INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE. 28 a 31 de dezembro de 2015. Diário Oficial da União de 28.12.2015



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Transcrição:

INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE 28 a 31 de dezembro de 2015 Diário Oficial da União de 28.12.2015 AC nº 08700.012152/2015-64 Requerentes: GS Inima Brasil Ltda. ("GS Inima Brasil"), OAS Soluções Ambientais S/A ("OAS Soluções Ambientais") e SAMAR Soluções Ambientais de Araçatuba ("SAMAR"). Assuntos: aquisição de controle. Mercados envolvidos: serviços de tratamento de água e esgoto. Objeto: aquisição, pela GS Inima Brasil, das ações representativas de 100% do capital social da SAMAR, atualmente detidas pela OAS Soluções Ambientais, com assunção de todos os ativos e passivos da SAMAR e as obrigações a ela relacionadas. Resumo da decisão: a atividade da empresa-objeto consiste no serviço público municipal de tratamento de água e esgoto, mercado já definido pelo CADE e encarado em âmbito municipal no aspecto geográfico. O entendimento do CADE é de que a atividade é desenvolvida privativamente pela concessionária nos limites previstos na concessão outorgada, uma vez que é serviço prestado por empresa particular por meio de contrato de concessão do Poder Público. Logo, trata-se de um monopólio natural que não enseja qualquer sobreposição horizontal ou integração vertical. Dessa forma, o CADE considerou que a presente operação não geraria impactos significativos à concorrência e, por isso, a aprovou sem restrições.

AC nº 08700.012057/2015-61 Requerentes: Gavilon do Brasil Comércio de Produtos Agrícolas Ltda. ("Gavilon"), S.A. Moageira e Agrícola ("Moageira") e Marcelo Vosnika, Roberto Vosnika e Marcos Vosnika ("Pessoas Físicas"). Assuntos: formação de joint-venture. Mercados envolvidos: mercado de atividades de armazenagem e comercialização de trigo. Objeto: formação da joint-venture ("JV") "Moageira Irati Cereais S.A.", voltada para a armazenagem e comercialização de trigo em grãos. Por meio da operação, ocorrerá a aquisição de dois ativos: (i) armazém localizado na cidade de Ipiranga/PR e (ii) armazém localizado na cidade de Irati/PR. A Moageira e a Gavilon passarão a deter 50% de participação cada uma na presente JV. Resumo da decisão: As Requerentes informaram que há possibilidade de integração vertical entre a atividade de originação e armazenagem de trigo em grãos a granel pela Moageira e as atividades de comercialização, importação e exportação de trigo e outros granéis vegetais pela Gavilon. Também informaram que há sobreposição horizontal na atividade de comercialização de trigo em grãos para moinhos nacionais. De acordo com a jurisprudência do CADE (Ato de Concentração nº 08012.008850/2006-22. Requerentes: CHS Inc. e Multigrain Comércio, Exportação e Importação S.A., dentre outros), a dimensão geográfica em relação ao produto "trigo em grão" é considerada nacional. As Requerentes apresentaram petição com dados da Associação Brasileira da Indústria de Trigo ("ABITRIGO"), que apontam que em 2014 o mercado brasileiro de comercialização de grãos de trigo para moinhos foi estimado em 10.300.000 toneladas, com importação de 5.782.791,52 toneladas. A SG-CADE constatou que as participações das Requerentes e de seus grupos econômicos no referido mercado, estariam consideravelmente abaixo de 20%, tanto em relação à armazenagem quanto à comercialização de trigo em grãos, atividades a serem desenvolvidas pela JV. Diante do exposto, a operação foi aprovada sem restrições.

Diário Oficial da União de 29.12.2015 AC nº 08700.012463/2015-23 Requerentes: Elfa Medicamentos Ltda. ("Elfa Medicamentos") e Cirúrgica Jaw Comércio de Material Médico Hospitalar Ltda. ("Cirúrgica Jaw"). Assuntos: aquisição de controle unitário. Mercados envolvidos: mercado de distribuição de medicamentos especiais. Objeto: aquisição da totalidade de quotas representativas do capital social da Cirúrgica Jaw pela Elfa Medicamentos. Cumpre pontuar que a Elfa Medicamentos está sob o controle da Elfa Participações e Administração S.A. ("Elfa Participações"), sociedade holding sem atividades operacionais e controlada pelo fundo de investimento Pátria Brazilian Equity Fund IV ("FIP Pátria IV"). Resumo da decisão: as Requerentes atuam, prioritariamente, com a distribuição de medicamentos. Conforme o Ato de Concentração nº 08700.002221/2013-60 (Requerentes: Nice RJ Participações e Itamaraty Empreendimentos e Participações S.A.), o mercado em tela pode ser segmentado entre: (i) distribuição exclusiva pra farmácias e drogarias independentes ou de grandes redes, chamada de "segmento farma"; (ii) distribuição para hospitais, clínicas e outras unidades de saúde, chamada de "segmento hospitalar"; (iii) distribuição para aquisições de órgãos da administração pública direta ou indireta por meio de licitações, chamada de "segmento institucional"; e (iv) distribuição de medicamentos complexos (de alto custo e alta tecnologia que exigem armazenagem e transporte diferenciados), chamada de "segmento de entrega e demandas especiais". A Elfa Medicamentos atua primariamente com a venda de medicamentos especiais, motivo pelo qual se enquadra no segmento (iv) acima referido. As Requerentes afirmaram que a Cirúrgica Jaw também se enquadra nesse segmento, trazendo que "parcela significativa" de suas vendas é relacionada à distribuição de medicamentos complexos. A SG-CADE entendeu que, independentemente da quantidade exata a que se faz referência com "parcela significativa" a empresa poderá ser incluída no mesmo mercado que a Elfa Medicamentos. Caso contrário, haveria apenas substituição de agente econômico, o que não levantaria preocupações concorrenciais. A Prescrita Medicamentos Ltda. ("Prescrita Medicamentos"), empresa investida da FIP Pátria IV e que integra o mesmo grupo econômico que a Elfa Medicamentos detém uma rede de farmácias especializadas na comercialização de medicamentos para oncologia e tratamentos de fertilidade e patologias de alta complexidade. As Requerentes defendem que sua atuação é diferente devido ao fato de atuar no comércio varejista de medicamentos especiais, vendendo diretamente ao consumidor final e não a hospitais ou clínicas médicas. Todavia, conforme o entendimento do CADE no Ato de Concentração nº 08700.002221/2013-60, citado acima, a própria distribuição de medicamentos especiais poderá ocorrer por meio da oferta de produtos diretamente ao consumidor final. Empresas do segmento de entrega e demandas especiais que atuam no varejo seriam, portanto, incluídas no mercado de distribuição de medicamentos, pelo fato de poderem comprar diretamente da indústria, sem a necessidade de atacadistas ou distribuidores. Assim, a

SG-CADE considerou a Prescrita como atuante no mercado de distribuição de medicamentos especiais. Diante desse cenário, a SG-CADE considerou que haveria sobreposição horizontal no caso em tela, entre as atividades da Elfa Medicamentos, Prescrita Medicamentos e a Cirúrgica Jaw, no tocante à distribuição de medicamentos para o segmento de entregas e demandas especiais. Conforme o entendimento do CADE no Ato de Concentração nº 08700.007805/2015-93 (Requerentes: 4 Bio Medicamentos Especiais Ltda. e Raia Drogasil S.A.), o segmento em questão tem abrangência geográfica nacional. A SG-CADE entendeu, por fim, que devido à recente aprovação do CADE do Ato de Concentração nº 08700.010996/2015-71 que tratou da aquisição, pela Elfa Medicamentos, da Biohosp Produtos Hospitalares Ltda. ("Biohosp") e de parte cindida da Help Farm Produtos Farmacêuticos Ltda. ("Help Farm"), empresas também atuantes na distribuição de medicamentos especiais, a participação de mercado dessas duas novas integrantes do grupo econômico da Requerente seriam incluídas na análise da Operação. Em análise das estimativas trazidas pelas Requerentes baseadas em dados sobre a venda de medicamentos divulgados pela Agência Nacional de Saúde ("ANS"), DataSUS e IMS Health, as participações de mercado da Elfa Medicamentos, Prescrita Medicamentos, Biohosp, Help Farma e da Cirúrgica Jaw com distribuição de medicamentos especiais no Brasil em 2014 foram todas de entre 0-10%, valores pouco relevantes concorrencialmente. Constatando a inexistência de preocupações concorrenciais na operação, assim, a SG-CADE recomendou sua aprovação sem restrições. AC nº 08700.012223/2015-29 Requerentes: I-Ambiental Consultoria e Assessoria em Saneamento Ltda. ("I-Ambiental"), Queiroz Galvão Infraestrutura S.A. ("QGI") e Queiroz Galvão Saneamento S.A. ("QGS"). Assuntos: aquisição de debêntures. Mercados envolvidos: mercado de serviços de captação, tratamento e distribuição de água. Objeto: trata-se de parceria comercial e financeira entre as Requerentes, na qual a Itochu subscreveu e integralizou debêntures emitidas pela QGI que conferirão à Itochu certos direitos e obrigações. Conforme acordos celebrados entre as Requerentes, a Itochu poderá converter as debêntures em ações emitidas pela QGS e detidas pela QGI. Nessa hipótese, a Itochu passaria a deter uma parcela na empresa Saneamento Ambiental Águas do Brasil S.A. ("SAAB" ou "empresa-objeto"), empresa alvo da presente operação. Resumo da decisão: segundo a SG-CADE, o mercado de saneamento de água é considerado monopólio natural, visto que a estrutura de saneamento básico envolve custos fixos elevados, custos marginais muito baixos e, além disso, está sujeito às regras de concessão pública. O contrato de concessão garante que, no mercado relevante, os serviços de saneamento básico serão prestados por prazo determinado e em caráter exclusivo. Assim, as relações de concorrência

se dão ex ante, via processo licitatório. Tal entendimento consta do Ato de Concentração nº 08012.011495/2011-36 (Requerentes: Foz Centro S.A. e Cia. de Saneamento de Tocantins - SANEATINS). Além do exposto, as Requerentes informaram que a Itochu não atua horizontal ou verticalmente no mercado de saneamento de água no Brasil. Uma vez que o Grupo adquirente não possui nenhum investimento relacionado à saneamento de água e que o mercado se caracteriza como monopólio natural, a operação foi aprovada sem restrições.

Diário Oficial da União de 30.12.2015 AC nº 08700.011952/2015-68 Requerentes: ABB Ltd. ("ABB") e Siemens AG ("Siemens"). Assuntos: contrato associativo, consistente em acordo de não reivindicação de propriedade intelectual. Mercados envolvidos: sistemas de corrente contínua de alta tensão ("HVDC") e sistemas flexíveis de transmissão em corrente alternada ("FACTS"). Resultado: não conhecimento da operação. Objeto: celebração de acordo de não reivindicação de direitos de propriedade intelectual entre a ABB Asea Brown Ltd, subsidiária integral da ABB, e a Siemens. O acordo abrange patentes específicas relacionadas a tecnologias HVDC e FACTS, utilizadas na transmissão de eletricidade a longa distância, que foram desenvolvidas de forma independente pelas Requerentes. Resumo da decisão: seguindo o entendimento das agências dos Estados Unidos no seminário "Antitrust Enforcement and Intellectual Property Rights: Promoting Innovation and Competition", a SG-CADE entendeu que um acordo de não reivindicação de direitos de propriedade intelectual teria os mesmos efeitos práticos que um contrato cruzado de licenciamento de patente não exclusivo. Além disso, ressaltou que este seria o mesmo entendimento da Comissão Europeia conforme suas "Orientações sobre a aplicação do artigo 101 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia aos acordos de transferência de tecnologia". Assim, o contrato foi analisado pela SG-CADE com base Resolução do CADE nº 10/2014, uma vez que contratos de licenciamento resultam em uma relação vertical, por meio da qual a licenciada consegue usufruir bens da licenciadora como um insumo para sua atividade econômica, e as Requerentes atuam no mesmo mercado de sistemas HDVC e FACTS. Considerando os requisitos presentes na Resolução do CADE nº 10/2014, a SG-CADE entendeu que o acordo a ser celebrado não configura um contrato associativo. Isso porque, ainda que houvesse participação significativa no mercado relevante, o acordo não prevê compartilhamento de receitas ou prejuízos entre as partes e nem estabelece exclusividade entre as Requerentes. O acordo trata apenas da obrigação de cada parte se abster da reivindicação de direitos de propriedade, o que não limita de qualquer forma o uso das patentes por cada Requerente. A SG-CADE afirmou, ainda, que acordos de não reivindicação de propriedade intelectual podem gerar preocupações concorrenciais. No entanto, essas preocupações não são significativas a ponto de ensejarem controle antitruste ex ante, o que não impede o controle ex post de condutas anticompetitivas resultantes de tais acordos pelo CADE. Diante do exposto, a SG-CADE entendeu que a operação não configura contrato associativo e não se sujeita à notificação obrigatória.

Diário Oficial da União de 31.12.2015 AC nº 08700.012336/2015-24 Requerentes: Fundo de Investimento Imobiliário Caixa Incorporação ("FII") e ONE DI JV Empreendimentos e Participações S.A. ("ONE"). Assuntos: aquisição de participação societária. Mercados envolvidos: mercado de aluguel de imóveis próprios. Objeto: aumento da participação societária detida pelo FII sobre a GT 13 Empreendimentos Imobiliários Ltda., sociedade de propósito específico constituída pela ONE para o desenvolvimento de empreendimento imobiliário localizado na cidade de São Paulo. Resumo da decisão: o FII investe em quotas ou ações de sociedades limitadas, em conjunto com incorporadores, que tenham por objeto investir na realização de empreendimentos imobiliários residenciais. Por sua vez, a One é uma joint venture constituída pela One DI Empreendimentos Imobiliárias Ltda. com a One International Realty L.P. no início de 2014, cujas atividades são investimento e participação em empreendimentos imobiliários na cidade de São Paulo. As empresas consideradas parte do Grupo One DI atuam na incorporação, administração e comercialização de empreendimentos imobiliários. De acordo com as Requerentes, as partes envolvidas buscam assegurar o financiamento do planejamento, incorporação, desenvolvimento, venda e entrega do empreendimento imobiliário residencial a ser desenvolvido pela One no bairro de Itaquera, na Zona Leste da cidade de São Paulo. O aumento da participação do FII na sociedade possibilitaria o financiamento adequado do empreendimento, que será planejado e executado pelo Grupo ONE DI. Sendo assim, o FII não teria por objeto exercer as atividades de incorporação imobiliária e construção e, portanto, a operação não afetaria os negócios e as atividades de cada grupo fora do contexto do referido empreendimento, de modo que não há sobreposições horizontais entre as atividades desenvolvidas pelos grupos. Seria possível cogitar da existência de integração vertical entre as atividades de concessão de crédito, prestada pelo FII, e a própria atividade exercida pela GT 13 no mercado de incorporação imobiliária. Contudo, tal integração seria pouco significante do ponto de vista concorrencial, considerando o grande número de agentes atuantes no mercado de concessão de crédito e a provável irrelevância do empreendimento imobiliário em relação ao contexto da oferta imobiliária nacional. Dessa forma, a SG-CADE entendeu que a presente operação não traz riscos sob a óptica concorrencial. AC nº 08700.012410/2015-11

Requerentes: Arraial do Cabo Empreendimentos Imobiliários Ltda. ("Arraial do Cabo") e Franco da Rocha Investimentos Imobiliários S.A. ("Franco da Rocha"). Assuntos: aquisição de controle. Mercados envolvidos: incorporação imobiliária. Objeto: aquisição, pela Franco da Rocha, da integralidade do capital social da Arraial do Cabo. Em última instância, somente as dez lajes corporativas detidas pela Arraial do Cabo, subdivididas em 20 unidades autônomas, serão objeto da aquisição, uma vez que a cisão da empresa é requisito precedente à realização da operação. Resumo da decisão: segundo a SG-CADE a operação enseja sobreposição horizontal entre as atividades de incorporação imobiliária desenvolvidas pela Arraial do Cabo e as lajes corporativas e os investimentos do Grupo GIC Realty, do qual a Franco da Rocha faz parte, no setor de empreendimentos imobiliários comerciais (escritórios). Segundo precedentes do CADE, o mercado de incorporação imobiliária pode ser definido geograficamente como municipal, ainda que em cidades de grande porte seja possível segmentálo em áreas menores. No caso concreto, todavia, adotou-se como mercado geográfico o município de São Paulo. Conforme informações fornecidas pelas Requerentes, referente a 2015, a cidade de São Paulo possui um estoque total de mais de 7,5 milhões de metros quadrados de área bruta locável ("ABL"). O Grupo GIC Realty possui cerca de 0-10% do total do mercado municipal e as lajes corporativas objeto da operação correspondem a 0-10% do total do mercado municipal. Portanto, após a operação, a Franco da Rocha deteria uma participação total de 0-10% no mercado municipal. Para uma análise mais restrita, foi considerada apenas a região Marginal, onde estão localizadas as lajes objeto da operação. Segundo informações das Requerentes, a região Marginal tem um estoque total de 3.037.200 m 2. Dessa forma, as lajes corporativas representariam apenas 0-10% desse mercado, enquanto o investimento do Grupo GIC corresponderia a 0-10%. A participação total da Franco Rocha no mercado relevante seria, após a operação, de 0-10%. Diante do exposto, a SG-CADE entendeu que a operação não enseja preocupações concorrenciais e recomendou sua aprovação sem restrições. AC nº 08700.012537/2015-21 Requerentes: Concreserv Concreto e Serviços Ltda. ("Concreserv") e InterCement Brasil S.A. ("InterCement"). Assuntos: aquisição de ativos. Mercados envolvidos: mercado de concreto.

Objeto: arrendamento por cinco anos (prorrogáveis em igual período) pela Concreserv de onze centrais de concreto ("Concreteiras") da InterCement. Essas centrais são compostas por ativos, contemplando conjunto de bens, equipamentos e demais pertences, instalados em imóveis com suas benfeitorias e instalações, a serem utilizados na prestação de serviços de concretagem. As Concreteiras estão localizadas nos municípios de Itanhaém/SP, Guarujá/SP, Florianópolis/SC, Curitiba/PR, Contagem/MG, Vespasiano/MG, Cabedelo/PB, Maceió/AL, Salvador/BA, Porto Alegre/RS e Feira de Santana/BA. Resumo da decisão: os mercados de atuação da Concreserv e da InterCement já foram tratados em precedentes do CADE (Ato de Concentração nº 08700.007621/2014-42 - Requerentes: Lafarge S.A. e Holcim Ltda.; Ato de Concentração nº 08700.009163/2013-03 - Requerentes: Serobrita Mineração Ltda. e Empresa Brasileira de Agregados Minerais S.A., dentre outros). Assim, a SG- CADE definiu o mercado de concreto, afetado pela presente operação, como sendo limitado geograficamente a um raio de 50 km a partir da central de dosagem do concreto ou a distância que puder ser percorrida em até 2 horas a partir desse local. Em análise do grupo econômico da Concreserv, a SG-CADE constatou a ausência de Concreteiras fora do estado de São Paulo. Assim, para as unidades de concreto que não as localizadas em Itanhanhaém/SP e Guarujá/SP, ocorreria apenas a substituição de agente econômico. O grupo econômico da Concreserv detém concreteiras em um raio de 50 km das Concreteiras de Guarujá/SP e Itanhahém/SP. Entretanto, após analisar a sobreposição horizontal com base em estimativas relativas à dimensão total do mercado relevante pela suposta produção dos concorrentes da Concreserv em ambos os cenários, a SG-CADE constatou que as participações de mercado de ambas as Concreteiras com outras concreteiras da Concreserv na região representaria entre 0-10%, percentual pouco relevante concorrencialmente e que enseja a aprovação sumária da operação em tela. Pelo exposto, a operação foi aprovada sem restrições. AC nº 08700.011762/2015-41 Requerentes: InterCement Brasil S.A. e Concrecon Concreto e Construções Ltda.. Assuntos: aquisição de ativos. Mercados envolvidos: serviços de concretagem. Objeto: alienação de duas centrais de concreto da Intercement para a Concrecon. Resumo da decisão: segundo a jurisprudência do CADE, o mercado relevante afetado em casos de operações envolvendo centrais de concreto é o mercado de serviços de concretagem, incluindo todos os diferentes tipos de concreto, e as atividades de produção e comercialização desse produto. Do ponto de vista geográfico, a jurisprudência do CADE tem considerado que o mercado de serviços de concretagem alcança um raio de 50 km a partir da localização das centrais de concreto ou pelo tempo máximo de 2h para o lançamento do concreto pelo caminhão betoneira. Como as centrais de concreto adquiridas estão localizadas nos municípios de Aparecida de Goiânia

e Anápolis, ambos de Goiás, as Requerentes declararam que haveria duas possíveis interpretações para a presente operação. O primeiro cenário consideraria dois mercados relevantes distintos, sendo um demarcado pelo raio de 50 km a partir da Central de Concreto de Aparecida de Goiânia e o outro pelo raio de 50 km a partir da Central de Concreto de Anápolis ("Cenário I"). O segundo cenário, por sua vez, seria representado por um mercado relevante geográfico único, compreendido pelas áreas dos dois mercados relevantes definidos no Cenário I ("Cenário II"). De maneira conservadora, a SG-CADE optou por analisar ambos os cenários geográficos propostos pelas Requerentes. No Cenário I, considerando o mercado relevante definido pelo raio de 50 km a partir da central de Anápolis, a SG-CADE verificou que a Concrecon não possui centrais de concreto na região, o que indica que a operação não acarreta sobreposição horizontal neste mercado específico, se tratando de mera substituição de agente econômico. Ainda no Cenário I, ao analisar o mercado definido a partir do raio de 50 km da central de concreto de Aparecida de Goiânia, o CADE notou que existiria sobreposição horizontal entre a central de Aparecida de Goiânia, que está sendo adquirida pela Concrecon, e as centrais localizadas em Goiânia e operadas pela Concrecon. Em um cenário pós-operação, a Concrecon consolidaria uma participação de mercado total entre 20% e 30%, com uma variação do índice Herfindahl-Hirschman Index ("HHI") de 342. A SG-CADE, assim, entendeu que a operação poderia conferir poder de mercado à Concrecon neste cenário específico, razão pela qual analisou a probabilidade de exercício desse poder de mercado adquirido. Para o mercado de serviços de concretagem em um raio de 50 km das centrais de concreto de Aparecida de Goiânia e Anápolis, o CADE concluiu que a Concrecon consolidaria uma participação de mercado total entre 20% e 30%, com uma variação no índice HHI de 320. A SG-CADE entendeu que a operação pode conferir poder de mercado à Concrecon nesse cenário e, assim, optou por realizar a análise da probabilidade do exercício de poder de mercado. Segundo o Guia para Análise Econômica de Atos de Concentração Horizontal expedido pela SEAE e pela SDE, uma das três condições seguintes deve estar presente no mercado em análise para descartar a probabilidade de exercício unilateral de poder de mercado: (i) as importações serem um remédio efetivo contra eventual exercício de poder de mercado; (ii) a entrada de novas empresas ser provável, tempestiva e suficiente ; ou (iii) a rivalidade entre as empresas existentes no mercado ser efetiva. Para o exame, partiu-se da premissa que o concreto é um produto relativamente homogêneo e, portanto, a probabilidade de o poder de mercado ser exercido unilateralmente por uma empresa ou grupo é inversamente proporcional ao número de concorrentes no mercado e ao market share de cada um deles.nesse contexto, também foram levados em consideração que os principais parâmetros que influenciam a escolha do cliente entre os fornecedores de concreto, quais sejam, preço, qualidade distância da central até o local de entrega e condições de fornecimento. A partir de tais parâmetros, constatou-se que a troca de fornecedores pode ser feita de maneira rápida e sem custos pelos clientes, sendo plausível supor que esses sempre buscarão no mercado as melhores condições de preços, o que faz com que as concreteiras concorram diretamente umas com as outras. Dessa forma, a SG-CADE concluiu que a rivalidade inibirá qualquer tentativa de exercício de poder de mercado das Requerentes. Diante do exposto, a operação foi aprovada sem restrições.