A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO DAS AVALIAÇÕES DO MEC: uma reflexão



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Transcrição:

PÔSTER EMPREENDEDORISMO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS Biblioteconomia baseada em evidências A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO DAS AVALIAÇÕES DO MEC: uma reflexão BAPTISTA, R. 1 RUEDA, D. 2 SANTOS, N. B. 3 RESUMO Este trabalho tem por objetivo levar à reflexão de como as bibliotecas universitárias estão sendo constituídas dentro da própria instituição; refletir os critérios de avaliação de bibliotecas pelo MEC no que tange a qualidade real, por trás da quantidade, referente ao acervo bibliográfico e de como isso não serve como real experiência universitária, mas apenas complementação de disciplinas. Como metodologia propõe-se apresentar e analisar as leis gerais do MEC para a avaliação de bibliotecas. Conclui-se que há a necessidade de revisão dos critérios e da forma como as bibliotecas estão sendo avaliadas. Palavras-Chave: Avaliação. Biblioteca Universitária. ABSTRACT This work has for objective to make a reflection of as the university libraries are being constituted inside of the proper institution; to reflect the criteria of evaluation of libraries for the MEC in what it refers to the real quality, for backwards of the amount, as for the bibliographical quantity and of as this does not serve as real university experience, but only complementation of you discipline. As methodology it is considered to present the general laws of the MEC for the evaluation of libraries. One concludes that it has the necessity of revision of the form as the libraries are being evaluated. Keywords: Appraisal. University Libraries.

2 1 INTRODUÇÃO Atualmente, vivemos na chamada sociedade do conhecimento, em que o valor dos bens materiais não está mais no produto em si, mas na informação que ele carrega, nascendo uma economia baseada na produção e consumo de bens intangíveis. Por esta razão, têm-se evidenciado a grande procura das pessoas por maiores qualificações, acarretando o crescimento da indústria universitária, com a criação de centros universitários, faculdades e afins oferecendo uma opção para pessoas que querem completar o 3º Grau, e não possuem condições para entrar na universidade pública. Por definição, biblioteca universitária está inserida na Instituição de Ensino Superior (IES) apoiando os conteúdos ministrados nos currículos de cursos, além de oferecer subsídios para a investigação técnico-científica da comunidade acadêmica. Para que as faculdades tenham seus cursos aprovados e regulamentados, é necessário passarem por uma perícia promovida pelo Ministério da Educação - MEC, que realiza uma fiscalização na faculdade em todos os aspectos, verificando se possui estrutura para habilitar o curso. A biblioteca universitária possui um papel muito importante, contando como 40% da nota total. (GOMES ; BARCELOS, 2004) Assim, entende-se a importância dada pelo órgão regulamentador a biblioteca, pois ela se constitui o universo de todos os cursos, onde o aluno, pesquisador e professor tem acesso à literatura desejada, capaz de produzir conhecimento e novas perspectivas. Este trabalho baseou-se na reflexão dos autores, que passaram pela experiência de estudarem na realidade de uma universidade pública, onde se graduaram versus a experiência de trabalho em biblioteca universitária particular. Nesse trabalho não se pretende apontar ou criticar nenhuma instituição, apenas questionar e analisar a maneira como as bibliotecas estão sendo constituídas, quais suas bases, e se realmente estão proporcionando uma vivência universitária plena.

3 Diante dessa perspectiva, nos propomos a questionar: como as bibliotecas estão sendo constituídas? Como equilibrar a balança do dilema quantidade X qualidade? Como promover realmente os subsídios ao ensino, pesquisa e extensão de forma plena? Como a biblioteca universitária se encaixa nesse contexto? Faz-se necessário este estudo, pois as faculdades estão surgindo e crescendo cada vez mais despertando a importância de um debate dentro da área da Biblioteconomia, sobre o nosso papel dentro desse contexto: se é o de pensador ou apenas reprodutor do sistema. 2. PANORAMA DAS IES PRIVADAS NO BRASIL O conhecimento tornou-se hoje mais do que no passado um dos principais fatores de superação de desigualdades, agregação de valor, criação de emprego qualificado e propagação de bem-estar. A soberania e autonomia dos países passam mundialmente por uma nova leitura, e sua manutenção depende claramente de conhecimento, educação e desenvolvimento científico e tecnológico (TAKAHASHI, 2000). Isso quer dizer que o conhecimento não é mais poder, e sim conhecimento é capital e capital é poder (CUNHA, 2000). Com o propósito de acompanhar esta tendência, houve uma explosão de instituições de ensino privadas a partir da década de 90, com a intenção de oferecer qualificação àqueles que buscam ensino superior além da universidade pública. E com isto se formou um mercado cujo produto é a graduação e o cliente, o aluno. Com um mercado estruturado, nos deparamos com o cenário de qualquer produto consumível existente nas prateleiras de um supermercado: propagandas que estão longe de objetivar a excelência acadêmica (CALDERÓN, 2000). Têm como foco captar seus alunos oferecendo promoções nas mensalidades, salas de musculação, proximidade ao metrô, dentre outras técnicas para que o cidadão escolha estudar em uma universidade que oferece o que ele precisa. No entanto, não basta uma universidade possuir boa marca para ter sucesso como empresa. O sistema de avaliação do MEC que inclui os alunos

4 (ENADE 1 ), corpo docente, estrutura, entre outros pontos, obrigam a universidade rever seus produtos à pena de perder o credenciamento de seus cursos e pretende fazer com que a demanda das ofertas de cursos não seja irresponsável com a sociedade. As universidades particulares cujo maior objetivo é obter lucro diante da competitividade existente no setor, implantam suas ações com redução de custos, acarretando na queda da qualidade dos serviços oferecidos (CALDERÓN, 2000). E com as bibliotecas destas universidades o quadro é ainda mais cruel, pois a biblioteca é tradicionalmente um centro de custos e não de captação de recursos (Cunha, 2000). 2.1 A biblioteca na IES privada A biblioteca universitária deve atender às propostas de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas nessas faculdades. Podemos identificar em cada uma destas atividades processos de uma biblioteca com atenção voltada a objetivos específicos. A pesquisa, por exemplo, exige variedade de materiais, afim de que se conheçam todos os pontos de vista importantes ou necessários de um tema de pesquisa (VERGUEIRO, 1989). A extensão universitária também deve ser considerada no momento de desenvolver o acervo, pois em conjunto com docentes e discentes devem promover a ponte entre a teoria e prática das disciplinas ministradas. Para formar e informar o desenvolvimento pessoal e conseqüente retorno desse conhecimento à sociedade fazem parte do espírito que norteia o ensino universitário (MIRANDA, 1980, p.68). A biblioteca universitária deve ser pensada de acordo com esta filosofia e não somente limitar-se às bibliografias das disciplinas. 1 Exame Nacional de Avaliação do Ensino Superior.

5 3 AVALIAÇÃO DO MEC NAS BIBLIOTECAS O Ministério da Educação, através do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) avalia as condições para o funcionamento e autorização de novos cursos de graduação de acordo com alguns padrões de qualidade. São considerados, quando na elaboração de instrumentos de avaliação, os padrões de qualidade da educação superior, observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais de cada curso às normas legais vigentes e às diretrizes da CONAES (Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior). A avaliação do MEC se dividem basicamente em três pontos: corpo docente, instalações físicas e organização didático-pedagógica, sendo que a biblioteca está inserida nas instalações físicas por ser um órgão relacionado à estrutura que a universidade / faculdade oferece aos docentes, discentes e público externo para subsidiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão De acordo com a comunidade científica da área de biblioteconomia e ciência da informação no Brasil, a biblioteca universitária tem como objetivo principal apoiar os programas de ensino, pesquisa e extensão. A avaliação da formação acadêmica e profissional (...) permite a apreensão da qualidade do curso no contexto da realidade institucional, no sentido de formar cidadãos conscientes e profissionais responsáveis e capazes de realizar transformações sociais. (MEC, 2006, p.6) Comparando esta afirmação dos órgãos avaliadores e o conceito de biblioteca universitária, já apresentado, fica explícita a proximidade de percepção quanto ao papel da universidade na vida de um cidadão. Desta forma, podemos concluir que na teoria o instrumento de avaliação e a biblioteca estão sintonizados, cabendo à prática apenas operacionalizar esses princípios. Numa biblioteca universitária a composição do acervo deve incluir livros e periódicos técnico-científicos de acordo com os cursos oferecidos pelas IES. No Plano Pedagógico de Curso constam às bibliografias básicas e complementares das disciplinas de cada curso, sendo estas avaliadas através dos indicadores

6 relacionados ao tópico: Biblioteca: adequação do acervo à proposta do curso cujas especificidades são discriminadas no quadro a seguir: Indicador Critérios para atribuição de conceito LIVROS FORMAÇÃO GERAL O conceito máximo será quando o acervo de livros referente à formação geral desenvolvida no curso é plenamente adequado, em quantidade, pertinência, relevância acadêmico-científica e atualização, para a implementação do projeto pedagógico do curso. Essa adequação resulta e/ou expressa uma diretriz de ação, acessível ao conhecimento da comunidade interna e externa. Quando o acervo atende a toda a bibliografia básica estabelecida nos planos de ensino das unidades de estudo do curso. LIVROS FORMAÇÃO ESPECÍFICA PERIÓDICOS, BASES DE DADOS ESPECÍFICAS, JORNAIS E REVISTAS O conceito máximo será quando o acervo de livros referente à formação específica desenvolvida no curso é plenamente adequado, em quantidade, pertinência, relevância acadêmicocientífica e atualização, para a implementação do projeto pedagógico do curso. Essa adequação resulta e/ou expressa uma diretriz de ação, acessível ao conhecimento da comunidade interna e externa. Quando o acervo atende a toda a bibliografia básica estabelecida nos planos de ensino das unidades de estudo do curso. O Conceito máximo será quando jornais e revistas o acervo de periódicos, bases de dados específicas, jornais e revistas é plenamente adequado em quantidade, pertinência, relevância acadêmico-científica e atualização, para a implementação do projeto pedagógico do curso. Essa adequação resulta e/ou expressa uma diretriz de ação, acessível ao conhecimento da comunidade interna e externa. Quando o acervo de periódicos, bases de dados específicas, jornais e revistas atende a toda a bibliografia básica estabelecida nos planos de ensino das unidades de estudo do curso e supre as necessidades de bibliografia para as atividades complementares de pesquisa (quando for o caso) e de extensão. Quadro 1 - Biblioteca: adequação do acervo à proposta do curso Fonte: Ministério da Educação (2006) Adaptado pelos autores Fica evidente no quadro anterior que a bibliografia básica assume papel principal na atribuição de conceitos de avaliação para os indicadores. Isso quer dizer que se uma biblioteca universitária possuir a bibliografia básica que é indicada pelos coordenadores e docentes de curso, em geral, é considerada apta e praticamente aprovada nesta avaliação. Quanto ao acervo, a biblioteca é cobrada apenas estar de acordo com o Plano Pedagógico de Curso onde consta a bibliografia básica e complementar das

7 disciplinas. Do ponto de vista do desenvolvimento de coleção não é verificado se a biblioteca atende aos princípios que ela mesma propõe. No entanto, foi notado pelos autores em uma biblioteca de uma faculdade privada que os títulos indicados na bibliografia básica se repetem em grande parte das disciplinas e cursos, e o bibliotecário não é consultado sobre a relevância destes títulos para a área em questão. Estes fatos foram comprovados em outras instituições de maneira informal. Este quadro aponta uma problemática em relação à composição final do acervo em que há grande quantidade de exemplares e poucos títulos. E desta forma, só subsidia as disciplinas de forma superficial, sem abranger o ideal de biblioteca universitária. Este ideal se dá na completude e relevância do acervo direcionado a formação e vivência acadêmica dos alunos e professores. A avaliação de acervo em bibliotecas universitárias não é praticada, ou seja, não é realidade nas instituições de ensino um levantamento crítico baseado em uma análise qualitativa e quantitativa da coleção. Sem esse processo é difícil realizar uma política de expansão eficaz de acordo com as premissas da sociedade do conhecimento e do desenvolvimento científico tecnológico (Miranda, 1980). Os recursos destinados para o desenvolvimento do acervo é um elemento que contribui para a limitação dos serviços bibliotecários. Pelo que é exigido do acervo, os dirigentes das instituições de ensino aplicam seus recursos apenas no necessário. E sem o diagnóstico avaliativo, não há meio de propor novos investimentos de maneira justificada. Este fato nos faz constatar que o sistema de avaliação no que tange a biblioteca universitária ignora o papel formador que ela possui e se atém a dados quantitativos relativos ao acervo, sendo os esforços direcionados a suprir essa necessidade que é a de possuir determinada quantidade de exemplares de cada título da bibliografia básica. Isso resulta no esquecimento da função da biblioteca universitária e em conseqüência a avaliação de seu acervo e serviços prestados.

8 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como ficou evidenciado diante do que foi exposto anteriormente, o aumento da procura por universidades, que surge na década de 90, culmina com a abertura do país ao capital estrangeiro, para a chamada globalização. A procura pela formação cada vez mais rápida de profissionais gerou a abertura de inúmeras instituições, que como se pode notar nem sempre se mostram preocupadas com uma boa formação, que realmente faça valer o tripé ensino, pesquisa e extensão. Dessa maneira, a biblioteca universitária vem perdendo o seu sentido, pois se o mais importante é o acesso à diversidade de informações que o local poderia proporcionar, isso nem sempre se mostra, uma vez que, para os cursos serem aprovados eles necessitam de uma bibliografia básica, isentando, muitas vezes a responsabilidade pela formação do indivíduo no local. Entende-se que a biblioteca não é uma organização independente, e sim ligada a Universidade, recebendo influências internas e externas (MACIEL ; MENDONÇA, 2000). Por isso, é que pela sua constituição múltipla, não se deve apenas pensar em uma formação acadêmica, mas a de um cidadão, com um sentido de retorno de fato à sociedade. É necessário um trabalho de maior integração dentro das instituições, com os diferentes profissionais, juntamente com a biblioteca para uma seleção de materiais mais diversificados, e o MEC em suas avaliações, poderia dar mais valor a isso também, no sentido de equilibrar a balança quantidade e qualidade. Acreditamos que os ideais da biblioteca universitária, em mediar o ensino, pesquisa e extensão só promoverá isso também, se o profissional que se encontra nela tiver possibilidades para diversificar o seu trabalho, e maiores ações de encontro aos interesses da instituição e sociedade.

9 REFERÊNCIAS BARCELOS, M. E. A. S. ; GOMES, M. L. B. M. Preparando sua biblioteca para a avaliação do MEC. SEMINÀRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS. NATAL, 13, Natal, 2004. Anais... Natal: SNBU, 1998. BRASIL. Ministério da Educação.Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior. Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Avaliação de cursos de graduação: instrumento. Brasília, 2006. 91p CALDERON, A. I. Universidades mercantis: a institucionalização do mercado universitário em questão. São Paulo, Perspec., v. 14, n. 1, 2000.. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-88392000000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 26 jun. 2008. CUNHA, Murilo Bastos da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária brasileira em 2010. Ciência da Informação., jan./abr. 2000, vol.29, no.1, p.71-89 MIRANDA, A. L. C. Estruturas de Informação e Análise Conjuntural: Ensaios. Brasília: Thesaurus, 1980 MACIEL, A. C., MENDONÇA, M. A. R. A função gerencial na biblioteca universitária. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 11, Florianópolis, 2000. Anais... Florianópolis, 2000. 1 CD. TAKAHASHI, T (org.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: MTC, 2000. VERGUEIRO, V. Desenvolvimento de coleções. São Paulo: Pólis, 1989. 1 Rafael Baptista, Instituição Educacional Prof. Luiz Rosa, rafa_pisa@yahoo.com.br. 2 Daniela Rueda, INED, Jundiaí, danirueda1984@yahoo.com.br. 3 Nadia Bernuci Santos, FATEC, Prof. Luiz Rosa, nadiabernuci@yahoo.com.br.