UM ESTUDO DA INSERÇÃO PARENTÉTICA COMO ESTRATÉGIA PARA A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO EM TEXTOS ORAIS ( * )

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Transcrição:

2795 UM ESTUDO DA INSERÇÃO PARENTÉTICA COMO ESTRATÉGIA PARA A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO EM TEXTOS ORAIS ( * ) Suzana Pinto do ESPÍRITO SANTO UFPA** 0 Introdução: O presente estudo analisa o uso da inserção parentética como estratégia para a construção do sentido na produção do texto oral. Jubran 2002a, b, c e d) investigou o caso da inserção parentética a partir de quatro grandes classes, a saber: A) a elaboração tópica do texto; B) o locutor; C) o interlocutor e D) o ato comunicativo em si. Neste artigo, levamos em consideração esta classificação, porém restringindo-nos aos parênteses da classe C e aos da classe D com o objetivo de verificar como as estruturas parentéticas relacionadas a essas classes podem contribuir para a compreensão do discurso e/ou do contexto discursivo. Frisamos que não é nosso propósito mostrar uma abordagem detalhada das classes em questão, enfocando apenas alguns aspectos referentes às funções empregadas pela classificação estudada. As especificidades do texto oral, como a quase simultaneidade entre o planejar e o executar a fala, podem causar a existência de estruturas parentéticas no momento da realização da conversação. Isto se dá pelo fato de os parceiros do ato comunicativo necessitarem não somente manter o fluxo informacional como também possibilitar ao interlocutor a compreensão. Neste artigo, inicialmente tecemos algumas considerações sobre interação, produção de sentido e texto oral. Na seqüência trataremos sobre as estratégias usadas na construção do sentido no texto oral, especificando posteriormente o caso da inserção parentética enfocando seus tipos e aspectos sinalizadores, voltando-nos o olhar para os parênteses da classe C que focalizam o interlocutor e os da classe D que focalizam o ato comunicativo em si, e por fim, apresentamos e discutimos os dados extraídos do corpus pesquisado concluindo com algumas observações sobre os resultados da pesquisa. 1. Interação, produção de sentido e texto oral Pautamos nosso estudo na concepção de língua como instrumento de interação social. Nessa perspectiva, o texto oral é produzido no momento da interação verbal e movido pela conversação face a face por meio da qual o locutor e o interlocutor constroem em uma atividade conjunta o sentido do texto. A necessidade de se construir o discurso em parceria leva os falantes a ficarem atentos para o evento conversacional, pois o sucesso ou não da interação depende, em grade parte, da atenção dos envolvidos nesse evento. Assim, Fávero (2002, p. 17) diz que é na interação e por causa dela que surge o processo de criação de sentidos, constituindo um fluxo (movimento de avanço e recuo) de produção textual organizado. Como nosso interesse é verificar como se dá essa produção textual dialogada, voltando-nos o olhar para as inserções parentéticas, acreditamos que a construção do sentido estabelecida in loco, captada na transcrição dos textos, pode refletir com mais eficácia a dinâmica da interação. Desse modo, Morato (2004, p. 138) afirma que é a interação e tudo que o que é afeito a ela produz sentido, o sentido é produto da interação: o outro nos é necessário para sabermos o que estamos a dizer, e mais, para construirmos o sentido daquilo que estamos a dizer. As abordagens interacionais consideram que a língua possui uma estrutura organizacional própria e passível de ser analisada, pois atenta-se não somente para o produto, mas também para o processo de manifestação verbal: as condições de produção e a atividade interacional. Nesse sentido, o * Este artigo é um recorte do meu trabalho de conclusão de curso de Letras apresentado em janeiro de 2009 à Universidade Federal do Pará, Campus de Santarém, orientado pela profa. Dra. Ediene Pena Ferreira. ** concluinte da graduação em Letras, cursando pós-graduação latu-sensu em Língua e Literatura na escola: reflexões e alternativas pela UFPa, Campus Santarém e membro do Grupo de Estudos Lingüísticos do Oeste do Pará GELOPA do mesmo campus.

2796 texto oral é realizado dentro de um contexto, por isso, consideramos a concepção exposta em Andrade (2000, p. 101) que define: Texto oral é, portanto, um evento interativo, uma troca social de significados e tal troca se torna mais evidente na conversação espontânea, visto tratar-se de um tipo de texto que as pessoas exploram todos os recursos da língua, e por ser um tipo de situação em que se pode improvisar, inovar e onde as mudanças no sistema acontecem. Posto isto, acreditamos que o resultado da interação verba, o texto oral, pode ser uma referência fiel para verificarmos a língua dentro de um contexto de uso, haja vista que é na produção da língua falada que o vernáculo se constitui verdadeiramente. O texto oral possui condições de produção e organização própria, isto é, se realiza in loco, onde a elaboração e a manifestação da fala ocorrem quase simultaneamente, assim, o texto oral não possui rascunho, pois quando falamos vamos construindo nosso texto e, de acordo com o nosso interlocutor, repetimos a informação, mudamos o tom, reformulamos nossa explicação, enfim, usamos estratégias que oportunizam a construção de um texto oral coerente. Por isso, é indispensável que haja a troca de turnos 1 e que a interação seja centrada, isto é, se desenrole durante um tempo na presença de pelo menos dois interlocutores que precisam focar sua atenção visual e cognitiva para um objetivo único (Goffman, 1975 apud Marcuschi, 1986). A espontaneidade do texto oral dialogado favorece as descontinuidades da progressão temática, é alinear, desacelerando o fluxo da informação, ou rallento como define Koch (2002, p. 127). Com a necessidade de avanço e recuo na produção do texto oral dada em função de se pretender manter a interação, podemos verificar que no texto oral quase sempre ocorrem falsos começos, hesitações, pausas, truncamentos, correções, inserções, repetições, paráfrases, enfim, estratégias discursivas que o falante utiliza para construir, junto com o (s) participante (s) da interação, o texto oral de acordo com a situação de produção. 2. As estratégias de construção do sentido no texto oral Em Koch (2008), o processamento do TO é realizado principalmente a partir das estratégias de inserção e reformulação, no entanto, o falante tem a possibilidade de brincar com o jogo da linguagem administrando de diferentes formas as exposições das idéias pelo fato de a língua fornecer uma variedade de formas de expressão e, ao fazer isso, o falante utiliza a estratégia de tematização e rematização. Sobre os conceitos de tema e rema, adotamos os difundidos pela Escola Funcionalista de Praga que concebe o tema como o segmento sobre o qual recai a predição trazida pelo rema, porém dependendo da situação interacional o falante poderá organizar seu discurso na seqüência rema-tema, ou seja, antecipa para o interlocutor a informação tida como a meta da comunicação. Essa possibilidade de antecipar ou não uma dada informação torna evidente a flexibilidade da língua, sobretudo nas interações conversacionais cotidianas em que o discurso é produzido de forma distensa. Por conta dessa despreocupação com o modo do dizer e com a preocupação com se fazer entender construção do sentido é comum que o falante use a estratégia de repetição para ganhar tempo no planejamento da fala. Os textos que produzimos apresentam uma grande quantidade de construções paralelas, repetições literais enfáticas, pares de sinônimos em quase sinônimos, repetições da fala do outro e assim por diante (KOCH, 2008, p. 123). Conhecendo a natureza do TO compreendemos que as repetições na fala não refletem estruturas mal elaboradas, redundantes ou circulares, pelo contrário, é um fenômeno indissociável a essa modalidade de texto, assim como a hesitação, estratégia muito usada pelos falantes que possibilita a desaceleração do ritmo da fala, haja vista que ela se manifesta por meio das pausas, alongamentos das vogais, consoantes ou sílabas iniciais ou finais, repetição de palavras de pequeno porte etc. Essas ações são pouco (ou não são) dominadas pelo falante, pois é um momento que demonstra a dificuldade de processamento e verbalização do enunciado. Diferentemente da estratégia de hesitação, a reformulação pode ser controlada pelo falante que faz uso dessa estratégia para reforçar sua argumentação, empregando repetições e paráfrases, neste caso, o falante recorre à reformulação retórica cuja função é propiciar a compreensão, diminuindo o 1 Entendemos por turno qualquer intervenção dos interlocutores, seja um fragmento de diálogo, seja breve intervenção que demonstra entendimento do parceiro, como sinais fáticos: uhn, ahn, ehn.

2797 ritmo da fala, pois o falante precisa de um tempo para organizar o que vai ser dito. Além disso, a reformulação é usada para fazer reparos ou correções na tentativa de esclarecer algo ou desfazer mal entendidos, com vistas a compreensão do interlocutor que pode contribuir para o sentido no texto requerendo ao parceiro que repita ou reformule seu texto utilizando as paráfrases, por exemplo. Nosso interesse, neste artigo, é enfocar a estratégia de inserção, especificamente nas inserções parentéticas como recurso utilizado pelo locutor para estabelecer o sentido do seu texto. De acordo com Koch (2008), o uso de inserções, de modo geral, parece ter como macro-função facilitar a compreensão dos parceiros, sendo que para isto, o locutor suspende temporariamente o andamento do tópico discursivo desenvolvido introduzindo explicações, comentários, ressalvas, ilustrações, por exemplo. Essas introduções são responsáveis pelo rallento do fluxo informacional, como afirma (KOCH, 2002), isto ocorre pela própria característica do texto falado espontâneo, como mostramos, pois considerando o processo interacional, é comum que locutor recorra estrategicamente às inserções, que apesar de proporcionarem a descontinuidade na progressão do tema, são úteis para compreensão do discurso. Koch (2008) elenca alguns dos objetivos do locutor ao introduzir na conversação inserções, como: a) introduzir explicações ou justificativas, b) fazer alusão a um conhecimento prévio, c) apresentar ilustrações ou exemplificações, d) introduzir comentários metaformulativos. Outra função da inserção é despertar ou manter o interesse do parceiro, para isto, o locutor usa: a) reformulação de questões retóricas, b) introdução de comentários jocosos. Além dessas estratégias, o locutor recorre ao uso de inserção para: a) servir de suporte para a argumentação em curso, b) expressar a atitude do locutor perante o dito, introduzindo atenuações, avaliações, ressalvas, por exemplo. Sobre essas especificidades dos casos de inserções não é nosso objetivo detalha-las aqui. Em Jubran (2002d) o fenômeno da inserção é estudado a partir da concepção de tópico discursivo e de estruturação tópica, considerando para isto, duas modalidades de inserção, sendo que na primeira modalidade, o elemento inserido não se configura como tópico, enquanto que na segunda, a inserção é caracterizada pelo tópico, o qual, reforçamos que, em linhas gerais, o tópico é o assunto sobre o qual se fala. Sobre as modalidades analisadas por Jubran (2002d) é de nosso interesse a primeira modalidade por esta ter como característica de frase parentética, tendo em vista essas inserções não comprometem o andamento do tópico por serem breves, por isso, a interrupção é momentânea e a retomada do assunto ainda é viável, não tendo por isso, estatuto tópico, isto é, não se desenvolve um tema sobre o qual se centrará a interação verbal. Para o estudo sobre as inserções parentéticas adotaremos a classificação tipológica proposta por Jubran (2002c), tratadas na seção seguinte. 3. A inserção parentética: classificação e aspectos sinalizadores Jubran (2002b) define as inserções parentéticas como uma das estratégias pelas quais os interlocutores articulam seu texto, manifestando dados do processamento discursivo. Assim, reafirmamos que as inserções parentéticas são estruturas textuais que se encaixam no tópico discursivo, ocupando dessa forma posição intratópica proporcionando, portanto, os desvios momentâneos que podem ser mais desviantes do tópico discursivo ou não. As estruturas parentéticas podem ser identificadas por algumas marcas formais sugeridas em (Jubran 2002a) como: I - pausa entes e depois do encaixe, II - ausência de conectores do tipo lógico que pudessem estabelecer relações lógico-semânticas entre os parênteses e o enunciado onde se encaixam, III - mudanças prosódicas, como alteração de tessitura e de velocidade de elocução da parte inserida, em contraste com o contexto, IV - incompletude do enunciado precedente e subseqüente, V - sinais de retorno ao tópico temporariamente suspenso, como marcadores discursivos de retomada temática ou repetição de elementos anteriores aos parênteses. Esses aspectos sinalizam a existência de uma estrutura parentética, a partir dessa identificação, atentamos o olhar para os tipos de parênteses, classificados por Jubran (2002c). A autora registra quatro grandes classes de parênteses com foco no (a): A) elaboração tópica do texto, B) o locutor, C) o interlocutor e D) o ato comunicativo. Esta classificação deve ser considerada a partir do uso e funcionamento em situações de interação verbal.

2798 A classe A elaboração tópica do texto - é referente aos parênteses que contribuem para a elaboração do tópico discursivo desenvolvido no TO. Isto pode ser identificado a partir de três subclasses, a) Parênteses correlacionados com o conteúdo tópico, b) Parênteses correlacionados com a formulação lingüística do tópico e c) Parênteses relacionados com a construção textual. Em relação à classe B, percebemos a presença do locutor na produção do seu texto, proporcionando um desvio do tópico discursivo. Esse desvio ocorre para, neste momento, o locutor inserir informações que o qualifiquem ou não sobre o assunto tratado ou ainda atribuir referência a outros discursos. Por meio dessas inserções, é possível o interlocutor identificar a fonte da informação, possibilitando a ele a compreensão do contexto discursivo e da informação relacionada ao assunto tratado. Imbricadas na classe B, estão cinco funções: a) a auto-qualificação ou auto-desqualificação do locutor para discorrer sobre o assunto, b) manifestação de interesse ou desinteresse pelo assunto, c) desconhecimento do assunto proposto pelo interlocutor, d) manifestações atitudinais do locutor em relação ao assunto, e) indicação da fonte enunciadora do discurso. A suspensão tópica ocorrida em função da inserção de parênteses pode revelar traços que evidenciam o evento interativo e as condições de produção. Esses traços comuns ao texto oral dialogado podem ser identificados por meio de parênteses que focalizam o interlocutor e os que focalizam o ato comunicativo em si, sobre os quais restringimos este artigo. Os parênteses da classe C evidenciam a presença do interlocutor no texto falado pondo à mostra a relação entre o locutor e o interlocutor, os quais são responsáveis pela produção do texto e, consequentemente, pela construção dos sentidos. O foco da informação também causa a suspensão do tópico discursivo desenvolvido, sendo que, no momento desta suspensão, o interlocutor insere uma estrutura parentética para comprovar o seu papel discursivo. Na participação (co-produção) do discurso, o interlocutor pode atuar como esclarecedor do texto, inserindo perguntas que possibilitam ao locutor deixar sua fala inteligível, perguntas como sobre o que você esta tratando? atuam como parênteses esclarecedores do tópico desenvolvido. É nessa relação de condução mutua do discurso que a união entre locutor e interlocutor se evidencia, pois ambos precisam compartilhar do mesmo conhecimento para progressão do discurso. Na conversação, o locutor insere parênteses como como nós sabemos que deixam clara a troca de conhecimento. A atenção do interlocutor para o discurso é primordial para o sucesso do evento interativo, por isso, constantemente o locutor exprime perguntas que testam a atenção do parceiro, como entendeu? certo?envolvendo-o no discurso. dessa forma, a troca de turnos na conversação é marcada pela investigação feita pelo locutor para manter o interlocutor na co-produção do texto. Os parênteses da classe D focalizam o ato comunicativo em si, por isso, o desvio do tópico discursivo ocorre em grau máximo. Neste caso, os envolvidos no ato de interação verbal deixam de focar sua atenção para o tópico discursivo voltando-se para o ato de interagir verbalmente, ou seja, as informações introduzidas por este tipo de parêntese não se referem ao desenvolvimento do tópico e nem são relevantes para este. Por este motivo, o fluxo temático é quebrado para focalizar a interação verbal. Isto se demonstra pelo envolvimento e predisposição dos interlocutores no ato comunicativo, pela negociação dos turnos, pelo afastamento de ruídos ou quaisquer outros fatos que atrapalhem o contato dos parceiros da conversa. Algumas situações podem caracterizar a classe D de parênteses, como: a) Quebra de condições enunciativas que revela a natureza da gravação, pois ruídos, interferências de locutores acidentais podem ocasionar a quebra na progressão temática; b) estabelecimento da modalidade do ato comunicativo em que o locutor insere uma estrutura parentética para pôr à mostra a natureza da interação dialogada evidenciando as condições da situação especifica da gravação da conversação; c) estabelecimento de condições para realização e prosseguimento do ato comunicativo, parênteses com esta função demonstram a eficiência da comunicação por conta de locutor expressar as possibilidades de continuidade da conversação; d) negociação de turnos, atividade comum e recorrente na conversação, parênteses cuja função evidencia o ato interativo característico da realização do texto oral dialogado. 4. Descrição e análise dos dados Em nosso estudo, julgamos que os desvios ocasionados pela inserção parentética são importantes para construir o sentido do texto. Para investigar o fenômeno da inserção

2799 parentética, constituímos um corpus de doze (12) narrativas de experiência pessoal no período de 17 a 20 de março do ano de 2008 na cidade de Oriximiná-Pa. As gravações possuem duração mínima de 20 minutos e máxima de 50 minutos. Os informantes foram selecionados de acordo com três células 2 : a: sexo (M) masculino - 6 informantes (F) feminino - 6 informantes b: tempo de escolaridade a) 0 ano b) 1 a 8 anos c) 9 a 12 anos d) 12 a 16 anos c: faixa etária a) entre 18 e 35 anos b) entre 36 e 50 anos c) + de 50 anos No corpus transcrito 3 os informantes foram organizados por código, identificados por I (informante), número do informante e sexo I1F 4, por exemplo. Escolhemos a narrativa de experiência pessoal pelo fato de este tipo de relato proporcionar maior envolvimento do locutor com fato narrado, possibilitando com isso, uma proximidade com a conversação distensa face a face, característica da linguagem prosaica, a qual é de nosso interesse. No corpus de doze textos transcritos, contabilizamos um total de 339 ocorrências de inserção parentética, considerando as quatro classes. Da classe A encontramos 170 parênteses, da classe B 123, da classe C 31 e da classe D 15 ocorrências. Os dados afirmam que a classe A é usada com mais freqüência e a classe D com menor freqüência. Os resultados relativos à freqüência de uso das inserções parentéticas de acordo com as classificações podem ser vistas no gráfico 01. 9% 5% 50% classe A classe B classe C classe D 36% Gráfico 01: Freqüência de uso das inserções parentéticas de acordo com as classes Comentamos que o sentido é estabelecido no momento da interação numa construção mútua entre os participantes do evento comunicativo. Para isto, logicamente, o interlocutor precisa participar da conversação, contribuir para ela, tendo em vista que o locutor, de alguma forma, exige isso do interlocutor. Por isso, com o propósito de chamar atenção do interlocutor para o discurso, o locutor faz uso de estruturas parentéticas que focalizam a presença do interlocutor no texto falado. 2 A seleção dos informantes de acordo com células NORPORFOR (Norma Oral do Português de Fortaleza). 3 A transcrição do corpus segue a proposta de transcrição do projeto NURC (Norma Culta Urbana) 4 Codificação dada pela autora do trabalho.

2800 Essas estruturas estão enquadradas na classe C dos tipos de parênteses, demonstrada no excerto (1) apresentado nos dados. (1) inf: eu:: saí de férias eu tirei férias no meio de:::... junho... o quê é que vem antes de junho? doc: maio inf: maio... foi dia vinte e três de maio (I11M) O informante da situação comunicativa acima comenta sobre uma experiência vivida quando estava saindo de férias do trabalho, porém não demonstra ter segurança do período em que isso ocorreu, por isso, o locutor utiliza uma inserção parentética o quê que vem antes de junho? para garantir que a informação é fiável. Com isso, o interlocutor precisa participar do desenvolvimento do tópico, fornecendo a resposta maio e com o auxilio da participação do interlocutor, o locutor pôde prosseguir com a informação, precisando-a. Por esse motivo, podemos dizer que houve um desvio momentâneo da progressão temática considerando que o locutor não dá continuidade à informação sobre o início de suas férias, necessitando da inserção feita pela pergunta para que o tópico se desenvolvesse. Nesse jogo interativo, o locutor utiliza formas para manter a interação com o parceiro, por conta disso, no texto falado é recorrente o uso de mecanismo que vise à possibilidade de intercâmbio, como as perguntas, por exemplo. No caso em exame, percebemos alguns indícios que podem revelar a existência de uma estrutura parentética que focaliza o interlocutor, como o alongamento na vogal em eu:: e de:::, neste caso, o desaceleramento da fala identificada pelo alongamento pode indicar a dúvida ou esquecimento da informação e posteriormente um pedido de ajuda ao interlocutor para referendar a informação do discurso. Assim, a necessidade de envolvimento do interlocutor na produção do texto falado é essencial, tendo em vista que é com a participação dele que o sentido é construído, ou como afirma Jubran (2002c), eles co-participam da produção dos sentidos do texto, pois é pela necessidade de argumentar e contra-argumentar que a tessitura do texto se concretiza. Por fim, analisaremos os parênteses da classe D, que focalizam o ato comunicativo em si. Neste caso, não perceberemos uma relação entre a inserção parentética e o tópico discursivo, considerando que os parênteses dessa classe proporcionam uma mudança em grau máximo sobre a temática desenvolvida. O desvio temático ocorre para, no momento da suspensão temática, se introduzida uma estrutura referente ao próprio ato comunicativo, como ilustramos no exemplo (2). (2) doc: pelo menos tá perto de vocês né? vocês tão olhando tão cuidando [ Inf: é... então é isso... Doc: o senhor disse que se o senhor se fosse contar tudo o senhor não ia:: Inf: ah:: não não ia nem trabalhar hoje Doc: não ia nem trabalhar hoje... mas conte mais um pouquinho ((risos)) só mais um pouquinho da história pra gente Inf: minha história de vida real mesmo... quando eu cheguei aqui na época... (I7M) O locutor vinha desenvolvendo o tópico sobre a educação dos filhos, traçando um perfil da filha mais velha, falando sobre as dificuldades de ela sair de perto dos pais. Por isso, a documentadora comenta o lado positivo de estar perto dos filhos. O locutor encerra o desenvolvimento tópico com então é isso, porém o interlocutor procura dar prosseguimento na interação verbal, com isto, é inserido um parêntese que incita o locutor para a possibilidade de continuação da conversação, a partir do comentário o senhor disse que se o senhor se fosse contar tudo o senhor não ia::. O locutor confirma o comentário do interlocutor, complementando-o ah:: não não a nem trabalhar hoje. Essa negociação de uma possível progressão discursiva é percebida na produção do texto oral, tendo em vista que o assunto é desenvolvido a partir do interesse dos envolvidos na interação. Sendo assim, o locutor continua a conversação, demonstrando interesse no ato comunicativo. Estratégias desse tipo são importantes para a manutenção da construção do discurso. Por isso, considerando as análises de Jubran (2002c), parênteses referentes ao ato comunicativo, como

2801 o exemplo (2), não são relevantes e nem dizem respeito ao desenvolvimento tópico, contudo, são indispensáveis para a existência da interação verbal, isto é, para a produção do texto falado. De acordo com Jubran (2002c), nos parênteses que evidenciam o ato comunicativo em si é comum a presença de interferências próprias do contexto discursivo, como os ruídos, por exemplo. No exemplo (2), a interferência de risos, posto entre dois parênteses, pode ser considerado como parêntese na medida em que proporcionam uma ruptura na formulação textual, como ocorre no exemplo em questão. Os dados analisados mostraram que o uso das inserções parentéticas é recorrente na elaboração do TO e muito produtivo como facilitador da compreensão do sentido do discurso pelo interlocutor. Considerações finais Neste estudo objetivamos investigar o uso estratégico das inserções parentéticas como facilitadoras na construção do sentido no texto oral. Para isto, examinamos um corpus de 12 textos orais, e nele constatamos 339 ocorrências de parênteses considerando as quatro classes estudadas. Os dados analisados mostraram que os parênteses da classe C que focalizam o interlocutor refletem a realidade da linguagem falada na conversação face a face, pois o sentido é construído em uma atividade conjunta entre participantes do evento interativo, o que foi comprovado nas 31 ocorrências do corpus. Assim o fragmento (2) revelou que o outro é necessário para saber se o discurso do locutor está sendo compreendido pelo interlocutor e ainda, se este está atento para o ato conversacional contribuindo para este ato. As 15 realizações da classe D, foco no ato comunicativo em si, revelaram a baixa utilização desse parêntese em relação a outras classes, o que talvez ocorra pelo próprio objetivo da manifestação verbal dialogada que é de se fazer entender e manter o fluxo informacional. Por esse motivo, os parênteses relacionados com o ato comunicativo em si são importantes para construir o contexto discursivo, porém pouco estão relacionados com o ato tópico discursivo desenvolvido, ou seja, com o texto, o que nos leva a considerar que essas inserções parentéticas podem ter papel revelador no momento do ato comunicativo tendo em vista que por meio dos parênteses da classe D é possível tentar a progressão temática da conversação, como expomos no excerto (2). Tendo como base os resultados obtidos no corpus, comprovamos que as inserções parentéticas são usadas como estratégia para construir o sentido no texto oral, isto é, é possível interromper a progressão temática referente ao tópico discursivo para introduzir, no intervalo dos desvios, uma informação importante para a compreensão do discurso do locutor ou do contexto discursivo. Referências ANDRADE, M.L.C.V.O. A digressão como estratégia discursiva na produção de textos orais e escritos. In: PRETI, D (org.). Fala e escrita em questão. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2000. FAVERO, L. L; ANDRADE, M. L.; AQUINO, Z. G. O. Oralidade e Escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. JUBRAN, C. C. A. S. Parênteses: propriedades identificadoras. In: CASTILHO, A. T; BASÍLIO, M. (orgs). Gramática do português falado vol. IV: estudos descritivos. São Paulo: Unicamp, 2002a.. Para uma descrição textual-interativa das funções de parentização. In: M. A. Kato (org). Gramática do Português Falado vol. V: Convergências. 2ª ed. rev. São Paulo: Editora da Unicamp, 2002b.. Funções textuais-interativas dos parênteses. In: M. H. M. Neves (org). Gramática do Português Falado vol. VII: Novos estudos. Campinas: Editora da Unicamp, 2002c.. Inserção: Um fenômeno de descontinuidade na organização tópica. In: CASTILHO, A. T. (org). Gramática de português falado vol. III: As abordagens. São Paulo: Unicamp, 2002d. KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 9ª ed. São Paulo: Contexto, 2008.. (org.). Aspectos do processamento do fluxo de informação no discurso oral dialogado. In: CASTILHO. A. T. Gramática do português falado vol. I: a ordem. São Paulo: Unicamp, 2002. MARCUSCHI, L. A. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986. MORATO, E. M. O interacionismo no campo lingüístico. In: MUSSALIM, F; BENTES, A. C. (orgs.). Introdução à lingüística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004.