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Transcrição:

Salvador, 02 de dezembro de 2011. Senhoras e senhores, Nós, servidores do sistema SEMA, aqui representados pela Associação de Servidores do Centro de Recursos Ambientais (ASCRA) e pela Associação dos Especialistas e Fiscais Estaduais do Grupo Ocupacional Fiscalização e Regulação (ASSERF), vimos, por meio desta, apresentar algumas considerações, esclarecimentos e propostas a respeito do Projeto de Lei nº 19.552/2011 que se encontra em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado, para ser votada em regime de urgência. O PL altera a Lei nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção a Biodiversidade, a Lei nº 11.612, de 08 de outubro de 2009, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e a Lei nº 11.051, de 06 de junho de 2008, que Reestrutura o Grupo Ocupacional Fiscalização e Regulação. Este documento tem como objetivo apresentar nossa preocupação diante de alguns artigos propostos para a nova lei, que colocará em risco a qualidade ambiental do estado e prejudicar as funções dos servidores efetivos do Sistema Estadual do Meio Ambiente (SISEMA). Gostaríamos de ressaltar que a ASCRA e a ASSERF, enquanto representantes dos servidores do INEMA, em nenhum momento, foram convidados a conhecer e contribuir com a adequação da legislação ambiental do Estado. Desta forma, nós servidores fomos surpreendidos ao saber que o referido Projeto de Lei propõe em seu Art. 6º, alterações na Lei 11.051/2008 que ferem diretamente as atribuições dos Técnicos e Especialistas em Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado, ao delegar as atribuições de fiscalização, inerentes à carreira, à Polícia Militar da Bahia. Art. 6º - Fica acrescentado um 3º ao art. 4º, da Lei nº 11.051, de 06 de junho de 2008, com a seguinte redação: Art.4º-...... 1

3º - As atribuições estabelecidas aos Especialistas e Técnicos em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, previstas na alínea c, incisos I, e alínea b, inciso VI deste artigo, poderão ser delegadas, mediante convênio, à Polícia Militar da Bahia - PM/BA. (grifo nosso) Corroborando com o pronunciamento do Ministério Público do Estado da Bahia, as ações relativas ao exercício do poder de polícia administrativa são atribuídas aos órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), nas suas respectivas circunscrições. Sendo assim, compete exclusivamente aos servidores investidos das atribuições do cargo de Especialistas e Técnicos em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o poder para lavrar autos de infração ambiental e instaurar processos administrativos. O mesmo é previsto no art. 106, XVIII, da Lei Estadual 12.212/2011, que atribui ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos INEMA, o poder de polícia administrativa, preventiva ou repressiva, fiscalizando o cumprimento da legislação ambiental e de recursos hídricos. Acrescenta que, integram o quadro de pessoal do INEMA as carreiras de Especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos e de Técnico em Meio Ambiente e Recursos Hídricos., disciplinadas na Lei Estadual 11.051/2008. Desta forma, suas atribuições não podem ser delegadas a outros servidores que não tem investidura do cargo através de concurso público, conforme definido no artigo art. 37 da Constituição Federal (grifos nossos). Não se pode confundir o exercício do poder de polícia administrativa da entidade ambiental com a garantia ao exercício do poder de polícia, que poderá ser feito com o importante auxílio da polícia militar. Ressalta-se também que a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC) proposta pelo art. 3º do PL 19.552/2011 (propõe inclusão do inc. VIII e 1º no art. 45 da Lei n o 10.431/06) representa um risco ao meio ambiente, pois conforme entendimento do MP, traduz-se no autolicenciamento, modelo este que afronta as normas constitucionais e ordinárias federais, já que esta atribuição cabe ao Estado, através do órgão ambiental. Esse modelo de licença autodeclaratória foi o mesmo usado pelo restaurante que explodiu recentemente na capital do Rio de Janeiro. Ou 2

seja, percebeu-se o problema quando o desastre já havia acontecido sem qualquer possibilidade de reversão. À luz do Decreto Federal 5098/2004, art. 2º, incisos III e IV, esta modalidade de licença fere o princípio da precaução e da prevenção, expondo o ambiente a riscos e danos irreversíveis, tanto ao isentar de inspeção técnica quanto ao deixar à mercê do empreendedor o enquadramento nos critérios estabelecidos. Acrescenta-se a possibilidade de alguns empreendedores agirem de má-fé ao enquadrarem seus empreendimentos, fragmentando-os em micro, pequeno ou médio porte. Isto ocorre frequentemente com atividades de mineração, turismo, agrosilvopastoris, cujo expediente só é descoberto pela equipe técnica do INEMA a partir de inspeção in loco. Ademais, considera-se ineficaz para este momento transferir o acompanhamento dos LAC para a Diretoria de Fiscalização e Monitoramento visto que com a fusão do IMA com o INGA, esta Diretoria foi sobrecarregada, pois além das demandas induzidas por denuncia da sociedade e do MP e do acompanhamento dos condicionantes das licenças ambientais, recebeu outras atribuições advindas desta fusão como a renovação de licenças de Operação, fiscalização de recursos hídricos, das unidades de conservação e demandas de todo o monitoramento ambiental, florestal, hídrico e do clima do Estado. Porém, ao passar o período de transição desde que o INEMA foi criado, esta Diretoria está longe de contar com a devida estrutura, principalmente no que se refere ao quantitativo de servidores, sistema de gestão, procedimentos normativos e de fluxos para garantir a qualidade e celeridade dos serviços. Quanto à Avaliação de Impacto Ambiental AIA, consideramos inadequado vincular este instrumento somente ao licenciamento ambiental, como está previsto neste PL. A AIA é de fato mais abrangente, representando um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal n o 6.938/81), de forma autônoma ao licenciamento, não necessariamente vinculada ao mesmo. Pode, por exemplo, ser vinculada a atos de fiscalização e perícia ambiental, recuperação de áreas degradadas etc. 3

No que diz respeito ao licenciamento de atividades a serem desenvolvidas em Unidade de Conservação - UC consideramos um grave equívoco que a anuência do órgão gestor de UC se dê apenas para os casos de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Entendemos que as UC são decretadas pelo Estado como espaços especialmente protegidos, cujo Zoneamento Ecológico-Econômico, compreendido no Plano de Manejo, determina parâmetros específicos para uso e ocupação do solo conforme disposto na Lei Federal nº 9.985/00 que define o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e que devem ser observados durante o licenciamento, não apenas para atividades e empreendimentos de significativo impacto ambiental. Da mesma forma, observa-se que o art. 47 propõe que nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos não sujeitos a EIA/RIMA, o órgão ambiental licenciador deverá dar apenas ciência a área responsável pela administração da UC. Ademais o 3º deste mesmo artigo exclui a necessidade até mesmo desta ciência para o caso de Áreas de Proteção Ambiental - APA para o licenciamento dos empreendimentos que possam causar impacto direto sobre a mesma. Consideramos que este procedimento prejudica a gestão da UC, visto que tanto o gestor, quanto a sociedade por meio do seu Conselho Gestor ficarão desinformados, alheios ao processo e impedidos de contribuir com recomendações para o licenciamento. Quanto aos aspectos relativos às autorizações para supressão de vegetação, deve ser respeitado a Lei Federal nº 4771/65 que define o Código Florestal Brasileiro, conforme recomenda o Ministério Público, pois se observa que as alterações de alguns artigos da lei confrontam o Código que ainda está em vigência. Por fim, a ASCRA e a ASSERF, entidades que representam os servidores do SISEMA, concordam com o Ministério Público onde se ressalta que o objeto que precisa ser colocado em debate é o modelo de gestão aplicado e não o modelo normativo em vigor, uma vez que constata-se que a reforma do SISEMA foi realizada de forma precipitada e injusta, no momento em que desconsiderou-se a experiência acumulada do corpo funcional ao longo dos anos na área da gestão ambiental, já reconhecida como modelo de gestão no cenário nacional. 4

Passado o período de transição desde a criação do INEMA, por meio da fusão dos órgãos INGÁ e IMA, o que vemos é a total falta de normatização dos processos técnicos e administrativos, e principalmente a ausência de integração e descentralização da gestão ambiental, premissas básicas que justificaram a reforma do SISEMA. Mesmo assim, continuamos a exercer as atribuições e competências previstas na Lei Ambiental em condições ainda não satisfatórias, a exemplo de estruturas físicas distintas e precárias, com dificuldades operacionais básicas, pouco entrosamento entre as Diretorias e equipe técnica reduzida para atender as demandas impostas pela reforma vigente, além das Unidades Regionais sem condições de atenderem demandas de licenciamento, fiscalização, monitoramento e emergências ambientais. Acreditamos que o fortalecimento da Política Ambiental do Estado perpassa pelo fortalecimento do quadro funcional efetivo dos órgãos do SISEMA, através da realização de concurso público para ampliação do número de servidores, regulamentação das carreiras técnicas, promoção de capacitação dos servidores, garantia dos direitos previstos pelo Estatuto do Servidor e pela participação efetiva dos servidores nas discussões para formulação e implementação das políticas ambientais. No entanto, apesar do Secretário Eugênio Spengler anunciar que o Governador do Estado já aprovou o concurso público para o SISEMA, no entanto, foi criada recentemente uma comissão destinada a realizar Processo Seletivo Simplificado para contratação de 45 (quarenta e cinco) Técnicos de Nível Superior, em Regime Especial de Direito Administrativo REDA, por meio da Portaria 1.545 do INEMA, publicada em 26 de novembro de 2011, o que certamente caracterizará uma solução provisória, já que, os profissionais contratados nesta modalidade, ao adquirir a experiência requerida para o exercício da função, não são incorporados ao quadro funcional tendo em vista que o contrato é temporário. Vale ressaltar que este processo configura em uma descontinuidade técnica, impedindo a manutenção de expertises na Instituição. 5

Ademais, a contratação de pessoal sem concurso público é prevista em lei apenas em casos de excepcional interesse público, o que não é o caso das atribuições do grupo ocupacional de fiscalização e regulação. Um servidor admitido para prestar serviços mediante contrato temporário não pode exercer legitimamente qualquer parcela de poder de polícia, dada a sua precária e transitória situação perante o Poder Público. Sendo assim, a ASSERF protocolou junto ao Ministério Público Estadual a representação de nº 003.0.211683/2011, em 16 de novembro de 2011, para vedação e/ou anulação dos contratos de REDA, especialmente para aqueles que exercem atividade do Grupo Ocupacional de Fiscalização e Regulação (Lei nº 11.051/2008). Neste sentido, a ASSERF e a ASCRA alertam a sociedade quanto à necessidade de realização de concurso público, este sim, em caráter de urgência e aos riscos relativos ao Projeto de Lei nº 19.552/2011 submetido à aprovação em regime de urgência que propõe a reformulação da lei ambiental e de recursos hídricos do Estado da Bahia, cujo conteúdo proposto altera significativamente os instrumentos legais que devem garantir a qualidade da análise técnica, além de não considerar os princípios constitucionais da proteção ambiental e dos servidores públicos do Estado. Dessa forma, reivindicamos que seja retirado do projeto de lei n o 19.552/11 o seu art. 6º. Da mesma forma, que seja não sejam incluídos os inc. VIII e 1º no art. 45 da Lei n o 10.431/06, conforme indica o art. 3º do citado projeto. E para não se repetir o mesmo atropelo e evitar o colapso do sistema de gestão ambiental do Estado sugerem-se que antes de promover mudanças na lei ambiental o Governo se responsabilize para que sejam criadas as condições mínimas de gestão, incluindo incremento dos recursos humanos, técnicos e administrativos (concurso público ausente desde o ano de 2000), capacitação do corpo funcional, fortalecimento do sistema gerencial, investimento massivo em tecnologia, implantação de estrutura física e de apoio logístico adequados para garantir a integração das ações do INEMA, bem como, o funcionamento efetivo das Unidades Regionais, implementando de fato a gestão descentralizada e assim, proporcionar a modernização da gestão ambiental no Estado da Bahia como se preconiza. 6