VI Congreso ALAP Dinámica de población y desarrollo sostenible con equidad Contexto familiar das mulheres com primeiro filho recente no Brasil 1991-2010 Márcio Mitsuo Minamiguchi Etapa 3
Contexto familiar das mulheres com primeiro filho recente no Brasil 1991-2010 Márcio Mitsuo Minamiguchi Objetivo: Este trabalho tem como objetivo analisar se existem e quais são os diferenciais por idade e escolaridade ao longo do tempo em termos de arranjos domiciliares onde vivem as mulheres até um ano após terem tido o primeiro filho no Brasil. Justificativas: Este trabalho traz referência aos aspectos de formação de famílias presentes na transição para a vida adulta, com foco no contexto familiar nascimento do primeiro filho. O nascimento do primeiro filho, as uniões e a saída da casa dos pais são considerados os eventos centrais da transição para a vida adulta e para a formação de família. Apesar de ser possível pensar em uma sucessão lógica desses eventos, em que o casamento provoca a saída da casa dos pais e posteriormente os nascimentos, esses processos não ocorrem necessariamente nessa ordem, nem a ocorrência de um necessariamente leva aos outros (Camarano, 2007; Nascimento, 2008). A existência de famílias estendidas e de mães solteiras são evidências de que isso realmente ocorre. Nesse contexto de extensão domiciliar as famílias monoparentais são as mais numerosas no Brasil (53,4% dos 4 milhões de domicílios estendidos possuem famílias conviventes monoparentais femininas) (IBGE, 2012). Como a natureza das bases de dados existentes para analisar o contexto domiciliar dificultam ou mesmo impossibilitam a análise da ordem desses eventos, este trabalho se focará em uma análise centrada nas mulheres que tiveram o primeiro filho no ano anterior à data de referência do censo e busca traçar um perfil do contexto familiar nos três últimos censos demográficos brasileiros (1991, 2000 e 2010), e buscar novos elementos para a discussão a respeito do tema. O foco no primeiro filho se deve ao fato de se tratar de uma transição que envolve mudanças mais drásticas no âmbito do contexto familiar para a mulher do que Doutorando em Demografia CEDEPLAR/UFMG minamiguchi@cedeplar.ufmg.br
os filhos subsequentes. E a escolha de se trabalhar com primeiro filho no último ano anterior à data de referência dos censos se deve ao fato de que se trata de um horizonte relativamente curto de análise, que torna mais fácil elaborar hipóteses a respeito do tipo de mudanças que poderiam ter ocorrido no ambiente familiar e pensar nas possíveis explicações para o ocorrido. Além disso, a importância de se pensar no contexto familiar como dimensão de análise dos nascimentos se deve ao fato de que ele está intimamente relacionado à disponibilidade de recursos e de cuidados para as crianças, e o suporte para as mães. Informações: As bases de dados censitárias utilizadas nesta análise foram obtidas através do IPUMS Integrated Public Use Microdata Series e a escolha se deveu à facilidade de identificação de cônjuge, pai e mãe nessa base, fator que poupa um grande esforço na definição das categorias a serem estudadas. Isso porque, pensando nas etapas da transição para a vida adulta unir-se, sair da casa dos pais e ter o primeiro filho, possuir de antemão identificadores que permitem constatar a corresidência ou não desses membros familiares facilita o processo de construção de categorias de arranjos domiciliares. A partir desses elementos, foi possível construir as seguintes categorias de condição no domicílio nos quais estão inseridas as mulheres que tiveram o primeiro filho ao longo do ano anterior à data de referência do censo, considerando somente as mulheres que residem com esse filho: Solteira responsável pelo domicílio; Solteira corresidente com os pais; Solteira corresidência com outros parentes ou não parentes; Corresidência com cônjuge; Corresidência com cônjuge e pais; Corresidência com cônjuge e sogros; Corresidência com cônjuge e outros parentes ou não parentes.
Depois de definidas essas categorias, foi possível buscar a definição de onde se encontram as mulheres que tiveram seu primeiro filho no ano anterior à data de referência dos três últimos censos brasileiros. Foram consideradas neste caso somente as mães que corresidiam com esses seus filhos, identificando através da presença de um filho com menos de um ano de idade no domicílio. Esse artifício também facilita o trabalho de comparação entre os diferentes censos demográficos. A identificação do primeiro filho é dada pela informação a respeito do total de filhos tidos das mulheres (a parturição acumulada). No caso de ser apenas um, assumimos que esse filho teria sido o primeiro. Existe a restrição nesse caso de não considerar nascimentos múltiplos ou mais de um nascimento ocorrido ao longo de um ano. Contudo, como esses eventos são relativamente raros, e a preocupação neste trabalho é mais com as proporções relativas das diferentes categorias, assumo o pressuposto de que esse fator não afeta as proporções, embora evidentemente tenha influência sobre os níveis observados. As idades a serem consideradas são de 15 a 39 anos. As idades de 15 a 34, são consideradas as mais importantes para a formação dos domicílios (ESTEVE et al, 2012). A categoria de 35 a 39 anos também é incluída devido ao fato de que nesse grupo etário ainda existe um contingente significativo de mulheres tendo o primeiro filho. Após os 40 anos de idade, esse fenômeno acaba se tornando mais residual. Discussão Em geral as mulheres têm o primeiro filho bastante cedo no Brasil, com uma alta proporção de primeiros filhos entre as mulheres com menos de 25 anos de idade. A importância dessas mães mais jovens, contudo, diminui ao longo do período entre 1991 e 2010, como podemos observar no GRÁF. 1.
Gráfico 1 Proporções de primeiros filhos residentes com menos de um ano de idade por mulher. Brasil, 1991, 2000 e 2010. 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 15 20 25 30 35 40 45 50 1991 2000 2010 Fonte: Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010; IPUMS. Como a função de fecundidade no Brasil é jovem, é natural que os primeiros filhos ocorram em uma idade bastante jovem. Tendo em vista esse contexto em que os grupos de idade mais jovens são mais representativos, embora ganhem peso ao longo dos anos, cabe agora analisar os diferenciais em termos de composição dos domicílios onde essas mães de primeira viagem estão inseridas. Uma primeira análise a respeito do contexto familiar no qual estão inseridas as mulheres com primeiro filho com menos de um ano de idade aponta para o fato de que essas mulheres estão unidas, embora não se saiba o contexto no qual ocorre a concepção, já que as bases de dados disponíveis não permitem obter tal informação. Uma pesquisa de Simão et al (2006) para município de Belo Horizonte aponta que os primeiros nascimentos em geral ocorrem dentro de uniões, mas que uma proporção considerável de nascimentos é de mães solteiras. Camarano (2006) aponta para um crescimento na proporção de mulheres que fazem a transição para a vida adulta via constituição de família, apesar de boa parte delas ainda continuar vivendo na casa dos pais. Elas podem ser segundo a autora mulheres que ainda não saíram da casa dos pais após o casamento e a maternidade ou que retornaram após a dissolução das uniões.
Como o foco deste trabalho é de um horizonte de menos de um ano após o nascimento do primeiro filho, minimiza o tempo de exposição aos eventos de mudança e separação que podem ocorrer ao longo do tempo. Embora possamos considerar que os primeiros filhos no início de suas vidas estejam em um contexto de um núcleo familiar biparental, não podemos dizer o mesmo com relação ao domicílio. Grande parte dessas famílias biparentais reside no domicílio de origem do esposo ou da esposa. Embora realmente os domicílios nos quais a mulher, o companheiro e o filho constituem a única família ou a principal dentro do domicílio, grande proporção dessas famílias são conviventes com os pais ou sogros, principalmente. Nesse caso, é interessante notar que, para qualquer um dos três períodos considerados, as mulheres com cônjuge tendem a corresidir em maior medida com os sogros, ao passo que entre as mais velhas, a forma de extensão familiar mais comum é com os pais. O mesmo é possível dizer a respeito das mulheres que não vivem com um cônjuge, mas isso não quer dizer que constitua um domicílio monoparental. De fato, como é possível observar nos GRÁFs 2, 3 e 4 a grande maioria das mulheres sem cônjuge vive com seus pais. Ou seja, a transição para o primeiro filho provavelmente ocorreu antes da transição da saída da casa dos pais. Isso é razoável de se imaginar no caso das mais jovens, principalmente. No caso das mulheres mais velhas, pode ter existido em maior medida uma saída e retorno, diversas transições anteriores que os dados disponíveis não conseguiriam dar conta de responder. É importante constatar também o crescimento das categorias sem cônjuge nesse período analisado. E nesse caso, o aumento foi mais representado pelas mulheres que estavam vivendo com os pais. Por outro lado, vemos a redução dos arranjos sem a presença de cônjuge e vivendo com outros parentes ou não parentes. Nesse caso, a despeito do crescimento da importância da extensão familiar nesse período, ela foi quase que exclusivamente em função do aumento da presença de pai e/ou mãe dentro do domicílio. Dessa forma, a ideia de monoparentalidade dentro de domicílio monoparental nesse primeiro momento, de transição que o nascimento do primeiro filho representa, é quase que residual, principalmente no caso das mulheres mais jovens. Nota-se, contudo, um crescimento das mulheres que são solteiras e chefes de domicílio à medida que avança a idade.
Gráfico 2 Condição de residência no domicílio das mulheres que vivem com o primeiro filho menor de um ano, por grupos de idade. Brasil, 1991. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 Faixa etária Com conjuge e sogros Com conjuge e não parentes Com conjuge e outros parentes Com conjuge Com conjuge e pais Com não parentes Com parentes Com pais Chefe Fonte: Censo Demográfico 1991; IPUMS. Gráfico 3 Condição de residência no domicílio das mulheres que vivem com o primeiro filho menor de um ano, por grupos de idade. Brasil, 2000. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 Faixa etária Com conjuge e sogros Com conjuge e não parentes Com conjuge e outros parentes Com conjuge Com conjuge e pais Com não parentes Com parentes Com pais Chefe
Fonte: Censo Demográfico 1991; IPUMS. Gráfico 4 Condição de residência no domicílio das mulheres que vivem com o primeiro filho menor de um ano, por grupos de idade. Brasil, 2010. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 Faixa etária Com conjuge e sogros Com conjuge e não parentes Com conjuge e outros parentes Com conjuge Com conjuge e pais Com não parentes Com parentes Com pais Chefe Fonte: Censo Demográfico 1991; IPUMS. Quando se observa os diferenciais em termos de escolaridade, existe um padrão que se mantém ao longo dos anos, com uma tendência a um aumento da importância do crescimento das mulheres mais velhas para o grupo das mais escolarizadas, reflexo da tendência de fecundidade mais tardia para esse grupo (GRÁFs 5, 6 e 7). Com a maior escolaridade, o processo natural também é o adiamento das etapas de vida características da transição para a vida adulta. É possível notar que entre as mulheres que possuem nível superior (completo ou incompleto), existe uma proporção pequena daquelas que possuem o primeiro filho recente entre as mais jovens, ao passo que entre as mais velhas, existe uma proporção maior, corroborando com a ideia de uma transição para o primeiro filho mais tardia. Dado que as características do ambiente familiar mudam muito com a idade com que se tem o primeiro filho, como observado anteriormente, sobretudo no que diz respeito à ausência de um cônjuge e à permanência no domicílio de origem, é importante também fazer uma análise focando nesses diferenciais. Gráfico 2
Proporções de primeiros filhos residentes com menos de um ano de idade por mulher, por anos de estudo completos. Brasil, 1991. 0,07 0,06 0,05 Proporção 0,04 0,03 0,02 0,01 0 15 20 25 30 35 40 45 50 Idade Até 8 anos De 9 a 11 anos 12 anos ou mais Fonte: Censo Demográfico 1991; IPUMS. Gráfico 3 Proporções de primeiros filhos residentes com menos de um ano de idade por mulher, por anos de estudo completos. Brasil, 2000. 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 15 20 25 30 35 40 45 50 Até 8 anos De 9 a 11 anos 12 anos ou mais Fonte: Censo Demográfico 2000; IPUMS. Gráfico 4
Proporções de primeiros filhos residentes com menos de um ano de idade por mulher, por anos de estudo completos. Brasil, 2010. 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 15 20 25 30 35 40 45 50 Até 8 anos De 9 a 11 anos 12 anos ou mais Fonte: Censo Demográfico 2010; IPUMS. Como existem diferenciais entre os níveis educacionais em termos de timing do primeiro filho, o ambiente familiar também deve ser estudado tendo em vista esses diferenciais. Entre as adolescentes, grupo bastante representativo neste caso, ocorre uma redução bastante grande daquelas que são casadas entre os anos de 1991 e 2010. Por outro lado, cresce sobretudo a proporção daquelas que vivem com seus pais. Nesse sentido, o aporte familiar permanece bastante importante. Entre as mulheres menos escolarizadas, vemos que existe uma proporção maior daquelas que vivem exclusivamente com cônjuge, ao passo que entre as mais escolarizadas, o suporte familiar parece ser mais forte (TAB. 1). Isso é bastante importante quando consideramos que as mulheres menos escolarizadas também estão em maior medida vivendo em domicílios chefiados por outros parentes ou não parentes. Uma hipótese seria de que o ambiente familiar de origem dessas mulheres também seria diferente para esse grupo, tendo uma proporção menor de arranjos tradicionais com pai e mãe, e tendo uma maior proporção de famílias com avôs e avós, tios, entre outros. No caso das mulheres que estão na condição de corresidindo com outro parente responsável, a maior parte desses domicílios possui avô.
Tabela 1 Condição de residência no domicílio das mulheres de 15 a 19 anos de idade que vivem com o primeiro filho menor de um ano, por grupos de idade. Brasil, 1991, 2000 e 2010. Até 8 1991 2000 2010 9 ou 9 ou 9 ou mais Até 8 mais Até 8 mais Responsável por domicílio monoparental 0,9% 0,8% 1,4% 1,2% 1,7% 1,7% Com pais 19,0% 21,1% 25,6% 31,6% 28,4% 29,8% Com outros parentes ou não parentes como responsável 3,9% 2,7% 3,7% 2,8% 4,0% 2,5% Com cônjuge 54,4% 49,9% 48,4% 42,4% 41,8% 40,9% Com cônjuge e pais 8,1% 10,8% 6,7% 9,0% 8,4% 10,4% Com cônjuge e sogros 11,6% 12,5% 12,7% 11,6% 14,1% 13,4% Com cônjuge e outros parentes ou não parentes como responsável 2,1% 2,1% 1,5% 1,3% 1,6% 1,3% Fonte: Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010; IPUMS. Quando consideramos as mulheres mais velhas, entre 20 e 40 anos de idade, o que vemos é um padrão semelhante, embora nesse caso exista uma proporção maior dos os arranjos que possuem cônjuge. Ou seja, as mães solteiras deixam de ter a alta prevalência que possuíam entre as adolescentes. Entre as mulheres mais escolarizadas é onde existe uma proporção maior de mulheres unidas em domicílio sem a presença de pais ou de outro parente ou não parente responsável, ou seja, onde as três etapas da transição para a vida adulta consideradas coexistem. Contudo, da mesma forma como ocorre com as mães adolescentes, a proporção de mulheres com cônjuge é menor em um período mais recente, para qualquer nível de escolaridade. O que mostra novamente a importância da extensão familiar e o aumento da monoparentalidade, embora os domicílios monoparentais tenham apresentado um aumento discreto no período. A presença dos pais no domicílio é importante. Assim, esses arranjos monoparentais relacionados ao primeiro filho recente, independentemente da idade das mulheres, do nível de educação ou do período analisado, ocorre em um contexto de corresidência com os pais. Mesmo entre as mulheres casadas, independentemente do nível de instrução, existe um aumento da proporção daquelas que corresidem com pai e/ou mãe, e uma diminuição daquelas que corresidem com seus sogros em 2010 em comparação com
1991. Interessante notar que com a maior escolaridade, cresce a proporção daquelas que corresidem com os pais e diminui a proporção daquelas que corresidem com seus sogros. Os motivos para esse padrão não são bem conhecidos, mas dá margem a muitas especulações. Tabela 2 Condição de residência no domicílio das mulheres de 20 a 39 anos de idade 1 que vivem com o primeiro filho menor de um ano, por grupos de idade. Brasil, 1991, 2000 e 2010. 1991 2000 2010 Até 8 9 a 11 12 ou 12 ou Até 8 9 a 11 mais mais Até 8 9 a 11 Responsável por domicílio 2,3% 2,3% 1,9% 3,4% 2,8% 2,5% 3,3% 3,0% 2,2% Com mãe e/ou pai 11,1% 9,8% 6,3% 14,6% 15,1% 14,1% 15,4% 14,7% 14,8% Com outros parentes 2,2% 1,7% 0,8% 2,3% 1,5% 1,4% 2,7% 1,9% 0,8% Com não parentes 1,2% 0,5% 0,5% 0,6% 0,1% 0,0% 0,1% 0,1% 0,1% Com cônjuge 67,8% 71,7% 78,2% 66,1% 66,3% 70,8% 61,9% 64,0% 67,1% Com cônjuge e mãe e/ou pai 5,9% 7,0% 7,4% 4,3% 6,0% 6,0% 6,5% 7,9% 8,5% Com cônjuge e outros parentes 1,2% 0,8% 0,4% 1,0% 0,6% 0,4% 1,3% 0,8% 0,6% Com cônjuge e não parentes 0,3% 0,2% 0,1% 0,1% 0,1% 0,0% 0,1% 0,0% 0,0% Com cônjuge e sogros 8,1% 5,9% 4,3% 7,7% 7,4% 4,7% 8,7% 7,7% 5,9% 12 ou mais Considerações finais: As evidências aqui apresentadas apontam que os primeiros filhos no início de suas vidas estão inseridos dentro de uma união, independente do período e grupo de idade analisado. Isso não quer dizer que eles estão dentro de um domicílio biparental tradicional, tampouco que esse processo segue uma linearidade das etapas que envolvem a transição para a vida adulta. A idade precoce das uniões, assim como o fato de que o contexto em que elas ocorrem muitas vezes estão inseridas dentro de uma extensão familiar indica que é possível que grande parte dessas uniões tenham sido resultado desses nascimentos. O papel dos pais e dos sogros é muito importante para os primeiros filhos recentes (avós desses filhos), e cresce entre os anos de 1991 e 2010. A proporção alta e 1 Medida padronizada, utilizando as proporções relativas por idade multiplicadas por uma estrutura etária escolhida como padrão.
crescente desses domicílios de três gerações no caso dos primeiros filhos recentes revela também a importância dos laços familiares dentro desse momento de constituição de um novo núcleo familiar, não somente em função de recursos ou cuidados, mas também com a convivência dentro de um mesmo domicílio. O crescimento da proporção dos primeiros filhos recentes que vivem em uma família monoparental ocorre durante o período de 1991 a 2010, em qualquer um dos grupos etários e níveis de escolaridade considerados. Parte desse aumento pode ser reflexo de uma tendência a uma redução dos constrangimentos em ser mãe solteira e consequente diminuição dos casamentos forçados, que em grande medida podem ser reflexo de mudanças em aspectos ideacionais. Além disso, possivelmente a força dos laços familiares contribui para que a necessidade de casamento em função do filho passe a ser menos considerada. Com o suporte familiar, e sem o estigma social de uma mãe solteira, o peso de um filho não planejado sem dúvida seria bastante atenuado.
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