Juliana Lima Ribeiro. OS BENEFÍCIOS DOS EXERCÍCIOS NÓRDICOS NA PRÁTICA CLÍNICA EM ATLETAS COM LESÕES DE ISQUIOTIBIAIS: uma revisão narrativa

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Transcrição:

Juliana Lima Ribeiro OS BENEFÍCIOS DOS EXERCÍCIOS NÓRDICOS NA PRÁTICA CLÍNICA EM ATLETAS COM LESÕES DE ISQUIOTIBIAIS: uma revisão narrativa Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2018

Juliana Lima Ribeiro OS BENEFÍCIOS DOS EXERCÍCIOS NÓRDICOS NA PRÁTICA CLÍNICA EM ATLETAS COM LESÕES DE ISQUIOTIBIAIS: uma revisão narrativa Trabalho de Conclusão de curso apresentado a Universidade Federal De Minas Gerais como requisito parcial para obtenção de título de especialista em Fisioterapia Ortopedica. Orientador: Professor Fabiano Botelho Siqueira Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2018

R484b 2018 Ribeiro, Juliana Lima Os benefícios dos exercícios nórdicos na prática clínica em atletas com lesões de isquiotibiais: uma revisão narrativa. [manuscrito] / Juliana Lima Ribeiro 2018. 24 f., enc.: il. Orientador: Fabiano Botelho Siqueira Monografia (especialização) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Bibliografia: f. 21-22 1. Atletas ferimentos e Lesões. 2. Membros inferiores. 3. Fisioterapia esportiva. I. Siqueira, Fabiano Botelho. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. III. Título. Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Danilo Francisco de Souza Lage, CRB 6: n 3132, da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. CDU: 615.825

RESUMO O Futebol é a modalidade desportiva com maior expressão a nível mundial, com participação de cerca de 265 milhões de pessoas nas suas variadas competições. A modalidade está em constante desenvolvimento, no que diz respeito à exigência e à intensidade imposta aos atletas, caracterizando-se pelo intenso contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como aceleração, desaceleração e mudanças rápidas de direção. Muitos profissionais da área preconizam, elaboram e aplicam modelos de programas de prevenção de lesões no esporte, sendo o exercício excêntrico nórdico, um dos mais comentados e utilizados na atualidade, constando inclusive no programa FIFA 11+. O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão narrativa da literatura com intuito de demonstrar os benefícios dos exercícios nórdicos excêntricos na prática clínica em lesões de isquiotibiais. Foi realizada consulta às bases de dados Medline, Lilacs, PEDro e busca ativa no acervo de periódicos da Biblioteca da Faculdade de Medicina da UFMG em Janeiro e Fevereiro de 2017, utilizando os seguintes critérios prévios: idiomas, português e inglês; unitermos incluídos no título e/ou resumo exercícios nórdicos (nordic exercise), exercícios excêntricos de membros inferiores (eccentricexercisesoflowermembers), exercício(exercise). Foram analisados 9 artigos, sendo que 5 foram selecionados para compor a base referencial desse trabalho, e por incompatibilidade de acesso, outros 4 foram excluídos. Existem na literatura evidências positivas de que um programa de prevenção de lesões envolvendo o exercício excêntrico nórdico seja realmente eficiente no intuito de reduzir as taxas de lesões de isquiotibiais, sendo ressaltado inclusive a sua praticidade de aplicação e execução. Ainda que haja algumas aversões, vale se certificar que o exercício deve ser realizado sob a forma de um programa de prevenção de maneira sistemática. Palavras-Chave: Nordic exercise, Eccentric exercise of Lower members

ABSTRACT Football is the sport with the greatest expression in the world, with participation of about 265 million people in its various competitions. The modality is in constant development, regarding the requirement and the intensity imposed on the athletes, being characterized by the intense physical contact, short, fast and noncontinuous movements, such as acceleration, deceleration and rapid changes of direction. area advocate, elaborate and apply models of sports injury prevention programs, the Nordic eccentric exercise being one of the most talked about and used at present, including in the FIFA 11+ program. The objective of this work was to perform a narrative review of the literature in order to demonstrate the benefits of Nordic - eccentric exercises in clinical practice in ischiatibial lesions. The databases Medline, Lilacs, PEDro and active search in the periodical collection of the Library of the Faculty of Medicine of UFMG were done in January and February of 2017, using the following criteria: languages, Portuguese and English; Uniterms included in the title and / or summary - Nordic exercises, eccentric exercises of lower members, exercise. Result 9 articles were analyzed, 5 of which were selected to make up the reference base of this study, and due to incompatibility of access, 4 were excluded.there is positive evidence in the literature that a lesion prevention program involving Nordic eccentric exercise is really efficient in order to reduce the rates of ischiatibial lesions, including its practicality of application and execution. Although there are some aversions, it is worth making sure that the exercise should be carried out in the form of a prevention program in a systematic way. Keywords: Nordic exercise. Eccentric exercise of Lower members

LISTA DE FIGURAS Figura 1...17

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 - Características e Resultados dos estudos selecionados...11

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 8 1.1 Objetivo... 9 2 METODOLOGIA... 10 3 RESULTADOS...11 4 DISCUSSÃO...16 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 20 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 21

8 1 INTRODUÇÃO O Futebol é a modalidade desportiva com maior expressão a nível mundial, com participação de cerca de 265 milhões de pessoas nas suas variadas competições 1. A modalidade está em constante desenvolvimento, no que diz respeito à exigência e à intensidade imposta aos atletas, caracterizando-se pelo intenso contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como aceleração, desaceleração e mudanças rápidas de direção 2,3. Assim, a FIFA desenvolveu especial atenção e preocupação no que toca à incidência, causas e severidade das lesões do Futebol atual, formulando leis que devem ser aplicadas quando a integridade física de qualquer jogador é colocada em causa 2. Os músculos isquiotibiais contribuem no controle da estabilidade do joelho nas situações que envolvem mudanças de direção ou desarme do adversário e atuam também no momento de passe de bola ou chute 4. Devido essa alta demanda, dentre as lesões mais comuns no futebol, o estiramento dos músculos isquiotibiais é a mais prevalente. Sendo mais provável ocorrer durante o balanço terminal como consequência de uma contração excêntrica 5. O termo excêntrico é caracterizado como uma carga muscular que envolve a aplicação de uma força externa com aumento de tensão durante o alongamento físico da unidade músculo-tendínea 4. Nos jogadores de futebol masculino profissional, as lesões musculares representam 31% de todas as lesões. Mais de 92% das lesões musculares acontecem nos membros inferiores, sendo que a maior percentagem ocorre nos isquiotibiais (37%) 6. As lesões dos isquiotibiais representam cerca de 12% a 16% de todos as lesões relacionados com o futebol(6-8). Esta lesão ocorre normalmente durante uma rápida aceleração ou desaceleração e/ou uma rápida mudança de direção, durante a corrida em velocidade máxima ou durante um salto 7. Por tanto, o treinamento excêntrico, aplica-se de forma eficiente em programas de treinamento atlético de elite 4;9, demonstrando efeitos positivos na prevenção de estiramentos dos isquiotibiais no futebol 10.Uma possível justificativa é que os músculos isquiotibiais adaptam-se ao exercício excêntrico provocando uma mudança significativa no ângulo ideal para a geração de torque para comprimentos

9 musculares mais longos, imediatamente após o exercício 11. Além disso, aumenta a força do músculo e sua área de secção transversa, de forma a otimizar sua funcionalidade, levando assim, à menor ocorrência de lesões por esforço dos músculos isquiotibiais 10. 1.1 Objetivo O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão narrativada literatura com intuito de demonstrar os benefícios dos exercícios nórdicos excêntricos na prática clínica em lesões de isquiotibiais..

10 2 METODOLOGIA Foi realizada consulta às bases de dados Medline, Lilacs, PEDro e busca ativa no acervo de periódicos da Biblioteca da Faculdade de Medicina da UFMG em Janeiro e Fevereiro de 2017, utilizando os seguintes critérios prévios: idiomas, português e inglês; unitermos incluídos no título e/ou resumo exercícios nórdicos (nordic exercise), exercícios excêntricos de membros inferiores (eccentricexercisesoflowermembers), exercício (exercise). Para a seleção dos artigos, inicialmente foi feita a leitura dos resumos, verificando se continham as informações sobre, exercícios excêntricos de membros inferiores. Os artigos da seleção final foram incluídos e lidos na íntegra.

11 3 RESULTADOS Foram analisados 9 artigos sendo que, 5 foram selecionados para compor a base referencial desse trabalho, e por incompatibilidade de acesso, outros 4 foram excluídos. A partir da análise dos artigos, verificamos que de fato, o exercício excêntrico nórdico vem se apresentando como uma alternativa com boas respostas experimentais, no intuito de minimizar os fatores de riscos, preferencialmente no que se refere a forca muscular, e consequentemente a redução das taxas dessas lesões. Quadro 1 Características e Resultados dos estudos selecionados Autores Amostras Intervenção Resultados PETERSEN et 50 equipes de Grupo Grupo experimental: 15 al. (2011) futebol experimental: lesões (12 novas e 3 dinamarquês treino de costume recorrentes) profissional e + 27 sessões de amador exercícios nórdicos Grupo controle: 52 lesões 942 jogadores em 10 semanas (32 novas e 20 recorrentes) Experimental: Grupo controle: 23 equipes trino de costume 461 jogadores 56 profissionais em 3 equipes 405 amadores em 20 equipes

12 Controle: 27 equipes 481 jogadores 62 profissionais em 3 equipes 414 amadores em 24 equipes SEBELIEN et 119 Experimental: Não ocorreram alterações al. (2014) participantes, treino usual + significativas na força ou jogadores de exercícios nórdicos velocidade de corrida entre futebol o grupo controle e o grupo semiprofissional Controle: treino de intervenção entre os usual jogadores de futebol Experimental: semiprofissionais. 60 jogadores Os jogadores participaram de No grupo experimental não Controle: 59 exercícios houve qualquer lesão de jogadores excêntricos, isquiotibiais durante o exercícios período de estudo, em concêntricos e contrapartida no grupo sprints. controle, foram relatadas seis lesões. Os jogadores foram testados 3 vezes durante o estudo IGA et al. 18 jogadores Participantes As ativ. dos IQT de ambos (2012) de futebol realizaram 5 os membros durante os profissional repetições exercícios nórdicos exercíciosnórdicos. permanecem elevadas, Experimental Antes e após os sugerindo, que os exercícios 10 jogadores treinos nórdicos podem modificar o

13 desempenho muscular. Controle 8 Experimental: 4 jogadores semanas treino Após 4 semanas de treino Treino habitual exercício nórdico com exercícios nórdicos só após aquecimento aparentes o ganho padronizado. EMG significativode torque nos de superfície para IQT. registrar atividade Em relação ao grupo do músculo. controle Eletrodos MD E MND Controle: Treino habitual HORST et al. 40 equipes de Experimental: Houve diferença significativa (2011) futebol amador treino de costume nas taxas de incidência de idade entre 18 + 25 sessões de lesão entre os grupos e 40 anos exercício nórdico experimental e controle em 13 semanas Experimental: Em relação a gravidade das 292 jogadores Controle: treino de lesões não houve diferença em 20 equipes costume significativa ARNASON et Controle: 287 Em 2001 os 2 A incidência de lesões de al. (2008) jogadores em grupos IQT foi 65% menor entre as 20 equipes experimentais equipes que realizaram Média entre 18 realizaram: exercícios nórdico comprado e 24 jogadores as que não realizaram. profissionais Aquecimento com Em relação a gravidade das por equipe, dos alongamento dos lesões não houve diferença campeonatos IQT através da significativa

14 da Islândia e Noruega Grupo antes da intervenção: 1999: 17 equipes Islândia (técnica contrai relaxa) durante toda temporada. Treino de flexibilidade 3 x por semana e 1/2x por semana na temporada 2000: 15 equipes da Islândia e 14 da Noruega Grupos durante a intervenção: Em 2001; Experimental: Islândia 8 equipes Noruega 7 equipes Controle: Islândia 8 equipes Noruega 7 equipes Em 2002 os 2 grupos executaram o mesmo treino Aquecimento c alongamento + exercício nórdico Duração 5 semanas c aumento gradual de carga 3 series de 12,10 e 8 rep. 3x x por semana na pré temporada e 3 series de12,10 e 8 rep. ½ x na semana na temporada Controle: treino habitual Em 2002:

15 Experimental: Islândia 5 equipes Noruega 6 equipes Controle: Islândia 5 equipes Noruega 8 equipes Os estudos em questão demonstraram benefícios obtidos por meio de exercícios nórdicos quanto ao efeito preventivo sobre a redução de lesões por distensão em isquiotibiais.

16 4 DISCUSSÃO As lesões dos isquiotibiais são extremamente comuns em esportes caracterizado pela corrida máxima, chute e acelerações bruscas. Estudos recentes indicam que a proporção de lesões de isquiotibiais, parecem ter aumentado, sendo responsável por 12 a 16% de todas as lesões. Apesar da elevada incidência dessas lesões em vários esportes populares, a investigação sobre a sua causa e prevenção é limitada (ARNASON et al., 2008). O exercício de isquiotibiais nórdicos (NHE), ou ondulação nórdica, mostrou ser uma ferramenta eficaz para aumentar a força excêntrica do isquios tibiais desenvolvendo torques excêntricos máximos de força de isquiotibial quando comparados com o normal curvaturas de isquiotibiais. Estudos anteriores sobre jogadores de futebol masculinos profissionais mostraram que a adoção do NHE no treinamento regular reduziu as taxas de incidência de lesões de isquiotibiais em 65% para 70%, com um efeito particularmente preventivo na redução de lesões recorrentes (HORST et al., 2011). Segundo estudo randomizado, realizado por Petersen et al. (2011), com jogadores profissionais de futebol do sexo masculino, a partir de uma programa de dez semanas de intervenção onde se utilizou o exercício excêntrico nórdico, os índices de lesões foram significativamente menores, se comparado ao grupo controle.em um total de 67 lesões de isquiotibiais agudas (44 novas e 23 recidivas) sendo que 15lesões ocorreram no grupo de intervenção (12 novas e 3 recorrentes) e 52 lesões no grupo controle (32 novas e 20 recidivas).embora tenha sido observado diferenças significativas tanto com relação ao número de lesões primárias e recidivas, no quesito, grau de lesão, não se obteve diferenças substanciais. Entretanto, segundo os autores, tendo a ideia do principal mecanismo de lesão envolvido nos estiramentos dos isquiotibiais, programas de prevenções dessas lesões, devem se concentrar no fortalecimento excêntrico muscular, sendo o exercício nórdico um alternativo bem valioso, haja vista a sua fácil execução, baixo custo, não havendo a necessidade de qualquer equipamento adicional, além da possibilidade de ser executado em um curto espaço de tempo e ser bastante eficiente.

17 Figura 1 Fonte: (PETERSEN et al., 2011) Arnason et al. (2007), demonstraram em um estudo de intervenção, realizado com jogadores profissionais de futebol da Islândia e da Noruega que a inclusão de um trabalho de força excêntrica se comparado a um outro trabalho, de flexibilidade, no caso, foi mais conveniente no sentido de promover a redução das taxas de lesão dos isquiotibiais. As intervenções foram feitas em determinados momentos específicos do estudo, e além de terem feito a comparação entre ambas às intervenções, também compararam as taxas de lesão com um período do trabalho que eles denominaram de base. O que foi verificado, é que natippeligaen (2002), quando o exercício nórdico foi introduzido,a incidência de lesões foram inferior em 57% das equipes que optaram por usar o programa de treinamento em comparação com as equipes que não usaram o programa, e 58% menor do que os dados da linha de base das temporadas anteriores para as mesmas equipes. Certificaram que o exercício nórdico é um exercício simples, que podem ser facilmente integradoem programas preventivos de equipes de futebol, uma vez que pode ser realizadono próprio campo sem a necessidade de equipamentos especiais. Dessa vez, ressaltou-seque é importante iniciar o exercício devagar, com pouca carga e poucas repetições, e o aumento dessas variáveis deve ser feito de maneira gradual e progressiva. Não foram registradas neste estudo assim como no estudo de Mjølsnes et al. (2004) nenhuma lesão relacionada á execução do exercício, o que significa

18 que a partir de uma lesão prévia, o programa de exercícios parece ser seguro, nessa população de jogadores. Ainda nessa perspectiva, tendo em vista que a maioria das amostras dos trabalhos até então publicados eram constituídas por jogadores profissionais, Sebelien et al. (2014) realizou um estudo com jogadores de futebol semiprofissionais da Noruega. Dentre outras coisas, avaliaram o ganho de força máxima excêntrica dos isquiostibiais, melhora no desempenho com relação à velocidade dos splints, além das taxas de lesões. Comparando-se um grupo controle que executou exercícios tradicionais de aquecimento, a um grupo intervenção que além do trabalho de aquecimento realizou o exercício excêntrico nórdico, foi observado que nenhuma intercorrência em termos de lesões ocorreu nos indivíduos submetidos à intervenção, enquanto que no grupo controle, foram registradas seis lesões. Apesar das evidencias científicas, no que se refere a prevenção de lesões dos isquiotibiais, pelos estudos de Iga et al. (2012) o estiramento isquios tibiais representam a forma mais prevalente de lesão, 12-16% dos casos relatados. Uma proporção significativa de lesões são por recorrências. Apesar do extenso estudo, a causa das lesões dos isquiotibiais permanece obscuro. Contudo, evidência sugere que o dano é tipicamente durante as ações de corrida e de alongamento, uma vez que os isquiotibiais estão sujeitos a um alongamento simultâneo no quadril e extensão no joelho. Para este fim ações excêntricas foram implicadas na causalidade das lesões Isquiotibiais. O Exercício dos isquiotibiais "Nordic" (NHE) demonstrou provocar uma maior ativação do isquiotibiais em comparação com uma seleção de exercícios comumente usado em treinos de força e lesões reabilitação. Embora os resultados de vários estudos de corte prospectivos tenham sido a favor NHE na formação na prevenção de isquiotibiais lesões, este exercício permanece controverso Se partirmos do princípio e da ideia compartilhada na literatura, de que o déficit de força, sobretudo excêntrica, se torna um fator de risco em potencial para lesões dos isquiostibiais, Opar et al. (2013), pensando em uma alternativa menos onerosa e que ao mesmo tempo apresentasse uma confiabilidade significativa, determinaram através de um estudo experimental, que um novo dispositivo criado,

19 onde se utiliza células de carga em conjunto a execução do exercício excêntrico nórdico, conseguiríamos uma boaavaliação da performance da força excêntrica da musculatura flexora de joelho, com uma confiabilidade de moderada a alta, altos níveis de confiabilidade teste-reteste, se mostrando portantouma alternativa as técnicas sofisticadas e que muitas vezes estão fora da realidade na rotina de trabalho de muitos profissionais no mercado.

20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a revisão da literatura foi constatado que os estudos sugerem que incorporação de treinamentos excêntricos pode ser uma alternativa efetiva para redução do numero de estiramento de isquiotibiais em atletas. Dadas a elevada incidência e recorrência desses estiramentos em atletas é importante estratégias do ponto de vista de prevenção. Muitos são os trabalhos, que sustentam a ideia de que a utilização de um programa preventivo tomando por base o exercício excêntrico nórdico seja realmente uma ferramenta consistente, quando o objetivo é minimizar a incidência de lesões agudas dos isquiotibiais.. Além da sua eficiência mecânica propriamente dita, o baixo custo, fácil aplicabilidade e maximização do trabalho com relação ao tempo, fazem do exercício uma alternativa viável para a inclusão do mesmo na pratica clinica. Apesar de ainda encontrar-mos algumas constatações e aversões com relação ao exercício, vale certificar-se de que inclusão e principalmente a adesão da atividade dentro de um programa de prevenção, está sendo realizado de maneira sistematizada, caso contrário a ideia pelo qual se propôs o exercício, poderá não ser alçada.

21 REFERÊNCIAS 1. ARNASON, A. et al. Preventions of hamstring strains in ellite soccer: A intervention study. Scand J. Med Sci Sports. v. 18, n. 1, p. 40-8, fev. 2008. 2. BAHR, R.; THORBORG, K.; EKSTRAND, J. Evidence-based hamstring injury prevention is not adopted by the majority of champions league or noewegianpremier league football teams: the nord hamstring injury. BJSM Online First, May, 2015. 3. BARROSO C.; THIELE S. Lesão muscular nos atletas. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 46, n. 4, p. 354, 2011. 4. FULLER, C. W. et al. Consensus statement on injury definitions and data collection procedures in studies of football (soccer) injuries. Br J Sports Med, v. 40, p.193-201, 2006. 5. MJOLSNES, R. et al. A 10-week randomized tril comparing eccentric vs. Concentric hamstring stregthtrainin in well-trained soccer players. Scand J MedSci Sports, v. 14, p. 311 317, 2004. 6. OPAR, D. A. et al. A novel device using the nordic hamstring exercise to assess ecccentric knee flexor streengh; a reliability and restropective injury study. September, v. 43, n. 9, p. 636-40, 2013. 7. PETERSEN, J. J. et al. Preventve effect of eccentric trainning on acute hamstring injuries in men s soccer: a cluster randomized controlled tria. Am J Sports Med, v. 39, n. 1, nov. 2011. 8. SEBELIEN, C. et al. Effects of implementing nordic hamstring exercise for semiprofesional soccer players in akershus, norway. Orthopaedic Physical Therapy Practice, v. 26, n. 2, p. 90-97, jun. 2014. 9. SIMÕES, N. Lesões desportivas em praticantes de atividade física: uma revisão bibliográfica. Revista brasileira de Fisioterapia, v. 9, n. 2, p.123-128, 2005. 10. WOHLFAHRT, M. et al. Terminology and classification of muscle injuries in sport: a consensus statement. Br J Sports Med, p. 1-9, 2012.

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