CULTIVO IN VITRO DE MERISTEMAS PREFLORAIS DE COUVE-FLOR



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Transcrição:

MICROPROPAGAÇÃO CULTIVO IN VITRO DE MERISTEMAS PREFLORAIS DE COUVE-FLOR A couve-flor (Brassica oleraceae var. botrytis, família Brassicaceae) é uma variedade da couve silvestre, originada no Mediterrâneo oriental entre 1500 e 2000 anos atrás. Trata-se de uma planta herbácea bienal, que se reproduz por sementes. A parte comestível ( cabeça ) é uma inflorescência imatura arredondada, inserida em um caule curto. A cor é branca, amarela ou creme, mas também são comercializadas couves-flores verdes ou roxas. Por ser um órgão meristemático, a cabeça desenvolve caules com flores amarelas ou brancas quando a planta amadurece. Essas inflorescências podem chegar a medir 100 cm. Em condições experimentais, os meristemas revertem para a fase vegetativa e se desenvolvem como brotos folhados. As plantas regeneradas a partir desses brotos se usam para a produção de sementes.

Por ser um material barato e fácil de obter, vários protocolos para o cultivo in vitro da couve-flor no laboratório de ensino circulam na Web. As poucas diferenças entre eles parecem depender da estrutura do laboratório e da experiência pessoal. BIBLIOGRAFIA MALAJOVICH M.A. e MANN V.S. MALAJOVICH M.A. e MANN V.S. Micropropagação. Guia 80: O laboratório de ensino; Guia 85: A desinfecção dos instrumentos; Guia90: A desinfecção dos explantes e Guia 96: Os meios de cultivo. THE ASSOCIATION FOR SCIENCE EDUCATION. Experimenting with industry. 13. Plant Tissue Culture. SCSST, 1985. http://www.ncbe.reading.ac.uk/ncbe/protocols/pdf/ptc2002.pdf Esta é a primeira publicação destinada ao ensino, agora na Web.

ATIVIDADE PRÁTICA OBJETIVO Cultivo in vitro da couve-flor a partir dos meristemas preflorais. MATERIAIS Couve-flor, azulejo, faca, 1 frasco com água sanitária diluída à metade, 3 frascos com água estéril, placa de Petri com papel toalha estéril, bisturi estéril, 6 tubos de ensaio ou frascos pequenos contendo meio nutriente* estéril, palitos estéreis, bico de Bunsen (opcional). * O meio nutriente (Murashige&Skoog ou Taji) é uma solução de sais minerais às quais se adiciona sacarose (1 a 5%), ágar (0,7%) e água de coco, como indicado nos Guias 111: Micropropagação: meios clássicos e 112: Micropropagação: meios alternativos. PROCEDIMENTO A limpeza do lugar de trabalho é fundamental, assim como a higiene das mãos. O lugar de trabalho será desinfetado com álcool 70 0. Os participantes lavarão muito bem as mãos e os antebraços com água e sabão, antes de passar álcool 70 0. Cuidado! O álcool é inflamável. Esterilizar o material contaminado antes de descarta-lo. A. ESTABELECIMENTO DE UMA CULTURA ASSÉPTICA 1. Separação dos explantes Em um azulejo bem limpo, dissecar com uma faca várias florezinhas de couveflor (tamanho 3 x 5 x 5 mm). Lavar muito bem esses explantes. 2. Desinfecção da superfície dos explantes Passar rapidamente o material por álcool 70 0 e mergulhar o explante durante 10 minutos, em uma solução de água sanitária diluída à metade adicionada de 1 gota de detergente. Agitar suavemente durante todo o processo de desinfecção.

3. Lavagens em água destilada estéril Fazer três lavagens de 1, 3 e 5 minutos, com agitação suave. 4. Estabelecimento da cultura Em condições assépticas, transferir os explantes aos recipientes com meio nutriente. 5. Incubação A 20-28 0 C, na luz. 6. Acompanhamento Registrar semanalmente as observações. B. REGENERAÇÃO DA PLANTA Havendo crescimento e propagação, dividir o material e transferi-lo a um meio fresco, de modo a obter numerosas subculturas. Uma vez desenvolvidas, transferir as plântulas das subculturas para um meio de enraizamento sem água de coco onde, além de desenvolver raízes, enrijecerão e começarão a fotossintetizar. Sempre em condições assépticas. Antes de transferir a planta para o solo, eliminar por lavado o ágar e os vestígios de açúcar. Controlar a humidade por um tempo e proteger as plantas da iluminação solar direta até sua adaptação às condições ambientais.

NOSSO COMENTÁRIO A primeira medida é procurar no comércio uma couve-flor fresca, compacta e firme, sem manchas amarronzadas. Em caso de não encontrar, substituir a couve-flor por brócolis, que é outra variedade de Brassica oleraceae da qual se consomem os botões florais (Figura 1). A segunda é uma boa desinfecção do explante, em água sanitária diluída à metade. Mesmo com uma aparência boa, uma couve-flor proveniente da prateleira de um supermercado pode estar muito contaminada, sendo às vezes necessário aumentar o tempo de imersão no desinfetante e lavar com Clor-in em vez de água destilada estéril. Depois desse tratamento convém cortar a extremidade queimada do explante. Contudo e a pesar de todos os cuidados, as contaminações poderão aparecer uma semana depois da semeadura, uma vez que o explante crescer e começar a se abrir permitindo o contato com o meio de reentrâncias que não foram alcançadas pelo desinfetante. As culturas e subculturas bem estabelecidas são espetaculares (Figura 2). Além do crescimento de folhas e raízes, em alguns casos se observa a aparição de antocianinas que dão ao explante uma cor roxa muito bonita (Figura 3). COMO MONTAR UM PROJETO Comparar o crescimento com diferentes meios.

Figura 1: Crescimento de explantes de brócolis. Figura 2: Crescimento de explantes de couve-flor, fotografados com 10 dias de diferença.

Figura 3: Produção de antocianinas em explantes de couve-flor.