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Transcrição:

INTRODUÇÃO Primeiramente, deve-se compreender e entender o sentido e o significado de finanças que, corresponde ao conjunto de recursos disponíveis circulantes em espécie que serão usados em transações e negócios com transferência e circulação de dinheiro. Sendo que há necessidade de se analisar a fim de se ter exposto a real situação econômica dos fundos da empresa, com relação aos seus bens e direitos garantidos. Se formos analisar, veremos que as finanças fazem parte de nosso cotidiano, no controle dos nossos recursos para compras e aquisições, tal como no gerenciamento e própria existência da empresa nas suas respectivas áreas, seja no marketing, produção, contabilidade e, principalmente na administração geral de nível tático, gerencial e estratégico em que se tem dados e informações financeiras para a tomada de decisão na condução da empresa. A administração financeira é uma ferramenta ou técnica utilizada para controlar da forma mais eficaz possível, no que diz respeito à concessão de credito para clientes, planejamento, analise de investimentos e, de meios viáveis para a obtenção de recursos para financiar operações e atividades da empresa, visando sempre o desenvolvimento, evitando gastos desnecessários, desperdícios, observando os melhores caminhos para a condução financeira da empresa, já que esta pode ser considerada como o sangue ou a gasolina da empresa que possibilita o funcionamento de forma correta, sistêmica e sinérgica, passando o oxigênio ou vida para os outros setores. Sendo preciso circular constantemente, possibilitando a realização das atividades necessárias, objetivando o lucro, maximização dos investimentos, mas acima de tudo, o controle eficaz da entrada e saída de recursos financeiros, podendo ser em forma de investimentos, empréstimos entre outros, mas sempre visionando a viabilidade dos negócios, que proporcionem não somente o crescimento mas o desenvolvimento e estabilização pois, por falta de planejamento e controle financeiro é que muitas quebram, apresentando insuficiência e inexistência de suporte para sua organização, sendo indiscutivelmente necessárias de informações do Balanço Patrimonial, no qual Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 2

se contabiliza estes dados na gestão financeira, se analisando detalhadamente para a tomada de decisão. OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E COMPROMISSO COM A ÉTICA. Todo administrador da área de finanças deve levar em conta, os objetivos dos acionistas e donos da empresa, para daí sim, alcançar seus próprios objetivos, pois conduzindo bem o negócio, cuidando eficazmente da parte financeira, conseqüentemente ocasionará o desenvolvimento e prosperidade da empresa, de seus proprietários, sócios, colaboradores internos e eternos, e logicamente de si próprio no que tange ao retorno financeiro, mas principalmente a sua realização como profissional e pessoal. Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a serem alcançadas nesta área dependendo da situação e necessidade, e de que ponto de vista e posição serão escolhidos estes objetivos. Mas, no geral a administração financeira serve para manusear da melhor forma possível os recursos financeiros e tem como objetivo otimizar o máximo que se puder o valor agregado dos produtos e serviços da empresa a fim de se ter uma posição competitiva mediante a um mercado repleto de concorrência, proporcionando deste modo, o retorno positivo a tudo o que foi investido para a realização das atividades da mesma, estabelecendo crescimento financeiro e satisfação aos investidores. Não deixando de mencionar que não há necessidade de se agir sem ética profissional ou ilegalmente, agindo de má fé com os outros e com si mesmo, pois um ambiente em que se trabalha em cima de mentiras e falsas informações não é propicio ao sucesso e ambiente agradável, pois não haverá verdade, compromisso, motivação, respeito e lealdade dos que cercam à empresa, deste modo como se conseguir o sucesso? E este é um fator que deve ser refletido, pois de nada vale se conseguir recursos e capital a partir de mentiras, sofrimento e desilusão dos colaboradores, parceiros e agentes internos ou externos que de uma forma ou de outra são a razão da existência da empresa, e fazem o empreendimento caminhar, faz-se referencia desde ao funcionário ou diretor ate o cliente, por isso deve-se ter responsabilidade e compromisso com todos os tipos de atividades, logicamente visionando a lucratividade, mas jamais decorrentes da dor e prejuízo de outrem, tendo sempre o compromisso com a responsabilidade e integridade do próprio nome da empresa, mas é claro que esta, uma opinião ou medida que ainda faz e fará muita contradição e disparidades de idéias e concepções, já que muitas das vezes o bolso fala Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 3

muito mais alto, mas há necessidade de se refletir sobre esta situação e apresentar a prática da responsabilidade social. Em verdade, a atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem como proceder aos ajustes e correções necessários. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 4

MÓDULO 01 FLUXO DE CAIXA x DRE O pequeno empresário é uma pessoa que necessita de muita informação, mas dispõe de pouco tempo para calculá-la. Tendo em vista esse problema. Nosso desafio foi o de pensamos quais os controles financeiros mais adequados para uma pequena empresa. Nossa experiência mostra que existem no mínimo dois controles que são fundamentais para o pequeno empresários e com eles, o mesmo terá diariamente uma visão do que está ocorrendo com sua empresa. Podendo com isso gerenciá-la de forma segura e eficaz. Esses dois controle são: Fluxo de Caixa e Demonstração do Resultado do Exercício DRE. Para entenderemos e montarmos os dois, é necessário termos algumas noções de contabilidade. REGIME DE COMPETÊNCIA O reconhecimento das receitas e gastos é um dos aspectos básicos da contabilidade que devem ser conhecidos para poder avaliar adequadamente as informações financeiras. O regime de competência é um princípio contábil, que deve ser, na prática, estendido a qualquer alteração patrimonial, independentemente de sua natureza e origem. Sob o método de competência, os efeitos financeiros das transações e eventos são reconhecidos nos períodos nos quais ocorrem, independentemente de terem sido recebidos ou pagos. Isto permite que as transações sejam registradas nos livros contábeis e sejam apresentadas nas demonstrações financeiras do período no qual os bens (ou serviços) foram entregues ou executados (ou recebidos). É apresentada assim uma associação entre as receitas e os gastos necessários para gerá-las. As demonstrações financeiras preparadas sob o método de competência informam aos usuários não somente a respeito das transações passadas, que envolvem pagamentos e recebimentos de dinheiro, mas também das obrigações a serem pagas no futuro e dos recursos que Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 5

representam dinheiro a ser recebido no futuro. Portanto, proporcionam o tipo de informações sobre transações passadas e outros eventos, que são de grande relevância aos usuários na tomada de decisões econômicas. As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. Para todos os efeitos, as Normas Brasileiras de Contabilidade elegem o regime de competência como único parâmetro válido, portanto, de utilização compulsória no meio empresarial. RECONHECIMENTO DAS RECEITAS As receitas consideram-se realizadas: o Nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; o Quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; o Pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; o No recebimento efetivo de doações e subvenções. RECONHECIMENTO DOS GASTOS Consideram-se incorridas os gastos: o quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; o pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; o pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. REGIME DE CAIXA Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 6

Sob o regime de caixa, os recebimentos e os pagamentos são reconhecidos unicamente quando se recebe ou se paga mediante dinheiro ou equivalente. Este método é freqüentemente usado para a preparação de demonstrações financeiras de entidades públicas. Isto é devido ao fato de que o objetivo principal da contabilidade governamental é identificar os propósitos e fins para os quais se tenham recebido e utilizados os recursos, e para manter o controle orçamentário da citada atividade. Alguns aspectos da legislação fiscal permitem a utilização do regime de caixa, para fins tributários. Porém, de modo algum o regime de competência pode ser substituído pelo regime de caixa numa entidade empresarial, pois se estaria violando um princípio contábil. Se a legislação fiscal permite que determinadas operações sejam tributadas pelo regime de caixa, isto não significa que a contabilidade deva, obrigatoriamente, seguir seus ditames. Existem livros fiscais (como o Livro de Apuração do Lucro Real LALUR), que permitem os ajustes necessários e controles de tal tributação, á margem da contabilidade. O que não se pode nem se deve é submeter a contabilidade a uma distorção, apenas para cumprir a necessidade de informação de um único organismo, como é o caso do fisco. Conceitualmente, o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. O fluxo de caixa é de fundamental importância para as empresas, constituindo-se numa indispensável sinalização dos rumos financeiros dos negócios. Para se manterem em operação, as empresas devem liquidar corretamente seus vários compromissos, devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo em seu caixa nos momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas operações. O conflito básico da administração financeira resume-se no conhecido dilema risco x retorno. A manutenção de saldos de caixa propicia folga financeira imediata a empresa, revelando melhor capacidade de pagamento de suas obrigações. Neste posicionamento, a administração não deve manter suas reservas de caixa em níveis elevados como forma de maximizar a liquidez. Ao contrário, deve buscar um volume mais adequado de caixa sob pena de incorrer em custos de Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 7

oportunidades crescentes. É indispensável que a empresa avalie criteriosamente seu ciclo operacional, de maneira a sincronizar as características de sua atividade com o desempenho do caixa. Os fluxos de caixa costumam apresentar-se sob diferentes formas: restritos, operacionais e residuais, podendo ainda relacionar o conjunto das atividades financeiras da empresa dentro de um sentido amplo, decorrente das operações. É importante que se avalie também que limitações de caixa não se constituem em característica exclusiva de empresas que convivem com prejuízo. Empresas lucrativas podem também apresentar problemas de caixa como conseqüência do comportamento de seu ciclo operacional. Por outro lado, problemas de caixa costumam ocorrer, ainda, em lançamentos de novos produtos, fases de expansão da atividade, modernização produtiva etc. Dependendo, evidentemente, da qualidade do controle e complexidade de atuação da empresa, os dados financeiros necessários para a elaboração do fluxo de caixa podem ser levantados segundo outros critérios pelos analistas internos, inclusive a partir de sistemas de informações on line. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 8

REGIME DE CAIXA X REGIME DE COMPETÊNCIA Data = 3 de Fevereiro Venda de mercadoria a prazo = 1.000,00 Prazo = 30 dd. Regime de Competência DRE Fevereiro/2008 Faturamento 1.000,00 CMV (300,00) Lucro 700,00 Regime de Caixa Fluxo de Caixa Fevereiro/2008 Entradas 1 2 3 4 Recebimentos dezembro.07 1.500,00 Recebimentos janeiro.08 2.000,00 1.700,00 Recebimentos fevereiro.08 2.600,00 2.300,00 4.000,00 Total Entradas 4.100,00 4.300,00 4.000,00 1.700,00 Fluxo de Caixa Março/2008 Entradas 1 2 3 4 Recebimentos janeiro.08 3.100,00 Recebimentos fevereiro.08 1.000,00 1.000,00 3.600,00 Recebimentos março.08 4.380,00 1.450,00 Total Entradas 3.100,00 5.380,00 2.450,00 3.600,00 Este esquema permite explicar porque o lucro não aparece no caixa. Podemos dizer que o lucro é um resultado econômico e o saldo de caixa um resultado financeiro. Embora saibamos que o lucro também é "dinheiro" que a empresa tem direito, mas ele não "aparece" no fluxo de caixa como um depósito. Dizemos que ele é incorporado ao saldo de caixa da empresa sem que a mesma "sinta" este processo. Desta forma torna-se muito difícil seu controle e sua administração. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 9

Exercício: Data = 03 de agosto de 2008 Contas para lançar: Venda de mercadoria a prazo = 5.000,00 (recebimento em: Ent.=50% e 30 dias= 50%) CMV = 30% do faturamento Fornecedores = 300,00 (pagamento em 30 dias) Custos Fixos = 700,00 (pagamento todo dia 4) Impostos = 12% do faturamento bruto (pagamento dia 2 do mês seguinte) Investimentos = 1.500,00 (pagamento todo dia 5) DRE Agosto/2008 Faturamento Bruto 5.000,00 Impostos (600,00) Faturamento Líquido 4.400,00 CMV (1.500,00) Lucro Bruto 2.900,00 Custos Fixos (1.000,00) Lucro Líquido 1.900,00 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 10

Fluxo de Caixa Agosto/2008 Entradas 1 2 3 4 5 Recebimentos de junho 200 150 Recebimentos de julho 400 600 Recebimentos de agosto 2.500 Total Entradas 200 400 2.500 150 600 Saídas Fornecedores Custos Fixos 1.000 Investimentos 1.500 Impostos 600 Total Saídas - 600-1.000 1.500 Fluxo de Caixa Saldo Inicial 100 300 100 2.600 1.750 Saldo do Dia 200 (200) 2.500 (850) (900) Saldo Final 300 100 2.600 1.750 850 Fluxo de Caixa Setembro/2008 Entradas 1 2 3 4 5 Recebimentos de julho 100 50 150 Recebimentos de agosto Recebimentos de setembro 2.500 Total Entradas 100 50 2.500-150 Saídas Fornecedores 300 Custos Fixos 1.000 Investimentos 1.500 Impostos 600 Total Saídas - 600 300 1.000 1.500 Fluxo de Caixa Saldo Inicial #REF! #REF! #REF! #REF! #REF! Saldo do Dia 100 (550) 2.200 (1.000) (1.350) Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 11

Resposta: Data = 03 de agosto de 2008 Contas para lançar: Venda de mercadoria a prazo = 5.000,00 (recebimento em: Ent.=50% e 30 dias= 50%) CMV = 30% do faturamento Fornecedores = 300,00 (pagamento em 30 dias) Custos Fixos = 700,00 (pagamento todo dia 4) Impostos = 12% do faturamento bruto (pagamento dia 2 do mês seguinte) Investimentos = 1.500,00 (pagamento todo dia 5) DRE Agosto/2008 Faturamento Bruto 5.000,00 Impostos (600,00) Faturamento Líquido 4.400,00 CMV (1.500,00) Lucro Bruto 2.900,00 Custos Fixos (1.000,00) Lucro Líquido 1.900,00 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 12

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Fluxo de Caixa Agosto/2008 Entradas 1 2 3 4 5 Recebimentos de junho 200 150 Recebimentos de julho 400 600 Recebimentos de agosto 2.500 Total Entradas 200 400 2.500 150 600 Saídas Fornecedores Custos Fixos 1.000 Investimentos 1.500 Impostos 600 Total Saídas - 600-1.000 1.500 Fluxo de Caixa Saldo Inicial 100 300 100 2.600 1.750 Saldo do Dia 200 (200) 2.500 (850) (900) Saldo Final 300 100 2.600 1.750 850 Fluxo de Caixa Setembro/2008 Entradas 1 2 3 4 5 Recebimentos de julho 100 50 150 Recebimentos de agosto Recebimentos de setembro 2.500 Total Entradas 100 50 2.500-150 Saídas Fornecedores 300 Custos Fixos 1.000 Investimentos 1.500 Impostos 600 Total Saídas - 600 300 1.000 1.500 Fluxo de Caixa Saldo Inicial 850 950 400 2.600 1.600 Saldo do Dia 100 (550) 2.200 (1.000) (1.350) Saldo Final 950 400 2.600 1.600 250 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 14

MÓDULO 02 PONTO DE EQUILÍBRIO O Ponto de Equilíbrio (break even point), também conhecido como Ponto de Ruptura ou Ponto de Nivelamento, nasce da conjugação dos custos totais com as receitas totais. Neste contexto, os custos e despesas fixas seriam totalmente absorvidos para que, a partir daí, a empresa possa iniciar seu retorno do investimento com a obtenção de lucro. O Ponto de Equilíbrio indica a capacidade mínima que a empresa deve operar para não ter prejuízo. É, portanto, a relação entre o volume de vendas e a lucratividade, determinando o nível de vendas necessário para cobrir os custos operacionais. Ou ainda, é o ponto em que a empresa se equilibra, servindo também para mostrar a magnitude dos lucros ou perdas da empresa se as vendas ultrapassarem ou caírem para um nível abaixo desse ponto. Pode-se evidenciar o ponto de ruptura pela ótica contábil, econômica e financeira, dependendo da necessidade do analista, que assim são definidos: Contábil: é o ponto em que a receita é igual ao custo total, correspondendo a um determinado nível de produção, ou volume de operações; Econômico: são adicionados os custos de oportunidade e outros do gênero. Neste caso, existe um lucro que correspondente à remuneração esperada pelos acionistas sobre o capital investido; Financeiro: consideram-se apenas os custos desembolsados (Ponto de Equilíbrio de Caixa). Normalmente, as empresas consideram que todas as variáveis de entrada deste modelo (preço de venda e custos fixos e variáveis) são conhecidas com certeza (modelo determinístico). No entanto, algumas ou todas as variáveis do modelo podem apresentar um comportamento aleatório (modelo probabilístico). Segundo Hoel (1963), o termo aleatório é utilizado para indicar que o valor que tal variável assume num experimento depende da ocorrência do experimento que, por sua vez, depende do acaso. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 15

Adicionalmente, no cenário econômico atual, onde as empresas geram diversos produtos, a utilização de diferentes sistemas de custeio e de critérios diferenciados de rateio dos custos e despesas fixos possibilita um número infinitamente grande de divergentes resultados para os PE por produto e global de uma empresa. A análise do Ponto de Equilíbrio tem seu lugar de destaque para as considerações preliminares sobre o custo, o volume de produção e os lucros projetados da entidade quando do planejamento. Esta análise deve permitir compreender como o lucro pode ser afetado pelas variações nos elementos que integram as receitas de vendas e os custos e as despesas totais. O Ponto de Equilíbrio constitui-se num indicador importante do risco operacional de certo negócio quando comparado com a capacidade de produção ou com a demanda máxima do mercado. Obviamente, quanto mais próximo destes limites estiver o Ponto de Equilíbrio, ou seja, quanto menor for sua margem de segurança, maior será o risco operacional. A margem de segurança, nos estudos de Ponto de Equilíbrio, é a diferença entre o que a empresa pode produzir e comercializar, em quantidade de produtos, e a quantidade apresentada no Ponto de Equilíbrio. Chama-se margem de segurança porque mostra o espaço que a empresa tem para gerar lucro após atingir o Ponto de Equilíbrio. Conforme é mostrado no gráfico abaixo. Gráfico do Ponto de Equilíbrio Faturamento Valores Monetários ($) $ Prejuízo PE Lucro Despesa t Tempo Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 16

O cálculo do Ponto de Equilíbrio, no entanto, tradicionalmente, assume algumas hipóteses simplificadoras que influenciam a interação entre o modelo e o mundo real, pois eliminam a incerteza, inerente à análise. As suposições básicas são: É possível separar os componentes fixo e variável de cada item de custo: em muitos casos práticos um dado item de custo pode ter um comportamento misto, ou seja, pode constituir-se num certo valor constante dentro de certos intervalos do volume de operações, mas, também, pode elevar-se à medida que se passa para um intervalo superior de produção, nele permanecendo constante até um novo intervalo; Os custos fixos totais não se alteram com a variação do volume de produção; O preço de venda permanece inalterado com a variação do volume de produção; As condições e políticas operacionais são constantes: significa que a análise, quando efetuada, baseia-se em certas estimativas de custo de mão-de-obra, matéria-prima, preço de venda de produtos ou serviços, bem com em um limite de capacidade operacional, que não podem ser alterados facilmente; Que a empresa produz em determinado período é vendido neste mesmo período. Deve-se observar, também, que: Estruturas diferenciadas em termos de composição de custos e despesas fixos e variáveis provocam diferenciadas condições de resistências a oscilações nos volumes e preços de venda; Devido às distorções causadas pela arbitrariedade do rateio dos Custos Indiretos de Fabricação (CIF), além da variabilidade provocada pela divisão dos custos totais pelas unidades produzidas no período (quanto menos se produz maior o custo por unidade?) é difícil a identificação de custos e despesas fixos aos produtos e, conseqüentemente, a determinação do Ponto de Equilíbrio específico de cada ítem, o que dificulta a determinação do melhor mix de produção para a empresa. O distanciamento dessas suposições básicas da realidade empresarial determina discussões mais profundas e a busca de alternativas para melhorar a informação, de forma a permitir o uso do conceito do Ponto de Equilíbrio em sua plenitude. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 17

RISCO E INCERTEZA NA ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO Onde houver atividades que envolvam tomada de decisão, estarão presentes ou o risco, ou a incerteza ou ambos. Isso se deve ao fato de que uma vez escolhida a alternativa, dentre outras colocadas no problema de decisão, o seu resultado esperado pode sofrer variações em função de estados da natureza. Os estados da natureza são as ocorrências futuras que podem influir sobre as alternativas, fazendo com que elas possam apresentar mais de um resultado. Desse modo, os resultados esperados de decisões sobre o nível mínimo de vendas para fins de determinação do nível de operações e da lucratividade, por meio da análise do Ponto de Equilíbrio, também estão sujeitos a variações em função dos estados da natureza. Então, faz-se necessário que a análise do Ponto de Equilíbrio leve em consideração o risco e a incerteza. Neste curso, o conceito utilizado é o de Ponto de Equilíbrio Contábil, que, tradicionalmente é representado pela fórmula: CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO 1º Passo: Margem de Contribuição MC = FAT CV Onde: MC = Margem de Contribuição FAT = Faturamento CV = Custos Variáveis 2º Passo: Razão de Contribuição Unitária RC(u) = MC / FAT Onde: RC(u) = Razão de Contribuição Unitária MC = Margem de Contribuição FAT = Faturamento 3º Passo: Ponto de Equilíbrio PE = CFT / RC(u) Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 18

Onde: PE = Ponto de Equilíbrio CFT = Custos Fixos Totais RC(u) = Razão de Contribuição Unitária Exemplo: 1. Margem de Contribuição MC MC = FAT CV MC = 100.000 20.000 MC = 80.000 2. Razão de Contribuição Unitária RC(u) RC(u) = MC / FAT RC(u) = 80.000 / 100.000 RC(u) = 0,8 3. Ponto de Equilíbrio PE PE = CFT / RC(u) PE = 50.000 0,8 PE = 62.500 Prova PE 62.500 (-) CV (12.500) MC 50.000 (-)CFT (50.000) Lucro 0 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 19

Exercício: De acordo com os dados abaixo, calcule o Ponto de Equilíbrio para esta empresa. Dados da empresa: Faturamento (FAT) = 50.000,00 Custos Variáveis (CV) = 75% (do faturamento) Custos Fixos Totais (CFT) = 30.000,00 Solução: Resposta: 1. Margem de Contribuição MC MC = FAT CV MC = 50.000 37.500 MC = 12.500 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 20

2. Razão de Contribuição Unitária RC(u) RC(u) = MC / FAT RC(u) = 12.500 / 50.000 RC(u) = 0,25 3. Ponto de Equilíbrio PE PE = CFT / RC(u) PE = 30.000 / 0,8 PE = 120.000 Prova PE 120.000 (-) CV (90.000) MC 30.000 (-)CFT (30.000) Lucro 0 PONTO DE EQUILÍBRIO COM LUCRO Exemplo: Dados da empresa: Faturamento (FAT) = 100.000,00 Custos Variáveis (CV) = 20% (do faturamento) Custos Fixos Totais (CFT) = 50.000,00 PE 100.000 X (-) CV (20.000) - 0,2 X MC 80.000 100.000 (-) CFT (50.000) (50.000) LUCRO 30.000 50.000 x 0,2x = 100.000 0,8x = 100.000 x = 100.000 / 0,8 x = 125.000 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 21

Prova PE 125.000 (-) CV (25.000) MC 100.000 (-) CFT (50.000) LUCRO 50.000 Exercício: Com os dados abaixo calcule o Ponto de Equilíbrio para esta empresa ter um lucro de R$40.000,00 PE 100.000 X (-) CV (20.000) - 0,2 X MC 80.000 90.000 (-) CFT (50.000) (50.000) LUCRO 30.000 40.000 Prova PE 112.500 (-) CV (22.500) MC 90.000 (-) CFT (50.000) LUCRO 40.000 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 22

Resposta: PE 100.000 X (-) CV (20.000) - 0,2 X MC 80.000 90.000 (-) CFT (50.000) (50.000) LUCRO 30.000 40.000 x 0,2x = 90.000 0,8x = 90.000 x = 90.000 / 0,8 x = 112.500 Prova PE 112.500 (-) CV (22.500) MC 90.000 (-) CFT (50.000) LUCRO 40.000 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 23

MÓDULO 03 CAPITAL DE GIRO Também chamado de working capital (capital de trabalho). Como parte relevante do capital total, o capital de giro é absolutamente essencial para o desempenho das unidades econômicas e, em função de sua composição técnica, deve, antes de tudo, ser visto como um montante de recursos necessário para colocar e manter as empresas em funcionamento. Por outro lado, ao contrário do capital fixo, cuja mensuração é relativamente simples, o capital circulante apresenta dificuldades para sua mensuração. Tais dificuldades surgem, basicamente, em razão das diferentes formas que este capital assume no processo de valorização; ou seja, nas três fases do ciclo completo de reprodução: circulação (compra), produção, e circulação (venda). Acrescenta-se a isto a interdependência dos movimentos de cada unidade econômica no processo de valorização de seus capitais, frente aos demais agentes econômicos. Sua caracterização inicial pode ser concebida a partir da noção de ciclo/rotação do capital, ao considerar-se que o capital de giro é aquela parcela do capital que é totalmente consumida em cada período especifico do ciclo produtivo, transferindo seu valor integralmente para o valor da mercadoria. Sua composição, em geral, expressa-se em aplicações, investimentos ou disponibilidades em ativos monetários (caixa, depósitos bancários à vista e aplicações no mercado aberto), duplicatas e contas a receber, estoques, adiantamentos a fornecedores, e outros investimentos que estejam relacionados com a atividade de compra, transformação e venda dos bens ou serviços gerados pela empresa. Outra característica essencial do capital de giro está associada a seu prazo de conversão em dinheiro, ou seja, seu prazo de rotação relativamente curto em contraposição ao capital fixo. Este prazo de rotação, ou o tempo necessário para que uma aplicação em insumos se transforme novamente em dinheiro, pode ser representado pelo ciclo de produção mais o prazo de recebimento das vendas (Braga, 1991 e 1997). Desde logo, percebe-se que este ciclo varia de empresa para empresa, conforme razões de ordem externa (tecnologia disponível, situação econômica, etc.) e interna (tipo de produto, organização da produção, níveis de compra, prazos de venda concedidos, políticas de desconto e cobrança, etc.). Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 24

Com efeito, torna-se bastante frágil e inadequado estabelecer medidas genéricas do montante do capital de giro. Uma decisão de investimento deve necessariamente incluir não só o capital fixo, o qual está vinculado mais diretamente à instalação/implantação do empreendimento, mas também o capital de giro, como um dos componentes do investimento total da firma absolutamente necessário ao seu funcionamento. Outra característica importante a ser apontada é o alto peso relativo do investimento em ativos circulantes em muitas empresas, notadamente nos setores de serviços e comércio. Esta participação, por sua vez, tende a se alterar ao longo do tempo, assim como sua composição interna também se modifica. Do exposto, pode-se conceituar o capital de giro como a parcela do investimento total da firma que representa o montante de recursos necessários ao seu funcionamento corrente, no contexto de seu ciclo operacional, ou ciclo de valorização do capital. Sob este aspecto é que se pode considerar o capital de giro um "mal necessário" enquanto dinheiro incluído no volume de investimentos que geram lucro, fato que induz que seja minimizado o volume investido nestes ativos (Gitman, 1997). É oportuno lembrar que, não só a forma monetária do capital circulante seria considerada ociosa, mas também suas outras formas - estoques e duplicatas a receber - enquanto não se convertem em produtos acabados ou moeda. Esta ociosidade, analogamente ao caso anterior, justificaria a tendência a minimizar o investimento nestas parcelas. CAPITAL DE GIRO E SAZONALIDADE DA EMPRESA O capital de giro, por sua vez, pode ser segmentado em fixo (ou permanente) e variável (ou sazonal). O capital de giro permanente refere-se ao volume mínimo de ativo circulante necessário para manter a empresa em condições normais de funcionamento. O capital de giro variável, por seu lado, é definido pelas necessidades adicionais e temporárias de recursos verificadas em determinados períodos e motivadas, principalmente por compras antecipadas de estoques, maior morosidade no recebimento de clientes, recursos do disponível em trânsito, maiores vendas em Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 25

certos meses do ano, etc. Estas operações promovem variações temporárias no circulante, e são por isso denominadas de sazonais ou variáveis. A composição básica do capital de giro das firmas - disponibilidades; estoques de matérias-primas, de materiais secundários, de produtos em processo e de produtos acabados); e duplicatas a receber - resulta de uma série de variáveis. Assim, fatores tais como a organização da produção; as políticas de compra, de venda, de cobrança; estratégia frente a diferentes situações econômicas e a concorrência, acabam determinando esta composição. Transações que aumentam o capital de giro: o Lucro líquido do exercício. o Obtenção de crédito de longo prazo. o Aumento do volume de estoques de matéria-prima e/ou produtos acabados. o Aumento do tempo de produção. o Concessão de prazos mais longos para o cliente. o Redução do prazo de pagamento aos fornecedores Transações que reduzem o capital de giro: o Prejuízo líquido do exercício. o Compra de imobilizado (máquinas, equipamentos, etc.) à vista ou a curto prazo. o Resgate antecipado de dívida de longo prazo. o Diminuição do estoque de matéria prima e/ou produtos acabados. o Diminuição do tempo de produção. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 26

Transações que não Afetam o Capital de Giro: o Recebimento de duplicatas a receber. o Aquisição de mercadoria à vista ou a curto prazo. o Conversão da uma dívida de curto prazo em outra de curto prazo. o Venda imobilizado (máquinas, equipamentos, etc.) recebível a longo prazo. o Aquisição de máquinas, equipamentos, etc. pagáveis a longo prazo. o Aporte de capital para compra de máquinas, equipamentos, etc. o Venda de estoques de produtos acabados a vista ou a curto prazo pelo preço de custo. NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO Entender a dimensão do capital de giro, as formas de mensurá-lo e de como financiá-ia, é entender as conseqüências de sua modificação em uma unidade, relativamente aos demais agentes: ou seja, é entender como a reestruturação nos componentes do ativo e do passivo de algumas unidades/segmentos se faz em detrimento da situação de outros agentes econômicos. Para isso descrevemos abaixo o método desenvolvido por Fleuriet de cálculo de Necessidade de Capital de Giro NCG: Exemplo: Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 27

Vendas anuais = 60.000,00 Prazo pg. Contas Valor anual (em dias) Saldo Duplicatas a receber 60.000 30 5.000 Estoques de mat-prima 13.000 18 650 Est. de prod. em elab. 20.000 9 500 Est. de prod. Acabados 25.000 36 2.500 Fornecedores 13.000 9 325 Salários a pagar 5.400 10 150 Obrigações fiscais 8.100 15 338 Ativo Cíclico Passivo Cíclico Duplicatas a receber 5.000 Fornecedores 325 Estoques de mat-prima 650 Salários a pagar 150 Est. de prod. em elaboração 500 Obrigações fiscais 338 Est. de prod. Acabados 2.500 Total 8.650 Total 813 NCG 7.838 A empresa precisará de recursos. : Exercício: Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 28

Vendas anuais = 40.000,00 Prazo pg. Contas Valor anual (em dias) Saldo Duplicatas a receber 100.000 20 5.556 Estoques de mat-prima 5.000 10 139 Est. de prod. em elab. 2.000 9 50 Est. de prod. Acabados 12.000 36 1.200 Fornecedores 30.000 60 5.000 Salários a pagar 26.000 30 2.167 Obrigações fiscais 9.000 40 1.000 Ativo Cíclico Passivo Cíclico Duplicatas a receber 5.556 Fornecedores 5.000 Estoques de mat-prima 139 Salários a pagar 2.167 Est. de prod. em elaboração 50 Obrigações fiscais 1.000 Est. de prod. Acabados 1.200 Total 6.944 Total 8.167 NCG (1.222) Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 29

Resposta: Vendas anuais = 40.000,00 Prazo pg. Contas Valor anual (em dias) Saldo Duplicatas a receber 100.000 20 5.556 Estoques de mat-prima 5.000 10 139 Est. de prod. em elab. 2.000 9 50 Est. de prod. Acabados 12.000 36 1.200 Fornecedores 30.000 60 5.000 Salários a pagar 26.000 30 2.167 Obrigações fiscais 9.000 40 1.000 Ativo Cíclico Passivo Cíclico Duplicatas a receber 5.556 Fornecedores 5.000 Estoques de mat-prima 139 Salários a pagar 2.167 Est. de prod. em elaboração 50 Obrigações fiscais 1.000 Est. de prod. Acabados 1.200 Total 6.944 Total 8.167 NCG (1.222) A empresa não precisará de recursos. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 30

MÓDULO 04 ENDIVIDAMENTO Uma parcela significativa das empresas de pequeno porte que conhecemos financia seus negócios exclusivamente com o uso de capital próprio, e deixa de lado as opções externas como empréstimos de bancos ou outras fontes. Várias destas empresas ostentam orgulhosamente sua condição de autosuficiência financeira como um atestado de saúde e boa gestão. Expressões pitorescas do tipo "balanço limpo" ou "caixa saudável" não são incomuns e sugerem que esta atitude anti-endividamento talvez não seja uma decisão consciente de estratégia financeira, mas um traço cultural do empreendedor brasileiro. Razões há para que a pequena empresa controle com muito cuidado suas dívidas e as altas taxas de juros brasileiras só enfatizam estas razões. ENDIVIDAMENTO E RISCO DO NEGÓCIO O endividamento aumenta o risco do negócio, pois cria obrigações financeiras fixas que devem ser cumpridas independentemente da receita, que varia ao sabor do mercado e de outras forças. Isto aumenta a probabilidade de estresse financeiro, que pode eventualmente levar a empresa à crise ou mesmo à falência. Uma das fontes deste aumento vem do próprio mercado. Segundo pesquisa feita em 1994 com aproximadamente 46 mil empresas americanas, em períodos de desaquecimento econômico, as empresas mais endividadas perdem mercado para seus concorrentes e assim sofrem mais redução em sua receita. Empresas com índice de endividamento maior do que 40% tiveram aumento de vendas 13% menor do que as demais - para aquelas com endividamento maior do que 60% o aumento de vendas foi 26% menor que as demais. Estes efeitos foram verificados em empresas de todos os portes, mas tendem a ser mais críticos nas menores. Em teoria, em períodos de crise estas firmas tendem a tomar decisões que desagradam seus clientes e que os levam a abandoná-las, além de estarem mais expostas à ação oportunista dos concorrentes. Além disto, por darem informações menos completas e Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 31

transparentes aos credores, recebem menos apoio da parte deles em momentos de risco. QUANDO EMPRESTAR É SAUDÁVEL Mas há também razões a favor do endividamento, e a principal é o aumento do retorno do capital dos proprietários, ao contrário do que a crença comum apregoa na nossa economia de juros altos. Mesmo que as taxas de juros sejam altas, alguns projetos podem apresentar rentabilidade mais alta ainda. Se a empresa não dispuser de capital próprio para financiá-los, poderá fazê-lo com recursos obtidos via empréstimos e ainda assim ter um projeto lucrativo. A diferença entre o custo do financiamento e a rentabilidade do projeto ficará disponível para os proprietários da firma. O simples processo de seleção de projetos pela rentabilidade implica em disciplina administrativa, que é, sem dúvida, um sinal de saúde da firma. Sem esta disciplina, a firma seleciona projetos segundo outros fatores menos benéficos para seu próprio futuro. EQUILÍBRIO ENTRE CAPITAL PRÓPRIO E DE TERCEIROS Razões a favor e contra demonstram a necessidade de se encontrar o equilíbrio certo entre capital próprio e de terceiros, e esta é uma das tarefas mais importantes de qualquer gerente financeiro. Ela o obriga a ter um bom grau de controle que inevitavelmente permeia toda a administração. Controle e disciplina não fazem mal a ninguém, ao contrário, robustecem a empresa e a preparam para os tempos difíceis, e desta forma o financiamento externo pode ser visto como uma vacina. Se não for usado ou for usado em excesso, a empresa estará menos preparada. Uma administração financeira competente, que faz bom uso de todas as opções disponíveis para financiar seus negócios e projetos não deve ser motivo de vergonha, mas sim de orgulho por parte das empresas e seus proprietários. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 32

PRINCIPAIS DÍVIDAS Créditos de Funcionamento: são os créditos de fornecedores, salários, impostos, encargos sociais e despesas a pagar, como: alugueis, seguros, água, energia, propaganda,etc. A empresa pode assumir esses crédito até o limite em que os pagamentos fiquem ligeiramente aquém das entradas de caixa decorrentes do recebimento das vendas. Financiamentos: são recursos obtidos em instituições financeiras privadas ou oficiais para financiamento de aplicações específicas no giro ou no Ativo Permanente. Normalmente os financiamentos são tomadas para suportar a expansão da empresa, seja no Ativo Circulante, seja no Permanente ou quando do início de atividades, para a empresa atingir determinado nível de operações que a torne economicamente viável. Empréstimos Bancários: são créditos obtidos junto a instituições financeiras a Curto Prazo ou a pouco mais de um ano. Os créditos obtidos sob esta modalidade destinam-se a complementar o financiamento do Ativo Circulante. Existem um método de cálculo de Grau de Alavancagem que adaptamos para a pequena empresa, conforme é demonstrado a seguir. O QUE É UMA DÍVIDA BOA? Existe uma dívida boa? Uma dívida só é boa para uma empresa quando ela proporciona aumento de vendas futuras. Devemos tomar cuidados com os riscos envolvidos no curto prazo. Exemplo de dívida boa: o Compra de equipamento para produção. o Com pagamento no longo prazo de preferência. O QUE É UMA DÍVIDA RUIM? Toda dívida mal calculada é ruim, mesmo que seja para um investimento. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 33

Existem dívidas que sempre são ruins? o Algumas, principalmente as que são para honrar compromissos de curto prazo, por exemplo: salários, fornecedores, etc. Exemplo: Situação Variações no faturamento. base 5% 10% -5% -10% Faturamento 200.000 126.000 132.000 114.000 108.000 Custos variáveis (80.000) (50.400) (52.800) (45.600) (43.200) Margem de contribuição 120.000 75.600 79.200 68.400 64.800 Custos operacionais fixos (35.000) (35.000) (35.000) (35.000) (35.000) Lucro Bruto 85.000 40.600 44.200 33.400 29.800 Endividamento (3.000) (3.000) (3.000) (3.000) (3.000) Lucro Líquido 82.000 37.600 41.200 30.400 26.800 Grau de Endividamento 1,46 2,01 1,92 2,25 2,42 Exercício: Situação Variações no faturamento. base 5% 10% -5% -10% Faturamento 100.000 52.500 55.000 47.500 45.000 Custos variáveis (50.000) (26.250) (27.500) (23.750) (22.500) Margem de contribuição 50.000 26.250 27.500 23.750 22.500 Custos operacionais fixos (30.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) Lucro Bruto 20.000 16.250 17.500 13.750 12.500 Endividamento (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) Lucro Líquido 10.000 6.250 7.500 3.750 2.500 Grau de Endividamento 5,00 4,20 3,67 6,33 9,00 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 34

Resposta: Situação Variações no faturamento. base 5% 10% -5% -10% Faturamento 100.000 52.500 55.000 47.500 45.000 Custos variáveis (50.000) (26.250) (27.500) (23.750) (22.500) Margem de contribuição 50.000 26.250 27.500 23.750 22.500 Custos operacionais fixos (30.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) Lucro Bruto 20.000 16.250 17.500 13.750 12.500 Endividamento (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) Lucro Líquido 10.000 6.250 7.500 3.750 2.500 Grau de Endividamento 5,00 4,20 3,67 6,33 9,00 Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 35

MÓDULO 05 PLANEJAMENTO FINANCEIRO Em tempos de economia global, onde cada vez mais o amadorismo e o improviso estão desaparecendo é indispensável a presença de um planejamento. No mundo de negócios atual onde inovações no processo de gestão empresarial são necessárias, informações são transmitidas a velocidade da luz, oportunidades de negócios surgem nos mais diferentes locais do globo, para tanto a empresa que deseja permanecer e ampliar seu mercado tem que estar preparada para estes desafios entre outros. Nesse contexto de uma economia global surge um dos fatores responsáveis para a obtenção do sucesso empresarial, o processo de planejamento financeiro. Por definição, o homem de negócios é objetivo e prático. Partindo desse principio vem-se ao encontro ao planejamento financeiro das empresas, que visa dar a sustentação necessária para execução de planos estratégicos a curto e a longo prazo, direcionando toda a ação empresarial com vistas a atingir as metas orçamentárias previstas. PLANEJAMENTO FINANCEIRO A expressão planejamento tem em seu significado literal o ato ou efeito de planejar; trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; planificação, processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações (pelo governo, pela direção de uma empresa, etc.) visando à consecução de determinados objetivos; elaboração de planos ou programas governamentais, especialmente na área econômica e social. Já financeiro significa, relativo às finanças, à circulação e gestão do dinheiro e de outros recursos líquidos. Contudo, o conceito de planejamento financeiro tem-se a junção desses dois conceitos levados para um plano empresarial. Atualmente onde a economia sofre variações e encontra-se vulnerável a fatores globais, o plano financeiro empresarial tende a ser mais valorizado e apreciado em primeiro plano no momento de se tomar uma decisão direcionar suas ações com vistas a atingir seus objetivos imediatos e a longo prazo onde um grande montante de recursos está envolvido. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 36

Um plano financeiro eficaz deve dar à luz no momento de expor as ligações das diferentes propostas de investimento ligadas às várias atividades operacionais da empresa e as opções de financiamento disponíveis a ela no mercado. De modo paralelo, um plano financeiro atribui a empresa à chance de desenvolver, analisar e comparar muitos cenários de diferentes ângulos, permitindo assim, que questões relativas às linhas futuras de negócios da empresa e os melhores esquemas de financiamento se necessários, sejam analisados. O planejamento dá a empresa subsídios, para que não seja surpreendida e possa ter uma alternativa já prevista, caso tenha que tomar uma decisão. É um dos aspectos importantes para funcionamento e sustentação de uma empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos. Dois aspectos-chave do planejamento financeiro são o planejamento de caixa e de lucros. O primeiro envolve o planejamento do orçamento de caixa da empresa; por sua vez, o planejamento de lucros é normalmente realizado por meio de demonstrativos financeiros projetados, os quais são úteis para fins de planejamento financeiro interno, como também comumente exigidos pelos credores atuais e futuros. Um bom planejamento financeiro deve prever o que acontecerá caso o planejado não ocorra, frustrando as expectativas dos executivos e do mercado ou se o mercado não estiver aquecido o suficiente para dar o retorno esperado. Deste modo, o objetivo do planejamento financeiro é evitar surpresas e desenvolver planos alternativos. CINCO ERROS FREQÜENTES DE PLANEJAMENTO EMPRESARIAL Diversos erros podem ser cometidos na fase de planejamento de um negócio. Desses erros, existem cinco que são mais freqüentes. Todos eles podem ser fatais para a continuidade do negócio. São os seguintes: Superdimensionamento das receitas: As estimativas de vendas tendem a ser otimistas quando se elaboram as projeções. A melhor forma de evitar o problema é fazer previsões mais rigorosas, ainda que sejam mais demoradas. Além disso, também pode-se aplicar um redutor sobre as projeções, a título de margem de segurança. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 37

Subdimensionamento de custos: As projeções tendem a estimar custos menores do que os efetivos. As mesmas recomendações feitas para diminuir os erros das projeções de receitas são aplicáveis às projeções de custo. Excessiva imobilização de capital: O capital deve ser utilizado na dosagem certa. Não deve ser de menos nem de mais. Quando uma empresa faz uma excessiva imobilização de capital, tem dois preços a pagar. O mais brando é a perda de eficiência do retorno desse capital. O mais grave é comprometer sua capacidade de contornar eventuais imprevistos financeiros. Atraso no início das operações: na fase de planejamento é elaborado um cronograma de instalação da empresa, onde um dado importante é o início da geração de caixa e da qual depende a viabilidade econômica da empresa. Se ocorrem atrasos significativos no cronograma de implantação, a lucratividade ou mesmo a saúde financeira da empresa podem ficar comprometidos. Financiamento mal estruturado: qualquer financiamento deve ser estruturado dentro do conceito de finanças de projeto. Segundo esse conceito, o pagamento do financiamento deve estar atrelado ao cronograma de geração de caixa. Assim, o contrato de financiamento deve ter prazos de carência e de amortização adequados ao fluxo de caixa a ser gerado pela empresa. Essa adequação envolve, inclusive, considerações sobre as incertezas naturais que afetam a geração de caixa. Significa dizer que a carência e o prazo de amortização devem permitir que uma redução de até 15% na geração de caixa projetada não afete a capacidade da empresa em pagar o financiamento. PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO Os planos financeiros a curto prazo são ações planejadas para um período curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros. Não há uma definição globalmente aceita para finanças a curto prazo. A diferença mais significante entre finanças de curto prazo e finanças de longo prazo é a duração da série de fluxo de caixas. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 38

As finanças a curto prazo consistem em uma análise das decisões que afetam os ativos e passivos circulantes, com efeitos sobre a empresa dentro do prazo de um ano. As finanças a curto prazo fazem a empresa ter uma abordagem mais técnica sobre aspectos no que dizem respeito ao nível de caixa a ser mantido num banco para pagamento de contas, quanto de matéria prima deve-se encomendar e quanto de crédito deve ser concedido aos clientes. Um dos pontos chave para o sucesso do planejamento financeiro de uma empresa concentra-se na previsão de vendas, pois partindo dessa previsão são criados planos de produção alternativos que levam em conta o tempo que será necessário para converter a matéria-prima em produto acabado, como os tipos e quantidades de matérias-primas necessárias. Acabado os planos de produção, a empresa tem dados suficientes para estimar as necessidades de mão-de-obra, despesas de fábricas e operacionais. Sendo apuradas todas essas estimativas, pode-se preparar a demonstração do resultado e o orçamento de caixa projetado. Existem alguns passos a serem seguidos para se fazer um planejamento financeiro de curto prazo. São eles: 1. Programação de vendas: 1.1. Análise de sensibilidade: nesta etapa observa-se qual o lucro que a empresa terá em relação as variações de preços e volume de vendas. 1.2. Análise da sazonalidade da empresa. 2. Necessidade de capital de giro NCG que a empresa terá para o período em questão: observando compra de matéria-prima 3. Investimentos: quais os investimentos que a empresa deverá fazer para atingir seu objetivo traçado. Curso de Administração Financeira para Pequenos Empresários 39