VALUE BASED MANAGEMENT (Gerenciamento Baseado no Valor - GBV) - PARTE I

Documentos relacionados
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E MARKET VALUE ADDED PARTE l

FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E MARKET VALUE ADDED PARTE ll

COMO DEFINIR A META DE LUCRO PARA O ACIONISTA?

COMO UTILIZAR O FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL PARA VALORIZAR UMA EMPRESA

COMO DETERMINAR O EVA IDEAL

QUAL A DIFERENÇA ENTRE A TIR DA OPERAÇÃO E A TIR DO ACIONISTA?

GERENCIAMENTO BASEADO NO VALOR

O QUE É E COMO SE CALCULA O VALOR RESIDUAL PELA PERPETUIDADE

COMO DEFINIR A META DE LUCRO PARA O ACIONISTA? PARTE ll

PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO PARA RECEBIMENTO EM PARCELAS - PARTE II

PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO PARA RECEBIMENTO EM PARCELAS - PARTE l

AS QUESTÕES MAIS FREQUENTES SOBRE GERENCIAMENTO BASEADO NO VALOR GBV

FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (FCO) X FLUXO DE CAIXA DO ACIONISTA (FCA)

CVA CASH VALUE ADDED (Um passo à frente do VPL)

PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO PARA RECEBIMENTO ANTECIPADO

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 34 CAVALCANTE ASSOCIADOS

COMO UTILIZAR AS TAXA DE APLICAÇÃO E CAPTAÇÃO DO DINHEIRO NA FORMAÇÃO DO PREÇO A VISTA E A

AS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES SOBRE O EVA (Economic Value Added)

O TRATAMENTO DAS RECEITAS FINANCEIRAS NA ANÁLISE ECONÔMICA

OS CUIDADOS A SEREM ADOTADOS NO CÁLCULO DO RETORNO SOBRE O PATRIMÔMIO LÍQUIDO

Avaliação de Empresas Com base no Fluxo de Lucros ou no Fluxo de Caixa?

Break Even Point Ponto de Equilíbrio Parte II

Utilizando a Metodologia do EVA e do MVA para Avaliação de Ações em Bolsa de Valores

RELEMBRANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NA MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA - PARTE l

ELABORANDO UM ORÇAMENTO NOTA 10

RELEMBRANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NA MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA - PARTE III

COMO UTILIZAR AS TAXA DE APLICAÇÃO E CAPTAÇÃO DO DINHEIRO NA FORMAÇÃO DO PREÇO A VISTA E A

O CÁLCULO DO SVA (SHAREHOLDER VALUE ADDED) E A MARGEM DE EQUILÍBRIO (THRESHOLD MARGIN) - PARTE II! O que é Threshold Margin ou Margem de Equilíbrio?

COMO SER CONSERVADOR (COM FUNDAMENTO) NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

RELEMBRANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NA MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA - PARTE Il

O QUE É MAIS CORRETO: ANALISAR FLUXOS DE CAIXA OU FLUXOS DE LUCRO?

A EXTENSÃO DO FLUXO DE CAIXA

CRIAR VALOR OU CRIAR VALOR CONTINUAMENTE?

AVALIAÇÃO POR FLUXO DE CAIXA OU FLUXO DE LUCROS? ONDE E COMO

COMO CONSTRUIR UM CONJUNTO DE INDICADORES ORIENTADOS PARA O EVA

Custo Incorrido Versus Custo de Reposição Qual considerar?

Francisco Cavalcante

O QUE É E COMO SE CALCULA O VALOR RESIDUAL PELA PERPETUIDADE PARTE II

VALUATION PARA COMPRA OU VENDA DE EMPRESAS: DESCONTAR FLUXOS DE CAIXA OU FLUXOS DE LUCRO?

MELHORANDO A CAPACIDADE DE ANÁLISE FINANCEIRA

O CÁLCULO DO SVA (SHAREHOLDER VALUE ADDED) E A MARGEM DE EQUILÍBRIO (THRESHOLD MARGIN) - PARTE I! O que é Threshold Margin ou Margem de Equilíbrio?

CUSTO DOS COMPONENTES DA ESTRUTURA DE CAPITAL

Vantagens e desvantagens da utilização do patrimônio líquido pelo seu valor de mercado na avaliação de empresas

COMO TRATAR O SALDO PELAS MÉDIAS NUMA ANÁLISE ECONÔMICA

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA (PARTE III)

UMA EMPRESA VAI INJETAR CAPITAL EM OUTRA EMPRESA. COMO DETERMINAR O VALOR DA PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA?

COMO AVALIAR UM NOVO INVESTIMENTO PELO FLUXO DE CAIXA E PELO FLUXO DE LUCRO (CASO PRÁTICO COMPLETO)

O QUE É SVA (SHAREHOLDER VALUE ADDED) A MÉTRICA DE ALFRED RAPPAPORT

OS PROBLEMAS PROVOCADOS PELO RATEIO DE CUSTOS FIXOS EM PROJETOS DE INVESTIMENTO

ANÁLISE DAS RELAÇÕES PREÇO-CUSTO-VOLUME E LUCRO

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52) - CASO PRÁTICO

Toda Empresa Deveria Calcular o Seu

CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA NA FORMA DE UM PROJETO DE INVESTIMENTO

TIR, MTIR e VPL: O QUE FAZER PARA GANHAR UM DEZ

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE PERPETUIDADES

AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA EM AUDITORIA PARTE l

O QUE É GVA - GERENCIAMENTO DE VALOR PARA O ACIONISTA - PARTE l

COMO ELABORAR A ANÁLISE ECONÔMICA DE UMA SÉRIE DE DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO

VALUATION PELO FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL OU O DO ACIONISTA? (a palavra final) 2ª Parte

QUAL A MANEIRA MAIS RÁPIDA (E EFICIENTE) DE FAZER UMA PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO - (Parte II)

O QUE É UMA PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - PARTE I

COMO JUSTIFICAR AS DIFERENÇAS ENTRE O CUSTO DE CAPITAL ORÇADO E O REALIZADO

SEPARAÇÃO DO GASTO SEMI-VARIÁVEL ENTRE PARTE FIXA E PARTE VARIÁVEL

CHEGANDO LÁ COM 2% O somatório de pequenos ganhos poderá valer muito na análise de um novo projeto (a importância de uma boa análise de sensibilidade)

COMO CALCULAR O INDICADOR DE COBERTURA DO SERVIÇO DA DÍVIDA (ou como saber se sua empresa sobreviverá) - PARTE I

COMO DETERMINAR O PREÇO DE UMA

AS DIVERSAS TAXAS DE JUROS QUE PODEM SER UTILIZADAS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA (toda a teoria e prática mais atual sobre o assunto)

10 (DEZ) ESTE É O NÚMERO DE INDICADORES BÁSICOS PARA UMA BOA ANÁLISE DE EMPRESAS

O QUE É CAPITAL DE GIRO E DE QUE MANEIRA ELE AFETA A CRIAÇÃO (OU DESTRUIÇÃO) DE VALOR PARA O ACIONISTA

VALUATION EM MOEDA CONSTANTE E MOEDA NOMINAL

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 23

INTEGRANDO AS METODOLOGIAS VPL, TIR, MTIR E PAYBACK

COMO FAZER PARA CALCULAR A TIR E O VPL MAIS ALINHADOS COM A REALIDADE

Analisando um Projeto sob o Ponto de Vista Econômico (Lucro) e sob o Ponto de Vista Financeiro (Caixa)

COMO USAR AS PREMISSAS CRÍTICAS (PC S) PARA ACOMPANHAR O VALOR DA EMPRESA?

INDICADORES FIM e INDICADORES MEIO

FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA UTILIZANDO DUAS TAXAS (simultaneamente)

REGRESSÃO LINEAR SIMPLES PARTE III

INVESTIMENTOS SUA IMPORTÂNCIA NA VALORIZAÇÃO DE EMPRESAS ASSOCIADOS

COMO ANALISAR UM NOVO INVESTIMENTO CONSIDERANDO OS EFEITOS COLATERAIS

O QUE É CFROI CASH FLOW RETURN ON

ANÁLISE DA LIQUIDEZ: TROCANDO INDICADORES PONTUAIS POR INDICADORES DINÂMICOS

CUIDADOS NA FIXAÇÃO DE PREÇOS DE

ANÁLISE ECONÔMICA DE CUSTOS E PREÇOS

COMO PROJETAR RAPIDAMENTE O CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO (e alguns cuidados adicionais)

COMO MELHORAR A FORMA DE APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

COMO FINALIZAR A APRESENTAÇÃO DE UM FLUXO DE CAIXA ELABORADO COM BASE EM DEMONSTRAÇÕES CONTÁVEIS (um formato ideal)

TIPOS DE INVESTIMENTOS IMPORTANTES NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- PARTE ll

REGRESSÃO LINEAR SIMPLES PARTE II

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

SINERGIAS, SUNK COSTS E CUSTO DE OPORTUNIDADE NA AVALIAÇÃO DE UM NOVO INVESTIMENTO

COMO EMBUTIR O CUSTO DA INADIMPLÊNCIA NO PREÇO DE VENDA (porque as taxas de juros no varejo parecem tão absurdas )

O QUE É TIR MODIFICADA?

COMO PREPARAR O BALANÇO E A DRE PARA UMA ANÁLISE ECONÔMICA

Francisco Cavalcante Alocação dos gastos fixos para o contrato. Alocação da meta de lucro para o contrato

AS DÚVIDAS MAIS FREQUENTES SOBRE A PROJEÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

FUNDAMENTOS DE FINANÇAS EMPRESARIAIS 7 EVA e a criação de valor. Professor catedrático em gestão, ISEG

EVA ou Lucro: AULA/TEMA. EVA - Teoria e Histórico. EVA ou Lucro: EVA - Teoria e Histórico

Melhores Técnicas de Análise Financeira

Transcrição:

VALUE BASED MANAGEMENT (Gerenciamento Baseado no Valor - GBV) - PARTE I! O que é?! Quais os passos para sua implantação?! O foco na criação de valor para o acionista. Francisco Cavalcante(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. É Sócio-Diretor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. A Cavalcante Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis e compra e venda de participações acionárias. O consultor Francisco Cavalcante já desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral. Paulo Dragaud Zeppelini(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas com MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - IBMEC. Executivo financeiro com carreira desenvolvida em instituições financeiras do segmento de mercado de capitais. Atualmente é consultor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. UP-TO-DATE - N 197 VALUE BASED MANEGEMENT (GERENCIAMENTO 1

ÍNDICE PÁG GBV O QUE É? 03 UP-TO-DATE - N 197 VALUE BASED MANEGEMENT (GERENCIAMENTO 2

GBV - O QUE É? Na essência, o Gerenciamento Baseado no Valor (GBV) é uma mudança no comportamento dos executivos. Consiste em fazê-los pensar e agir como se fossem acionistas. GBV é uma expressão que reúne um conjunto de ferramentas que auxiliam os administradores a operar uma empresa com foco na criação de valor para o acionista. Três principais métodos de avaliação que estão sendo utilizados no GBV: 1. Free Cash Flow ou fluxo de caixa livre é um método proposto pôr empresas de consultoria como McKinsey Co. e LEK / Alcar 2. Economic Value Added / Market Value Added (EVA / MVA) é um método desenvolvido pela Stern Stewart Co. 3. Cash Flow Return on Investment (CFROI) é uma abordagem usada pelo Boston Consulting Group and HOLT Value Associates Embora estas 3 metodologias sejam promovidas como novidades, no fundo elas se reportam à mesma base teórica que está pôr trás do tradicional método do fluxo de caixa descontado, método utilizado com freqüência para analisar novas oportunidades de investimento. UP-TO-DATE - N 197 VALUE BASED MANEGEMENT (GERENCIAMENTO 3

Um novo investimento deverá ser implementado caso seu fluxo de caixa líquido descontado projetado seja positivo. Neste caso, indicará que a entrada de dinheiro é superior à saída de dinheiro. Este excedente de caixa reflete um retorno sobre o investimento superior ao custo do capital empregado. Exemplo: retorno de um investimento de 15% ao ano versus um custo de capital de 10% ao ano. A novidade do GBV é que se transfere para a análise dos investimentos em andamento, a mesma metodologia utilizada na análise de novos investimentos. GBV também fornece a estrutura que une avaliação de desempenho com remuneração variável, requisito de fundamental importância para as empresas que desejam motivar os administradores a agirem de acordo com o interesse dos acionistas. Nos EUA, o interesse crescente pelo GBV tem um relação estreita com o crescimento da participação dos investidores institucionais no capital ordinário das empresas. Os investidores institucionais, notadamente fundos de pensão, pressionam as companhias a criarem valor, condição que geralmente traz a reboque bons dividendos e boa valorização da companhia, tão necessários para fazer frente aos benefícios presentes e futuros de seus beneficiários. Concomitantemente, empresas controladas pôr um ou alguns grupos de investidores apenas, tem interesse na criação de valor, pois esta traz de carona maior competitividade, fundamental para a empresa crescer e se perpetuar no mercado. Alem disso, investidores individuais estão cada vez mais interessados em aplicar seu capital em negócios que ofereçam um retorno minimamente justo UP-TO-DATE - N 197 VALUE BASED MANEGEMENT (GERENCIAMENTO 4

em função da abdicação do consumo presente mais um prêmio por correr risco num negócio de retorno incerto. O valor criado pelo acionista poderá ser observado pelo MVA Market Value Added, determinado através da diferença entre o valor de mercado de uma companhia menos o capital do acionista investido (patrimônio líquido). Exemplo: Número de ações de uma companhia: 1.000 Valor de mercado de cada ação em 31-12-2001: $10 Valor de mercado da empresa para o acionista: $10.000 (1.000 x $10) Capital do acionista (PL) em 31-12-2001: $4.000 MVA em 31-12-2001: $6.000 ($10.000 - $6.000) VALOR DE MERCADO MVA $6.000 $10.000 CAPITAL DO ACIONISTA $4.000 A criação de valor para o acionista depende da combinação entre oportunidade e execução. Uma oportunidade de negócio poderá aparecer e ser capturada ou desenvolvida. UP-TO-DATE - N 197 VALUE BASED MANEGEMENT (GERENCIAMENTO 5

A execução das oportunidades depende de profissionais treinados e motivados para a criação de valor para o acionista. Profissionais incentivados a pensarem e agirem como acionistas. Um bom sistema de GBV amarra os 3 elementos chaves (mas não únicos) de forma a promover um ciclo sustentável de criação permanente de valor: CRIAÇÃO DE VALOR " Oportunidade " Execução AVALIAÇÃO " Free Cash Flow " EVA RECOMPENSA " Incentivo variável Observe no GBV a premissa de sustentação do processo permanente de criação de valor para o acionista. Pôr que criar valor para o acionista é fundamental? Para atrair recursos para novos investimentos. Um acionista bem remunerado manifesta seu interesse em continuar investindo no negócio de 2 maneiras: 1. Aportando capital novo em integralizações se for chamado, e 2. Recebendo menos dividendos e retendo mais lucros para suportar novos investimentos. Na segunda parte deste Up-To-Date vamos finalizar este assunto mostrando como se pode implantar com sucesso a Gestão Baseada no Valor. UP-TO-DATE - N 197 VALUE BASED MANEGEMENT (GERENCIAMENTO 6