A LOGÍSTICA DO TRANSPORTE DA CANA-DE-AÇÚCAR Carlos Alberto Lorenzetti, graduando Fatec JAHU, carlosalbertolorenzetti@hotmail.com Everton Adriano Laviso, graduando Fatec JAHU, everton_laviso@hotmail.com Janio Fabio de Oliveira Arruda, graduando Fatec JAHU, fa.fla.arruda@gmail.com Keliton Cassiano, graduando Fatec JAHU, kelitoncassiano@hotmail.com Magaly P. Vasconcellos Romão, professor orientador da Fatec JAHU, magaly_jau@yahoo.com TEMA Transporte: Transporte e Movimentação de Carga RESUMO No Brasil, a expansão do cultivo da cana-de-açúcar foi acentuada desde a época dos engenhos. Aliada a esta expansão surgiram novos fatores administrativos que passaram a agregar custo aos produtos principalmente no transporte da matéria prima e seus derivados. Portanto houve a necessidade de estudar melhorias e aperfeiçoamento na logística do transporte de cana-de-açúcar, pois pode inviabilizar o aumento da produtividade devido ao alto custo que este ira proporcionar. Devido a grande importância que o setor sucro alcooleiro está tendo na mídia em geral, por se tratar de um dos segmentos que mais se desenvolve na economia do Estado de São Paulo, o presente trabalho utiliza essas informações para exemplificar os processos logísticos que ocorrem nesse setor descrevendo inclusive as etapas do transporte de cana-de-açúcar da lavoura até a indústria. PALAVRAS CHAVE: logística, transporte, cana de açúcar, estado de São Paulo. ABSTRACT In Brazil, the expansion of sugar cane cultivation was marked since the time of the mills. Allied to this expansion, more administrative factors emerged, aggregating costs to the products, especially in the transport of raw material and its derivatives. Therefore improvements were necessary in logistics transportation of sugar cane, because it can cripple the increase of productivity due to the cost it will provide. Because of the large importance the alcohol and sugar cane, industry has in the media, due to the fact it is one of the segments most developed in the São Paulo state economy, the paper presents those information to clarify the logistic processes that occur in this sector, including describing the steps the of sugar cane transportation from the crop to the industry. KEYWORDS: logistics, transportation, sugar cane, São Paulo state.
METODOLOGIA Este trabalho utilizou-se de uma metodologia baseada na revisão bibliográfica da literatura técnica cientifica relacionada, com o objetivo de avaliar a importância da logística do transporte de cana de açúcar no estado de São Paulo. INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que ao longo dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e nações. O cultivo da cana de açúcar é uma das primeiras atividades econômicas documentadas na história do Brasil. As primeiras mudas chegaram ao Brasil em 1532, trazidas por grumetes da expedição de Martin Afonso de Souza. A planta se espalhou rapidamente graças ao solo fértil, o clima tropical e a mão de obra escrava trazida da África. Na época, o açúcar era um produto escasso devido à falta de áreas cultiváveis na Europa. Por esse motivo era também muito valioso comparável ao ouro e pedras preciosas. A produção de açúcar do Brasil colônia era exportada para Portugal, que enriqueceu com o repasse do produto para toda a Europa. A principal região produtora do País era a então Capitania Hereditária de Pernambuco, onde foi implantado o primeiro centro açucareiro do Brasil. Hoje, a região Nordeste responde por menos de 20% da produção brasileira de açúcar e etanol, enquanto mais de 80% da produção vem das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, especialmente o estado de São Paulo (UNICA, 2010). Durante o Império, o país dependeu basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar. Calcula-se que naquele período da história, a exportação do açúcar rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas proporcionadas por todos os outros produtos agrícolas destinados ao mercado externo (Machado, 2010). A expansão do cultivo da cana de açúcar foi acentuada desde a época dos engenhos. Junto com essa expansão surgiram novos fatores administrativos que passaram a agregar custo aos produtos produzidos pelas Usinas, tais como: necessidade de cultivar cana-de-açúcar em áreas mais distantes; proibição através de lei federal da queima da palha da cana; maior número de mão de obra e produção industrial com maior capacidade. A analise da necessidade de estudar melhorias e aperfeiçoamento na logística do transporte de cana-de-açúcar segue, portanto todos os fatores acima
citados, que surgiram com o aumento da capacidade industrial, os quais evidenciam a necessidade de se estabelecer meios alternativos para reduzir o impacto proporcionado pelo transporte, sob pena de inviabilizar o aumento da produtividade devido ao alto custo que este ira proporcionar (Rafael, 2004). CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CANAVIEIRA O Brasil é atualmente o principal produtor mundial de açúcar e de álcool; sendo o interior do Estado de São Paulo, o principal produtor no país. Com isso, a Região Oeste de São Paulo tem se tornado, desde o início de produção de cana-deaçúcar, após o Proálcool no final da década de 70 e início da década de oitenta, uma nova fronteira na expansão canavieira do Brasil, caracterizando a região como uma original produtora da cana-de-açúcar, principal fonte de matéria-prima para a transformação de álcool e açúcar. No Centro Sul do Brasil, região que responde por 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no Brasil, a safra dura em média oito meses, de abril a novembro. Por isso, a produção de etanol a partir da cana ocorre apenas durante esse período, quando há oferta de cana, e o volume produzido precisa ser suficiente para atender a demanda que ocorre continuamente durante todo o ano. Na região situada a Oeste de São Paulo, a cana de açúcar tem grande importância para as usinas, pois é ela que alimenta todo o processo da cadeia de produção do açúcar e do álcool e, para que isso possa ocorrer, é imprescindível a utilização de meios de transporte, que deslocam a matéria-prima, desde o campo até a chegada à Usina. Todo um procedimento logístico deve ser coordenado para que não haja falta de abastecimento da matéria prima dentro da indústria, onde o sincronismo entre o tempo de corte, carregamento e transporte devem ser controlados, para que a principal fonte de abastecimento das indústrias sucroalcooleiras chegue de maneira eficiente. Em decorrência do Proálcool (Programa Público Nacional de Produção de Combustível Alternativo aos Derivados do Petróleo, criado em 1975 pelo governo brasileiro para reduzir a importação do petróleo), cresceu a produção da cana-deaçúcar. Novas destilarias e novas usinas foram instaladas, cresceu o número de empregos diretos em toda a cadeia produtiva; da indústria produtora de máquinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro à comercialização de álcool e açúcar.
Consequentemente, o setor agroindustrial canavieiro iniciou um processo de pesquisa e desenvolvimento nas últimas décadas que garantiu seu destaque no setor agrícola brasileiro. As usinas de álcool e açúcar procuram se adequar ao cenário da economia nacional por meio de inovações, como a busca por uma melhor forma de integrar as áreas agrícolas e industriais. Entre outras possibilidades, essa integração também diz respeito ao sincronismo do transporte da cana e a chegada dessa matéria prima até a usina. Partindo-se desse pensamento, existe uma infinidade de procedimentos administrativos aos quais os empresários devem se atentar, pois a logística de uma empresa é um sistema integrado, ao qual se deve saber coordenar toda a cadeia de suprimento para que a matéria prima chegue ao local certo, dentro de um tempo aceitável, a um custo baixo, em boas condições para que a indústria produza de forma eficiente seus produtos. CUSTOS Um aspecto importante dos sistemas logísticos é a forma de coordenar os processos de corte, carregamento e transporte de cana do campo até a área industrial, de maneira a suprir adequadamente a demanda necessária na área industrial. Os custos do corte, carregamento e transporte representam 30% do custo total de produção da cana, sendo que somente os gastos com transporte equivalem a 12% desse total. A atividade logística absorve um montante significativo das vendas. Segundo BALLOU (1993), esse montante representa em média cerca de 22% das vendas, determinando com isso a competitividade da empresa. Da mesma forma, o sistema de recepção, que compreende operações como pesagem, amostragem, armazenagem intermediária e descarga de cana nas moendas, devem operar com um fluxo de cana transportada do campo à usina que permita alimentação uniforme das moendas. Caso contrário, pode haver paradas nas moendas, o que é altamente prejudicial por conta dos altos custos da ociosidade de máquinas. Manter a moenda funcionando com quantidade de cana insuficiente gera desperdícios de energia, desgaste desnecessário dos equipamentos etc. A quantidade ideal de cana a ser transportada do campo para a usina pode mudar de acordo com variações do ambiente, como clima, localização das frentes de corte (quando a colheita precisa ser feita em áreas muito distantes da usina), tipo
de estrada e especificações da frota. Por outro lado, a ociosidade de caminhões no pátio também é motivo de grande preocupação devido ao alto custo de investimentos, mão de obra e combustível, além da falta que estes veículos fazem no campo, pois se não houver caminhões disponíveis para receber a cana colhida, não haverá trabalho para operários e máquinas. Outro fator relevante é que a cana, inteira ou picada, principalmente se for queimada, pode se deteriorar caso permaneça por muito tempo em estoque ou em fila no pátio de descarga. Após ser colhida, é necessário que a cana de açúcar seja transportada de modo adequado, pois não pode ser estocada e precisa ser entregue para industrialização em até 72 horas, evitando-se assim perda de qualidade pela ação de bactérias e fermentos. É de fundamental importância obter matéria prima (cana de açúcar) com maior grau de qualidade, pois isso reflete diretamente no produto final. Um fator de destaque na logística sucroalcooleira é a localização das indústrias e dos produtores, pois estão localizados afastados das usinas, tendo que atravessar centros urbanos para abastece las aumentando com isso, o tempo de viagem, os riscos e custos. Em algumas usinas tem-se a preferência por escolher produtores próximos para se evitar centros urbanos, usando caminhões com maiores capacidades e potencialmente com menores custos de frete. Torna-se necessário um profundo conhecimento da logística de transporte da cana de açúcar (tempo que leva do corte, carregamento e transporte até a indústria) para ganhar tempo, ou seja, obter maior lucro, mesmo porque quanto menor o tempo que se leva para transportar, melhor será a qualidade de produto final e ainda melhor será a otimização da capacidade de trabalho em todo o parque industrial com relação à produção (Rangel, Cunha, Pacheco, Morgado, Fermín 2008). Nesse contexto, a logística dos sistemas de corte, carregamento, transporte e recepção de cana de açúcar é muito complexo, sendo fundamental uma visão sistêmica de toda a cadeia produtiva, pois a abordagem tradicional trata cada subsistema separadamente ou, quando muito, utiliza valores médios de desempenho de equipamentos para relacionar dois sistemas (por exemplo, carregamento e transporte) sem a preocupação com as consequências para outros sistemas (Eduardo; Marin, 2005 2007).
TIPOS DE TRANSPORTES Os modos de transportes utilizados para a cana de açúcar são basicamente o hidroviário e o rodoviário, com expressivo domínio para o modo rodoviário, pela sua versatilidade, no entanto esse modo tem um custo alto, em função do baixo custo do produto transportado. Em função da importância do custo do transporte devido ao baixo valor agregado da cana de açúcar, existe uma série de modelos de veículos rodoviários como: tratores, caminhões, carretas (rodo trem, bi trem), entre outros. A escolha do tipo de veículo a ser utilizado está relacionada à distância entre o campo e a unidade industrial, às condições de tráfego das vias de circulação e aos custos operacionais de cada tipo de transporte, para se entregar a maior quantidade de matéria-prima no menor tempo possível, reduzindo, assim, os custos dessa etapa da cadeia produtiva. Dentre os veículos disponíveis para o transporte da cana, os caminhões são os mais utilizados. O mercado oferece grande variedade de modelos que podem transportar de oito a 40 toneladas de carga líquida. As composições de transporte rodoviário de cana mais comum são apresentadas na Figura 1. Logicamente, as carrocerias para acomodação da cana variam em função do tipo de cana, inteira ou picada, a ser trabalhada. Fig. 1. Descrição das composições mais comuns do transporte de cana. Fonte: (Silva, 2006). EXPANSÃO DA CANA DE AÇUCAR
Em um estudo publicado na revista Remote Sensing (29/04/2010), de 2003 a 2009, por hectare, a área total do cultivo da cana disponível para a colheita no Estado saltou de 2,57 milhões para 4,89 milhões de hectares, segundo dados do mais recente relatório feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A maior expansão de área com cana ocorreu no oeste paulista, que compreende as regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba e Presidente Prudente, que também apresentam umas das menores porcentagens de extensão territorial ocupada pelo cultivo da cana de açúcar, o que as tornam regiões com grande potencial de expansão. Por outro lado, apresentaram os maiores coeficientes e as maiores taxas de crescimento de área disponível para colheita, o que pode ser analisado da figura 2 abaixo. Figura 2 Municípios do estado de São Paulo produtores de cana-deaçúcar Paulo Estudo feito no Inpe indica expansão da cana-de-açúcar no Estado de São CONCLUSÃO
Na produção de derivados da matéria prima cana de açúcar, a logística é de extrema importância, pois interliga por meio de transporte a lavoura ao centro industrial. Com o passar dos anos o numero de usinas aumentaram e consequentemente a concorrência, nesse cenário, quanto menor o custo e melhor a qualidade, maior a possibilidade de atratividade e ganho econômico, considerando que de acordo com Ballou (1993) sabendo que o custo logístico corresponde em media 22% quanto melhor administrado ganha-se em custo e eficiência. Devido à proibição da queima da palha próximo a centros urbanos, e outros fatores que contribuíram, o cultivo da cana de açúcar teve que ser inserido distante dos antigos engenhos. De acordo com o conteúdo estudado chegamos à conclusão de que o modal de transporte mais comum quando se falamos em transporte de cana de açúcar é o rodoviário, devido às distâncias percorridas e a agilidade que é necessária, mesmo que o seu custo seja alto. O Brasil é atualmente o principal produtor mundial de açúcar e de álcool; sendo o interior do Estado de São Paulo, o principal produtor no país, destacando-se as regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba e Presidente Prudente, que ainda possuem grande potencial de expansão. Nas regiões que ainda possuem um grande potencial de expansão a atividade canavieira junto com sua operação logística pode determinar quem supre a demanda do mercado, mantendo sempre a qualidade do produto final, pois a cana de açúcar tem um prazo pra ser processada desde a colheita ate a indústria, após esse tempo, se perde qualidade e produtividade. Os custos do corte, carregamento e transporte até as usinas, muitas vezes distante das plantações, sendo a cana de açúcar um produto de baixo valor agregado, representam 30% do custo total de produção da cana, sendo que somente os gastos com transporte equivalem a 12% desse total. A atividade logística absorve um montante significativo das vendas, ou seja, 22%, determinando com isso a competitividade e a sobrevivência da empresa. REFERÊNCIAS SILVA, J. E. A. R. da. Desenvolvimento de um modelo de simulação para auxiliar o gerenciamento de sistemas de corte, carregamento e transporte de cana-
de-açúcar. 2006. 128 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. BIODIESELBR, 2006. O Programa Nacional do Álcool ou Proálcool foi criado em 14 de novembro de 1975 pelo decreto n 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, visando o atendimento das necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos. [disponível em 21/03/2012, no http://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool/programa-etanol.htm] BARROS. Fúlvio de. 2010 Resumo do texto Brasil, a doce terra, de [disponível em: http://www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/2010/09/20/ahistoria-da-cana-de-acucar/]. (29/09/2010) RAFAEL, EDILSON APARECIDO, 2005. Trabalho de Conclusão do curso de Administração, Logística no Transporte de Cana-de-açúcar. Revista Remote Sensing, em abril 29, 2010 e relatório feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP). FREITAS. Carlos Vian ; MARIN. Fábio. 2005/2007. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa - Todos os direitos reservados, conforme Lei n 9.610. Política de Privacidade. sac@embrapa.br. RANGEL, João J de Assis. CUNHA, André Prado. PACHECO, Alex Paranhos. MORGADO, Ivan Ferreira. MONTANÉ, Fermín A Tang. 2008 - Simulação computacional para análise do frete no transporte de cana-de-açúcar - SISTEMAS & GESTÃO, v.3, n. 3, p.250-261. autor(es). O conteúdo expresso no trabalho é de inteira responsabilidade do(s)