3 FORMAS DE CORROSÃO 3.1. CLASSIFICAÇÃO DA CORROSÃO. 3.1.1. Mecanismos. 3.1.2. Morfologia



Documentos relacionados
Curso de MIQ - Profa. Simone P. Taguchi Borges DEMAR/EEL/USP Proteção de superfícies 1

COLETÂNEA DE INFORMAÇÕES TÉCNICAS AÇO INOXIDÁVEL. Resistência à corrosão dos aços inoxidáveis

TESTES REFERENTES A PARTE 1 DA APOSTILA FUNDAMENTOS DA CORROSÃO INDIQUE SE AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR ESTÃO CERTAS OU ERRADAS

Tópicos Especiais de Corrosão

1. Difusão. A difusão só ocorre quando houver gradiente de: Concentração; Potencial; Pressão.

Qualificação de Procedimentos

CORROSÃO. Química Geral Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

FUNDAMENTOS DA CORROSÃO

ABNT /ASME B31.4

7 Considerações finais

Aula 17 Projetos de Melhorias

ATERRAMENTO ELÉTRICO 1 INTRODUÇÃO 2 PARA QUE SERVE O ATERRAMENTO ELÉTRICO? 3 DEFINIÇÕES: TERRA, NEUTRO, E MASSA.

SOLDAGEM DOS METAIS CAPÍTULO 11 TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM SOLDAGEM

MEIOS DE LIGAÇÃO DE TUBOS

Período de injeção. Período que decorre do início da pulverização no cilindro e o final do escoamento do bocal.

INSTALAÇÃO, LUBRIFICAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS CORRENTES TRANSPORTADORAS PROCEDIMENTO DE INSTALAÇÃO DA CORRENTE

Material para Produção Industrial. Ensaio de Compressão. Prof.: Sidney Melo 8 Período

INSPEÇÃO DE ESTRUTURAS SOLDADAS POR MEIO DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS: LIQUIDOS PENETRANTES E PARTICULAS MAGNETICAS

CORROSÃO DOS MATERIAIS METÁLICOS

AÇOS ESTRUTURAIS. Fabio Domingos Pannoni, M.Sc., Ph.D. 1

PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS EM CIRCUITOS HIDRÁULICOS QUE OCASIONAM FALHAS EM BOMBAS HIDRÁULICAS

Métodos normalizados para medição de resistência de aterramento Jobson Modena e Hélio Sueta *

Prof André Montillo

Usinagem I Parte I Aula 6 Processos não convencionais e MicroUsinagem. Prof. Anna Carla - MECÂNICA - UFRJ

TECNOLOGIA MECÂNICA. Aula 08. Tratamentos Térmicos das Ligas Ferrosas (Parte 2) Tratamentos Termo-Físicos e Termo-Químicos

NPT 015 CONTROLE DE FUMAÇA PARTE 8 18 ASPECTOS DE SEGURANÇA DO PROJETO DE SISTEMA DE CONTROLE DE FUMAÇA

3. Procedimento para Avaliação da Integridade Estrutural em estruturas de equipamentos de transporte e elevação de materiais

Figura Ar sangrado do compressor da APU

Medição de Nível. Profa. Michelle Mendes Santos

1 Introdução simulação numérica termoacumulação

APLICAÇÃO DA PROTEÇÃO CATÓDICA NA PREVENÇÃO DE CORROSÃO DE ADUTORAS E RESERVATÓRIOS METÁLICOS

Se providências não forem tomadas imediatamente, toda a produção de calçados com costuras no solado ficará comprometida.

Componentes Eletrônicos. Resistores, Capacitores e Indutores J.R.Kaschny (2013)

Estes sensores são constituídos por um reservatório, onde num dos lados está localizada uma fonte de raios gama (emissor) e do lado oposto um

PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

MANUAL TAM INSTRUÇÕES GERAIS. A - Introdução

O Conceito de Corrosão Engenharia SACOR, setembro/1999

Aula 4 Instrumentos de Temperatura. Prof. Geronimo

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA Campus RECIFE. Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Materiais para Produção Industrial

Controle II. Estudo e sintonia de controladores industriais

Purgadores da JEFFERSON

TRATAMENTO DA ÁGUA PARA GERADORES DE VAPOR

Conformação dos Metais Prof.: Marcelo Lucas P. Machado

6. ESTIMATIVA DAS FREQÜÊNCIAS. 6.1 Introdução

Distância de acionamento. Distância sensora nominal (Sn) Distância sensora efetiva (Su) Distância sensora real (Sr) 15/03/2015

endurecíveis por precipitação.

LIGAÇÕES INTERATÔMICAS

5 Discussão dos Resultados

BASES MACROMOLECULARES DA CONSTITUIÇÃO CELULAR

ESTRATÉGIA PARA REDUÇÃO DE FRATURAS DE TRILHOS EM TÚNEIS

INTERFERÊNCIAS ELÉTRICAS

Art. 3º - Informar que as críticas e sugestões a respeito da proposta deverão ser encaminhadas para o endereço abaixo:

Desenho e Projeto de Tubulação Industrial

Trabalho Prático N o :. Técnica Operatória da Soldagem SMAW

PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 149 (Novembro/Dezembro de 2003) KÉRAMICA n.º 264 (Janeiro/Fevereiro de 2004)

OTIMIZAÇÃO DE PARÂMETROS DE SOLDA POR DEPOSIÇÃO SUPERFICIALPOR FRICÇÃO EM LIGA DE ALUMÍNIO AL 7075

Portaria n.º 116, de 14 de março de CONSULTA PÚBLICA

Apêndice J Medidores (Descrição para a Unidade de Incineração de Resíduos da Clariant site Suzano - SP)

Estudo de Corrosão em Fundação de Torres Estaiadas

CURSO ONLINE PROFESSORA: MARA CAMISASSA AERODISPERSÓIDES

Público alvo: Profissionais envolvidos com as tarefas de integridade estrutural e extensão de vida útil de equipamentos.

Recomendações para aumento da confiabilidade de junta de expansão de fole com purga de vapor

MECANISMOS DA CORROSÃO. Professor Ruy Alexandre Generoso

Condensação. Ciclo de refrigeração

CAPÍTULO XX APLICAÇÃO DE TINTAS E VERNIZES SOBRE MADEIRAS

Características do processo

Tratamento Térmico. Profa. Dra. Daniela Becker

01/31/2012. Daniel Silva Rodrigues Denis de Mello Luciano de Rezende Silva Wilson Henrique Moraes Freire

DIN INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Ensaios para Avaliação das Estruturas

INFRA-ESTRUTURA PARA INSTALAÇÃO, ATIVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE EILD

ENERGIA DO HIDROGÊNIO - Célula de Combustível Alcalina

Corte Plasma. Processo de corte plasma

COMPRESSOR DE AR COMPRIMIDO

3 Fundamentos Teóricos

Critérios de Resistência

06/08/2014 FUNDAMENTOS DA CORROSÃO, PROTEÇÃO E DURABILIDADE DAS ARMADURAS FUNDAMENTOS DA CORROSÃO FUNDAMENTOS DA CORROSÃO

III-123 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS A PARTIR DE ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Universidade Paulista Unip

Semana de Atividades Científicas 2012 Associação Educacional Dom Bosco Faculdade de Engenharia de Resende Engenharia Elétrica Eletrônica

ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇO

Processos Construtivos

Usinagem com Altíssima Velocidade de Corte

Riscos adicionais. Riscos adicionais. Altura COMISSÃO TRIPARTITE PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO DO SETOR ELETRICO NO ESTADO DE SP - 1

Termopares: calibração por comparação com instrumento padrão

Aperfeiçoe o desempenho do injetor no refino de petróleo

REDUÇÃO E OXIDAÇÃO EM SISTEMAS INORGÂNICOS

BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Disciplina: Instrumentação Eletrônica Prof.: Dr. Pedro Bertemes Filho

Gerencie adequadamente os custos da sua frota

Cortec VpCI 395. Para a limpeza das ferramentas utilizadas, basta lavar as ferramentas com água e sabão neutro.

Caracterização de Termopares

AULA 2 CONTEÚDO: Capítulo 3. Capítulo 5. Capítulo 6. Volume I do Livro Texto. Meios de Ligação de Tubos. Conexões de Tubulação. Juntas de Expansão

APLICAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM COMO CAMADA ANTI-PROPAGAÇÃO DE TRINCAS NA RODOVIA-386 TRECHO TABAÍ-CANOAS

AISI 420 Tratamento Térmico e Propriedades. InTec Introdução

PROCESSOS DE SOLDAGEM

ÂNODO DE SACRIFÍCIO CORRENTE IMPRESSA e- e-

SANEAMENTO AMBIENTAL I CAPTAÇÕES DE ÁGUA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA EDUARDO RIBEIRO DE SOUSA

Instruções de segurança VEGACAL CL6*.DI***HD***

Descrição do processo de priorização para tomada de tempos: Pesquisa ação em uma empresa job shop de usinados aeronáuticos.

GABARITO - DEP34. Questão 1. Questão 2. Questão 3. Questão 4

Transcrição:

44 3 FORMAS DE CORROSÃO Neste capítulo serão apresentadas as classificações utilizadas para corrosão em dutos considerando o mecanismo, morfologia, fenomenologia, dimensionamento e gerenciamento. 3.1. CLASSIFICAÇÃO DA CORROSÃO 3.1.1. Mecanismos Quanto ao mecanismo, a corrosão pode ser classificada como: eletroquímica e química. A principal diferença entre elas é a ocorrência do deslocamento de elétrons que só ocorre na corrosão eletroquímica. Em dutos, é notada a ocorrência apenas da corrosão eletroquímica e como exemplos pode-se citar: corrosão em água ou soluções aquosas; corrosão atmosférica; corrosão pelo solo (processo corrosivo observado em dutos enterrados). 3.1.2. Morfologia No que diz respeito a morfologia, a corrosão em duto pode ser classificada como: uniforme, pitting, intergranular, transgranular, filiforme, empolamento pelo hidrogênio, em torno do cordão de solda. As definições de cada um das classificações são apresentadas a seguir. a) Uniforme - Corrosão que se processa em toda extensão da superfície, ocorrendo perda uniforme de espessura. Segundo Gentil [28], esta terminologia é usada, por alguns, como corrosão generalizada, que, porém não deve ser empregada apenas para corrosão uniforme, pois pode-se ter, também corrosão por pite ou alveolar generalizada, isto é, em toda extensão da superfície corroída.

45 b) Localizada i.pitting Corrosion - As publicações estrangeiras usam somente o termo corrosão por pite (pitting corrosion) que engloba as 3 classificações apresentadas abaixo. No Brasil, estas três classificações apresentadas causam divergências de opiniões, pois em alguns processos corrosivos é difícil caracterizar se as cavidades formadas estão sob a forma de placas, alvéolos ou pites. Para este trabalho será considerada a terminologia estrangeira pitting corrosion. Por placas Corrosão que se localiza em regiões da superfície metálica e não em toda extensão formando placas com escavações. Alveolar Corrosão que se processa na superfície metálica produzindo sulcos ou escavações semelhantes a alvéolos, apresentando fundo arredondado e profundidade geralmente menor que seu diâmetro. Puntiforme ou Pite Corrosão que ocorre em pontos ou pequenas áreas localizadas na superfície metálica produzindo pites, que são cavidades que apresentam o fundo em forma angulosa e profundidade geralmente maior do que o seu diâmetro. ii. Corrosão Intergranular ou Intercristalina Este tipo de corrosão localiza-se entre os grãos da estrutura cristalina do material metálico, o qual perde suas propriedades mecânicas e pode fraturar quando submetido a esforços mecânicos menores que o esperado, como é o caso da corrosão sob tensão fraturante (stress corrosion cracking, SCC). iii.corrosão Transgranular ou Transcristalina ou Intragranular Este tipo de corrosão se processa nos grãos cristalinos da rede cristalina do material metálico, o qual, pela perda de suas propriedades mecânicas poderá fraturar à menor solicitação mecânica, assim como no caso da corrosão intergranular sendo que seus efeitos são muito mais catastróficos que o caso da corrosão intergranular.

46 iv.filiforme Este tipo de corrosão se processa sob a forma de finos filamentos, mas não profundos, que se propagam em diferentes direções e que não se cruzam. Ocorre geralmente em superfícies metálicas revestidas com filmes poliméricos, tintas ou metais ocasionando o deslocamento do revestimento. Ocorre com mais frequência em ambientes cuja umidade relativa do ar é maior que 85% e, em revestimentos mais permeáveis à penetração de oxigênio e água ou apresentando defeitos, como riscos. v.empolamento pelo Hidrogênio O hidrogênio no estado atômico tem grande capacidade de difusão em materiais metálicos. Dessa forma, se o hidrogênio for gerado na superfície de um material, ele migra para o interior e acumula-se em defeitos existentes, como laminações ou inclusões não metálica. Esse hidrogênio pode ser resultante da decomposição da água de cristalização, contida em alguns tipos de revestimento de eletrodo, em processos de soldagem. Mas, também pode ser produto de alguns tipos de reações de corrosão, ou ainda, pode ser gerado pela ação de gases ricos em hidrogênio, ou por meio de outros processos. O hidrogênio acumulado passa da forma atômica a molecular e provoca o aparecimento de altas pressões no interior da falha. Quando o acúmulo de hidrogênio ocorre em falhas próximas à superfície, a deformação pode provocar empolamentos, sendo comum denominar este processo de empolamento pelo hidrogênio. vi.em torno do cordão de solda Tipo de corrosão que se observa na ZTA (zona termicamente afetada) [23].

47 As definições apresentadas anteriormente são ilustradas na figura 3.1. CORROSÃO INTRAGRANULAR (MICROGRAFIA) CORROSÃO EM TORNO DA SOLDA Figura 3.1 Classificações da corrosão segundo sua morfologia [25] 3.1.3. Fenomenologia Em relação aos fenômenos corrosivos, as classificações da corrosão em dutos são: galvânica, eletrolítica, seletiva, induzida por microorganismo, atmosférica, corrosão-erosão [3], sob fadiga, sob tensão, aeração diferencial e em frestas. Todos estes tipos de corrosão são observados em dutos, por isso a seguir serão apresentadas suas respectivas definições. a) Corrosão Galvânica - Corrosão que ocorre quando dois materiais metálicos, com diferentes potenciais, estão em contato em presença de um eletrólito. Este contato causa uma transferência de carga elétrica de um material para outro devido a diferença de potenciais elétricos. Em dutos, a corrosão galvânica pode ser observada quando dois materiais metálicos estão em contato, surgindo assim áreas anódicas e catódicas. Essas áreas existem, por exemplo, quando um tubo novo está em contato com tubos antigos. Este tipo de corrosão também pode ocorrer devido a presença de tubos concretados em

48 alguns trechos do duto e a partir de metais diferentes usados durante a soldagem na tubulação. b) Corrosão Eletrolítica Corrosão ocasionada em estruturas metálicas enterradas ou submersas, como resultado de correntes elétricas de interferência que também são chamadas de correntes de fuga, estranhas, parasitas, vagabundas ou espúrias. É importante informar que as correntes de fuga que causam maiores danos são as correntes contínuas ou as alternadas de baixa frequência. c) Corrosão Seletiva Corrosão em que há remoção preferencial de um ou mais elementos de liga. Ocorre por influência metalúrgica, do ambiente a que o material está exposto e a química da água. Em dutos, a corrosão seletiva pode ocorrer na região da solda ou em torno da costura. A ação corrosiva na região da costura é maior do que em suas adjacências. d) Corrosão Induzida por Microorganismos (MIC) - Corrosão que pode ser desencadeada ou acelerada, pelo resultado da atividade metabólica dos microorganismos. Este tipo de corrosão pode causar várias formas de corrosão localizada, com altas taxas e podem ocorrer em locais onde não seria previsível. Quando ocasionada por bactérias, que podem ser classificadas como aeróbias ou anaeróbias, a corrosão é chamada de corrosão bacteriana. Em dutos, a corrosão induzida por microorganismos pode causar perdas de metal internas ou externas. As bactérias não atacam o aço diretamente, mas criam alterações no eletrólito o que aumenta a atividade de corrosão. Elas não só convertem sulfatos em ácido sulfúrico, que ataca o tubo, mas também consomem o hidrogênio, o que destrói o filme de polarização em proteção catódica e aumenta a corrente exigida para uma proteção catódica eficiente.

49 e) Corrosão por Aeração Diferencial - Corrosão decorrente da exposição de um metal em uma solução apresentando diferentes concentrações ou pressões parciais de oxigênio. A corrosão por aeração diferencial ocorre frequentemente em regiões intermediárias entre dois meios, como ar e água ou ar e solo, por exemplo: em tubulações parcialmente enterradas, tubulações sujeitas à deposição de partículas sólidas, etc. A figura 3.2 mostra uma região em que a probabilidade de ocorrer corrosão por aeração diferencial é alta caso não seja realizado práticas de prevenção. Figura 3.2 Tubulação entrando no solo [28] f) Corrosão em Frestas Corrosão localizada que ocorre em fissuras ou fendas entre duas superfícies metálicas ou entre superfícies metálicas e não metálicas. Nos dutos, como se pode observar na figura 3.3, a corrosão em fresta pode ocorrer entre o suporte e a tubulação. Figura 3.3 Corrosão em Frestas [26]

50 g) Corrosão Atmosférica - Processo corrosivo de estruturas metálicas aéreas. A ação desta corrosão depende fundamentalmente dos fatores: umidade relativa, substâncias poluentes (gases, particulados), temperatura, tempo de permanência do filme de eletrólito na superfície metálica e fatores climáticos. h) Corrosão Associada a Solicitações Mecânicas - Corrosão resultante da associação simultânea dos seguintes elementos: meio corrosivo, tensões aplicadas ou residuais e susceptibilidade dos materiais. i.corrosão Erosão - Corrosão decorrente da ação combinada e simultânea de fenômenos físicos e químicos sendo caracterizada por sua aparência sob forma de sulcos, crateras, ondulações, furos arredondados e por um sentido direcional de ataque. A figura 3.4 mostra um exemplo desta corrosão. Figura 3.4 Corrosão Erosão Fonte:http://www.ammonite-corrosion.com/degrade.html Em dutos, o processo erosão-corrosão ocorre mais intensamente em estrangulamentos ou em desvios de fluxos, como cotovelos, curvas e derivações. ii. Corrosão sob Fadiga - Aparecimento de trincas nos metais ou ligas, decorrentes da associação de um processo corrosivo, geralmente de natureza eletroquímica, à aplicação de tensões cíclicas na estrutura. Ocorre mais frequentemente em tubulações transportando vapores ou líquidos, de temperaturas variáveis.

51 iii.corrosão sob Tensão (Stress Corrosion Cracking) - Corrosão resultante da ação combinada de tensões e meios corrosivos. Neste tipo de corrosão, a perda de espessura é muitas vezes desprezível e a falha do material se manifesta por meio de trincas até chegar a fratura mesmo que submetido a esforços mecânicos menores que o esperado. Em dutos existem dois tipos principais de corrosão sob tensão que causam a falha de dutos: corrosão sob tensão em ph quase neutro e corrosão sob tensão em ph elevado. A corrosão sob tensão em ph elevado ocorre em uma faixa de potencial, entre -600 à -750 mv (Cu/CuSO 4 ), em solo com concentração elevada de carbonato/bicarbonato e em ph maior que nove e tipicamente, dentro de uma distância de até 20 quilômetros da estação de bombeio. Aqui as trincas se propagam de forma intergranular. A corrosão sob tensão em ph elevado também pode estar associada ao aumento de temperatura de operação. A corrosão sob tensão em ph quase neutro é considerada a forma não clássica do fenômeno de corrosão sob tensão. Este processo corrosivo ocorre em uma faixa de ph que varia de 5.5 a 7.5 e em potenciais eletroquímicos na faixa de -760 à -790 mv (Cu/CuSO 4 ), condição em que a proteção catódica não é efetiva para proteção do duto. Aqui as trincas se propagam de forma transgranular. Este tipo de corrosão também ocorre predominantemente junto à estação de bombeio. A corrosão sob tensão em ph quase neutro também está associada a concentrações de CO 2 em água enterrada e climas mais frios. A diferença entre os processos corrosivos sob tensão e sob fadiga ocorre devido a natureza das tensões. Enquanto a corrosão sob fadiga ocorre devido à aplicação de tensões dinâmicas (cíclicas ou alternadas), a corrosão sob tensão resulta da aplicação de tensões estáticas.

52 3.1.4. Dimensionamento O documento Specifications and Requirements for Intelligent Pig Inspection of Pipelines [27] publicado pelo Pipeline Operators Forum (POF) propõe uma classificação para a perda de metal detectada no duto que considera a geometria da anomalia (largura e comprimento) comparando a mesma com a espessura do tubo onde a corrosão está localizada. Vale informar que a partir desta classificação que o operador do duto pode avaliar as especificações de capacidade de detecção e dimensionamento das ferramentas ILI disponíveis no mercado. Segundo o documento do POF [27], as perdas de metal são classificadas como: alvéolo, generalizada, pinhole, risco axial, risco circunferencial, sulco axial e sulco circunferencial. Estas classificações são apresentadas na tabela 3.1 e na figura 3.5. Tabela 3.1 Classificação da perda de metal segundo o dimensionamento [27] Generalizada (General) Alvéolo (Pitting) Classificação Definição Referência (Comprimento x Largura) {[W 3A] e [L 3A]} {([1A W < 6A] e [1A L < 6A] e [0.5 < L/W < 2]) e não ([W 3A] e [L 3A])} 4 A x 4 A 2 A x 2 A Sulco Axial (Axial Grooving) {[1A W < 3A] e [L/W 2]} 4 A x 2 A Sulco Circunferencial (Circumferential Grooving) {[L/W 0.5] e [1A L < 3A]} 2 A x 4 A Pinhole {[0 < W < 1A] e [0 < L < 1A} ½ A x ½ A Risco Axial (Axial Slotting) {[0 < W < 1A] e [L 1A]} 2 A x ½ A Risco Circunferencial (Circumferential Slotting) {[W 1A] e [0 < L < 1A]} ½ A x 2 A Notas: Se a espessura do tubo (w.t) é menor que 10 mm, então A= 10 mm. W / A Risco Circunferencial Sulco Circunferencial Generalizada Se a espessura do tubo (w.t) é maior ou igual a 10 mm, então A= espessura do tubo (w.t.). W= largura (width) e L = comprimento (length) Alvéolo Sulco Axial Risco Axial Figura 3.5 Classificação do documento POF para perda de metal segundo o dimensionamento [27] L / A

53 3.1.5. Gerenciamento As principais metodologias de gestão de integridade de dutos, como: Muhlbauer [11], API 1160 [2], ASME B31.8S [10], e regulamentações, como o RTDT [9], classificam a corrosão para o gerenciamento em: corrosão atmosférica, corrosão externa e corrosão interna. a) Atmosférica Termo atribuído aos processos corrosivos em estruturas aéreas (localizadas externamente à parede do tubo). b) Externa Termo atribuído aos processos corrosivos que ocorrem em dutos enterrados e estão localizadas na região externa à parede do tubo. A figura 3.6 mostra um exemplo desta corrosão Figura 3.6 Foto corrosão externa Fonte: PipeWay Engenharia c) Interna Termo atribuído aos processos corrosivos que ocorrem em dutos enterrados e estão localizadas na região interna à parede do tubo. A figura 3.7 mostra a foto de uma corrosão interna devido a níveis elevados de água salgada e CO 2. Figura 3.7 Corrosão interna [28] No decorrer deste trabalho a classificação utilizada para a corrosão será a de gerenciamento (atmosférica, externa e interna). E vale ressaltar que a corrosão sob tensão está englobada no grupo corrosão externa.

54 3.2. PREVENÇÃO DE FALHAS POR CORROSÃO EM DUTOS Para prevenir a corrosão em dutos Gentil [23] utilizou a proposta de Vernon que considera a localização da estrutura a ser analisada: atmosfera, submersa em água, subterrânea. Dentre as classificações da corrosão apresentadas anteriormente, no item 3.1, a que mais se aproxima da proposta de Vernon é a classificação quanto ao Gerenciamento de Corrosão, onde os dutos aéreos representam as estruturas localizadas na atmosfera e os dutos enterrados, as estruturas subterrâneas. Os métodos de prevenção são específicos para cada tipo de corrosão. Por exemplo, para prevenir corrosão interna é uma prática comum efetuar a limpeza interna do duto com pigs de limpeza. No entanto, esta mesma prática é indicada no combate à corrosão atmosférica e externa. Por isto, para cada classificação da corrosão segundo o gerenciamento (interna, externa e atmosférica) foram apresentadas técnicas que auxiliam na prevenção e na redução da taxa de corrosão. Estes métodos foram agrupados em 4 categorias que se baseiam na utilização de revestimentos e na modificação do processo de corrosão, do meio corrosivo e do metal, como se pode ver na tabela 3.2. O método baseado na modificação do processo apresenta os meios de proteção aos fenômenos corrosivos. Neste grupo foram listados os seguintes conjuntos de práticas preventivas: utilizar proteção catódica, anódica, isolamento elétrico [1], tubo camisa [1] e limpeza interna por pig; evitar o contato de metais heterogêneos, a existência de frestas, mudanças bruscas de direção no escoamento com a presença de sólidos em suspensão; prever soldas bem acabadas, drenagem de água, sobre-espessura de corrosão e fácil acesso para inspeção em regiões susceptíveis à corrosão; controlar correntes de interferência; reduzir os níveis de tensões para evitar, por exemplo, corrosão sob tensão e sob fadiga. Já o método baseado na modificação do meio corrosivo visa a modificar sua agressividade através da alteração de suas características físicas ou químicas, ou da adição de compostos químicos ao meio corrosivo. Neste grupo foram listadas as seguintes práticas preventivas: emprego de inibidores de corrosão e desaeração; purificação ou diminuição da umidade do ar; redução de temperatura; controle do ph.

55 O método baseado na modificação do metal consiste na seleção do material metálico adequado para o meio corrosivo. Neste método estão incluídas as seguintes práticas: utilização de ligas resistentes à corrosão; aumento da pureza do material; aplicação de tratamentos térmicos para aumentar a resistência à corrosão. Os revestimentos também foram apresentados como métodos de combate à corrosão e constituem-se em uma barreira entre o metal e o meio corrosivo. Tabela 3.2 Métodos de Proteção à Corrosão CORROSÃO Atmosférica Externa Interna Métodos baseados na modificação do processo corrosivo Evitar que metais dissimilares estejam ligados entre si. Prever fácil acesso às regiões susceptíveis à corrosão para realizar inspeção. Prever soldas bem acabadas Prever drenagem de água de qualquer origem. Prever sobre-espessura de corrosão. Evitar frestas. Purificação ou diminuição da umidade do ar. Emprego de Inibidores de Corrosão. Aumento da Pureza. Utilização de ligas resistentes à corrosão. Aplicação de tratamentos térmicos para o aumento da resistência à corrosão. Emprego de revestimentos orgânicos [20,24], inorgânicos [28-29] e metálicos [28-29]. Evitar que metais dissimilares estejam ligados entre si. Prever fácil acesso às regiões susceptíveis à corrosão para realizar inspeção. Prever soldas bem acabadas Prever drenagem de água de qualquer origem. Prever sobre-espessura de corrosão Emprego de proteção catódica. Uso de anodos [1] de sacrifício. Reduzir os níveis de tensões para valores abaixo do limite mínimo para ocorrência de corrosão sob tensão, quando o limite existir. Isolamento Elétrico [1]. Pontos de Medição [1]. Tubo camisa.[1] Controle de correntes de interferência. Métodos baseados na modificação do meio corrosivo Purificação ou diminuição da umidade do ar. Emprego de desaeração. Redução de Temperatura Emprego de Inibidores de Corrosão. Métodos baseados na modificação na modificação do metal Aumento da Pureza. Utilização de ligas resistentes à corrosão. Aplicação de tratamentos térmicos para o aumento da resistência à corrosão. Métodos baseados nos revestimentos protetores Emprego de revestimentos orgânicos, inorgânicos e metálicos. Evitar que metais dissimilares estejam ligados entre si. Prever fácil acesso às regiões susceptíveis à corrosão para realizar inspeção. Prever soldas bem acabadas. Prever sobre-espessura de corrosão Emprego de proteção catódica. Evitar mudanças bruscas de direção no escoamento de fluidos contendo sólidos em suspensão. Limpeza Interna (pig). Purificação ou diminuição da umidade do ar. Emprego de desaeração. Redução de Temperatura Emprego de Inibidores de Corrosão. Controle do ph. Aumento da Pureza. Utilização de ligas resistentes à corrosão. Aplicação de tratamentos térmicos para o aumento da resistência à corrosão. Emprego de revestimentos Orgânicos, inorgânicos e metálicos.