Relatório de avaliação

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Transcrição:

Relatório de avaliação Ciclone tropical IDAI Moçambique Cidade da Beira VISÃO GERAL O relatório de avaliação de Beira foi realizado em 29 de Março com 12 equipas de órgãos avaliadores do INGC, FICV, agências da ONU e ONG. O relatório utilizou o formato pré-designado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC). Equipas de avaliadores visitaram 14 bairros - Matadouro, Tchondja, Inhamizua, Ndunda, Chingussura, Vaz, Vila Massane, Nhaconjo, Esturro, Manage Loforte, Munhava, Chota, Mananga e Muabvi 1. PRINCIPAIS CONCLUSÕES A população total da Beira está afectada pelos danos de inundações e ventos do CT Idai. O deslocamento dentro de Beira é um problema significativo. O deslocamento de fora de Beira não foirelatado. 88% relataram diarreia, e mais da metade reportou cólera. A insegurança alimentar é o maior problema, com 58% dos entrevistados a reportar desnutrição nos seus bairros. Acesso a água de qualidade é reportada como uma preocupação fundamental

GRAVIDADE DA CRISE E PRIORIDADES 1. Condições humanitárias e pessoas carentes Dos 14 bairros visitados, 6 receberam pessoas desalojadas vindas de fora da área. O número total de tais pessoas foi estimado em mais de 3 000 pessoas. O deslocamento foi relatado como sendo entre áreas urbanas e não de áreas rurais para urbanas. Três entrevistados (19%) relataram que ainda há pessoas desaparecidas nas suas comunidades. Há casos de crianças não acompanhadas separadas das suas famílias em dois bairros. 2. Necessidades/setores prioritários identificados Segurança Alimentar Saúde Água, Saneamento e Higiene (WASH) Saúde Problemas de saúde graves foram reportados pelos entrevistados. Em particular, o risco de cólera é claramente reconhecido pelos informantes e mais de metade dos entrevistados dizem que houve casos de cólera nos seus bairros e os casos de diarreia sugerem que um surto de cólera generalizada é bem provável nos próximos dias. OMinistério da Saúde reportou em 1 de Abril que 1 052 casos de cólera foram registrados, incluindo uma morte. A maioria dos casos reportados diz respeito à Beira (959 casos; 1 morte). A maioria das pessoas (69%) diz ter tido acesso aos agentes comunitários de saúde. Entretanto, há relatos de falta de enfermeiros, médicos e parteiras. Danos significativos na infraestrutura de saúde são claramente uma questão que requer um relatório mais detalhado. Mais de 80% relataram falta de acesso à medicação prescrita. Água, Saneamento e Higiene (WASH) Há necessidades claras de apoio às populações afectadas com instalações WASH. Não houve acesso a dados detalhados das condições previamente existentes, mas é provável que as vulnerabilidades pré-existentes tenham sido exacerbadas pelos danos causados pelo vento e chuva durante e depois da passagem do ciclone. Foram relatados problemas de disponibildade, de acesso e de qualidade. Devido à probabilidade de surtos de doenças transmitidas pela água na zona afectada, é provável que a rápida reabilitação e melhoria das instalações WASH tenha uma prioridade elevada Os inquiridos dizem haver longas filas para aceder a pontos de abastecimento de água. A maioria (79%) tem acesso a água da torneira. Outras fontes de abastecimento de água são fontes naturais (45% daquelas com informação), poços (75% daqueles com informação). Os inquiridos confirmaram também ter acesso a rios e lagos (44%) para obter água. A maioria dos inquiridos (75%) tem acesso a latrinas, mas estas são utilizadas tanto por homens como por mulheres. A maioria diz (63%) que o número de latrinas é insuficiente. A maioria dos inquiridos usa latrinas familiares (56%) e quase metade também usa latrinas comunitárias. Os inquiridos por vezes defecam no mato (69%), fazem um buraco e cobrem (62%) e por vezes ao ar livre (50%). A maioria (81%) diz ter visto lixo perto das suas casas. Segurança alimentar A maioria dos inquiridos (69%) relatou perdas de cultivo, e metade diz que as suas colheitas se perderam. Quase todos os inquiridos dizem que não há reservas de alimentos disponíveis. Os que relataram perda de efectivos (44%), nomeadamente gado (19%), indicaram que os mais afectados foram gado (13%), porcos (13%), galinhas (63%). Segundo a ONU, 10 000 pessoas estão a receber alimentos húmidos na Cidade da Beira, com os parceiros a dimensionar de 15 000 para 20 000 pessoas nos próximos dias. Esta ajuda pode ser redimensionada pelos parceiros depois de serem identificadas as cozinhas onde preparar as refeições (OCHA Sitrep #15, 01/04). 2

3. Impactos Sectoriais Adicionais: Alojamento: O alojamento tem sido indicado como uma das preocupações principais na Beira. Há relatos de que mais de 10 000 famílias terão ficado desalojadas, muitas das quais irão necessitar de apoio para recuperar ou reconstruir as suas casas. Infraestruturas A maior parte dos inquiridos (56%) declarou que o acesso a combustíveis era um problema. As comunicações eram alegadamente um problema menos grave, sendo que a maioria dos respondentes (86%) declarou ser possível fazer comunicações móveis. As autoridades municipais restabeleceram o abastecimento de água à cidade da Beira, com o apoio de parceiros da área da saúde e doadores (OCHA Sitrep #15, 01/04). 4. Áreas Geográficas Prioritárias Centros de Alojamento Povoações Informais Matadouro, Inhamazua Os centros de alojamento estão a albergar as populações que estão em maior risco de sofrer com os impactos secundários do ciclone, incluindo problemas especialmente relacionados com a saúde, WASH e protecção. Os assentamentos informais na zona da Beira são extremamente vulneráveis, como sucedeu nas inundações ocorridas em 2000 em Moçambique que devastaram a Beira e as regiões próximas, deixando milhões de desalojados e causando graves danos à economia local (OCHA, 2000). Os bairros geográficos prioritários são identificados utilizando os dados anteriores à crise e os dados sobre as populações que foram afectadas, assim como através de dados secundários e avaliações sectoriais. 3

5. Grupos afectados prioritários Lactentes/crianças Idosos Mulheres grávidas Os lactentes/crianças e os idosos são grupos prioritários devido à sua susceptibilidade aos riscos aumentados de diarreia líquida/cólera, e a doenças respiratórias como a pneumonia, que podem propagar-se facilmente em abrigos sobrelotados (John Hopkins University, 28 Mar). De acordo com um relatório da Direct Relief publicado em 22 de Março, as mulheres grávidas em Moçambique são das que correm maior risco em circunstâncias normais. O índice de mortalidade materna do país é de 489 óbitos por 100 000 partos, o 21.º valor mais alto do mundo. Entre as causas principais dos riscos para partos seguros conta-se a falta de acesso a um profissional qualificado para assistência ao parto, normalmente num estabelecimento de saúde. Dada a escala do impacto sofrido pelas infraestruturas de saúde nesta zona, as mulheres vão ter de enfrentar um acesso reduzido e, consequentemente, um aumento da taxa de risco de uma gravidez complicada poder resultar em lesões graves ou morte. O mesmo relatório afirma que, tal como sucede frequentemente em crises, as crianças com menos de cinco anos são as que enfrentam alguns dos riscos de saúde mais graves, incluindo doenças respiratórias, doença diarreica e outras doenças infecciosas incluindo cólera, malária e sarampo. A taxa de mortalidade infantil em Moçambique está entre as mais elevadas do mundo, cifrando-se em 72,4 por 1000. A seguinte repartição projectada da população na Cidade da Beira foi publicada pelo Instituto Nacional de Estatística em 2010. 4

CAPACIDADE DE RESPOSTA E DEFICIÊNCIAS Capacidade e resposta da sociedade civil A FICV intensificou de imediato o apoio à Sociedade da Cruz Vermelha de Moçambique, tendo destacado inicialmente uma equipa para a Beira em 16 de Março de 2019. Foram enviados destacamentos Surge internacionais para Moçambique, e foi lançado um Apelo de Emergência da FICV no valor de 30 milhões de francos suíços. A Sociedade da Cruz Vermelha de Moçambique mobilizou quase 350 voluntários no terreno e 5 Unidades de Auxílio de Emergência (UAE), para além de 50 elementos da Surge que foram destacados para apoiar a sociedade civil. Capacidade e resposta dos parceiros humanitários nacionais e internacionais Em 19 de Março de 2019, o governo de Moçambique declarou uma emergência nacional e solicitou formalmente ajuda internacional. A activação formal de todos os clusters, juntamente com um protocolo Scale Up por 3 meses, foi confirmada pela Comissão Permanente Inter-agências (IASC) em 22 de Março. Mais de 800 pessoas estão a trabalhar a partir da Beira num esforço humanitário conjunto (OCHA SitRep #13, 30/04). A partir desta semana, estão agora disponíveis 500 camas em sete centros de tratamento da cólera na zona afectada, havendo planos de reforço da capacidade para dar resposta ao aumento esperado de casos. A OMS está a dar formação a 30 profissionais de saúde para a gestão de casos de cólera, assim como para o estabelecimento e monitorização de normas e protocolos nesses centros. Mais de 900 000 doses da vacina oral contra a cólera da reserva mundial para utilização de emergência devem chegar à Beira amanhã (terça-feira, 2 de Abril), e o Governo e os parceiros, incluindo a UNICEF, FICV, Médicos Sem Fronteiras e Save the Children, tencionam iniciar a campanha de vacinação na quarta-feira, 3 de Abril (OMS, 01/03). Actualmente existem seis Equipas Médicas de Emergência (EMT) operacionais na Beira (OCHA SitRep #13, 30/03). CONDICIONALISMOS OPERACIONAIS Camas limitadas para (o tratamento de) cólera Lacunas de informação Falta de fornecimentos fundamentais Os fortes ventos do, seguidos por intensas chuvas, criaram enormes danos nas estruturas de logística e telecomunicações. Apenas a 24 de Março de 2019 foi possível chegar por estrada à Beira, visto que os acessos ficaram cortados devido aos elevados níveis de águas interiores e às pontes danificadas. Danos significativos nas infraestruturas de saúde, incluindo o principal hospital da Beira, estão a criar problemas graves. Muitas comunidades ficaram sem telecomunicações e o acesso à informação é muito limitado. A cidade portuária da Beira foi gravemente danificada, deixando a população isolada sem electricidade e comunicações. Os constrangimentos actuais incluem dados limitados sobre o número de pessoas afectadas e necessitadas, falta de depósitos de água suficientes, baldes, processos clínicos, abastecimento de combustíveis, camas e kits de teste de cólera (OCHA Sitrep #15, 01/04). 5

PANORÂMICA PRÉ-CRISE NAS ÁREAS AFECTADAS O atingiu terra durante a noite de 14 para 15 de Março de 2019 no Distrito de Dondo (próximo da cidade da Beira) na Província de Sofala, em Moçambique. O ciclone causou chuvas torrenciais e ventos fortes nas províncias de Sofala, Zambézia, Manica e Inhambane. O ciclone teve um forte impacto na cidade da Beira e nas áreas vizinhas, resultando na perda das comunicações e de acesso parcial devido às estradas estarem bloqueadas e as infraestruturas como as pontes estarem gravemente danificadas. Além disso, as conclusões iniciais relatam que ocorreram danos importantes e destruição de alojamentos e povoações, e que as instalações de saúde e de WASH [Água, Saneamento e Higiene] foram grandemente afectadas e danificadas. Casas, aldeias e cidades inteiras ficaram submersas em todo o centro de Moçambique, onde as inundações criaram um oceano interior lamacento com 30 milhas (50 quilómetros) de largura. O WFP disse que 400 000 pessoas estavam deslocadas e "necessitavam urgentemente de assistência de salvamento" na cidade costeira da Beira e nas áreas inundadas ao longo dos rios Pungue e Buzi, em Moçambique. Na Beira, cerca de uma em cada 10 pessoas são alegadamente VIH positivas (MSF, OCHA Sitrep #15, 30/03). 500 mil População Total da Beira (Censo de Moçambique, 2017) 51 % População Masculina (Fonte: Banco Mundial) 49% População Feminina (Fonte: Banco Mundial) 58,3 Esperança de vida à nascença, em anos (Divisão para População das NU) 53,3 Taxa de mortalidade infantil (por 1.000 nascimentos com vida) (Fonte: Grupo das NU para a Estimativa de Mortalidade Infantil) 36% População que vive em áreas urbanas (Fonte: Divisão para População das NU) 85% Crianças com 12-23 meses de idade imunizadas contra o sarampo (Fonte: OMS) 30% População subnutrida (Fonte: FAO) 15 milhões População total subnutrida em Moçambique (Fonte: FAO) METODOLOGIA E LIMITAÇÕES A avaliação foi realizada usando o formulário de Avaliação Rápida do INGC, versão de 2017. O formulário foi adaptado pelo IFRC para um formulário de recolha de dados móvel KoBo. O formulário foi depois partilhado com o INGC, as ONG participantes e as agências das NU para ser usado para a avaliação. O IFRC forneceu formação rápida sobre a utilização do formulário para assegurar a consistência da recolha de dados. O IOM usou um formulário em papel para a introdução dos dados e depois carregou o formulário no Kobo para a análise dos dados. Os campos do formulário Kobo não correspondiam exactamente ao formulário do IFRC derivado do Kobo, portanto procedeu-se a um processo de limpeza dos dados, necessário para fazer corresponder estes campos. Além disso, as discrepâncias na formação, enumeração e tradução do formulário entre o formulário e o processo do IOM e o multi-agências podem causar inexactidões. A composição das equipas foi de equipas de quatro x duas pessoas. Os dados foram recolhidos dos informadores-chave identificados pelas autoridades governamentais locais. Os dados foram limpos e analisados em Excel. Os resultados foram usados para elaborar um método de avaliação revisto que teve início a 1 de Abril. Tradução de Inglês para Português gentilmente cedido por Translators without Borders. 6