Revista Fafibe On Line n.3 ago. 2007 ISSN 1808-6993 www.fafibe.br/revistaonline Faculdades Integradas Fafibe Bebedouro SP



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Transcrição:

O plano de aula sob a ótica dos profissionais de Educação Física no ensino não-formal (The class plan under the professionals of Physical Education optics in the formal teaching) Andreia Cristina Metzner 1 ; Vanessa Rocha Mathias 2 1 Faculdades Integradas Fafibe Bebedouro SP acmetzner@hotmail.com 2 Graduação Faculdades Integradas Fafibe Bebedouro SP nessa2611@yahoo.com.br Abstract. The didactic subjects discussed in this point just limit to the formal teaching, by the way, School Physical Education. Although the services about the corporal practices not formal, as like as: swimming schools, gyms, soccer schools, they are growing day by day. So that, the objective of this study is to verify if the professionals of physical education that work in different areas, principally, not formal, they drift or they establish specific goals for each class. The methodology used was accordingly with the quality, the points selected for to improve this study was a interview with nine teachers of physical education. The most teachers of physical education teaching class without planning. Keywords. Didactic; class plan; Physical Education. Resumo. As questões didáticas discutidas na área de Educação Física restringem-se apenas ao ensino formal, ou seja, à Educação Física Escolar. Porém, os serviços ligados às práticas corporais, fora do âmbito escolar, como as escolas de natação, academias, escolinhas de futebol, etc., estão crescendo a cada dia. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo verificar se os profissionais de Educação Física, que trabalham em diferentes áreas, voltados ao ensino não formal, planejam e/ou estabelecem metas específicas para cada aula. A metodologia utilizada esteve pautada na abordagem qualitativa e o instrumento de coleta de dados selecionado para viabilizar este estudo foi a entrevista semi-estruturada. Os dados mostraram que a maioria dos professores ministra as aulas sem um planejamento prévio. Palavras-chave. Didática; plano de aula; Educação Física. 1. Introdução Existem vários estudos relacionados a alternativas pedagógicas no ensino, propostas curriculares para o ensino-aprendizagem, enfim, estudos sobre os diversos aspectos da prática pedagógica do professor. Dentre esses estudos, alguns se relacionam com metodologias específicas, como por exemplo, a de Educação Física. Cabe ressaltar, que as questões didáticas discutidas nessa área praticamente restringem-se apenas ao ensino formal, ou seja, à Educação Física Escolar. Porém, os serviços 1

ligados as práticas corporais, fora do âmbito escolar, como as escolas de natação, academias, escolinhas de futebol, etc., estão crescendo à cada dia. Não é apenas na escola que acontece o exercício didático. Esse processo de ensino que acontece fora da unidade escolar, é conhecido como educação informal, que basicamente, é baseado em experiências da sociedade. Já o processo de ensino formal, acontece na instituição escolar (Educação Física Escolar) e, é embasado em conhecimentos científicos. Campos (2002) afirma que a interação entre os dois ensinos, informal e formal, é essencial para o desenvolvimento do aprendiz, em qualquer circunstância e em qualquer faixa etária de sua vida. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo verificar se os profissionais de Educação Física, que trabalham em diferentes áreas, voltados ao ensino não formal, planejam e/ou estabelecem metas específicas para cada aula. 2. O ato de planejar O ato de planejar, formando um objetivo, organizando conteúdos, com uma metodologia adequada para situação específica, e por fim, uma avaliação (do que foi ministrado, dos alunos e de si próprio), engrandece a qualidade a uma aula. Para Campos (2002), além de conhecer o público, conteúdos técnicos, científicos e filosóficos da área em questão, planejar e executar são uma arte que requer estudos profundos sobre o que e como ensinar, dispor recursos, avaliar, refazer e avaliar novamente, sendo o ponto culminante da didática da Educação Física. Segundo Mattos, citado por Settineri, Ries e Targa (1979), planejamento de ensino é previsão inteligente e bem calculada de todas as etapas do trabalho escolar que envolvem as atividades docentes e discentes, de modo que torna o ensino seguro, econômico e eficiente. Dentro de um planejamento, é muito importante a presença da especificidade dos objetivos para o público alvo (individualizado), sempre respeitando as possibilidades dos indivíduos, adaptando a realidade de cada ambiente. Segundo Nérici (1983), os objetivos do planejamento de ensino são: Precisar as metas que se deseja alcançar; Conduzir o educando mais seguramente para os objetivos almejados; Prever experiências de aprendizagem a partir das experiências anteriores do educando; Propiciar seqüências progressivas de aprendizagem, distribuídas em função do tempo disponível; Promover, sempre que possível, a integração dos diversos setores de estudo com a comunidade e a realidade moderna. Segundo Libâneo (1994), o planejamento de ensino possui três fases: Plano da Escola, Plano de Ensino e Plano de aula. Plano da Escola é o plano pedagógico e administrativo da unidade escolar. Plano de Ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para um ano ou semestre. Plano de Aula é um detalhamento dos passos ou fases de desenvolvimento de uma aula ou conjunto de aulas (LIBÂNEO, 1994). A seguir, discutiremos os elementos que constituem o Plano de Aula. 2

3. Plano de aula e os seus elementos Para Nérici (1983, p.151) Plano de aula é a previsão mais precisa possível quanto a conteúdo, materiais e atividades didáticas que ativem o processo ensino-aprendizagem capaz de possibilitar ao educando alcançar objetivos previamente estabelecidos. Tratando-se de um roteiro, o plano de aula força o professor a pensar em alguns aspectos como na seqüência didática (começo, meio e fim); o que e como fazer; o que e como os alunos farão; no material necessário e nos procedimentos (NÉRICI, 1983). Porém, não o obriga a segui-lo ao pé da letra, havendo a possibilidade de uma flexibilidade para melhor se adaptar a certas situações. Os principais elementos que constituem o plano de aula são: objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e avaliação. Objetivos: o centro de um plano de aula é o objetivo, que está ligado ao que se quer ensinar, o que se pretende alcançar. O objetivo é a forma que o professor determina o que o aluno será capaz de fazer ao final do aprendizado, sendo constantemente influenciado e moldado de acordo com os fatores sociais; Conteúdos: os conteúdos de um plano de aula tratam-se dos componentes da aula, com as fases que serão necessárias para atingir o objetivo. Segundo Libâneo (1994, p.128) conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida ; Procedimentos de Ensino: A explicação detalhada do que vai ser aplicado na aula tratase dos procedimentos de ensino. O procedimento de ensino é o componente do plano de aula que dará vida aos objetivos e conteúdos. Indica o que o professor e os alunos farão no desenrolar de uma aula ou conjunto de aulas; Avaliação: De acordo com Luckesi, citado por Libâneo (1994), a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre o processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Além da avaliação da aula, segundo Villani e Pacca (1997) é importante uma avaliação dos alunos e do próprio professor. 4. Metodologia A metodologia utilizada esteve pautada na abordagem qualitativa e o instrumento de coleta de dados selecionado para viabilizar este estudo foi a entrevista semi-estruturada com nove professores (as) de Educação Física da cidade de Bebedouro. 5. Resultados Por meio da análise dos resultados (ver tabela 1) verificou-se que a maioria dos profissionais entrevistados atua tanto no ensino não formal (academias, clubes, centros comunitários, etc) como no ensino formal (escolas públicas e privadas). Tabela 1. Qual a sua área de atuação? Participantes Local P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 total Academias X X X X X X X X 8 3

Escolas X X X X X 5 Clubes X X 2 Outros* X X X X X X X X 8 Outros: Centro comunitário; prefeitura; faculdade; residência. Em relação à questão Você elabora Planos de Aulas? quase 50% dos entrevistados responderam que sempre elaboram planos de aulas (ver gráfico 1). Porém, durante as entrevistas eles relataram que esses planos são obrigatórios nas escolas onde atuam. Nos clubes, academias e demais locais de trabalho, não é necessário sistematizar as suas aulas. Gráfico 1. Você elabora Planos de Aula? Você elabora planos de aulas? % 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 SEMPRE FREQÜÊNTEMENTE AS VEZES RARAMENTE Na questão que envolve o que os profissionais pensam sobre a elaboração do Plano de Aula, as respostas apresentaram uma mesma linha de pensamento (ver tabela 2). Após um certo período ministrando as aulas, convencidos de sua experiência prática, os profissionais acreditam que a elaboração e a sistematização das aulas são desnecessárias. Tabela 2. O que você pensa sobre o Plano de Aula? - É importante se não, não consegue atingir o objetivo dos alunos, ou do personal. Corre o risco de repetir os trabalhos dos grupos musculares. Para dar segurança ao professor e para poder avaliar se foi válida ou não. Programa, ministra e depois avalia pra colher os resultados. Mas depois um tempo, você já sabe mais ou menos o que fazer, e então não escreve mais nada, vai de cabeça mesmo.. - É necessário mas não é fundamental. O mais importante é ter conhecimento. O que a escola pede, tem que saber os conteúdos e saber dar seguimento/ continuidade para a aula, além de ser flexível. É mais importante saber a seqüência pedagógica do que ficar olhando para os planos. - É bom ter anotado para caso der aula em mais de um lugar, saber o que foi trabalhado para não se tornar uma aula repetitiva e dar uma seqüência (no trabalho/ na aprendizagem) no programa. Atingir os objetivos. E mesmo montando aula, sempre tem que se ter uma carta escondida na manga. Assim, nunca passar insegurança para o seu aluno. 4

- Desde que não fique preso no plano, é legal fazer pra se ter uma base, mas as vezes não dá certo. Não dá certo ficar decorando. Para iniciante é muito válido. Depois que se adquire uma certa experiência, só bate o olho na turma e na sabe o que a turma esta respondendo. Tem que ser versátil. - Nem sempre o que monta dá certo. Se não tem experiência/conhecimento do assunto se dá mal, porque tem que improvisar. Cada vez mais que o profissional melhora passar de muitas aulas se antes demorava uma hora, depois faz um plano de aula em 5 min, além de que se estiver nervoso com a aula, pode olhar no papel pra colar. - Essencial. Seu fosse planejar aula por aula... Hoje ninguém pára pra fazer plano para todos os dias. Se precisasse faria. Organizaria no computador o planejamento, não no papel. É bom saber o que esta passando para não ficar repetindo, para sair fora da rotina, mas não pode sair da linha todo dia. Uma variação no programa cada três meses, como musculação personal. Toda semana variar os exercícios de cada aula de local. - Não planejo as minhas aulas no papel, pois eu já tenho bastante experiência na área. Eu acho essa questão de plano de aula muito burocrático. - Para dar segurança. Dinâmica na aula. E no meio da aula dá para criar outras coisas. - Eu só faço plano de aula na escola, pois é obrigado. Na academia não é exigido. Durante a faculdade foi falado muito sobre planos de aulas, porém na prática é diferente. Sei a importância, mas não elaboro. 6. Considerações Finais Observamos no presente estudo, que a maioria dos profissionais de Educação Física que atuam no ensino não-formal, na cidade de Bebedouro SP, não elaboram Planos de Aulas. Além disso, certos de que já dominam o conteúdo, os procedimentos e convencidos de sua experiência nas áreas em que atuam, deixam de registrar as suas aulas acreditando que o plano é um instrumento de trabalho desnecessário. O planejamento não deve ser apenas uma formalidade ou uma mera atividade ritualista, que visa simplesmente a elaboração de um plano de aula vazio e sem sentido para satisfazer uma exigência burocrática. O ato de planejar faz parte de um processo, e como tal é ativo e dinâmico, envolvendo operações mentais tais como: analisar, prever, selecionar, definir, estruturar, organizar, avaliar e adaptar. Por isso, acreditamos que essa postura dos profissionais de Educação Física precisa ser modificada, pois planejar e executar são uma arte que requer estudos sobre o que e como ensinar. 7. Referências CAMPOS, Luiz A. S. Didática sob a ótica da educação física: Um novo olhar. Revista Profissão Docente v.02, n.04, 2002. LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. NÉRICI, Imideo G.. Didática geral dinâmica. 9.ed. São Paulo: Atlas, 1983. 5

SETTINERI, Luiz; RIES, Bruno E.; TARGA, Facinto F. Educação psicocinética: considerações bio-pisico-didáticas para a Educação Física. Porto Alegre: Sulina, 1979. VILLANI, Alberto e PACCA, Jesuína L. A. Construtivismo, conhecimento científico e habilidade didática no ensino de ciências. Rev. Fac. Educ. v.23 n.1-2 São Paulo jan./dez. 1997. 6