidade esportiva. Propiciar aos alunos do Ensino Médio o conhecimento de várias modalidades esportivas justifica-se pelo fato de essa ser uma etapa na qual os alunos fazem suas escolhas individuais. Além disso, eles também poderão apreciar, identificar, analisar, compreender e criticar o espetáculo esportivo. 11

SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 1 O QUE SABEMOS A RESPEITO DO TêNIS? Objetiva-se a verificação do que os alunos já conhecem sobre o tênis, certamente por meio de informações advindas principalmente da mídia. O professor deve instigar os alunos em relação à possibilidade de apresentarem comentários a respeito da compreensão do jogo, embora possam surgir menções de nomes de atletas brasileiros que se destacam, o que já é significativo (conhecimento prévio). A possibilidade de apresentação de aspectos históricos da modalidade também é importante na elaboração de diferentes situações do jogo, com noções de regras e construção de materiais adaptados. Tempo previsto: 3 a 4 aulas. Conteúdos e temas: o tênis como modalidade esportiva individual: semelhanças e diferenças com outras modalidades; aspectos históricos do tênis; importância das técnicas e táticas no desempenho esportivo e na apreciação do espetáculo esportivo. Competências e habilidades: identificar alguns princípios técnicos e táticos na prática do tênis; reconhecer a presença e semelhança das técnicas e táticas utilizadas no tênis em outras modalidades esportivas e possibilidades do Se-Movimentar. Recursos: bolas de borracha pequenas; cordas; folhas de jornal; fita adesiva; arame; meias de nylon. desenvolvimento da Situação de aprendizagem 1 Etapa 1 Tênis? Por que tênis? Proponha uma roda de conversa para iniciar um debate sobre o tênis. Pergunte aos alunos como imaginam a criação do tênis; pode-se solicitar que criem e encenem, em grupos, uma história para o surgimento do tênis, a partir apenas da imaginação. Solicite que, para a próxima aula, tragam algum material (chinelos, panelas, placas, tacos etc.) que seja capaz de rebater uma bola pequena. Etapa 2 Experimentando e relacionando as ações e movimentos do tênis Nesta etapa os alunos devem estar de posse de algum material capaz de rebater uma bola pequena (não necessariamente de tênis; por exemplo, uma bola de borracha). Distribua as bolas entre os alunos, para que manuseiem e explorem o material e a bola. Sugira aos alunos que troquem entre si o material usado para rebater a bola. A seguir, afixe uma corda nas traves de futebol, paredes de um pátio ou outro espaço possível de ser adaptado; caso não se tenha uma corda com comprimento da quadra, sugere-se amarrar mais de uma. Peça aos alunos que se organizem em duplas, que se posicionarão ao longo da corda, formando miniquadras de medidas estabelecidas consensualmente entre professor e alunos. Proponha um jogo cujo objetivo é rebater a bola em direção ao colega do outro lado da corda, trocando o maior número de passes sem errar (rally). 12

Educação Física - 2 a série - Volume 2 Estimule os alunos a perceberem as técnicas e táticas necessárias para alcançar os objetivos desses minijogos, nos quais estão contempladas as situações do jogo, como: saída rápida, parada brusca, mudança de direção e tomada de decisão, além das unia origem do tênis a partir do jogo de paume Há muitas teorias para o surgimento do tênis, mas há um consenso de que a França estabeleceu as bases reais do jogo com o surgimento do jeu de paume (jogo da palma), no final do século XII e início do XIII. No tênis primitivo as raquetes não eram empregadas. Os jogadores usavam as mãos nuas e depois optaram por usar luvas. No século XIV, já havia jogadores que usavam um utensílio de madeira em forma de pá, conhecido como battoir, e que mais tarde recebeu um cabo e também as cordas trançadas. Era o nascimento da raquete, uma invenção italiana. Com o tempo, o tênis deixou de ser jogado com a bola contra o muro, passando a ser praticado em um retângulo dividido ao meio por uma corda. Surgiu, assim, o longue-paume, que permitia a participação de até seis jogadores de cada lado. Mais tarde apareceu o court-paume, jogo similar, disputado em recinto fechado, mas de técnica mais complexa e que exigia uma superfície menor para sua prática. Muitos reis da França tinham no jeu de paume sua principal diversão, a ponto de o rei Luís XI decretar que a bola de tênis teria uma fabricação específica: com um couro especialmente escolhido, contendo chumaço de lã comprimida, proibindo o enchimento com areia, giz, cal, cinza, terra ou qualquer espécie de musgo. Para se ter uma ideia do crescimento do esporte na França, o rei Luís XII (1498 1515) pediu a um francês de nome Guy Forbert para codificar as primeiras regras e regulamentos e fez construir em Órleans, cidade onde tinha o seu palácio, nada menos que 40 quadras. Em plena Guerra dos Cem Anos, o rei Carlos V condenou o jeu de paume, declarando que todo jogo que não contribua para o ofício das armas será eliminado. A necessidade de tal proibição indica que o novo esporte alcançou uma grande popularidade na França. Fonte: Texto extraído do site da Confederação Brasileira de Tênis: <http://www.cbtenis.com.br/historia> Algumas variações poderão ser utilizadas, como a possibilidade de jogar sem implemento, rebatendo a bola com as próprias mãos, como nos antigos jogos de palma (jeu de paume), ou trocar os materiais entre os próprios alunos. Outra possibilidade seria os alunos jogarem contra si mesmos, ou seja, bater a bola contra uma parede e rebatê-la depois de um quique. dades funcionais: eu-bola, eu-bola-alvo e eubola-alvo-adversário. Etapa 3 Construindo uma raquete de tênis Para o desenvolvimento desta etapa (construção e adaptação da raquete), é necessário providenciar antecipadamente alguns materiais: folhas duplas de jornal (mais de cinco) e fita adesiva. A construção da raquete por parte dos alunos seguirá os seguintes passos: 13

f Confeccionar vários canudos com as folhas de jornal; em seguida agrupar os canudos na tentativa de moldar uma raquete. f Para moldar os canudos no formato de uma raquete, será preciso mais de um aluno, pois é necessário colar e aplicar a fita adesiva em torno dos canudos, que já estarão no formato de uma raquete. Outra possibilidade para se construir uma raquete adaptada é usar arame para a estrutura de sustentação e o cabo, e meiacalça de nylon para substituir a área de contato da bola. Etapa 4 Por dentro do jogo Utilizando novamente uma corda estendida de uma extremidade a outra da quadra ou outro espaço adaptado, proponha que os alunos realizem minijogos, individuais ou em duplas. Dependendo do tamanho da quadra, duas partidas podem ser jogadas ao mesmo tempo. As regras para definir a pontuação devem ser elaboradas previamente. Por exemplo: a bola pode quicar quantas vezes no campo do adversário? Os pontos serão corridos como no voleibol ou será usado o sistema de vantagem? Caso os alunos apresentem dificuldade, exemplifique com algumas regras utilizadas no tênis. Conexão Editorial Figura 1 Material para confeccionar raquetes de tênis alternativas. 14

Educação Física - 2 a série - Volume 2 Conexão Editorial Figura 2 Raquetes confeccionadas com canudos de folha de jornal e fita adesiva. SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 2 APRECIANDO UMA PARTIDA DE TêNIS Alguns alunos podem não ter assistido a nenhuma partida de tênis, seja ao vivo ou pela televisão. Apreciar uma partida sem entender sua dinâmica pode ser um pouco difícil, porém a Situação de Aprendizagem anterior mobilizou os alunos a prestarem atenção em uma partida oficial de tênis e a iniciarem sua compreensão. Tempo previsto: 1 a 2 aulas. Conteúdos: tênis como espetáculo esportivo; técnicas e táticas do tênis. Competência e habilidades: apreciar e analisar uma sequência de golpes em uma partida de tênis; compreender e analisar as técnicas e táticas utilizadas no tênis. Recursos: aparelho reprodutor de vídeos ou DVDs; televisão (ou monitor); bolas de borracha; bolas de tênis; cartões; cartolinas; tesouras; canetas. 15

desenvolvimento da Situação de aprendizagem 2 Etapa 1 bola para lá, bola para cá! Selecione um trecho ou sequência de golpes de uma partida de tênis gravada em vídeo ou DVD e apresente aos alunos. Solicite que prestem atenção à movimentação dos jogadores, aos tipos de saque, às subidas à rede, à utilização das mãos, à força e velocidade imprimida nos golpes etc. Após o momento de apreciação, apresente alguns nomes característicos dos golpes e associe-os às técnicas e táticas aplicadas pelos jogadores no vídeo. Retorne à quadra e estimule os alunos a realizarem algumas ações vistas e analisadas no vídeo. Utilize as raquetes construídas na Situação de Aprendizagem anterior, procurando a aproximação com a situação completa de jogo. Utilize nesse momento bolas de tênis. Bob Thomas/Stone-Getty Images Figura 2 Backhand 16

Educação Física - 2 a série - Volume 2 alguns nomes e técnicas Saque: movimento que inicia a partida; o jogador lança a bola acima da cabeça e a golpeia para que chegue ao outro lado da quadra. É considerado o primeiro ataque ao adversário. Golpes de fundo de quadra (direita/forehand e esquerda/backhand): facilitam o contato raquete-bola na frente do corpo, permitindo mais tempo para posicionar o corpo antes de golpear a bola e também golpear/devolver a bola na diagonal. Sequência de movimentos: 1. preparação; 2. passos de ajuste; 3. terminação. Smash: permite golpear a bola de cima para baixo, dificultando a devolução do outro jogador. voleio: rebatidas realizadas antes que a bola toque o solo. Todos os golpes do tênis apresentam três fases: 1. aceleração da raquete; 2. contato bola-raquete; 3. desaceleração. ATIVIDADE AVALIADORA Solicite aos alunos (em grupos) uma pesquisa referente aos seguintes temas: desenvolvimento do tênis no Brasil e no Estado de São Paulo; os principais tenistas brasileiros; os principais torneios de tênis realizados no Brasil e no exterior; os nomes dos golpes associados às diferentes técnicas e táticas; os tipos de piso de quadras para praticar o tênis. Depois de entregues os trabalhos, troqueos entre os grupos de alunos e solicite que formulem perguntas e respostas com base no conteúdo abordado em cada pesquisa. Em seguida, peça que preparem cartões de cores e tamanhos padronizados, contendo as informações necessárias para realizar um jogo de perguntas e respostas em equipes. Os alunos deverão selecionar as perguntas e respostas mais coerentes e transcrevê-las nos cartões. Cada cartão deverá ter três perguntas e as correspondentes respostas. Avalie o envolvimento dos alunos na formulação das perguntas e atente para as respostas e erros mais frequentes. 17

Adrian Green/Photographer s Choice-Getty Images Figura 3 Finalização do forehand. 18

Educação Física - 2 a série - Volume 2 PROPOSTA DE SITUAçõES DE RECUPERAçãO Durante o percurso pelas Situações de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. É necessário, então, que outras Situações de Aprendizagem sejam propostas, permitindo ao aluno revisitar o processo de outra maneira. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos; envolver todos os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades; podem ser desenvolvidas individualmente ou em pequenos grupos. Por exemplo: f organizar roteiro de estudos com perguntas norteadoras referentes ao tênis e sua posterior apresentação em registro escrito. f selecionar modalidades esportivas individuais que utilizam o implemento raquete e listar suas semelhanças e diferenças. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSãO DO TEMA livros PAES, Roberto Rodrigues. Educação física escolar. O esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: Ulbra, 2001. O autor discute a finalidade da Educação Física e sua dinâmica no Ensino Fundamental, enfatizando o esporte como con teúdo pedagógico. BAYER, Claude. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros, 1994. Discute o processo de ensino dos esportes coletivos, apresentando os princípios operacionais comuns às modalidades esportivas. GARGANTA, Julio. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: OLIVEIRA, José; GRAçA, Amândio. O ensino dos jogos desportivos. 2. ed. Porto: Universidade do Porto, 1995. Propõe uma discussão sobre o processo de ensino-aprendizagem das modalidades esportivas coletivas, estabelecendo unidades funcionais do jogo. Site Confederação Brasileira de Tênis. Disponível em: <http://www.cbtenis.com.br/>. Acesso em: 16 fev. 2008. Apresenta informações gerais sobre o tênis no Brasil e no mundo: histórico, regras, principais eventos, ranking dos atletas. Filmes Campeões 2 (Televisión de Catalunya, Espanha, 1990) veiculado pela TV Escola - Brasília: MEC, Secretaria de Educação a Distância, 1990. 1 fita de vídeo (106 min, 52 s): son., color. BBE. Tradução da edição da Televisión de Catalunya, Espanha. Programa TV Escola. Série que apresenta as bases técnicas, provas e regras de várias modalidades esportivas. Consulte para Tênis: n o 6 Tênis (13 minutos). Wimbledon. O jogo do amor (Wimbledon). Direção: Richard Loncraine. Inglaterra, 2004, 98min. Um tenista que ocupa uma baixa posição no ranking mundial recebe um convite dos organizadores para disputar o tradicional torneio de Wimbledon e tem sua última chance de vencer uma competição. 19

TEMa 2 EFEiTOS do TREinaMEnTO FíSiCO: FiSiOlóGiCOS, MORFOlóGiCOS E PSiCOSSOCiaiS Nas últimas décadas, o conceito de saúde tem sido ampliado para Promoção da Saúde (Organização Mundial da Saúde, 1986, apud BRASIL, 2001), que enfatiza a importância do envolvimento comunitário nas questões da saúde individual e coletiva. Nessa atual definição, há duas grandes perspectivas de atuação: de um lado, atividades individualizadas focando os estilos de vida e concentrando-se em componentes educativos relacionados aos riscos comportamentais modificáveis. Por outro lado, atividades voltadas ao coletivo por meio de políticas públicas e de ambientes favoráveis ao desenvolvimento da saúde. A disseminação de conhecimentos sobre saúde possibilita que a comunidade se responsabilize sobre sua saúde, explicitando seus problemas, reivindicando e sugerindo soluções. A segunda perspectiva, vinculada ao conceito de Saúde Coletiva, já foi abordada no 3 o bimestre da 1 a série e será retomada no 3 o bimestre da 2 a série. Considerando a primeira perspectiva, convém levantar os estudos sobre os efeitos da prática de atividade física e exercício físico para a sensibilização do aluno quanto à sua importância. Na sua maioria, os estudos indicam benefícios às estruturas e funções corporais, mas mostram também efeitos negativos quando mal administrados. Segundo Weineck (2005), para melhor entendimento dos efeitos da atividade física e do exercício físico sobre o organismo humano, é fundamental o conhecimento dos processos de adaptação (entendida como uma reorganização orgânica e funcional do organismo), que estão sujeitos a fatores endógenos e exógenos. São fatores endógenos (internos): a idade, o sexo e a condição de treinamento. A infância e adolescência são os períodos de grande capacidade de adaptação, a qual, apesar de diminuir com o avanço da idade, mantém-se até o fim da vida. Com relação ao sexo, a capacidade de adaptação se dá de forma diferenciada; por exemplo, a treinabilidade da musculatura na mulher é menor, devido à menor quantidade de testosterona. Quanto à condição de treinamento, os processos de adaptação ocorrem mais rapidamente quanto menor for o nível de desempenho da pessoa. São fatores exógenos (externos): a qualidade e quantidade da sobrecarga e a alimentação. A correta sequência de estímulos, observando as normas de treinamento (intensidade, duração, frequência, sobrecarga), define a forma e a abrangência do processo de adaptação. A alimentação precisa fornecer os elementos nutricionais necessários para a formação de estruturas diante dos estímulos de carga. Para cada tipo de treinamento físico há adaptações específicas nos diferentes sistemas do corpo, conforme se verifica a seguir: 20

Educação Física - 2 a série - Volume 2 TREinaMEnTO Capacidade anaeróbica Capacidade aeróbica Resistência muscular adaptações ESPECíFiCaS - Maiores níveis intramusculares de substratos anaeróbicos (ATP, PCre e glicogênio); - maior quantidade e atividade das enzimas-chave, que controlam a fase anaeróbica (glicolítica) do fracionamento da glicose; - maior capacidade de gerar aumento de rendimento sanguíneo de lactato durante exercício máximo. Adaptações metabólicas: - aumento no tamanho e número de mitocôndrias no músculo esquelético treinado; - duplicação do nível das enzimas do sistema aeróbico; - melhora na oxidação de ácidos graxos (metabolismo de gorduras e carboidratos); - intensificação da capacidade aeróbica das fibras musculares. Adaptações cardiovasculares: - ampliação do tamanho do coração (melhor volume sistólico); - aumento do volume plasmático; - aumento do volume sistólico de ejeção; - diminuição da FC, aumento do débito cardíaco, aumento do oxigênio extraído do sangue, aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da PA. Adaptações pulmonares: - aumento da ventilação muscular durante exercício máximo; - hipertrofia da musculatura respiratória (músculos intercostais externos e diafragma). Outras adaptações: - modificação na composição corporal; - transferência de calor corporal. Adaptações neurais: - maior ativação do SNC; - melhor sincronização das unidades motoras; - reflexos inibitórios neurais mais intensos. Adaptações musculares: - hipertrofia das fibras musculares; - remodelagem muscular. Adaptações nos tecidos conjuntivo e ósseo: - fortalecimento de ligamentos, tendões e tecidos ósseos de apoio. Outras adaptações: - modificação na composição corporal. Fonte: MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002. 21

Ademais, o treinamento físico, a depender de suas características, pode produzir efeitos positivos ou negativos sobre outros sistemas orgânicos: sistema nervoso autônomo (produz relaxamento ou excitabilidade); sistema nervoso central (aumenta a circulação sanguínea no cérebro); sistema visual (melhora o desempenho visual); sistema sensorial cinestésico (melhora a capacidade de desempenho muscular ou leva à disfunção da propriocepção e surgimento de lesões); sistema imune (estimula a imunidade em atividades leves e de longa duração ou a prejudica em treinamento muito intenso); e sistema endócrino (libera o hormônio do crescimento e melhora o sistema regulador hormonal). Quanto aos aspectos psicossociais, pode-se falar em efeitos positivos e negativos causados pela atividade física e exercício físico. Entre os efeitos positivos estão: redução de vários sintomas de estresse, da ansiedade, da depressão moderada e da instabilidade emocional; melhora na autoestima, no autoconceito, na imagem corporal e no relacionamento interpessoal. Têm sido relatados efeitos negativos decorrentes de treinamento excessivo ou competição inadequada, tais como: transtornos psicossomáticos ou gastrintestinais; alterações de apetite e sono; desvios de comportamento; aumento da ansiedade e agressividade; esgotamento físico e psicológico (burnout); distúrbios cognitivos (falta de atenção e concentração, esquecimento, bloqueio mental); e síndrome de saturação esportiva, além da diminuição dos sentimentos de eficácia, alegria, realização, competência e controle. O conhecimento dos fundamentos anátomo-fisiológicos dos sistemas do corpo são necessários para a compreensão dos efeitos específicos do treinamento. Diante desse fato, será de fundamental importância um trabalho interdisciplinar com professores de Biologia e Química. Por exemplo, o efeito morfológico do treinamento aeróbico no aumento do número e tamanho de mitocôndrias nas fibras musculares pode ser relacionado aos conhecimentos sobre as estruturas celulares. SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 3 CONHECENDO OS EFEITOS DO TREINAMENTO SOBRE OS SISTEMAS DO CORPO Os alunos informarão as atividades físicas e/ou exercícios físicos programados (ginásticas de academia, treinamento em alguma modalidade esportiva etc.) que realizam cotidianamente, bem como buscarão tais informações em entrevistas realizadas com jovens e adultos, perguntando quais os efeitos físicos e psicossociais que os entrevistados percebem como decorrentes da atividade física e dos exercícios realizados. Os dados serão analisados em busca de relações sobre tipos e características das atividades físicas e exercícios relatados, nível de desenvolvimento de capacidades físicas e efeitos percebidos. Por fim, o professor apresentará informações mais aprofundadas sobre os efeitos esperados do treinamento físico, com ênfase no treinamento da capacidade aeróbica e da resistência muscular. 22

Educação Física - 2 a série - Volume 2 Tempo previsto: 2 a 3 aulas. Conteúdos e temas: efeitos fisiológicos, morfológicos e psicossociais do treinamento físico; repercussões do treinamento físico sobre sistemas orgânicos e desenvolvimento de capacidades físicas. Competências e habilidades: identificar e reconhecer os efeitos do treinamento físico sobre os sistemas orgânicos; relacionar tipos e características de atividades físicas/exercícios físicos com o desenvolvimento de capacidades físicas e efeitos sobre os sistemas orgânicos. Recursos: fichas; cartolinas. desenvolvimento da Situação de aprendizagem 3 Etapa 1 Exercício faz bem para quê? Os alunos anotarão em uma ficha, de formato e conteúdo padronizados pelo professor, as atividades físicas que realizam cotidianamente (varrer a casa, lavar roupa, caminhar, subir escadas etc.) e/ou exercícios físicos programados (ginásticas de academia, treinamento em alguma modalidade esportiva etc.). Devem ser informadas também a frequência semanal e a duração em minutos das atividades (por exemplo, caminhar cinco vezes por semana durante 40 minutos, jogar futsal duas vezes por semanas durante 1 hora, varrer a casa durante 20 minutos, três vezes por semana, subir três andares do prédio duas vezes por dia etc). Informar também na ficha os resultados dos testes de capacidades físicas realizados no bimestre anterior. Utilizando como base a mesma ficha, peça aos alunos que, divididos em grupos de cinco ou seis integrantes, entrevistem pelo menos três adultos ou jovens (de preferência pertencentes à própria comunidade escolar ou membros da família) que pratiquem regularmente alguma atividade física/exercício físico programado (ginástica de academia, caminhada/corrida, esportes etc.) há pelo menos seis meses. Oriente os alunos a perguntarem ainda sobre os efeitos físicos e/ou psicossociais (positivos e negativos) percebidos como decorrentes da atividade física e dos exercícios realizados, e sobre os resultados de testes de capacidades físicas que eventualmente os entrevistados tenham realizado. Para evitar possíveis constrangimentos na utilização dessas fichas na etapa seguinte, peça aos alunos que as identifiquem (a sua e a dos entrevistados) com um pseudônimo. Etapa 2 O que podemos concluir? Distribua aleatoriamente as fichas pelos grupos, de preferência mantendo os mesmos gru pos que fizeram as entrevistas. Oriente os alunos a analisarem os dados, em busca de relações entre: a) sedentarismo e nível de desenvolvimento de capacidades físicas; b) os tipos e características (frequência, duração) das atividades físicas e exercícios relatados pelos colegas e os respectivos resultados dos testes de capacidades físicas; c) o tipo de atividade física/exercício físico praticado pelas pessoas entrevistadas e os efeitos por elas relatados. Auxilie os alunos a construírem tabelas que sintetizem os resultados e que serão apresentadas a toda turma (poderão ser transcritas na lousa, se a atividade for realizada na sala de aula, ou em folhas de cartolina, se realizadas em outro espaço). 23

Discuta o conjunto dos dados com os alunos, procurando evidenciar as relações entre o tipo e as características de atividade física/exercício físico, as capacidades físicas desenvolvidas e os efeitos percebidos nos diversos sistemas orgânicos. Ao final, apresente informações mais aprofundadas sobre os efeitos esperados do treinamento físico, com ênfase no treinamento da capacidade aeróbica e da resistência/força muscular, tomando os dados apresentados pelos alunos como exemplos. ATIVIDADE AVALIADORA Procure avaliar se ao longo da Situação de Aprendizagem os alunos conseguem relacionar o tipo e as características de atividade física/exercício físico, as capacidades físicas desenvolvidas e os efeitos nos diversos sistemas orgânicos. Ao final, apresente questões como: f Quais atividades físicas/exercícios físicos se mostraram mais adequados para desenvolver, respectivamente, a capacidade aeróbica, a resistência e a força muscular? f O melhor desempenho no teste de resistência indica desenvolvimento de qual sistema energético? f O efeito de hipertrofia muscular está relacionado a que tipo de atividade física/exercício físico? Estas e outras questões semelhantes poderão ser respondidas pelos alunos, individualmente ou em grupo, por escrito ou oralmente, para toda a turma. Faça as correções necessárias nas respostas. PROPOSTA DE SITUAçãO DE RECUPERAçãO Durante o percurso pelas Situações de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. É necessário, então, que outras Situações de Aprendizagem sejam propostas, permitindo ao aluno revisitar de outra maneira o processo. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, envolvendo todos os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades. Por exemplo, o professor pode propor: f roteiro de estudos com perguntas norteadoras, para posterior apresentação das respostas encontradas em registro escrito ou outra forma; f produção de um texto em que o aluno autoavalie sua participação em atividades físicas/exercícios físicos e nível de desenvolvimento de capacidades físicas, conhecimentos obtidos nas Situações de Aprendizagem. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSãO DO TEMA livros BECKER JUNIOR, Benno. Manual de psicologia do esporte e exercício. Porto Alegre: Nova Prova, 2000. Aborda os aspectos psicológicos que envolvem a criança no esporte, como a motivação e o estresse. 24