Avaliação de adubos foliares na cultura da alface americana Wemerson S S Barbosa 1 ; Wyllyam Emanuell da Silva 1 ; José Rodrigues da Silva 1 ; Ademária Aparecida de Souza 1 ; Antônio L dos Santos Neto 1 1 UFAL - Campus de Arapiraca, Av Manoel Severino Barbosa, s/n, Bom Sucesso, CEP: 57309-005, Arapiraca AL; agrowssb@gmailcom; wyllyamemanuell@hotmailcom; joserodriguesj@outlookcom; ademariasouza@arapiracaufalbr; lucrecio@arapiracaufalbr RESUMO A alface é a hortaliça folhosa mais cultivada no Brasil e no mundo É consumida de forma in natura, sendo boa fonte de vitaminas, sais minerais e baixo teor de calorias Apesar da importância, é necessário produzir folhas de alface com qualidade, que pode ser conseguida pela nutrição das plantas via adubação foliar No entanto, pouco são os estudos que comparam a eficiência desses produtos nas hortaliças, principalmente na cultura da alface Neste contexto, o experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar adubos foliares na cultura da alface lisa O experimento foi conduzido na área experimental do Campus de Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições Foram estudados quatro tipos de adubos foliares comerciais (Niphokam, Ubyverde, Vitan, Potamol e Ureia) e uma testemunha, aplicados nas plantas da alface do grupo americana (cv Irene) Após o máximo crescimento vegetativo das plantas foram feitas as seguintes avaliações: número de folhas; altura e diâmetro do caule; e peso fresco e seco das folhas, caule, raiz e total Os dados adquiridos foram adicionados ao programa estatístico SISVAR, onde foi feita a análise de variância e o teste de médias Scott-Knott (p<0,05) A adubação foliar não interfere nas características agronômicas produtivas da cultura da alface americana PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa, adubos foliares, nutrição foliar ABSTRACT Valuation of leaf fertilizers in lettuce Lettuce is the most cultivated leafy vegetable in Brazil and worldwide It is consumed in the form of nature, with good source of vitamins, minerals and low in calories Despite its importance, it is necessary to produce lettuce leaves with quality that can be achieved by plant nutrition by foliar fertilization However, some studies have compared the efficiency of these products in vegetables, especially in lettuce In this context, the experiment was conducted to evaluate foliar fertilizers in the culture of looseleaf lettuce The experiment was conducted in the experimental area of the Campus Arapiraca, Federal University of Alagoas The experimental design was a randomized block with Hortic Bras, v 31, n 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3257
four replications Four kinds of commercial foliar fertilizers (Niphokam, Ubyverde, Vitan, Potamol and Urea) and a control, applied in plants of lettuce American group (cv Irene ) were studied After the maximum vegetative growth the following assessments were made: number of leaves; height and stem diameter; and fresh and dry weight of leaves, stem, root and total The data acquired were added to SISVAR statistical software where the analysis of variance and the average was taken Scott-Knott (p < 005) Foliar fertilization does not interfere with productive agronomic characteristics of the crop of american lettuce Keywords: Lactuca sativa, foliar fertilizer, foliar nutrition O consumo de hortaliças tem aumentado não só pelo crescente aumento da população, mas também pela tendência de mudança no hábito alimentar do consumidor, tornandose inevitável a necessidade do aumento da produção para suprir essa demanda (Gualberto et al, 2008) A alface (Lactuca sativa L), é considerada a hortaliça folhosa mais importante na alimentação do brasileiro e, juntamente com o tomate, é a hortaliça preferida para as saladas por ser refrescante, de sabor agradável e de fácil preparo, o que assegura a cultura expressiva importância econômica (Luz et al, 2010) Apesar da importância da cultura da alface, sabe-se que o cultivo intensivo em uma mesma área pode ocasionar um desequilíbrio de nutrientes no solo, com consequentes reflexos na sua assimilação e distribuição para as plantas Na maioria dos casos, a fertilidade natural do solo e a adubação orgânica não são suficientes para suprir as exigências nutricionais das hortaliças E é neste sentido que as tecnologias de correção e adubação, como as fertilizações foliares, são essenciais para garantir produtividades economicamente viáveis ao produtor, ainda mais nos dias atuais em que o melhoramento genético tem lançado cultivares de alface cada vez mais responsivas às adubações Tendo em vista que a parte aérea das plantas também possui a habilidade de absorver água e nutrientes, diversos estudos têm contribuído para a prática da adubação foliar, na qual podem ser empregados tanto os adubos líquidos, como os adubos sólidos em solução Há algum tempo as adubações foliares eram realizadas apenas com o intuito de atender a carência dos micronutrientes Segundo Camargo & Silva (1990) a adubação foliar não é capaz de suprir totalmente o fornecimento de adubos às plantas, mas ela Hortic Bras, v 31, n 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3258
permite complementar, de forma equilibrada, a fertilização do solo, ou ainda, em casos de estresse, quando se deseja uma resposta instantânea da cultura no momento de carência de nutrientes Luz et al (2010), trabalhando com diferentes formulações comerciais de adubos foliares encontraram um acréscimo de 50,11% na massa fresca da parte aérea de plantas de alface, da cultivar Vera, em relação à testemunha sem aplicação Atualmente os adubos foliares são cada vez mais eficientes e econômicos, e têm sido desenvolvidos para atender as exigências nutricionais das plantas É notório o grande número de fertilizantes foliares disponíveis no mercado, como fornecedores de um ou mais elementos essenciais No entanto, não existem estudos que comparam a eficiência desses produtos nas hortaliças como um todo, principalmente com a cultura da alface E é por essa carência de informações sobre estas fontes comerciais de adubos foliares que o experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito da adubação foliar na produção de alface americana MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de março a abril de 2013 na área experimental do Campus de Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas, no município de Arapiraca-AL O solo da área experimental foi classificado como Argissolo Vermelho distrófico típico (Embrapa, 2006) Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados, com quatro repetições, e cada tratamento foi constituído por uma parcela com 16 plantas, sendo que a parcela útil era formada pelas quatro plantas centrais Os tratamentos foram constituídos da aplicação de cinco adubos foliares comerciais: Niphokam (1,0 ml L -1 ); Potamol Plus (10 ml L -1 ); Ubyverde (2,5 g L -1 ); Ureia (5,0 g L -1 ), Vitan (2,0 ml L -1 ), além da testemunha (água mineral) As plantas de alface, da cultivar Irene, do grupo americana, foram conduzidas em canteiros As mudas foram adquiridas de viveiricultor do município de Arapiraca, com quatro folhas definitivas Para o transplante das mudas foram confeccionados quatro canteiros com dimensões de 6,0 m de comprimento, 1,2 m de largura e 0,15 m altura Cada canteiro foi dividido em cinco parcelas, com uma área de 1,20 m 2 Todos os canteiros foram fertilizados com adubo orgânico (esterco bovino curtido), na proporção Hortic Bras, v 31, n 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3259
de 5 L de esterco de curral curtido por m 2, incorporados manualmente com enxada, 20 dias antes do plantio das mudas O sistema de irrigação adotado foi por gotejamento, com manejo da irrigação através dos dados climáticos e da aplicação do método de Penman Monteith O controle das plantas invasoras foi realizado semanalmente e de maneira manual Os adubos foliares foram aplicados através de pulverizador manual, repetidos em três vezes durante o ciclo da cultura (aos 7, 14 e 21 dias após o transplante) Após o máximo crescimento vegetativo das plantas, foram feitas as avaliações, que consistiram de: diâmetro da cabeça, número de folhas; altura do caule; diâmetro do caule; e matéria fresca e seca de folha, caule, raiz e total As determinações das matérias secas foram realizadas por meio da condução das partes da planta para uma estufa com circulação forçada de ar, regulada na temperatura de 65 C até alcançar peso constante Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), utilizando-se o Software estatístico Sisvar RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de folhas, altura do caule e diâmetro do caule, estão apresentados na Tabela 1 Os dados relativos ao número de folhas por planta não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos, e obtiveram uma média de 20 folhas por planta, que foi superior à média de 16 folhas encontradas por Araújo et al (2011) para a cultivar Verônica Em alface, uma maior abundância de folhas por planta implica, em geral, numa maior área foliar, maior massa fresca e, consequentemente, maior produtividade Em relação à variável altura do caule, não foi observado diferença significativa entre os diferentes tratamentos, entretanto, resultados superiores foram encontrados por Backes et al (2005), que trabalhando com duas cultivares de alface Elisa e Verônica, obtiveram uma média de 3,42 cm, contra 3,08 cm obtida neste experimento Da mesma forma que a altura, o diâmetro do caule foi estatisticamente semelhantes entre todos os tratamentos testados, obtendo-se uma média de 2,05 cm As matérias fresca e seca da folha, caule, raiz e total estão apresentadas nas Tabelas 2 e 3 Observou-se que, nas variáveis matéria fresca e seca da folha, caule, raiz e total, os diferentes adubos foliares não apresentaram diferenças significativas entre si e em relação à testemunha Resultados contrastantes foram obtidos por Resende et al (2005), Hortic Bras, v 31, n 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3260
que ao aplicarem, via foliar, o molibdênio na dose de máxima eficiência agronômica (87,4 g ha -1 de molibdênio), obtiveram um incremento de 9,5%, para a matéria fresca total, em relação à testemunha Luz et al (2010), também trabalhando com a fertilização foliar na alface crespa, só que de folhas soltas e com produtos organominerais, obtiveram um incremento médio da matéria seca da parte aérea de 99,6%, quando comparado com o tratamento que não foi submetido à adubação foliar É provável que a matéria orgânica adicionada ao solo, antes da aplicação dos adubos foliares, supriu a necessidade nutricional da cultura, por isso é importante estudar se realmente vale a pena acrescentar mais um insumo no custo de produção Nas condições em que este experimento foi conduzido verifica-se que os adubos foliares não interferem nas características agronômicas da alface americana REFERÊNCIAS ARAUJO WF; SOUSA KTS; VIANA TVA; AZEVEDO BMA; BARROS MM; MARCOLINO E 2011 Resposta da alface a adubação nitrogenada Revista Agro@mbiente On-line, 5: 12-17 BACKES C; LUDWIG F; DAMATTO JUNIOR E; CASA J; VILLAS BÔAS RL 2005 Resposta de duas cultivares de alface a diferentes doses de calcário Disponível em http//:e-revistaunioestebr/indexphp/scientiaagraria/article/download//1618 Acessado em 11 de abril de 2014 CAMARGO PN; SILVA O 1990 Manual de adubação foliar São Paulo: Herba, 256p EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 2006 Sistema brasileiro de classificação de solos Brasília: Embrapa, 306p GUALBERTO R; OLIVEIRA PRR; GUIMARÃES AM 2008 Avaliação de cultivares de alface crespas e lisas, em diferentes épocas de cultivos no sistema hidropônico nft Nucleus 5: 341-352 LUZ JMQ; OLIVEIRA G; QUEIROZ AA; CARREON R 2010 Aplicação foliar de fertilizantes organominerais em cultura de alface Horticultura Brasileira 28: 373-377 RESENDE GM; ALVARENGA MAR; YURI JE; MOTA JH; SOUZA RJ; RODRIGUES JÚNIOR JC 2005 Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio Horticultura Brasileira 23: 976-981 Hortic Bras, v 31, n 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3261
Tabela 1 Número de folhas, altura do caule (cm) e diâmetro do caule (cm) de plantas de alface lisa adubadas com diferentes fertilizantes foliares (Number of leaves, stem height (cm) and stem diameter (cm) of smooth lettuce plants fertilized with different foliar fertilizers) Arapiraca, UFAL, 2013 1 Adubos foliares Número de Folhas Altura do Caule (cm) Diâmetro do Caule (cm) Niphokan 19 a 3,14 a 1,97 a Ubyverde 19 a 3,04 a 2,06 a Ureia 19 a 2,95 a 2,07 a Vitan 21 a 3,46 a 2,14 a Potamol 19 a 2,92 a 1,97 a Testemunha 19 a 2,95 a 2,10 a CV = 9,00 11,55 5,07 1 Em que: CV = coeficiente de variação Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Scott-Knott (Where: CV = coefficient of variation Means followed by the same letter in columns do not differ at 5% probability by test of Scott-Knott) Tabela 2 Matéria fresca (g planta -1 ) de folha, caule, raiz e total de plantas de alface lisa adubadas com diferentes fertilizantes foliares (Fresh weight (g plant -1 ) of leaf, stem, root and total plant of looseleaf lettuce fertilized with different foliar fertilizers) Arapiraca, UFAL, 2013 1 Adubos Foliares Matéria Fresca (g) Folha Caule Raiz Total Niphokam 231,32 a 9,36 a 13,13 a 257,17 a Ubyverde 203,63 a 8,41 a 12,04 a 240,62 a Ureia 229,82 a 9,70 a 11,35 a 261,25 a Vitan 246,93 a 12,35 a 15,29 a 285,62 a Potamol 185,23 a 7,92 a 12,28 a 215,08 a Testemunha 218,28 a 9,61 a 13,13 a 243,47 a CV = 12,70 20,57 30,14 13,16 1 Em que: CV = coeficiente de variação Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Scott-Knott (Where: CV = coefficient of variation Means followed by the same letter in columns do not differ at 5% probability by test of Scott-Knott) Tabela 3 Matéria seca (g planta -1 ) de folha, caule, raiz e total de plantas de alface lisa adubadas com diferentes fertilizantes foliares (Dry matter (g plant -1 ) of leaf, stem, root and total plant of looseleaf lettuce fertilized with different foliar fertilizers) Arapiraca, UFAL, 2013 1 Adubos Foliares Matéria seca (g) Folha Caule Raiz Total Nipokam 15,54 a 0,55 a 2,85 a 18,94 a Ubyverde 12,68 a 0,45 a 1,96 a 16,10 a Ureia 15,45 a 0,42 a 1,72 a 17,58 a Vitan 16,59 a 0,57 a 3,10 a 20,26 a Potamol 12,45 a 0,44 a 2,23 a 15,11 a Testemunha 14,67 a 0,42 a 1,95 a 17,58 a CV = 12,70 29,29 46,45 14,14 1 Em que: CV = coeficiente de variação Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Scott-Knott (Where: CV = coefficient of variation Means followed by the same letter in columns do not differ at 5% probability by test of Scott-Knott) Hortic Bras, v 31, n 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3262