ESTATUDO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE



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Isto posto, colocamos então as seguintes reivindicações:

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Transcrição:

ESTATUDO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (*) ANGELA GUADAGNIN A sociedade de forma organizada conquistou na constituição que os direitos das crianças e adolescentes fossem um dever a ser implantado e respeitado pela família, pela sociedade e pelo estado. Depois desta conquista, a sociedade continuou mobilizada para a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que acabou sendo sancionado em junho de 1990. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma lei moderna, estruturante de direitos e completamente cidadã. Foi elaborada para garantir os direitos das crianças e adolescentes em vários aspectos e encarna uma nova visão de política para este segmento da sociedade, considerado cidadãos em formação que precisam do apoio de todos e de cada um. Essa lei institui direitos e regras que buscam garantir a cidadania das crianças e adolescente, considerando-os prioridade absoluta. Para que essa lei seja integralmente aplicada, é fundamental que todos os cidadãos tomem conhecimento de seu conteúdo. E que disso se mobilizem, exigindo o seu cumprimento em cada programa, em cada atividade desenvolvida com crianças e adolescentes, em instituições públicas, privadas ou filantrópicas. O Estatuto é dividido em 2 livros, vários capítulos e várias seções. O livro 1 considerado como parte geral apresenta os direitos fundamentais, sendo esses distribuídos em vários capítulos: do direito à vida e à saúde mediante efetivação de políticas públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência; do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas em processo de desenvolvimento e **

como sujeitos de direitos civis e sociais garantidos na Constituição e nas leis; do direito à convivência familiar e comunitária; do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer visando pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho; do direito à profissionalização e à proteção no trabalho. O ECA prevê também ações necessárias para a prevenção de ameaça ou violação dos direitos, caracterizando os órgãos e as punições previstas em caso de qualquer desrespeito à essa lei. O livro 2 apresenta toda a política de atendimento, que deverão ser feitas através de um conjunto articulado de ações governamentais, e não governamentais, nas 3 esferas de governo, dando preferência a um programa organizado nos municípios de forma descentralizada e coordenada pelos conselhos de direitos onde a participação popular e o controle social pode ocorrer de forma mais efetiva. Neste livro também está assinalado a relação com as entidades prestadoras de serviço, os conselhos tutelares e a obrigação dos municípios, estados e a união criarem seus fundos da criança e adolescente, vinculados aos seus respectivos conselhos. Com freqüência, ouvimos pessoas da sociedade colocarem que o ECA protege bandidos, quando em seus diversos artigos estabelece quais as ações necessárias para planejamentos e execução de programas de proteção e programas sócio-educativos destinados a criança e adolescentes em conflitos com a lei, nas diversas situações de orientação e apoio sócio-familiar, sócio-educativo em meio aberto, colocação familiar, abrigo, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Em junho deste ano o ECA faz 16 anos, mas muita gente ainda não conhece na sua totalidade seus **

compromissos com estes cidadãos em formação que precisam do apoio da família, da sociedade e do estado para conseguirem um completo desenvolvimento. Tenho muito orgulho em afirmar o meu compromisso pessoal e político com a implantação do ECA. É um compromisso de vida, através de ações com o pediatra, como prefeita de São José dos Campos e como deputada Federal. Como prefeita tive oportunidade de colocar em prática ações concretas para viabilizar o estatuto em todos os seus artigos, implantando políticas de governo em todas as áreas e secretarias, que ficaram como uma marca da minha gestão, a prioridade à criança e o adolescente. Diversos projetos podem ser citados que trouxeram para minha cidade o título de Município Amigo da Criança. Como deputada tenho me empenhado na defesa do ECA e do aperfeiçoamento dele, onde se faz necessário. É o caso do artigo 260, que trata da possibilidade dos contribuintes do imposto de renda destinarem parcela do imposto devido para os fundos municipais, estaduais ou nacional, conforme regulamentação específica. Atualmente, o contribuinte pode destinar 1% do imposto de renda devido quando pessoa jurídica e 6% quando pessoa física, durante o ano base de execução. Esta obrigatoriedade dificulta para que este contribuinte faça sua doação, já que ele obrigatoriamente teria que saber o valor do imposto de renda devido para poder fazer o depósito até 31 de dezembro do respectivo ano. Mesmo aquele contribuinte que tenha a melhor das intenções e queira fazer **

esta destinação dificilmente ou ele lembra de fazer no fim do ano quando a preocupação são com as festas de natal e passagem do ano ou não sabem o valor a ser aplicado, além de uma grande parcela dos contribuintes que não tem conhecimento deste direito. Quando prefeita de São José dos Campos fiz campanha informativa para esclarecer os contribuintes tanto da oportunidade de fazerem esta doação como da possibilidade cidadã de acompanharem de perto onde os recursos iam ser aplicados. Fizemos também parceria com a associação de contabilistas para que eles motivassem seus clientes de fazerem estas destinações. Mas só isso era pouco. Ainda esparramávamos na lei que obrigava que a contribuição fosse feita durante o ano base até 31 de dezembro. Logo que assumi como deputada federal, utilizei a prerrogativa de fazer lei para colocar em prática esta bandeira de aumentar os recursos para os fundos da criança e adolescente. Apresentei o PL 1300/99 que modifica o artigo 260 do ECA, que possibilita que o contribuinte destine parte do imposto de renda devido, previstos na lei, no momento da apresentação da declaração do imposto de renda. A idéia é que o contribuinte tenha acesso a informação da possibilidade de fazer esta destinação para os fundos da criança e adolescente no momento do ajuste da declaração, de tal modo que as pessoas físicas possam destinar 6% do imposto devido e as pessoas jurídicas 1% do imposto devido. O contribuinte fica estimulado a destinar os recursos já que estas informações constariam do próprio formulário da declaração, mas sem ter qualquer acréscimo tributário. O PL teve emendas na Comissão de Seguridade Social e Família que melhoram o projeto, tendo sido provado nas demais comissões, e encaminhado para o Senado, onde **

também foi aprovado nas comissões, recebendo emendas na comissão de assuntos econômicos para ajustá-lo melhor as determinações da Secretaria da Receita Federal. Agora o PL volta novamente para a Câmara. Durante todo o tempo de tramitação do PL tivemos a oportunidade de discuti-lo com diversos setores da sociedade, ganhando adeptos e apoiadores ao longo do tempo, como a ABRINQ e a ANFIP. Esperamos que nesta fase de tramitação também tenhamos o apoio da sociedade civil para que o projeto seja provado o mais rapidamente possível. Gostaríamos que já neste ano quando o contribuinte fizesse sua declaração de imposto de renda, já pudesse destinar estes recursos para os fundos controlados pelos conselhos da criança e adolescente. Temos certeza que neste ano é impossível, entretanto quanto antes for aprovado possibilita que a receita federal prepare os formulários necessários. O ECA tem 16 anos, muita coisa já foi feita, mas muito ainda resta para fazer. Ao longo deste anos foram sendo implantados os conselhos de direitos em todos os municípios, estados e o conselho nacional. Foram sendo instalados os fundos controlados pelos conselhos e muitos projetos de governo e da sociedade civil tem sido colocados em prática melhorando a situação das crianças e adolescentes no Brasil. Mas ainda falta ações nas políticas de saúde, educação, assistência social voltada para este segmento da população. Nosso país passou muitos anos sem investir concretamente em políticas públicas de qualidade, entretanto temos visto no atual governo do presidente LULA ações que **

tem provocado uma melhora concreta na vida da população, principalmente para as crianças e adolescentes. O bolsa-família está atendendo 8 milhões e 500 mil famílias, mudando a realidade da vida de comunidades inteiras assistidas por este programa. Dados recentes do PNAD (pesquisa nacional de amostragem por domicílio) apresentados em novembro de 2005, mostraram que houve uma grande inversão na desigualdade social no país. Houve uma redução na parcela da população em situação de miséria absoluta, diminuindo os pobres no Brasil e a diferença dos rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres. Pela primeira vez na história do país diminui a diferença entre os mais ricos e os mais pobres!!! Este dado por si só já tem um valor histórico na realidade do povo brasileiro. O fome zero junto com o bolsa-família também tem mudado as condições de vida das pessoas, principalmente do norte, nordeste e centro-oeste. São comunidades inteiras que passaram a ter mais dignidade, conseguindo um novo padrão de vida, através de ações do governo federal que estão promovendo mais cidadania. O desenvolvimento de um país se dá pela educação, e são inúmeros os projetos implantados para garantir a melhoria da qualidade do ensino, a ampliação do acesso e das vagas. O aumento no número de livros didáticos distribuídos, inclusive a introdução da distribuição também para o ensino médio. O aumento dos repasses da merenda e do transporte escolar. O aumento de vagas nas universidade federais, a política de cotas e o PROUNI, tem **

possibilitado que jovens carentes possam estudar numa universidade. São 120 mil jovens inscritos no PROUNI, uma verdadeira revolução na democratização da educação superior. O FUNDEB vai com certeza também promover a inclusão de mais crianças no sistema educacional, garantindo o acesso as creches e educação infantil, além do ensino fundamental que já era considerado. N ão podemos esquecer do Brasil alfabetizado que tem possibilitado que jovens e adultos consigam ler o que está escrito na nossa bandeira. Dados da UNICEF mostraram pela primeira vez no Brasil a redução do trabalho infantil, resultado concreto das ações do ministério de assistência social e do bolsa-família. O luz para todos é um projeto que tem possibilitado que milhões de brasileiros tenham acesso a energia elétrica, tendo estado a margem deste conforto em pleno século 21. Todos estes programas tem, com certeza, mudado a vida do povo brasileiro, e os dados do PNAD demonstram que os resultados já são uma realidade incontestável. Este governo também tem enfrentado outro desafio, que é a implantação do SUAS, sistema único de assistência social aprovado na última conferência de assistência social. Desde a constituição setores da sociedade vem lutando para que a assistência social seja encarada como uma política de direitos mínimos para garantir a vida das populações mais carentes, e não mais como caridade ou filantropia. Em 1993, com a aprovação da LOAS ( lei orgânica da assistência social) ficou definido as ações e os destinatários destas ações. O presidente Lula logo no início do seu **

governo criou o ministério da assistência social e combate a fome, mostrando o compromisso com esta política pública. O sonho dos repasses fundo a fundo já é uma realidade, através de parceria com os governos estaduais e municipais, que estão tendo que organizar as redes de prestação de atendimento para receberem os recursos. A sistemática de repasses também mudou, facilitando para as entidades prestadoras de serviço que não ficam dependendo, a cada inicio de ano da aprovação do projeto para receberem os recursos para manutenção do atendimento. Ainda temos um outro desafio que é a garantia de recursos vinculados para a assistência social. Existe uma PEC de minha autoria e do deputado Eduardo Barbosa, que garante esta vinculação de 5% do orçamento. A comissão especial já foi montada, mas não avançou muito nas discussões. Precisamos avançar nas discussões para aprovar esta PEC e termos os recursos para a assistência garantidos na constituição como os recursos da saúde e da educação. Durante toda minha militância na luta pelos direitos da criança e do adolescente, tenho procurado atuar em várias frentes. A violência contra crianças e adolescentes principalmente a violência doméstica, cometida por adultos que deveriam ser os primeiros a defenderem e protegerem estes seres, sem condições de se defenderem sozinhos. O Congresso Nacional já realizou uma CPI exatamente para apurar as causas, os locais e quem comete estes crimes contra crianças e adolescentes. O relatório apresentou diversas sugestões para combater estas agressões. Precisamos juntar forças e tirar do papel as ações propostas. **

A imprensa tem mostrado com freqüência, cenas de violência que muitas vezes levam as crianças aos Pronto Socorros, com lesões graves provocadas por queimaduras, fraturas, traumatismos cranianos, ferimentos feitos por instrumentos perfurantes ou cortantes. Lesões que deixam marcas físicas e psíquicas quando não levam à morte. Outra violência contra a criança e o adolescente é a exploração sexual e a hemofilia, que também marcam inflexivelmente para o resto da vida aqueles que sofreram estas agressões. Atualmente, a pedofilia na Internet tem preocupado pela aparente impunidade para aqueles que a cometem. Com freqüência, ouvimos que é impossível combatê-la, entretanto temos conhecimento de programa de computador que impede a retransmissão de imagem e podem detectar os autores. O trabalho infantil, para nossa satisfação, tem diminuído, as crianças e os adolescentes têm permanecido mais tempo na escola, como resultado concreto de ações do Governo. Mas existe uma modalidade de trabalho infantil que não é normalmente visto como tal. É a mão-de-obra, principalmente de meninas no serviço doméstico. Todos sabemos que ao educar meninos e meninas, devemos ensiná-los a fazerem a cama, varrerem o chão ou lavarem a louça. Observem que eu falei meninos e meninas. Mas totalmente diferente é dar esta responsabilidade que é cansativa, até para adultos, para crianças e adolescentes. Recentemente, foi aprovado na CCJ, o PL que proíbe educar com palmada. Qualquer agressão física contra um adulto é passível de punição, entretanto, nas crianças é considerado uma forma de manter o respeito e a autoridade. É melhor manter a autoridade com diálogo sem precisar agir **

com violência. Quando o ECA estiver implantado na sua totalidade, não teremos crianças de rua ou na rua; não teremos trabalho infantil; não teremos exploração sexual de crianças e adolescentes; não teremos crianças morrendo de desnutrição, diarréia ou por falta de atendimento no pré-natal, no parto e no pós-parto. Com a completa implantação do ECA não teremos criança e adolescente fora da escola; nem teremos crianças com aptidão para o esporte ou qualquer modalidade cultura, que não tenham acesso por falta de recursos. Com certeza, neste dia, teremos uma sociedade mais justa e igual, sem tanta exploração. Eu continuo lutando para que meus sonhos se concretizem e se tornem realidade. Sonho com um País que não seja necessário cuidar de crianças e adolescentes com políticas públicas de assistência social, porque as ações e programas das outras áreas funcionarão normalmente. Sonho com um País que as políticas de assistência social não sejam usadas para resolver situações que apontem falhas nas gestões públicas. Sonho com um País que os recursos da educação promovam desenvolvimento e cidadania. Que haja políticas de geração de emprego e renda, e que o pleno emprego promova e garanta mais justiça social, menos desigualdade e exclusão. Tenho certeza que esse país é possível. E como um sonho que se sonha só continua só um sonho, mas quando **

** sonhamos juntos tornamos o nosso sonho em realidade. (*) Discurso feito no Grande Expediente da Câmara dos Deputados, em 20.02.06