Agricultura produtora de água: impactos do mecanismo de pagamento por serviços ambientais do Projeto Conservador das Águas, em Extrema, MG.



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Transcrição:

GT (06) (Alternativas agrícolas: discursos de justificação e de contraposição ao produtivismo) Agricultura produtora de água: impactos do mecanismo de pagamento por serviços ambientais do Projeto Conservador das Águas, em Extrema, MG. Rafael E. Chiodi¹ Paulo E. Moruzzi Marques² Roldan Muradian³ 1 Mestre em Ciências Agrárias/Doutorando em Ecologia Aplicada/ Universidade de São Paulo/ ESALQ-CENA, rafaelchiodi@gmail.com 2 Doutor em Sociologia/Prof. do Departamento de Economia, Administração e Sociologia e do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada, Universidade de São Paulo/ESALQ, pmarques@usp.br 3 Doutor em Economia Ecológica/Prof. da Faculdade de Economia/Universidade Federal Fluminense, r.muradian@maw.ru.nl Resumo: O trabalho analisa impactos do Projeto Conservador das Águas sobre a percepção dos participantes, considerando notadamente dimensões econômicas e produtivas. O projeto, que operacionaliza o mecanismo de pagamento por serviços ambientais, afetou de modo diferenciado os participantes segundo seus graus de dependência da propriedade rural para a sua reprodução social. O programa tem maiores consequências sobre o agricultor familiar, que considera a contribuição de sua atividade para o meio ambiente como um fardo pesado, já que representou redução de sua renda total. Palavras-chaves: Políticas públicas; Agricultura familiar; Serviços ambientais. 1,2 Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ/USP. Av. Pádua Dias, 11 - Piracicaba - SP, CEP 13418-900. 3 Universidade Federal Fluminense. Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói, RJ - CEP: 24220-900.

1 INTRODUÇÃO A noção da multifuncionalidade da agricultura (MFA) emerge na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 (MALUF, 2002; DELORME, 2003; SABOURIN, 2005). Para Sabourin (2005), a multifuncionalidade foi caracterizada como o reconhecimento pela sociedade do interesse público de funções sociais, ambientais, econômicas e culturais, não diretamente produtivas ou não mercantis, associadas à atividade agropecuária (SABOURIN, 2005, p.161). A noção traz duas perspectivas: aquela de um referencial analítico no qual se procura definir teoricamente as externalidades da atividade agrícola e, também, aquela de um conjunto de ideias capaz de reorientar políticas públicas para a agricultura (MORUZZI MARQUES & FLEXOR, 2008, p. 47). O enfoque da MFA está voltado à análise da agricultura familiar (MALUF, 2002). Em meio a distintas conceituações da agricultura familiar (MORUZZI MARQUES, 2003), cabe apontar que esta última pode ser definida simultaneamente como unidade produtiva e unidade doméstica. Efetivamente, a agricultura é aqui atividade e fonte de renda de primeira grandeza. A agricultura familiar mostra como característica a habilidade de adaptar-se a distintas situações sociais, econômicas e ambientais (LAMARCHE, 1997). Partindo da noção de multifuncionalidade da agricultura se propõe entender alguns dos impactos do mecanismo de pagamento por serviços ambientais direcionados à conservação dos recursos hídricos (PSA-Água). Sob esta ótica, é possível considerar que a agricultura no âmbito do PSA é em princípio concebida como produtora de água. O PSA nasce da problemática ambiental como um mecanismo econômico para a gestão dos recursos naturais (WUNDER, 2007). Os serviços ambientais abrangem as intervenções que favorecem as condições e os processos pelos quais os ecossistemas mantêm suas funções e sustentam a vida (DAILY, 1997). Assim, quem promove a manutenção ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos está promovendo um serviço ambiental. O mecanismo de PSA pode ser definido como uma transferência de recursos entre atores sociais, com a qual objetiva criar incentivos para alinhar decisões individuais ou coletivas de uso da terra com o interesse social na gestão de recursos naturais (MURADIAN et al., 2010). No Brasil, o mecanismo de PSA para a conservação dos recursos hídricos foi recentemente assimilado às políticas públicas ambientais. A sua materialização no

bioma Mata Atlântica ocorre pela implementação de projetos inseridos ao escopo de políticas públicas federais, estaduais e municipais (VEIGA & GAVALDÃO, 2011). Em nível nacional, o Projeto Conservador das Águas no município de Extrema/MG é o caso de maior destaque, porque foi pioneiro com base legal estabelecido no país e porque alcançou resultados práticos significativos (PAGIOLA et al., 2013). Apesar do objetivo central do mecanismo de PSA ser a manutenção ou provisão dos serviços ambientais (PAGIOLA et al., 2005; WUNDER, 2013), a implementação deste mecanismo por meio de políticas públicas afeta diferentes dimensões do mundo rural, pois estabelece novas inter-relações entre atores quando operacionaliza um instrumento econômico. Por esta razão, diferentes olhares foram direcionados para entender os impactos deste mecanismo. Além do impacto da transferência monetária sobre a renda e pobreza rural (GRIEG-GRAN et al., 2005; PAGIOLA et al., 2005; WUNDER, 2008), lançam-se luzes sobre a percepção da população rural sobre o mecanismo. Trata-se de entender por que os proprietários rurais participam (ZANELLA, 2011); quais tipos de motivações o pagamento por serviços ambientais podem despertar (MURADIAN & RIVAL, 2012); após participarem, quais são suas percepções de um projeto de PSA (GONÇALVES, 2013); quais tipos de conhecimentos estão interagindo quando se implementa um projeto de PSA em comunidades rurais (KOSOY et al., 2007) e; enfim quais dimensões podem ser influenciadas pelo mecanismo de PSA. Aqui, entende-se que a perspectiva assumida pelo Projeto Conservador das Águas consiste em promover a adequação ambiental em propriedades rurais, ajustando o uso do solo ao que institui o Código Florestal (PEREIRA, 2013). Nesta direção, entender os impactos do projeto sobre os sujeitos sociais envolvidos se torna importante para sua avaliação. Nesta perspectiva, este trabalho centrou-se em analisar como uma política pública de caráter agroambiental e não produtivista, que visa ampliar a importância da dimensão ambiental no meio rural, afetou principalmente as dimensões econômica e produtiva dos participantes, para assim examinar como o papel agroambiental foi percebido pelos agricultores familiares. 2 - O Contexto do caso A Lei Municipal 2.100, de 21 de dezembro de 2005, criou o Projeto Conservador das Águas, tornando-se a primeira legislação municipal no país a regulamentar o PSA para a conservação da água. A Lei objetiva: aumentar a cobertura vegetal em sub-bacias

hidrográficas; implantar corredores ecológicos; reduzir os níveis de poluição difusa rural; difundir o conceito de manejo integrado de vegetação, solo e água; e, garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental das práticas implantadas. A Lei permite o apoio financeiro aos proprietários rurais que cumpram metas de adequação ambiental, que significa o cumprimento de todas as regulamentações estabelecidas pelo código florestal brasileiro, Lei federal n 12.651/2012 que estabelece as áreas de preservação permanente (APP) e a proporção do imóvel a ser destinada a reserva legal (RL). Em 2013, o projeto alcançou 144 contratos assinados, atingindo 5.204 hectares em propriedades privadas com algum tipo de ação de conservação: foram 170.747 metros de cercas construídas, foram plantadas 368.511 mudas de espécies nativas e construídos terraços em 100 hectares (EXTREMA, 2013). Neste ano, o valor pago aos proprietários foi de R$ 210,00 por hectare por ano. O valor recebido é relativo ao tamanho da propriedade. O pagamento é feito de forma direta e mensal (PEREIRA, 2013). A operacionalização do projeto é de responsabilidade da prefeitura de Extrema com equipe e estrutura própria. Contudo, parcerias com diferentes setores da sociedade são firmadas para a execução das ações. A adesão é voluntária e os critérios de elegibilidade são: a propriedade rural deve estar inserida em uma das sub-bacias englobadas pelo projeto; a área deve ser maior ou igual a dois hectares e; ter o uso da água regularizado por meio da outorga de uso da água (PEREIRA, 2013). O projeto é executado nas sub-bacias hidrográficas dos ribeirões das Posses e do Salto que são vizinhas e suas delimitações se confundem com os bairros rurais de mesmos nomes. O meio rural do município de Extrema (MG) é marcado pela atividade agropecuária, sendo que 62% do seu solo estavam ocupados por pastagens em 2007 (IPÊ, 2012). Há predominância da pecuária bovina extensiva para produção de leite e carne. Recentemente, o pasto vem perdendo espaço para novos modos de usufruir da propriedade. A presença de novos moradores, os neorrurais, conforme Carneiro (2012), provenientes de grandes cidades como São Paulo é um fato consolidado. Assim, o Projeto Conservador das Águas acontece em uma localidade que se aproxima do fenômeno que Carneiro (2012) descreve como ruralidades contemporâneas, onde ocorre a reestruturação dos elementos da cultura local mediante a incorporação de novos valores, hábitos e técnicas, o que reflete numa heterogeneidade social que se expressa nas formas de apropriação dos bens materiais e simbólicos das localidades rurais.

3 - Técnicas de pesquisa e análise dos resultados Optou-se por utilizar como principal técnica de investigação a documentação direta, composta por material obtido em pesquisa de campo. Nesta última, a entrevista semiestruturada foi o principal instrumento de investigação, pois trata-se de um meio que ao mesmo tempo valoriza a presença do investigador [e] oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação (TRIVINOS, 1987, p.146). As entrevistas foram realizadas com famílias proprietárias rurais participantes do Projeto Conservador das Águas. Nas entrevistas utilizou-se o roteiro misto, composto por perguntas abertas e fechadas como descrito por Richardson (2010). Foram entrevistados 32 proprietários rurais, aproximadamente 22% do universo de participantes em 2013. A pesquisa de campo ocorreu durante o mês de outubro de 2013. Devido à heterogeneidade de finalidades de uso da propriedade rural encontrada em campo, optou-se, para melhor analisar os impactos do projeto, por conduzir uma diferenciação entre perfis de proprietários. Para isso, levaram-se em consideração três condições centrais: a) o local de residência da família, b) a origem da renda familiar e, c) a dedicação da família, em tempo de trabalho, a atividades produtivas rurais próprias. Identificaram-se quatro perfis de proprietários rurais, tendo como aspecto central de diferenciação o grau de dependência do grupo familiar em relação às atividades produtivas rurais dentro da propriedade. Por um lado, um perfil com dependência completa foi denominado de agricultor familiar, quando a família reside, obtém renda e trabalha integralmente na propriedade rural. De outro lado, um perfil não dependente foi denominado não morador, quando a família não reside, não obtém renda e não trabalha na propriedade rural. Nesta categorização, dois perfis intermediários foram igualmente considerados: um denominado de morador, que reside, mas não obtém renda e não produz e; o denominado agricultor pluriativo, que reside, obtém renda da produção, mas cuja família não depende desta renda para sua reprodução social. Especificamente, para identificar e discutir o impacto sobre a renda proveniente da agropecuária dos participantes (dimensão econômica-produtiva) foram utilizados três modelos de cálculo: 1) Modelo 1, a partir de dados declarados, calculou-se a perda de receita (quantidade deixada de produzir multiplicada pelo preço médio do produto), subtraindo os custos de produção declarados (remédios, vacinas e sal mineral); 2) Modelo 2, a partir do valor do arrendamento do pasto, calculou-se a área de pasto alterada após a inserção no projeto multiplicado pelo valor médio do arredamento de

pasto (este valor equivaleu a R$ 20,00 por cabeça ao mês); e c) Modelo 3, a partir do custo de oportunidade calculado por Sarcinelli et al. (2013) para a mesma região onde ocorreu a perda produtiva, que foi de R$ 237,43 por hectare ao ano para a pecuária de corte e R$ 510,23 para a pecuária de leite, contabilizando as receitas com a venda dos produtos menos os custos com aquisição de produtos e serviços em torno da saúde animal e com força de trabalho familiar. A principal diferença entre os Modelos 1 e 3 está na inserção do custo da força de trabalho familiar. 4 - Produção e renda rural Quando se quer analisar impactos de projetos de PSA-Água, impreterivelmente deve-se olhar para dimensões da população rural. Martin Ortega e colaboradores (2013), analisando 40 projetos de PSA-Água em dez países da América Latina, identificaram que em 36 deles estão envolvidos agricultores individuais/proprietários rurais. Contudo, no caso estudado aqui, identificou-se que os proprietários rurais não necessariamente são agricultores. Dentre os perfis classificados, identificou-se que, dos 32 entrevistados, 34% se enquadram como agricultores familiares, 25% como moradores, 22% como não moradores e 19% como agricultores pluriativos. Em termos produtivos, aproximadamente 63% (N=32 1 ) dos entrevistados afirmaram que o projeto em questão provocou alterações em atividades produtivas dentro da sua propriedade rural. Este impacto afetou todos os perfis de participantes, mas de modo diferenciado. Deste universo, 45% (N=20) são agricultores familiares. Dos 11 participantes classificados como agricultores familiares, nove afirmaram ter reduzido áreas de produção. Esta redução afetou os não-moradores em 25% (N=20), os moradores e os agricultores pluriativos em 15% (N=20). A redução sofrida foi especificamente sobre a produção de cabeças de gado e de litros de leite devido à diminuição de áreas de pastagem. Em termos de área de pastagem, houve uma redução média total de 9,7 ha. Dentro das propriedades dos agricultores familiares, tal recuo foi de 13,5 ha. Naquelas dos não moradores dos moradores e dos agricultores pluriativos, a diminuição foi de 7,4 ha, de 6,4 ha e de 3,7 ha respectivamente. Quando se considerou a relação entre a área de pastagem existente em 2013 e a área de pastagem reduzida, que foram destinadas às ações de conservação, observa-se que: a redução representou 37,1% para os agricultores familiares; 21,3% para os agricultores pluriativos; 14,1% para os 1 O valor de N representa o número total de entrevistados.

moradores; 11,4% para os não moradores. Estes resultados mostram que a maior mudança no uso do solo ocorreu dentro das propriedades dos agricultores familiares. A execução do Projeto Conservador das Águas alterou, em parte, a ocupação e o uso do solo nas propriedades dos participantes: da ocupação por capim usado como base produtiva para aquela por espécies arbóreas nativas com o fim de proteção do solo. Desta alteração, derivou uma redução da contribuição da renda proveniente da agropecuária na renda familiar total, o que deveria ser compensado pelo pagamento pelo serviço ambiental prestado. É claro aqui o impacto de redução da renda da agropecuária e o aumento de renda não agrícola na composição total da renda familiar. Considerando todos os entrevistados que declararam terem reduzido produção, pelo Modelo 1, a perda chega em média ao mês a R$ 1.758,12, pelo Modelo 2, R$ 412,13 e pelo Modelo 3, R$ 131,81. A partir destes valores, torna-se clara a grande variação destas estimativas conforme cada modelo, o que refletirá em considerações muito distintas sobre os impactos da redução da renda da produção e sobre a compensação promovida pela transferência monetária do projeto sobre a renda familiar total. Pelos Modelos 2 e 3, o pagamento do PSA sobre a renda total será positivo e pelo Modelo 1 será negativo. Defende-se, aqui, que as famílias enquadradas no perfil de agricultor familiar desenvolvem suas atividades agropecuárias muito próximas de uma lógica camponesa, conforme Chayanov (1974), onde a reprodução da família está no centro da racionalidade econômica, a finalidade da atividade produtiva sendo garantir a reprodução social da família e, não necessariamente, obter lucro líquido. Por esta razão, em poucas entrevistas foram declarados valores exatos dos custos e das receitas da produção, pois não se usa planilha de custos e, muitas vezes, estes números são indissociáveis daqueles do lar. Ademais, não se contabiliza a força de trabalho familiar como custo de produção. Efetivamente, 94% (N=32) dos entrevistados declararam que a inserção no projeto não diminuiu o tempo de trabalho familiar dentro da propriedade. Assim, inserir a força de trabalho familiar no custo de produção impõe outra lógica para analisar a dinâmica de reprodução destas famílias, e por consequência, induz a uma subestimação da renda da produção agropecuária. Ainda, os agricultores familiares, por estarem ativamente envolvidos com a produção agropecuária, são frequentemente arrendatários de terras de terceiros. Ou seja, a disponibilização de terras para arrendar ocorre em perfis menos dependentes da propriedade para gerar renda e ocupação. É a partir destas considerações que a discussão dos impactos dos projetos se torna muito pertinente, principalmente, em termos dos agricultores familiares afetados.

5 - Percepção e motivação A partir destes impactos, não necessariamente positivos, pois a adesão ao projeto promoveu não somente uma redução na renda agropecuária, mas também sobre a renda familiar total, pergunta-se: Por que estes proprietários entraram no projeto? Por que os agricultores familiares se interessaram em fazer parte deste projeto? Estes agricultores estariam assumindo novas possibilidades de ocupar e usar o solo rural, dentro de uma reflexão sobre um novo modelo de propriedade, mais voltadas às questões ambientais? As respostas a estas perguntas derivam tanto do desenho do projeto como da sua implementação prática, que aproximou executores públicos da população rural por meio de um diálogo conservacionista e não produtivista. Neste sentido, a Tabela 1 apresenta as respostas dos entrevistados para a pergunta: Por que aderiu ao Projeto Conservador das Águas? Tabela 1. Respostas e número de entrevistados que responderam o porquê aderiram ao Projeto Conservador das Águas, por perfil de participante, em 2013. Respostas/Perfil Agricultor familiar Morador Agricultor pluriativo Não morador Conservação ambiental 2 6 3 3 Obrigado 4 1 1 - Convencido pelos técnicos ou vizinhos 4-1 2 Pelo pagamento 1 1 1 2 De modo geral, aproximadamente 44% (N=32) dos entrevistados afirmaram terem aderido ao projeto para contribuir com a conservação ambiental, o que representa o interesse em proteger os cursos d água, como córregos e nascentes e fragmentos florestais chamados de matas. Contudo, dos 14 entrevistados que afirmaram terem aderido por esse motivo, somente dois são agricultores familiares. Os agricultores familiares afirmaram terem sidos obrigados ou convencidos. Que de toda evidência, os gestores deste projeto optaram inicialmente por utilizar a pressão para a adesão de alguns proprietários, o que chamei em outra ocasião de pressão para o incentivo (CHIODI et al., 2013). Até 2008, quando havia 35 contratos assinados, segundo Gavaldão (2008), 50% das adesões ao projeto foram identificadas como não voluntária. O que contraria o princípio de voluntariado do mecanismo e do projeto. Essa resposta não foi dada pelos entrevistados do perfil não morador e, em menor proporção (uma resposta), pelos moradores e agricultores pluriativos. Os entrevistados do perfil agricultor familiar respondem assim: o prefeito fez a lei e nós fomos obrigados a

participar ; não obriga, mas se não entrar corre na justiça ; fui um pouco obrigado sim. A obrigação derivou da pressão exercida pelos executores junto aos proprietários rurais sobre a exigência da lei ambiental. Porém, parece que o modo de agir dos executores diferiu entre os perfis, pois as respostas dos não moradores sobre a imposição do projeto se apresente com outro tom: foi livre, fui convidado com esclarecimento, sem imposição, houve o aviso que era obrigado, mas não precisou ser obrigado. Mesmo não podendo afirmar que estas posturas opostas ocorreram de modo absoluto, é nítida a diferença como foi percebido a motivação para participar. Ainda, vale apontar que Zanella (2011), estudando o Projeto Conservador das Águas, identificou o acesso à informação e a preocupação ambiental dos participantes como os principais fatores que influenciaram a adesão dos proprietários, mais do que o valor do pagamento. Pelos nossos resultados, está claro que o pagamento não foi o motivo para participar, mas no perfil de agricultores familiares deve-se considerar como aspectos centrais da análise sobre a participação as dimensões econômicas e produtivas, que de certo modo, podem explicar a necessidade de utilizar a força da lei para impor o projeto. Esta postura assumida pelos gestores do projeto, quando agem em termos de imposição da lei, funda-na prioridade da proteção ambiental pelo cumprimento da legislação ambiental, o que conferiria legitimidade política, pois os proprietários rurais não cumprem a lei. Assim, utilizando como referência Godard (1997), nota-se que a representação de natureza assumida pelos formuladores do projeto é aquela da natureza cívica quando a forma de expressão da legitimidade está constituída na lei e nas instituições representativas de interesse geral, como a administração estatal, que são bastante valorizadas nesta ordem de justificação. Convém observar um déficit de legitimidade aqui em razão do interesse geral não ter sido efetivamente constituído por meio de ampla participação. De todo modo, quando perguntado sobre o orgulho em participar do projeto, as respostas em concordância vieram de 55% dos entrevistados com perfil de agricultor familiar, de 75% com o perfil de morador, de 83% com o perfil de agricultor pluriativo e de 86% com o perfil de não morador. Mais uma vez, se expressa uma menor satisfação, neste ponto na forma de orgulho, por parte dos agricultores familiares. Aqueles que manifestam orgulho, este se expressa como um sentimento de cooperação social, como pode ser interpretado por estas afirmações: participo para colaborar, mas não tenho orgulho e eu colaboro com algo que traz beneficio para todos.

Dentre os outros perfis, há orgulho em razão da preocupação com as próximas gerações: por participar e conservar, garantindo um futuro melhor para os filhos e netos (agricultor pluriativo), ou por apoio político, o prefeito daqui é muito bom (não morador). Os que não se sentem orgulhosos apontam falhas e desacordos em relação ao projeto. De modo geral, estes resultados expressam uma percepção positiva e que pode ser reforçada pelo interesse em continuar no projeto, pois aproximadamente 94% (N=32) dos entrevistados afirmaram esse interesse. Foram várias as justificativas: pela preservação das matas e das águas, pelo pagamento, pelo desinteresse em usar as áreas novamente, etc. Mas deve-se explicar que, as áreas de preservação permanente recuperadas pelo projeto, após alcançar o estágio médio de regeneração, passam a ser proibidas de supressão pela legislação ambiental em vigor. Muitos proprietários têm consciência desta proibição. Assim, a estratégia do projeto seria incentivar esta recuperação com o pagamento, mas depois ele ser suspenso. Para as famílias que não dependem da propriedade, as perdas são menores, mas para os agricultores familiares os impactos serão mais significativos, pois o projeto não vem acoplado com alternativas no que se refere à melhoria dos sistemas produtivos. 6 - CONSIDERAÇÔES FINAIS O Projeto Conservador das Águas estabelceu um mecanismo que visa alterar o modo de uso e ocupação do solo em propriedades rurais. Este projeto está sendo implementado em um contexto rural heterogêneo, o que promove impactos e percepções diferenciadas sobre os participantes. O grau de dependência da família sobre sua propriedade rural, diferenciadas pelos perfis de participantes, permitiu indentificar alguns destes impactos e percepções. Desse modo, os agricultores familiares foram os que mais reduziram, em média, a produção agropecuária, o que refletiu na redução da renda proveniente da agropecuária. A transferência monetária pela prestação do serviço ambiental não conseguiu cobrir esta redução, mas incrementou renda não agrícola sobre a renda familiar total. Apesar de outros perfis terem conhecido impactos, estes aqui não se apresentaram de modo tão profundo como ocorreu para os agricultores familiares. Considerado os motivos que levaram os proprietários a participar, é possível interpretar que existem motivos diferenciados, mas que estão nitidamente delimitados entre os diferentes perfis. Os agricultores familiares entrevistados aderiram o projeto, não por livre vontade, mas por certa imposição com força de lei. Esta postura não foi

assumida de modo generalizado por outros perfis, inclusive os proprietários não moradores afirmaram terem tido muito liberdade para decidir. Mesmo que possa não ter sido a imposição um modo usado para todos, mas somente para os mais relutantes em aderir ao projeto ou que a abordagem dos técnicos do projeto tenha sido indêntica para todos, sendo a interpretação de imposição assumida pelos agricultores familiares, estes resultados mostram que os impactos economicos e produtivos já teriam sido de alguma maneira estimados por este grupo mesmo antes de aderirem ao projeto. Por fim, o Projeto Conservador das Águas veicula de toda maneira certa credibilidade junto aos participantes, que desejam continuar no projeto. Este resultado, se por um lado mostra certo sucesso do mecanismo no sentido de adesão e de aumento de fragmentos florestais em meio rural, pode-se concluir que não foi uma proposta bem aceita pelos agricultores familiares. A pouca consideração das aspirações destes últimos limita seu comportamento favorável a uma perspectiva de desenvolvimento rural fundada na valorização da multifuncionalidade da agricultura. Referências bibliográficas CARNEIRO, M. J. Do rural como categoria de pensamento e como categoria analítica. In: CARNEIRO, M. J. Ruralidades contemporâneas: modos de viver e pensar o rural na sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Mauad X, FAPERJ, 2012. Cap. I p. 23-50. CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires: Ediciones Nueva Vision, 1974. CHIODI, R. E.; PUGA, B. P.; SARCINELLI, O. Análise institucional do mecanismo de pagamento por serviços ambientais: o Projeto Conservador das Águas em Extrema - MG. Revista de Políticas Públicas (UFMA), v. 17, p. 37-47-47, 2013. DAILY, G. C. Introduction: what are ecosystem services? In: DAILY, G. C. Nature s services: societal dependence on natural ecosystems. Washington: Island Press, 1997. Cap.1. p. 1-10. DELORME, H. Ambiguïte et richesse de la multifonctionnalite. Julliet/Août, 2003. Disponível em: http://www.ceri-sciences-po.org. Acesso em: 20 abr. 2011. EXTREMA (Cidade). Prefeitura Municipal. Conservador das Águas: 8 anos. 2013. GAVALDÃO, M. Avaliação da percepção ambiental e dos impactos sócioeconômicos do projeto Conservador das Águas Extrema, Minas Gerais, Brasil. Relatório III de Resultados e Discussão, nov, 2008. 69 p.

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