O PT e a lenda do Boto cor de rosa

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O PT e a lenda do Boto cor de rosa De: Francisco Uribam Xavier de Holanda O PT e a lenda do Boto cor de rosa. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2013. Por: André Haguette Ph.D. Professor Titular em sociologia Departamento de Ciências Sociais Universidade Federal do Ceará Este livro, O PT e a lenda do Boto cor de rosa, de Francisco Uribam Xavier de Holanda, se junta a vários outros escritos por acadêmicos nos últimos anos sobre o Partido dos Trabalhadores (PT), o governo Lula e o que veio a ser conceituado como lulismo. Citemos quatro, a título de exemplos: Os sentidos do Lulismo. Reforma gradual e pacto conservador, de André Singer, Companhia das Letras, 2012; Lulismo, carisma Pop e cultura anticrítica, de Tales Ab Saber, Hedra, 2011; Lulismo: da era dos movimentos sociais à ascensão da nova classe média brasileira, de Rudá Ricci, Contraponto, 2010; A modernização sem o moderno: análises de conjuntura na era Lula, de Luiz Werneck Vianna, Contraponto, 2011. Ao explicar o título um tanto esotérico do livro, o autor apresenta o objetivo do ensaio: Ao se construir numa alternativa neodesenvolvimentista ou social-democrata mitigada, o PT tornou-se um partido à oposição. Essa metamorfose me fez resgatar uma crença do povo ribeirinho do Rio Amazonas, a lenda do boto cor de rosa. Conta a lenda... que quando uma moça aparece grávida sem ter contraído matrimônio e sem querer revelar quem é o pai, ela conta para a família que estava à

290 RESENHA beira do rio e que fora seduzida pelo boto cor de rosa, que lhe apareceu na forma de um belo rapaz. O PT, em sua trajetória, é uma moça que nasceu carregando uma estrela vermelha, símbolo do compromisso socialista com os explorados pelo capitalismo, mas que ao decidir entrar a qualquer custo no rio do poder Palácio do Planalto ficou grávida de trigêmeos: uma aliança conservadora com os setores mais atrasados da política brasileira, o mensalão e uma gestão social-democrata. Bem, mas se o PT não assume que mudou, fica se escondendo no me engana que eu gosto, de quem pode ser a culpa pela sua metamorfose? Só pode ser do boto cor de rosa, ou seja, da sedução do poder capitalista que aparece na forma de dinheiro, cargo, distinção e poder (p. 15). Assim, o autor quer discutir a metamorfose do PT e do Lula, uma vez no poder; Lula, aliás, que aceitou se autocaracterizar de metamorfose ambulante. Francisco Uribam confessa: há tempos venho me propondo a escrever os sentimentos e percepções que tenho sobre o significado moral e político da trajetória do Partido dos Trabalhadores. Como tantos outros companheiros, Francisco Uribam se desfiliou do PT em 1998, passando de militante convicto e ativo a simpatizante e, finalmente, a ser um crítico. Na qualidade de pesquisador, o autor não nega feitos importantes do PT no poder, para os trabalhadores, como o programa Bolsa Família, mas pretende avaliar se todos esses feitos se portam dentro de uma lógica de construção do Socialismo. Trata-se de avaliar que tipo de projeto de sociedade o PT está construindo. (p.10). Para executar essa avaliação, o livro se divide em uma Introdução, quatro capítulos e Conclusões. Em quarenta e uma páginas do primeiro capítulo, Da nascente ao poder, o autor sobrevoa os embates marcantes da vida política brasileira após a fundação do PT e seu Manifesto de Fundação (candidatura derrotada, ao governo de São Paulo; campanha Diretas já ; Assembleia Nacional Constituinte; eleições para prefeitos e a saga pelo poder, as eleições para a Presidência da República, de 1989, 1994, 1998. 2002). O autor conclui o capítulo recorrendo a Emir Sader:... A apologia do carisma de Lula (...) favoreceu a postura bonapartista de Lula, individualizando a campanha, a vitória e o governo. Seus discursos cada vez mais acentuaram o tom individual da empreitada, dispensando o sujeito coletivo do PT e dos trabalhadores (p. 57). No segundo capítulo, Do Lula paz e amor à perplexidade, Francisco Uribam partindo do documento do Diretório Nacional do PT, de 1999, de três resoluções sobre o PT e a crise mostra que instalado no governo,

ANDRÉ HAGUETTE 291 Lula, contrariando as orientações do documento, dá continuidade a políticas de FHC, as quais, na oposição, criticava. Já o mensalão põe em xeque o capital ético do PT que tanto ostentou para chegar ao poder. O autor ainda desmonta quatro falácias criadas pelo PT para se proteger contra as críticas dos oposicionistas, afirmando que elas não suportam um ligeiro confronto com os fatos produzidos por suas práticas no comando administrativo da coisa pública (p. 91). São elas: o governo não rouba e não deixa roubar ; tem gente incomodada com o sucesso do governo Lula ; existe uma onda de conspiração contra o governo com o intuito de antecipar o debate eleitoral de 2006 ; o governo Lula é um governo republicano. No terceiro capítulo, Deixa o homem trabalhar, o autor argumenta que o governo Lula abandonou o histórico caminho petista dos princípios socialistas e do compromisso com a formação de uma nova cultura política, mesmo reconhecendo o sucesso que o governo Lula obteve com o programa Bolsa Família, complementado por um conjunto de políticas sociais compensatórias. O autor afirma que a política econômica e social do PT não faz é colocar em risco a dinâmica na qual os ricos (banqueiros, construtores, ruralistas, mineradores e operadores de empresas de serviço) ficam cada vez mais ricos. No poder, dando prova de cordialidade, petistas ganharam a confiança dos capitalistas e querem ser como eles: ricos, corruptos e poderosos (p. 113). Na realidade o que o autor reprocha em Lula é o fato de aproveitar-se da enorme popularidade atingida, e de não ter adotado ações factíveis, tais como: uma reforma agrária profunda; a taxação de impostos para as grandes fortunas; a moralização e a eficiência da coisa pública; uma radicalização da democracia com a criação de esferas públicas que deliberassem sobre parte das políticas públicas; a implementação do orçamento participativo no âmbito da federação; uma ampla política que valorizasse a diversidade cultural e regional; uma ação que limitasse os lucros dos bancos para investir o excedente em políticas públicas de saúde e educação; uma política que limitasse a transferência de lucros das empresas internacionais para o exterior. Ao deixar de aplicar tais políticas socialistas, o governo Lula tomou o rumo de uma socialdemocracia. Pior, neoliberal. Escreve: Minha tese sobre o PT é a de que alguns setores, que juntamente com Lula, controlam o partido, assumiram não fazer rupturas com o neoliberalismo para se credenciar junto ao sistema financeiro internacional como os melhores condutores da expansão do capital... (p. 116). Uma vez no poder, diante de uma conjuntura internacional favorável, o PT passou a incorporar de forma mitigada ou possível o projeto social-democrata abandonado pelos tucanos (idem).

292 RESENHA Vale destacar que pela primeira vez o autor usa, nesse capítulo, o conceito lulismo (p. 106) sem, todavia, dar-lhe a mesma importância que outros comentadores do mesmo fenômeno a metamorfose do PT sob a liderança de Lula lhe atribuíram. Os dois governos de Lula teriam abandonado suas teses históricas e características para submeter-se a um novo modo de fazer política e governar, que seria o lulismo. O quarto capítulo, A crise no Senado: o PT assume a cultura patrimonial, descreve e discute mais uma desistência dos petistas no poder. Segundo o autor, em vez de romper categoricamente, como anunciavam os sucessivos documentos e programas do partido dos trabalhadores e pregavam seus militantes, os petistas no poder vão dar continuidade ao velho patrimonialismo, promovendo ações vergonhosas como o mensalão, a balcanização dos cargos públicos e a espetacularização das campanhas políticas. Lula se tornara cúmplice de Sarney e de muitos outros políticos da velha guarda patrimonialista, habitués da política do toma lá, dá cá e da privatização de privilégios (p. 144). Melancolicamente, em apoio à sua tese, o autor cita Max Weber duas vezes, sem explicitar as devidas referências: A política sem cultura e sensibilidade moral seria pouco mais do que cobiça privada realizando-se graças aos meios políticos ; e ainda: o domínio de um grande homem nem sempre é um meio de educação política (145). Em suma, diante da camisa-de-força que o presidencialismo de coalizão representa, o governo Lula não deu indicação de nenhuma ação ou esforço deliberado de inibição das práticas patrimoniais, pelo contrário encontramos todo um esforço para sua expansão, esforço que ficou patente nas disputas internas do PT por cargos todas as vezes que o partido ganhava uma fatia do poder (p. 147). Como dito no início desta resenha, neste livro Francisco Uribam se junta a outros autores que querem entender o PT e Lula no governo, no poder. Muitos, como este, descrevem o afastamento do PT-poder em relação às teses históricas e definidoras do PT-oposição. Daí ter surgido o conceito de lulismo alusivo a uma atuação política diferenciada do PT sob a liderança de Lula, criando uma maneira própria de fazer política e de desfrutar do poder. Creio que a categoria lulismo se manterá por um bom tempo na ciência política brasileira, ao lado de outras como populismo, caudilhismo, etc. Se, como mencionei anteriormente, Francisco Uribam não faz um grande uso do conceito, ele, no entanto, descreve com acuidade as opções, os comportamentos e as políticas de Lula e do PT no poder que os afastaram da opção socialista e os levaram a enveredar por uma socialdemocracia mitigada. As análises são baseadas em fatos e ajudam a ter uma atitude

ANDRÉ HAGUETTE 293 crítica mas não em todo negativa do período Lula no governo. O autor poderia ter explicitado melhor as diferenças conceituais e políticas que julga existir entre socialismo e socialdemocracia, já que se sabe que esta última foi, historicamente, obra de uma conjunção de partidos, governos e sindicatos socialistas. É evidentemente possível entender e justificar o pouco caso que o autor manifesta pela social democracia brasileira, se é que ela existe de fato. Mas a social democracia europeia e, especificamente, a dos países escandinavos alcançaram para os trabalhadores e as classes médias bem-feitos econômicos, políticos, sociais, culturais, ecológicos e de direitos humanos que podem ser chamados de socialistas. O livro de Francisco Uribam, como mencionado no início desta resenha, se harmoniza muito bem com livros conduzidos academicamente, avaliando e discutindo a trajetória do PT e de seus governos federais sob a liderança de Lula. A leitura é estimulante e provocativa, apresentada em uma linguagem descomplicada, argumentativa e baseada em dados e fatos, como deve ser um trabalho de pesquisador. O livro, todavia, contém muitos erros ortográficos que uma revisão competente teria facilmente eliminado. Recebido para publicação em outubro/2014. Aceita em março/2015.