PALAVRAS-CHAVE: Partidos Políticos; Justiça Eleitoral; Contabilidade.



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Transcrição:

A TRANSPARÊNCIA ENTRE OS PARTIDOS POLÍTICOS NAS ELEIÇÕES E A SOCIEDADE: UMA CONQUISTA DE TODOS RESUMO: O estudo em questão foi desenvolvido na tentativa de buscar a transparência quanto ao financiamento utilizado pelos partidos políticos no âmbito da sua administração. Este ramo que vem deixando de ser escasso em informações financeiras e passando a ter um maior significado após a promulgação da Resolução Nº. 21.841/ 04 no que dispõe a Lei Nº. 9.096/95, que disciplina a prestação de contas dos Partidos. As Ciências Jurídicas e Contábeis fazem com que haja um elo de integração e respeito perante a sociedade, esta contribui elaborando regras para o seu devido cumprimento; aquela colabora realizando o controle, acompanhamento e prestação de contas. Com a junção das Ciências é possível evidenciar suas movimentações de recursos financeiros de forma transparente para que todos tenham conhecimento. O estudo trará uma contribuição bastante significativa para que haja responsabilidade na condução da administração e transparência dos Partidos Políticos. Afinal, a sociedade quer saber (e tem todo direito) de onde vem esse dinheiro que sustenta o ramo político nas eleições. PALAVRAS-CHAVE: Partidos Políticos; Justiça Eleitoral; Contabilidade.

1. INTRODUÇÃO A história sempre registrou a existência de organizações que defendiam ideias, que representavam parte do todo social. O pensamento humano jamais apontou para uma única e determinada direção. A compreensão do mundo não foi, nem será unívoca. São várias as visões do universo e as concepções do homem. Como conseqüência imediata, também no plano político percebe-se a disparidade do pensar. Por estarem lidando com a sociedade, há sempre pessoas divergentes, que não concordavam com tais princípios e formavam seus próprios grupos para elevarem seus ideais. Daí a nomenclatura utilizada: partido; no sentido de parcela, parte, fatia de uma totalidade. Os primeiros partidos políticos com as funções e características semelhantes às de hoje surgiram na Inglaterra, no século XVIII. Com as três instituições protagonistas da história constitucional inglesa: o Rei, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. O predomínio de cada um destes protagonistas marca períodos da história constitucional do Reino, bem como três formas clássicas de governo: a monarquia, a aristocracia e a democracia. Paulo Bonavides escreve que O partido político é uma organização de pessoas inspiradas por idéias ou movidas por interesses, buscam tomar o poder, normalmente pelo emprego de meios legais, e nele conservar-se para realização dos fins propugnados. As funções dos partidos políticos são: Contribuir para o esclarecimento plural e exercício das liberdades e direitos políticos dos cidadãos; estudar e debater os problemas da vida política, econômica, social e cultural, a nível nacional e internacional; apresentar programas políticos e preparar programas eleitorais de governo; apresentar candidaturas para os órgãos eletivos de representação democrática; promover a formação e a preparação política de cidadãos para uma participação direta e ativa na vida pública democrática; em geral, contribuir para a

promoção dos direitos e liberdades fundamentais e desenvolvimento das instituições democráticas.. 2. A HISTÓRIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL Os primeiros movimentos com características de partidos políticos tiveram início nos tempos imperiais. Antes de 1822, a luta política restringia-se aos brasileiros que desejavam a independência e aos estrangeiros que a bloqueavam. Embora estas forças pudessem algumas vezes identificar grupos sociais específicos, ainda encontrava-se longe de constituir organizações políticas. Em 1826 foi inaugurado o Poder Legislativo regular no Brasil e a Câmara dos Deputados, se formando, antes da revolução de 1831, os políticos denominados exaltados ou farroupilhas. Não constituía, porém, partidos organizados, o que somente no período regencial se tornaria mais nítido. Neste período tornaram-se mais claros organismos partidários iniciais, deixando de haver apenas governo e oposição, como no primeiro reinado. Atualmente, a legislação eleitoral brasileira e a Constituição de 1988, permitem a existência de várias associações políticas no Brasil. Com o fim da ditadura militar (1964-1985), vários partidos políticos foram criados e outros, que estavam na clandestinidade voltaram a funcionar. Na época do Regime Militar, haviam apenas duas legendas, ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

3. DIFERENÇAS ENTRE DIREITO PRIVADO E PÚBLICO A tradicional dicotomia do direito em direito público e direito privado remonta aos antigos romanos, com base na distinção entre os interesses da esfera particular, entre duas ou mais pessoas, e os interesses públicos, que são relativos ao Estado e à sociedade e que merecem ter posição privilegiada. Trata-se de distinção que perdura até hoje. Há diversos critérios para diferenciar regras de direito público e de direito privado. Os três mais difundidos são: 1. critério do interesse: predominância do interesse público ou do interesse privado; 2. critério da qualidade dos sujeitos: intervenção do Estado ou de outros entes públicos na relação jurídica; e 3. critério da posição dos sujeitos: se o Estado age como ente soberano, com ius imperii, ou se age de igual para igual com os demais sujeitos da relação jurídica. Como regra geral, entendem-se como pertencentes ao direito público as normas que regulam as relações em que o Estado exerce a soberania, imperium, em que o indivíduo é um súdito. Por outro lado, quando o Estado age de igual para igual com o indivíduo (por exemplo, no caso de empresas estatais), a matéria poderá ser da alçada do direito privado. Pertencem ao direito público ramos como o direito constitucional, o direito administrativo, o direito penal e o direito processual. Já o direito privado não cuida apenas dos interesses individuais, mas inclui também a proteção de valores caros à sociedade e de interesse coletivo, como a família. Pertencem ao direito privado ramos como o direito civil e o direito comercial. O direito privado baseia-se no princípio da autonomia da vontade, isto é, as pessoas gozam da faculdade de estabelecer entre si as normas que desejarem. Já o direito público segue princípio diverso, o da legalidade estrita, pelo qual o Estado somente pode fazer o que é previsto em lei. Diante do exposto, temos partidos políticos como pessoa jurídica de direito privado. Desta feita, verificamos que seu regime de escrituração deva ser o regime aplicado às empresas privadas, sendo regulado, todavia, pela Lei das Sociedades por Ações, nº. 6.404, de 15 de

dezembro de 1976. Assim sendo, deve-se adotar os mesmos procedimentos aplicados à esfera privada. À percepção geral, a Contabilidade Eleitoral está legalmente formalizada para os efeitos de registros patrimoniais através da técnica de escrituração, demonstrativos contábeis, auditorias e análise de balanços, gerando relatórios que possam disponibilizar informações úteis aos partidos políticos, para a Justiça Eleitoral e, principalmente para a sociedade em geral.

3.1 OS PARTIDOS POLÍTICOS ENCONTRAM-SE NO TERCEIRO SETOR Terceiro Setor é um termo usado para fazer referência ao conjunto de sociedades privadas ou associações que atuam no país sem finalidade lucrativa. O terceiro setor atua exclusivamente na execução de atividades de utilidade pública. Possuem gerenciamento próprio, sem interferências externas. As associações do Terceiro Setor têm como objetivo principal a melhoria da qualidade de vida das pessoas necessitadas. Portanto, atuam nas áreas de educação, saúde, esportes, lazer, orientação vocacional, qualificação profissional, cultura, etc. Primeiro Setor Segundo Setor Terceiro Setor Corresponde à emanação da vontade popular, pelo voto, que confere o poder ao governo; Corresponde à livre iniciativa, que opera o mercado, define a agenda econômica usando o lucro como instrumento; Corresponde às instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público.

4. PRESTAÇÃO DE CONTAS Adotada como relevante mecanismo de transparência do financiamento eleitoral, a prestação de contas é obrigatória. Para que a Justiça Eleitoral possa exercer a fiscalização sobre a escrituração contábil, os dirigentes partidários devem enviar, até 30 de abril do ano subseqüente, as prestações de contas que devem conter a relação dos valores originários do Fundo Partidário e em que foram aplicados pelos partidos. Também devem indicar a origem e o valor das contribuições e doações e a relação detalhada das receitas e despesas da agremiação ao longo do ano (arts. 32 e 34 da Lei nº 9.096/95, c/c arts. 13 e ss. da Resolução nº 21.841/04). A Justiça Eleitoral exerce a fiscalização sobre a escrituração contábil e a prestação de contas dos partidos políticos, que devem refletir a real movimentação financeira e patrimonial dos partidos políticos, inclusive os recursos aplicados em campanhas eleitorais. (Lei nº. 9.096/95, art. 34). Pelo inciso VII, do artigo 15, da mencionada Lei nº. 9.096/95, os estatutos dos partidos, que são associações civis sem fins econômicos, devem conter normas sobre finanças e contabilidade, que obedeçam aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade, especialmente às disposições gerais constantes da NBC T 10.19. A falta de prestação de contas pelo partido político ou sua desaprovação pela Justiça Eleitoral pode, entre as penas cabíveis, determinar a suspensão automática do repasse de cotas do Fundo Partidário ou até o cancelamento do registro civil do estatuto do partido (arts. 37 e 28, III, da Lei 9.096/95). Os livros de escrituração a serem aplicados devem ser obrigatoriamente os livros Diários e o razão, os quais constituem os livros obrigatórios por força da Norma Brasileira de Contabilidade. Em ano eleitoral, os partidos políticos, juntamente com seus comitês financeiros e respectivos candidatos, devem prestar contas de sua movimentação financeira ocorrida durante o processo das eleições. Para tanto, o Tribunal Superior Eleitoral publica resoluções a cada eleição, instrumentalizando a prestação de contas das campanhas eleitorais, apresentado vários modelos a serem utilizados. Os candidatos e os comitês devem manter escrituração contábil da movimentação financeira da campanha, de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade, devendo guardar toda Documentação Fiscal durante cinco (05) anos, após aprovação das contas pela

Justiça Eleitoral. Com a parceria entre o Tribunal Superior Eleitoral e a secretária da Receita Federal, buscou-se uma alternativa para coibir, a prática abusiva nas campanhas eleitorais da praticidade do caixa dois.

5. A CONTABILIDADE PÚBLICA OU GOVERNAMENTAL A Contabilidade Pública é um ramo da contabilidade regido pela Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Seu objetivo é o controle sistemático dos recursos econômico-financeiros do Estado, através das ações administrativas de seus agentes União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Segundo a Lei 4.320, podemos definir a Contabilidade Pública como a parte da contabilidade que coleta, registra, controla e analisa os atos e os fatos da Fazenda Pública; ela reflete o Patrimônio Público e suas variações, bem como acompanha e demonstra a execução do orçamento; diferindo das demais contabilidades porque os seus procedimentos estão ligados diretamente à Administração Pública, cuja ordenação se faz através de leis e regulamentos. É tão importante quanto a contabilidade que é aplicada nas empresas privadas. Ela não deve limitar-se tão somente a prestar contas aos cofres públicos, através de dispositivos legais e constitucionais, mas buscar transparência nos demonstrativos financeiros. Isso permitiria que todos os cidadãos pudessem compreender as ações dos governantes e fazer uma análise crítica verificando, assim a atuação dos vários órgãos no que diz respeito à subtração de parte do patrimônio público por meio de tributos. No exercício de suas funções, tem que ser um instrumento de alcance e manutenção dos interesses públicos, os quais devem estar sempre voltados ao atendimento à sociedade. A Contabilidade Pública é um instrumento que proporciona à Administração Pública as informações e controles necessários à melhor condução dos negócios públicos. Ela deve abastecer de informações todo o processo de planejamento, orçamento (elaboração, estudo e aprovação, execução e avaliação dos resultados), controle e o processo de divulgação da gestão realizada. Cabe destacar que na empresa privada tudo é possível, se não contrariar a lei, enquanto no setor público só é possível com autorização legal.

6. IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE E DO NOVO CONTADOR PARA COM A SOCIEDADE No exercício de sua profissão, o contabilista se defronta com inúmeras adversidades, tendo que com elas conviver, não se esquecendo, contudo, de que ao se deparar com tais situações deverá está comprometido eticamente. Se vier a tomar conhecimento de fatos que a lei define como crime, e dele não der ciência ao seu superior hierárquico, seja ele da área privada ou pública, estará compactuando com um crime. Alguns profissionais de Contabilidade, apesar de disporem do conhecimento; utiliza-se de meios ilegais, que passam longe de condutas éticas para conseguir um possível sucesso material. Não entendem que o resultado de um trabalho sério e competente garante mais do que riqueza, proporciona felicidade profissional. Agir de forma zelosa, honesta, sigilosa e competente é ser virtuoso como profissional. Sendo assim, podemos afirmar que as virtudes básicas dos profissionais são aquelas indispensáveis que, sem as quais não se consegue a realização de um exercício ético competente. Entretanto, independentemente da área de atuação, a responsabilidade do profissional de contabilidade é sempre significativa e presente. Seus trabalhos possuem repercussão social, haja vista, que suas informações são utilizadas pelos sócios, acionistas, entes fiscalizadores, instituições financeiras, dentre outros, como base de análise para o desempenho da empresa no segmento econômico em que se encontra inserida. O Profissional Contábil tem hoje uma posição bem definida na economia global, um campo de trabalho bastante amplo e diversificado, e objetivos bem claros de onde ele quer chegar (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p.27). Diante de tal cenário, é preciso que o profissional tenha o entendimento da conjuntura organizacional do qual está inserido, compreendendo a responsabilidades e os objetivos de sua profissão em relação ao meio interno e externo

A escrituração contábil, efetuada dentro dos regramentos legais vigentes, oportunizará informações para a tomada de decisões, oferecendo dados que permitirão atender essa finalidade. A contabilidade é o alicerce para o atendimento das prestações de contas à Justiça Eleitoral, pois todos os dados necessários estarão registrados, para, a qualquer momento, servirem de elementos de prova dos fatos e atos praticados, especialmente no que tange à origem das receitas e sua aplicação nas despesas de campanha. A vinculação das origens e aplicações de recursos possibilita o entendimento da movimentação financeira ocorrida, em função das relações que se estabelecem. Os números passam a contar sua história e deixam de ser algarismos isolados.

CONCLUSÃO: Por este motivo que este tema foi escolhido, com intuito de demonstrar a importância das informações contábeis na transparência da utilização dos recursos partidários, e que poderá ser levada à sociedade como um todo. Cabe, portanto, aos profissionais da Contabilidade, ao serem contratados para a execução da Contabilidade de qualquer partido político, seja em nível de diretório municipal, estadual ou nacional, procederem à execução de seus trabalhos em observância às normas legais mencionadas, bem como aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC. Verifica-se, portanto que por meio da identificação, mensuração e divulgação das referidas informações; a Contabilidade pode contribuir muito com a sociedade e com o governo, buscando soluções para os problemas sociais. De tal forma, o contabilista poderá ser visto como fenômeno de transparência para com a sociedade, sinônimo de destaque; a sociedade ganhará e passará a confiar mais nos políticos, e estes, fiscalizados, irão exercer o seu trabalho da melhor maneira possível. Ganha a classe contábil, ganha a sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GRAÇAS, José Carlos. Partidos Políticos no Brasil,, 1985, p. 22 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política, 1986, p. 429 PEREIRA,Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil, Forense, 10. ed., 1987. DUVERGER, M., Os Partidos Políticos, Brasília, UnB, 1980. VIANA, Nildo, O que são Partidos Políticos, Goiânia, Edições Germinal, 2003. SZAZI, Eduardo. Terceiro Setor: Regulação no Brasil - 3. Ed. São Paulo: Peirópolis, 2003. MARION, Santos. O perfil do futuro profissional e sua responsabilidade social. Disponível em: <www.crcpr.org.br>.