NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA



Documentos relacionados
Estatística Básica. Introdução à Análise Exploratória de Dados. Renato Dourado Maia. Instituto de Ciências Agrárias

Apresentação de Dados em Tabelas e Gráficos

MÉDIA ARITMÉTICA MÉDIA PONDERADA MODA MEDIANA

Nome: Nº- Série/Ano: Turma: Nível: Matrícula Nº: Data: / / ANÁLISE DE DADOS E INDICADORES SOCIAIS TABULAÇÃO

MÓDULO 1. I - Estatística Básica

Estatística Descritiva II

BIOESTATÍSTICA ESTATÍSTICA DESCRITIVA: Representação Gráfica

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MATEMÁTICA 1 a LISTA DE EXERCÍCIOS Bioestatística Professor: Ednaldo Carvalho Guimarães

UNIDADE II TABELAS E GRÁFICOS

Pesquisa Estatística. Estatística Descritiva. Gestão Ambiental Prof. Luiz Rogério Mantelli

ESTATÍSTICA. Prof. Ari Antonio, Me. Ciências Econômicas. Unemat Sinop 2012

DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS

4Distribuição de. freqüência

QUALITATIVA VARIÁVEL QUANTITATIVA

Capítulo 5 Representações gráficas para variáveis quantitativas

Distribuição de Frequência


EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS. Definições Básicas. Definições Básicas. Definições Básicas. Introdução à Estatística. Dados: valores de variáveis observadas.

UNIDADE 3 MEDIDAS DE POSIÇÃO E DISPERSÃO OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

ESTATÍSTICA. O que é Estatística? É o ramo da Matemática que se encarrega de coletar dados sobre determinado assunto,

Lista de Exercícios 1 - Estatística Descritiva

Apresentação Caule e Folha. Exemplo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CAMPUS

Estatística Aplicada. Gestão de TI. Evanivaldo Castro Silva Júnior

Aula 4 Estatística Conceitos básicos

Gráficos estatísticos: histograma. Série Software ferramenta

Faculdade Sagrada Família

AULA 03 Resumos e Gráficos de Dados

Aula 4 Conceitos Básicos de Estatística. Aula 4 Conceitos básicos de estatística

CAPÍTULO 1- OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS Indicadores de aprendizagem Verifica se sabes: Identificar o conjunto dos números inteiros.

Elaborado por Eduardo Rebouças Carvalho Hermano Alexandre Lima Rocha DISTRIBUIÇÃO NORMAL

Centro Universitário Franciscano Material elaborado por: Professora Leandra Anversa Fioreze e Professor Clandio Timm Marques.

Análise descritiva de Dados. a) Média: (ou média aritmética) é representada por x e é dada soma das observações, divida pelo número de observações.

1ª Actividade Formativa

Elementos de Estatística

A Estatística, um ramo da Matemática, é aplicada em diferentes áreas, como Administração, Engenharia, Medicina, Psicologia, Ciências Sociais etc.

BARREIRAS QUEBRADAS PARA A APRENDIZAGEM UNEMAT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA MATO GROSSO.

O comportamento conjunto de duas variáveis quantitativas pode ser observado por meio de um gráfico, denominado diagrama de dispersão.

Revisão: Noções básicas de estatística aplicada a avaliações de imóveis

Lista 2. Considere os dados abaixo sobre distribuição de salário (em reais) num grupo de 1000 individuos.

Capítulo 5 Apresentação Estatística - Gráficos e Tabelas.

Distribuição de Freqüências

Análise Exploratória de Dados

Os gráficos estão na vida

Matemática Ficha de Trabalho/Apoio Tratamento de Dados

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. VIEIRA DE CARVALHO

Conteúdo. Apostilas OBJETIVA - Ano X - Concurso Público 2015

Universidade da Beira Interior Departamento de Matemática

Capítulo 5: Aplicações da Derivada

Escola Secundária Manuel Cargaleiro

Introdução à análise exploratória de dados

Programas C com Repetição

Prof. MSc. Herivelto Tiago Marcondes dos Santos FACULDADE DE TECNOLOGIA DE GUARATINGUETÁ PROF. JOÃO MOD

RESUMO DA AULA PRÁTICA DE EXCEL

Resoluções comentadas de Raciocínio Lógico e Estatística - SEPLAG APO

Estatística Básica. Armando Oscar Cavanha Filho

Potenciação no Conjunto dos Números Inteiros - Z

2ª Lista de Exercícios

A SEGUIR ALGUMAS DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO CIENTÍFICO

Estatística Descritiva

A situação do câncer no Brasil 1

Estatística descritiva. Também designada Análise exploratória de dados ou Análise preliminar de dados

UFMS - PRÓ ENEM Matemática Estatística e Médias

Omatematico.com ESTATÍSTICA DESCRITIVA

Estatística e Probabilidade

Faculdade Tecnológica de Carapicuíba Tecnologia em Logística Ênfase em Transportes Notas da Disciplina de Estatística (versão 3.

ESTATÍSTICA ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE DADOS. Tabelas. Frequência absoluta. Frequência relativa

Capítulo 7 Medidas de dispersão

PLANIFICAÇÃO ANUAL MATEMÁTICA 3 DOMÍNIOS OBJETIVOS ATIVIDADES

MÓDULO 4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS

Distribuição de probabilidades

Agrupamento de Escolas Eugénio de Castro 1º Ciclo. Critérios de Avaliação. Ano Letivo 2015/16 Disciplina MATEMÁTICA 3.º Ano

Unidade II - Sistemas de Equações Lineares


Preparação para o teste intermédio de Matemática 8º ano

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Dados da Companhia Milsa

APOSTILA 1 Funções e Estatística Básica

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Capítulo 3 Organização e síntese de dados

Resolverei neste artigo uma prova da fundação VUNESP realizada em 2010.

Oitava Lista de Exercícios Assuntos: Estatística Descritiva

Distribuição de Freqüência

Aulas de Estatística / Prof. Jones Garcia da Mata / Sumário

Estatística Aplicada ao Serviço Social

Introdução à análise exploratória de dados

Estatística Descritiva I

Objetivos. Teoria de Filas. Teoria de Filas

CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DOS INTERVALOS DE CLASSE

Disponibilizo a íntegra das 8 questões elaboradas para o Simulado, no qual foram aproveitadas 4 questões, com as respectivas resoluções comentadas.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

MATEMÁTICA. Recenseamento/Sondagem ESTATÍSTICA

INSTITUTO TECNOLÓGICO

Exemplo Considere novamente os dados sobre a dureza do alumínio. Fonte: Hoaglin, Mosteller e Tukey, 1983, apud Morettin & Bussab,

Resoluções comentadas de Raciocínio Lógico e Estatística SEFAZ - Analista em Finanças Públicas Prova realizada em 04/12/2011 pelo CEPERJ


PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 2º

Escola Secundária Gabriel Pereira Évora Matemática A 10º ano. Planificação da Unidade Geometria

Transcrição:

Curso de Capacitação em Epidemiologia Básica e Análise da Situação de Saúde Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA Gleice Margarete de Souza Conceição Airlane Pereira Alencar Gizelton Pereira Alencar Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 1

NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA Análise Exploratória de Dados Após a coleta e a digitação de dados em um banco de dados apropriado, o próximo passo é a análise descritiva. Esta etapa é fundamental, pois uma análise descritiva detalhada permite ao pesquisador familiarizar-se com os dados, organizá-los e sintetizá-los de forma a obter as informações necessárias do conjunto de dados para responder as questões que estão sendo investigadas. Tradicionalmente, a análise descritiva limitava-se a calcular algumas medidas de posição e variabilidade. No final da década de 70, Tukey criou uma nova corrente de análise. Utilizando principalmente técnicas visuais, buscando descrever quase sem utilizar cálculos, alguma forma de regularidade ou padrão nos dados, em oposição aos resumos numéricos. Nessa etapa, iremos produzir tabelas, gráficos e medidas resumo que descrevam a tendência dos dados, quantifiquem a sua variabilidade, permitam a detecção de estruturas interessantes e valores atípicos no banco de dados. Tipo de variáveis Cada uma das características de interesse observadas ou medidas durante o estudo é denominada de variável. As variáveis que assumem valores numéricos são denominadas quantitativas, enquanto que as não numéricas, qualitativas. Uma variável é qualitativa quando seus valores são atributos ou qualidades (por ex: sexo, raça, classe social). Se tais variáveis possuem uma ordenação natural, indicando intensidades crescentes de realização, são classificadas de qualitativas ordinais (por ex: classe social - baixa, média ou alta). Se não for possível estabelecer uma ordem natural entre seus valores, são classificadas como qualitativas nominais (por ex: Sexo - masculino ou feminino). As variáveis quantitativas podem ser classificadas ainda em discretas ou contínuas. Variáveis discretas podem ser vistas como resultantes de contagens, e assumem, em geral, valores inteiros (por ex: Número de filhos). Variáveis contínuas podem assumir qualquer valor dentro de um intervalo especificado e são, geralmente, resultados de uma mensuração (por ex: Peso, em kg; Altura, em metros). Descrição dos dados É importante conhecer e saber construir os principais tipos de tabelas, gráficos e medidas resumo para realizar uma boa análise descritiva dos dados. Vamos tentar entender como os dados se distribuem, onde estão centrados, quais observações são mais freqüentes, como é a variabilidade Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 2

etc., tendo em vista responder às principais questões do estudo. Cada ferramenta fornece um tipo de informação e o seu uso depende, em geral, do tipo de variável que está sendo investigada. Grosso modo, utilizaremos as duas abordagens sugeridas no quadro: variável qualitativa* variável quantitativa tabela de freqüências medidas de posição: média, mediana, moda gráfico de barras medidas de dispersão: variância, desvio-padrão, diagrama circular (pizza) amplitude, coeficiente de variação tabela de freqüências histograma boxplot gráfico de linha ou seqüência polígono de freqüências *Esta abordagem também pode ser interessante para as variáveis quantitativas discretas. Tabela de freqüências Como o nome indica, conterá os valores da variável e suas respectivas contagens, as quais são denominadas freqüências absolutas ou simplesmente, freqüências. No caso de variáveis qualitativas ou quantitativas discretas, a tabela de freqüência consiste em listar os valores possíveis da variável, numéricos ou não, e fazer a contagem na tabela de dados brutos do número de suas ocorrências. A freqüência do valor i será representada por n i, a freqüência total por n e a freqüência relativa por fi = n i /n. Para variáveis cujos valores possuem ordenação natural (qualitativas ordinais e quantitativas em geral), faz sentido incluirmos também uma coluna contendo as freqüências acumuladas f ac, obtidas pela soma das freqüências de todos os valores da variável, menores ou iguais ao valor considerado. No caso das variáveis quantitativas contínuas, que podem assumir infinitos valores diferentes, é inviável construir a tabela de freqüência nos mesmos moldes do caso anterior, pois obteríamos praticamente os valores originais da tabela de dados brutos. Para resolver este problema, determinamos classes ou faixas de valores e contamos o número de ocorrências em cada faixa. Por ex., no caso da variável peso de adultos, poderíamos adotar as seguintes faixas: 30 40 kg, 40 50 kg, 50 60, 60 70, e assim por diante. Apesar de não adotarmos nenhuma regra formal para estabelecer as faixas, procuraremos utilizar, em geral, de 5 a 8 faixas com mesma amplitude. Eventualmente, faixas de tamanho desigual podem ser convenientes para representar valores nas extremidades da tabela. Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 3

Exs.: Número e Proporção (%) de Óbitos, segundo regiões. Brasil, 1996 e 1999. Região n % Norte 16117 4,93 Nordeste 69811 21,37 Sudeste 170050 52,05 Sul 48921 14,97 Centro-Oeste 21830 6,68 BRASIL 326729 100,00 Número e Proporção (%) de Óbitos, segundo sexo e regiões. Brasil, 1996 e 1999. masculino feminino Região n % n % Norte 10857 4,85 5260 5,12 Nordeste 46242 20,65 23569 22,93 Sudeste 118774 53,04 51276 49,89 Sul 33113 14,79 15808 15,38 Centro-Oeste 14958 6,68 6872 6,69 BRASIL 223944 100,00 102785 100,00 Gráfico de barras Para construir um gráfico de barras, representamos os valores da variável no eixo das abscissas e suas as freqüências ou porcentagens no eixo das ordenadas. Para cada valor da variável desenhamos uma barra com altura correspondendo à sua freqüência ou porcentagem. Este tipo de gráfico é interessante para as variáveis qualitativas ordinais ou quantitativas discretas, pois permite investigar a presença de tendência nos dados. Ex.: Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 4

Proporção (%) de Óbitos, segundo sexo e regiões. Brasil, 1996 e 1999. 60.00 50.00 40.00 % 30.00 20.00 10.00 0.00 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste regiões masculino feminino Diagrama Circular Para construir um diagrama circular ou gráfico de pizza, repartimos um disco em setores circulares correspondentes às porcentagens de cada valor (calculadas multiplicando-se a freqüência relativa por 100). Este tipo de gráfico adapta-se muito bem para as variáveis qualitativas nominais. Ex.: Proporção (%) de internações de homens adultos, segundo motivos de hospitalização. Região Centro-Oeste, 1999. Lesões e envenenamentos Aparelho circulatório Aparelho digestivo Aparelho respiratório Demais Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 5

Histograma O histograma consiste em retângulos contíguos com base nas faixas de valores da variável e com área igual à freqüência relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada retângulo é denominada densidade de freqüência ou simplesmente densidade definida pelo quociente da área pela amplitude da faixa. Alguns autores utilizam a freqüência absoluta ou a porcentagem na construção do histograma, o que pode ocasionar distorções (e, conseqüentemente, más interpretações) quando amplitudes diferentes são utilizadas nas faixas. Ex.: Medidas de posição (tendência central) São medidas que visam localizar o centro de um conjunto de dados, isto é, identificar um valor em torno do qual os dados tendem a se agrupar. As medidas de posição ou de tendência central mais utilizadas são: média aritmética, mediana e moda. média aritmética: é a soma de todas as observações dividida pelo número de observações. Ex.: média aritmética de 3, 4, 7, 8 e 8. 3 + 4 + 7 + 8 + 8 30 x = x = x = 6 5 5 mediana: valor que ocupa a posição central dos dados ordenados; é o valor que deixa metade dos dados abaixo e metade acima dele. Se o número de observações for par, a mediana será a média aritmética dos dois valores centrais. Ex.: mediana de a) 3, 4, 7, 8 e 8? Md=7 7 + 8 15 b) 3, 4, 7, 8, 8 e 9? Md = Md = Md = 7, 5 2 2 moda: é o valor mais freqüente no conjunto de dados. Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 6

Ex.: Número de filhos por funcionário de uma certa empresa: N o de filhos 0 1 2 3 5 Total Freqüência 4 5 7 3 1 20 Medidas de dispersão As medidas de tendência central fornecem informações valiosas mas, em geral, não são suficientes para descrever e discriminar diferentes conjuntos de dados. As medidas de dispersão ou variabilidade permitem visualizar a maneira como os dados espalham-se (ou concentram-se) em torno do valor central. Para mensurarmos esta variabilidade podemos utilizar as seguintes estatísticas: amplitude total; distância interquartílica; desvio médio; variância; desvio padrão e coeficiente de variação. Amplitude total: é a diferença entre o maior e o menor valor do conjunto de dados. Ex.: dados: 3, 4, 7, 8 e 8. amplitude total = 8 3 = 5 Distância interquartílica: é a diferença entre o terceiro e o primeiro quartil de um conjunto de dados. O primeiro quartil é o valor que deixa um quarto dos valores abaixo e três quartos acima dele. O terceiro quartil é o valor que deixa três quartos dos dados abaixo e um quarto acima dele. O segundo quartil é a mediana. (O primeiro e o terceiro quartis fazem o mesmo que a mediana para as duas metades demarcadas pela mediana.) Ex.: quando se discutir o boxplot. Desvio médio: é a diferença entre o valor observado e a medida de tendência central do conjunto de dados. Variância: é uma medida que expressa um desvio quadrático médio do conjunto de dados, e sua unidade é o quadrado da unidade dos dados. s 2 = n i= 1 ( x x) i n 1 Desvio Padrão: é raiz quadrada da variância e sua unidade de medida é a mesma que a do conjunto de dados. s = Coeficiente de variação: é uma medida de variabilidade relativa, definida como a razão percentual entre o desvio padrão e a média, e assim sendo uma medida adimensional expressa em percentual. 2 s s cv = x 2 Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 7

Boxplot Tanto a média como o desvio padrão podem não ser medidas adequadas para representar um conjunto de valores, uma vez que são afetados, de forma exagerada, por valores extremos. Além disso, apenas com estas duas medidas não temos idéia da assimetria da distribuição dos valores. Para solucionar esses problemas, podemos utilizar o Boxplot. Para construí-lo, desenhamos uma "caixa" com o nível superior dado pelo terceiro quartil (Q 3 ) e o nível inferior pelo primeiro quartil (Q 1 ). A mediana (Q 2 ) é representada por um traço no interior da caixa e segmentos de reta são colocados da caixa até os valores máximo e mínimo, que não sejam observações discrepantes. O critério para decidir se uma observação é discrepante pode variar; por ora, chamaremos de discrepante os valores maiores do que Q 3 +1.5*(Q 3 -Q 1 ) ou menores do que Q 1-1.5*(Q 3 -Q 1 ). (y) observações extremas ou outliers Q 3 +1.5* (Q 3 -Q 1 ) maior valor Q 3 Q 2 (mediana) Q 1 menor valor Q 1-1.5* (Q 3 -Q 1 ) O Boxplot fornece informações sobre posição, dispersão, assimetria, caudas e valores discrepantes. Gráfico de linha ou seqüência Adequados para apresentar observações medidas ao longo do tempo, enfatizando sua tendência ou periodicidade. Ex.: Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 8

Taxa de fecundidade total. Brasil, 1970 a 2000 7 6 5 4 % 3 2 1 0 Fonte: IBGE. 1970 1980 1990 2000 anos Polígono de freqüências Semelhante ao histograma, mas construído a partir dos pontos médios das classes. Ex.: Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) 16 14 12 10 número 8 6 4 2 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 Fonte: Hand DJ et al. 1994. peso (g) Gráfico de ogiva Apresenta uma distribuição de freqüências acumuladas, utiliza uma poligonal ascendente utilizando os pontos extremos. Ex.: Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 9

Distribuição de mulheres idosas segundo a altura 100 80 % acumulado 60 40 20 0 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 Fonte: Hand DJ et al. 1994. altura (cm) Diagrama de dispersão Adequado para descrever o comportamento conjunto de duas variáveis quantitativas. Cada ponto do gráfico representa um par de valores observados. Ex: 3.6 3.4 Volume (l) 3.2 3.0 2.8 2.6 2.4 2.2 50 60 70 80 90 100 Peso (Kg) Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 10

BIBLIOGRAFIA BÁSICA BUSSAB WO, MORETTIN PA (2002). Estatística Básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva Editora. CALLEGARI-JACQUES SM (2003). Bioestaística princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed. 255p. MAGALHÃES MN, LIMA ACP (2004). Noções de probabilidade e estatística. 6ª ed. São Paulo: Edusp. 392 p. SOARES JF, SIQUEIRA AL (1999). Introdução à estatística médica. Belo Horizonte, UFMG: Coopmed Editora Médica. 300p. Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 11

Exercícios Um questionário foi aplicado aos alunos do primeiro ano de uma escola fornecendo as seguintes informações: Id: identificação do aluno Turma: turma a que o aluno foi colocado (A ou B) Sexo: F se feminino, M se masculino Idade: idade, em anos Alt: altura em metros Peso: peso em quilogramas Filhos: número de filhos na família Fuma: hábito de fumar, sim ou não Toler: tolerância ao cigarro: (I) Indiferente, (P) Incomoda pouco e (M) Incomoda muito Exerc: horas de atividade física, por semana Cine: número de vezes que vai ao cinema, por semana OpCine: opinião a respeito das salas de cinema na cidade: (B) regular a boa e (M) muito boa TV : horas gastas assistindo TV, por semana OpTV: opinião a respeito da qualidade da programação na TV: (R) ruim, (M) média, (B) boa e (N) não sabe O conjunto de informações disponíveis, após a tabulação do questionário ou pesquisa de campo, é denominado tabela de dados brutos e contém os dados da maneira que foram coletados inicialmente. Os valores obtidos para cada uma dessas informações estão apresentados na Tabela 1.1. Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 12

Tabela 1.1. Informações de questionário estudantil dados brutos Id Turma Sexo Idade Alt Peso Filhos Fuma Toler Exerc Cine OpCine TV OpTV 1 A F 17 1,60 60,5 2 NAO P 0 1 B 16 R 2 A F 18 1,69 55,0 1 NAO M 0 1 B 7 R 3 A M 18 1,85 72,8 2 NAO P 5 2 M 15 R 4 A M 25 1,85 80,9 2 NAO P 5 2 B 20 R 5 A F 19 1,58 55,0 1 NAO M 2 2 B 5 R 6 A M 19 1,76 60,0 3 NAO M 2 1 B 2 R 7 A F 20 1,60 58,0 1 NAO P 3 1 B 7 R 8 A F 18 1,64 47,0 1 SIM I 2 2 M 10 R 9 A F 18 1,62 57,8 3 NAO M 3 3 M 12 R 10 A F 17 1,64 58,0 2 NAO M 2 2 M 10 R 11 A F 18 1,72 70,0 1 SIM I 10 2 B 8 N 12 A F 18 1,66 54,0 3 NAO M 0 2 B 0 R 13 A F 21 1,70 58,0 2 NAO M 6 1 M 30 R 14 A M 19 1,78 68,5 1 SIM I 5 1 M 2 N 15 A F 18 1,65 63,5 1 NAO I 4 1 B 10 R 16 A F 19 1,63 47,4 3 NAO P 0 1 B 18 R 17 A F 17 1,82 66,0 1 NAO P 3 1 B 10 N 18 A M 18 1,80 85,2 2 NAO P 3 4 B 10 R 19 A F 20 1,60 54,5 1 NAO P 3 2 B 5 R 20 A F 18 1,68 52,5 3 NAO M 7 2 B 14 M 21 A F 21 1,70 60,0 2 NAO P 8 2 B 5 R 22 A F 18 1,65 58,5 1 NAO M 0 3 B 5 R 23 A F 18 1,57 49,2 1 SIM I 5 4 B 10 R 24 A F 20 1,55 48,0 1 SIM I 0 1 M 28 R 25 A F 20 1,69 51,6 2 NAO P 8 5 M 4 N 26 A F 19 1,54 57,0 2 NAO I 6 2 B 5 R 27 B F 23 1,62 63,0 2 NAO M 8 2 M 5 R 28 B F 18 1,62 52,0 1 NAO P 1 1 M 10 R 29 B F 18 1,57 49,0 2 NAO P 3 1 B 12 R 30 B F 25 1,65 59,0 4 NAO M 1 2 M 2 R 31 B F 18 1,61 52,0 1 NAO P 2 2 M 6 N 32 B M 17 1,71 73,0 1 NAO P 1 1 B 20 R 33 B F 17 1,65 56,0 3 NAO M 2 1 B 14 R 34 B F 17 1,67 58,0 1 NAO M 4 2 B 10 R 35 B M 18 1,73 87,0 1 NAO M 7 1 B 25 B 36 B F 18 1,60 47,0 1 NAO P 5 1 M 14 R 37 B M 17 1,70 95,0 1 NAO P 10 2 M 12 N 38 B M 21 1,85 84,0 1 SIM I 6 4 B 10 R 39 B F 18 1,70 60,0 1 NAO P 5 2 B 12 R 40 B M 18 1,73 73,0 1 NAO M 4 1 B 2 R 41 B F 17 1,70 55,0 1 NAO I 5 4 B 10 B 42 B F 23 1,45 44,0 2 NAO M 2 2 B 25 R 43 B M 24 1,76 75,0 2 NAO I 7 0 M 14 N 44 B F 18 1,68 55,0 1 NAO P 5 1 B 8 R 45 B F 18 1,55 49,0 1 NAO M 0 1 M 10 R 46 B F 19 1,70 50,0 7 NAO M 0 1 B 8 R 47 B F 19 1,55 54,5 2 NAO M 4 3 B 3 R 48 B F 18 1,60 50,0 1 NAO P 2 1 B 5 R 49 B M 17 1,80 71,0 1 NAO P 7 0 M 14 R 50 B M 18 1,83 86,0 1 NAO P 7 0 M 20 B Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 13

1. Construa a tabela de freqüências para a variável sexo e interprete. Sexo n i f i F M total n=50 n i = freqüência do valor i f i = n i / n 2. Construa a tabela de freqüências para as demais variáveis qualitativas e interprete. 3. Calcule medidas descritivas (de posição e dispersão) para a idade dos estudantes do sexo masculino. Interprete. Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 14

4. Construa o boxplot da variável peso para os dois sexos. Interprete. Feminino Masculino Ordem Peso Ordem Peso 37 70,0 13 95,0 36 66,0 12 87,0 35 63,5 11 86,0 34 63,0 10 85,2 33 60,5 9 84,0 32 60,0 8 80,9 31 60,0 7 75,0 30 59,0 6 73,0 29 58,5 5 73,0 28 58,0 4 72,8 27 58,0 3 71,0 26 58,0 2 68,5 25 58,0 1 60,0 24 57,8 23 57,0 22 56,0 21 55,0 20 55,0 19 55,0 18 55,0 17 54,5 16 54,5 15 54,0 14 52,5 13 52,0 12 52,0 11 51,6 10 50,0 9 50,0 8 49,2 7 49,0 6 49,0 5 48,0 4 47,4 3 47,0 2 47,0 1 44,0 Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 15

5. Uma nova ração foi fornecida a suínos recém desmamados e deseja-se avaliar sua eficiência. A ração tradicional dava um ganho de peso ao redor de 3,5 kg em um mês. A seguir, apresentamos os dados referentes ao ganho, em quilos, para essa nova ração, aplicada durante um mês em 200 animais nas condições acima. a. Construa o histograma b. Determine o 1º, 2º e 3º quartis. c. Você acha que a nova ração é mais eficiente que a tradicional? Justifique. Ganho de peso n i f i d i (kg) 1.0+ --- 2.0 45 2.0+ --- 3.0 83 3.0+ --- 4.0 52 4.0+ --- 5.0 15 5.0+ --- 6.0 4 6.0+ --- 7.0 1 Total Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 16

6. Como parte de uma avaliação médica em uma empresa, foi medida a freqüência cardíaca dos funcionários de um determinado setor. Freqüência cardíaca n i f i d i (bpm) 60+ --- 65 11 65+ --- 70 35 70+ --- 85 68 75+ --- 80 20 80+ --- 85 12 85+ --- 90 10 90+ --- 95 1 95+ --- 100 3 Total a. Obtenha o histograma. b. Freqüências cardíacas que estejam abaixo de 62 ou acima de 92 requerem acompanhamento médico. Qual é a porcentagem de funcionários nestas condições? c. Uma freqüência ao redor de 72 batidas por minuto é considerada padrão. Você acha que de modo geral esses funcionários se encaixam nesse caso? Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 17

8. O que acontece com a média e o desvio padrão: a. Se um mesmo número é somado a todos os elementos de um conjunto de dados? b. Se cada elemento de um conjunto de dados for multiplicado por um valor constante. 9. Comente as seguintes afirmativas: c. Sempre a metade dos dados está abaixo da média. d. A média é o valor típico de um conjunto de dados. e. Enquanto tivermos alunos com rendimento abaixo da média, não poderemos descansar. Estatística Básica Gleice, Airlane, Gizelton 18