Ç^té&wna/ ^te^í<pmi/ ^/wfcwa/ de (à^a-n/a- ACÓRDÃO N. 24426 ( ^a/awma PROCESSO N. 10118 - CLASSE VII - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO Relator: Juiz Sérgio Torres Paladino Requerente: Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO DE 2006 - AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA ANÁLISE TÉCNICA - INÉRCIA DO PARTIDO - REJEIÇÃO DAS CONTAS - SUSPENSÃO DO REPASSE DE NOVAS COTAS DO FUNDO PARTIDÁRIO. "Rejeitam-se as contas de partido que, intimado a sanar as irregularidades, mantém-se inerte" (TSE, Resolução n. 23.123, Min. Enrique Ricardo Lewandowski). Verificado, o caso em exame, isto é, a apresentação de "prestação de contas" sem documentação obrigatória, impõe-se a rejeição, com a aplicação da sanção estabelecida no 3 do art. 37 da Lei n. 9.096/1995, consistente na suspensão de novas cotas do "Fundo Partidário'. A C O R D A M os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em rejeitar a "prestação de contas", determinando que se oficie à direção nacional do Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB), a fim de que suspenda o repasse das cotas do "Fundo Partidário" ao seu órgão neste Estado pelo prazo de 06 (seis) meses, contado a partir da publicação dessa decisão - vencida neste particular a Juíza Eliana Paggiarin Marinho, que aplicavsup prazo de 12 (doze) meses -, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão. Sala de Sessões do Tribunal Regionaj/Éleitoral. / Florianópolis, 12 de abril de 2010.
PROCESSO N. 10118 - CLASSE VII - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO R E L A T Ó R I O Em cumprimento ao disposto no art. 32 da Lei n. 9.096/1995 - Lei dos Partidos Políticos -, o Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) de Santa Catarina apresentou sua "prestação de contas", relativamente ao exercício financeiro de 2006 (fls. 2/16). Transcorrido o prazo, não houve impugnação ao balanço patrimonial do órgão partidário (fl. 22). Posteriormente, a grei partidária encaminhou os balancetes de verificação relativos aos meses de junho a dezembro (fls. 25/36). A Coordenadoria de Controle Interno (COCIN), então, emitiu relatório técnico preliminar apontando que: a) "a agremiação apresentou suas contas intempestivamente, em 04/05/2007"; b) não foram apresentados os documentos obrigatórios à composição da "prestação de contas", constantes nos incisos I e II do art. 14 da Resolução n. 21.841, de 2004, do Tribunal Superior Eleitoral; c) "no Demonstrativo de Receitas e Despesas (fl. 03) não há qualquer registro de despesas de caráter eleitoral, embora se trate de prestação de contas referente a ano eleitoral"; d) "o partido informa (fl. 02) não possuir conta bancária"; e) "os balancetes referentes aos meses de junho e de setembro a dezembro foram encaminhados fora do prazo"; f) "os balancetes referentes aos meses de novembro e dezembro não possuem a assinatura do presidente do partido"; g) "o partido recebeu recursos estimáveis em dinheiro, consoante o informado no Demonstrativo de Receitas e Despesas (fl. 03). Em relação a esses recursos, deve ser atendido o disposto no 3 do art. 4 o da Resolução TSE n. 21.841/2004, para que possa ser verificada a regularidade dessas doações" (tis. 39/41). Determinada a baixa dos autos em diligência para o fim de oportunizar a sua regularização (fl. 47), o requerente não se manifestou (fl. 50). Os autos foram novamente remetidos à COCIN que, em parecer conclusivo, opinou pela desaprovação das contas (fls. 51/52). Intimado para se manifestar, o partido permaneceu silente (fl. 56). Com vista dos autos, o Procurador Regional Eleitoral Cláudio Dutra Fontella manifestou-se no sentido de que "sejam rejeitadas as contas do Partido Trabalhista do Brasil, relativas ao exercício financeiro de 2006, com a determinação da suspensão de novas cotas do Fundo Partidário para seu Diretório Regional" (fl. 57). Disse Sua Excelência: "Do compulsar dos autos, verifica-se que as várias deficiências contábeis detectadas pelo órgão competente para tal não foram sanadas nem sequer explicadas, uma vez que a agremiação optou por se manter silente diante de
(^^láu^ia/ &ie<jfi<pna/ ^ç/etfowu de Ó?anJa ( ^aéawna. PROCESSO N. 10118 - CLASSE VII - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO todo o processamento sob análise, apesar de devidamente intimada. Ressaltando que o envio anual de balanço contábil por parte dos partidos políticos à Justiça Eleitoral não é mera faculdade, mas sim obrigação, nada há nos autos capaz de ilidir a conclusão técnica expendida, mormente quando se leva em conta que o exercício de 2006 corresponde a ano eleitoral, e, portanto, de intensa atividade partidária"(fl. 57). VOTO 0 SENHOR JUIZ SÉRGIO TORRES PALADINO (Relator): 1. Sr. Presidente, a manifestação pela desaprovação da "prestação de contas" do PTdoB, referente ao exercício de 2006, tem por fundamento a existência de diversas irregularidades que não foram sanadas em virtude da inércia do requerente nas vezes em que foi intimado para se manifestar. Dispõe a Lei n. 9.096/1995: "Art. 30. O partido político, através de seus órgãos nacionais, regionais e municipais, deve manter escrituração contábil, de forma a permitir o conhecimento da origem de suas receitas e a destinação de suas despesas." "Art. 32. O partido está obrigado a enviar, anualmente, à Justiça Eleitoral, o balanço contábil do exercício findo, até o dia 30 de abril do ano seguinte. 1 o O balanço contábil do órgão nacional será enviado ao Tribunal Superior Eleitoral, o dos órgãos estaduais aos Tribunais Regionais Eleitorais e o dos órgãos municipais aos Juizes Eleitorais. 2 o A Justiça Eleitoral determina, imediatamente, a publicação dos balanços na imprensa oficial, e, onde ela não exista, procede à afixação dos mesmos no Cartório Eleitoral. 3 o No ano em que ocorram eleições, o partido deve enviar balancetes mensais à Justiça Eleitoral, durante os quatro meses anteriores e os dois meses posteriores ao pleito." "Art. 33. Os balanços devem conter, entre outros, os seguintes itens: 1 - discriminação dos valores e destinação dos recursos oriundos do fundo partidário; II - origem e valor das contribuições e doações; III - despesas de caráter eleitoral, com a especificação e comprovação dos gastos com programas no rádio e televisão, comitês, propaganda, publicações, comícios, e demais atividades de campanha; IV - discriminação detalhada das receitas e despesas." A Resolução n. 21.841, de 2004, do Tribunal Superior Eleitoral, ao disciplinar o processamento da "prestação de contas", estabeleceu: "Art. 13. As direções nacional, estadual e municipal ou zonal dos partidos políticos devem apresentar a prestação de contas anual até o dia 30 de abril do ano subseqüente ao órgão competente da Justiça Eleitoral (Lei n 3
^^^^ií«<^iíar<í^ ^^^«ij^/^tí^ ^/^^^ía^<3^ ó^a.-n/a, a/a/y( ria PROCESSO N. 10118 - CLASSE Vil - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO DE 2006-PTdoB 9.096/95, art. 32, caput)." "Art. 14. A prestação de contas anual a que se refere o art. 13 deve ser composta pelas seguintes peças e documentos (Lei n 9.096/95, art. 32, 1 o ): I - demonstrações contábeis exigidas pelas Normas Brasileiras de Contabilidade: [...) c) demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; d) demonstração das mutações do patrimônio líquido; e e) demonstração das origens e aplicações dos recursos; II - peças complementares decorrentes da Lei n 9.096/95: [...] g) demonstrativo de contribuições recebidas; h) demonstrativo de sobras de campanha; i) demonstrativo das transferências financeiras intrapartidárias recebidas; j) demonstrativo das transferências financeiras intrapartidárias efetuadas; [...) I) relação das contas bancárias abertas, indicando número, banco e agência com o respectivo endereço, bem como identificação daquela destinada exclusivamente à movimentação dos recursos do Fundo Partidário e da (s) destinada (s) à movimentação dos demais recursos; [...] n) extratos bancários consolidados e definitivos das contas referidas no inciso anterior, do período integral do exercício ao qual se refere a prestação de contas; o) documentos fiscais, originais ou cópias autenticadas, que comprovam as despesas de caráter eleitoral; e p) livros Diário e Razão, conforme o disposto no parágrafo único do art. 11 desta resolução. Parágrafo único. As peças de que trata o inciso I devem conter, além das assinaturas do presidente do partido e do tesoureiro, previstas nesta Resolução, a assinatura de profissional legalmente habilitado, com indicação de sua categoria profissional e de seu registro perante o Conselho Regional de Contabilidade." 2. No caso em exame, a agremiação partidária, além ter apresentado suas contas intempestivamente, não juntou aos autos nenhum dos documentos supracitados e, nas ocasiões em que foi intimada para se manifestar, manteve-se silente. Causa estranheza, ainda, o fato da direção regional do PTdoB sequer possuir conta bancária aberta para registrar os eventuais recursos a ele destinados por simpatizantes ou pelos órgãos de direção nacional, especialmente se levarmos em consideração que os partidos políticos são pessoas jurídicas sem fins lucrativos, mantidas, em regra, por doações e repasses do "Fundo Partidário". Não é demais lembrar que a esta Justiça Especializada, a teor do disposto no caput do art. 1 o da Resolução TSE n. 21.841/2004 e no art. 34 da Lei n. 9.096/1995, cumpre exercer "a fiscalização sobre a escrituração contábil e a 4
(^^i6i4^ta/ ^íe^ionui ^éetfówa/de Ó$zwda '^a/a&àna PROCESSO N. 10118 - CLASSE VII - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO prestação de contas dos partidos políticos", atestando-lhes "a real movimentação financeira e patrimonial". Esse munus restou frustado pela omissão do partido em prestar, de forma adequada, as informações necessárias para identificar a sua real movimentação de recursos no decorrer do ano de 2006. ' Importante ainda ressaltar o entendimento consolidado no Tribunal Superior Eleitoral para a matéria: "Rejeitam-se as contas de partido que, intimado a sanar as irregularidades, mantém-se inerte" (Resolução n. 23123, de 08.09.2009, Ministro Enrique Ricardo Lewandowski). Desse modo, diante da ausência de documentos obrigatórios à composição da "prestação de contas" e do desinteresse do partido em sanar as irregularidades, impossibilitando assim a aferição real da legalidade da movimentação de recursos financeiros do partido, deve ser aplicada a sanção estabelecida no 3 do art. 37 da Lei n. 9.096/1995, in verbis: "A falta de prestação de contas ou sua desaprovação total ou parcial implica a suspensão de novas quotas do fundo partidário e sujeita os responsáveis às penas da lei [-] 3 o A sanção de suspensão do repasse de novas quotas do Fundo Partidário, por desaprovação total ou parcial da prestação de contas de partido, deverá ser aplicada de forma proporcional e razoável, pelo período de 1 (um) mês a 12 (doze) meses, ou por meio do desconto, do valor a ser repassado, da importância apontada como irregular, não podendo ser aplicada a sanção de suspensão, caso a prestação de contas não seja julgada, pelo juízo ou tribunal competente, após 5 (cinco) anos de sua apresentação." A inércia do requerente em atender às diligências requeridas autoriza a imposição da pena de suspensão acima do mínimo legal, porquanto implicou em desobediência à ordem judicial, que revela a total falta de respeito com a Justiça Eleitoral. Não impor conseqüências mais graves a esse tipo de conduta representa fomentar o descrédito do Poder Judiciário, circunstância que não pode ser tolerada. 3. À vista do exposto, voto pela desaprovação das contas do Partido Trabalhista do Brasil - PTdoB em Santa Catarina, relativas ao exercício financeiro de 2006, determinando seja oficiado à sua direção nacional para que suspenda, pelo período de 06 (seis) meses, a partir da data da publicação da decisão, o repasse das cotas do "Fundo Partidário", conforme acima consignado, dando-se a devida ciência ao Tribunal Superior Eleitoral. 5
EXTRATO DE ATA PROCESSO N. 10118 (7061580-90.2007.6.24.0000) - CLASSE VII - PRESTAÇÃO OE CONTAS - EXERCÍCIO OE 2006 RELATOR: JUIZ SÉRGIO TORRES PALADINO REQUERENTE(S): PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ NEWTON TRISOTTO PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: CLÁUDIO DUTRA FONTELLA Decisão: á unanimidade, conhecer como prestação de contas, rejeitá-las e, por maioria, determinar que se oficie à direção nacional do Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB), a fim de que suspenda o repasse das cotas do Fundo Partidário ao seu órgão neste Estado pelo prazo de 06 (seis) meses, contado a partir da publicação dessa decisão - vencida, nesse ponto, a Juíza Eliana Paggarin Marinho, que suspende o repasse pelo prazo máximo de 12 meses -, nos termos do voto do Relator. Foi assinado o acórdão n. 24.426, referente a este processo. Presentes os Juizes Sérgio Torres Paladino, Eliana Paggiarin Marinho, Heitor Wensing Júnior, Oscar Juvêncio Borges Neto, Cláudia Lambert de Faria e Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto. SESSÃO DE 12.04.2010.