Sentimento materno Maria de Fátima Conceição de Oliveira 1 Apresentação Na maioria das vezes uma pessoa encontra-se entre a realidade da vida e fantasia procurando uma forma de expressão e alívio para esses sentimentos. Alguns passam períodos seguindo uma técnica, até que algo, ou o desejo de aperfeiçoamento os faz mudar e passar a fazer de outro jeito. Essa busca pela melhor forma de expressão aparece na descoberta das diversas técnicas e surgimento dos movimentos de novas vidas. Considerações Iniciais Há algum tempo tenho alimentado a idéia de realizar um trabalho que pudesse trazer à baila a apresentação de um assunto deveras interessante e importante. Trata-se da abordagem de um tema que é fruto das observações pragmáticas do cotidiano daqueles que se dedicam aos cuidados dos recém-nascidos prematuros internados na UTI Neonatal. O primeiro continente que a criança conhece é a sua própria mãe. Ser mãe é mais do que uma função; e um modo-de-ser, que engloba todas as dimensões da mulhermãe, seu corpo, sua psique e seu espírito. Com seu cuidado e carinho a mãe continua a gerar filhos e filhas durante toda a vida. Justificativa Carência de pessoal Responsabilidade com o binômio Mãe/Filho Comportamento do profissional frente à problemática da MÃE/UTI/RN Qualidade da assistência MÃE/RN. A mãe é sempre invocada nos momentos de perigo, como referência de confiança e salvação. É através das mães que cada um aprende a ser mãe de si mesmo. Representa também o modo de ser mãe, as enfermeiras que cuidam dos seus doentes, que transformam e modelam situações existenciais. Metodologia 1 fatjus@ig.com.br
O estudo foi desenvolvido em uma UTI Neonatal de uma maternidade pública do Rio de Janeiro, de 1999 a 2000. A referida maternidade além de outras, tem sua atenção voltada para as mulheres com gestação de alto risco. A UTI Neonatal constitui o contexto para a realização do estudo uma vez que os dados foram coletados durante a primeira visita da mãe com o filho prematuro; internado na UTI Neonatal. A mão, órgão humano por excelência, serve tanto para acariciar como para agarrar. Mão que agarra e mão que acaricia são duas facetas extremas das possibilidades de encontros inter-humano. Objetivos (Citando o colombiano Luis Carlos Restrepo, Psiquiatra) Identificar o comportamento das mães na primeira abordagem com o filho prematuro; Observar o comportamento do RN prematuro não sedado no momento em que está sendo acariciado pela mãe; Detectar mudanças no comportamento do RN e intercorrências durante a presença materna. A carícia que nasce do centro confere repouso e integração, daí o sentido do afago. Ao acariciar a criança, a mãe lhe comunica a experiência mais orientadora que existe: a confiança. População
Para cumprimento dos objetivos desse trabalho, foram realizadas cinquenta entrevistas com mães que visitavam seus filhos pela primeira vez na UTI Neonatal. Assim sendo, as mães dos RNs prematuros que preenchiam os critérios para seleção da amostra, foram esclarecidas sobre os objetivos da pesquisa. Critérios elaborados para seleção da amostra Idade materna; Tipo de parto; Características do RN; Pré-Natal; Comportamento materno. Coleta de dados A coleta de dados foi realizada nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2000, durante os dias de plantão dessa pesquisadora, no período da internação e permanência na UTI Neonatal. Instrumento para coleta de dados O instrumento utilizado para registro dos dados foi um formulário com perguntas abertas e fechadas, subdivididas em duas partes: A primeira foi constituída por questões de identificação do binômio MÃE/FILHO. Considerando os registros do parto. Exemplo Parto; Sexo; Peso; Idade materna; Pré-natal. A Segunda
Análise e discussão dos caracteres maternos com relação ao comportamento Comparecimento à UTI 53 = (71%) SPPI; 28 = (17%) SPPM; 20 = (12%) SPPT. Idade materna 25% de 14 a 20 anos; 70% menor de 28 anos; 5% maior de 34 anos. Tipo de Parto 65% parto vaginal; 32% parto cesáreo; 3% fórcipe. Relação com pré-natal 70% - 02 consultas 20% - 06 consultas 10% - sem consulta
Segundo o Ministério da Saúde (1995) Preconiza no mínimo 06 (seis) consultas. Motivos que foram relatados por não procurar ou concluir o pré-natal preconizado pelo Município 70% - falta de vagas nos postos de saúde e maternidades; 20% - condição social (marido desempregado) 10% - condição social outras (mãe solteira / desempregada; adolescentes abandonadas pela família e pelo pai da criança, adolescentes de famílias carentes e mulheres no período da menopausa com diagnóstico errado). As respostas que algumas mulheres recebiam das unidades de saúde Volte amanhã para encaixe; Só tem vaga para daqui a três meses; Procure outro posto porque o nosso não tem vaga. Considerações finais A realização desse trabalho possibilitou o levantamento das intercorrências que acometem as mulheres que têm um filho prematuro, e os problemas enfrentados por estas mulheres durante a gestação e os motivos que as levaram a fazer parte do grupo de risco; Nesse sentido considero pertinente a divulgação dos resultados desse trabalho aos profissionais que assistem ao RN/MÃE nesta instituição; Propor medidas que possam contemplar os problemas detectados. A necessidade de informar para a mãe as condições em que se encontra o seu filho na UTI; Implementar o serviço de psicologia para dar suporte emocional, prioritário nos momentos mais difíceis à morte; Atuação do serviço social para minimizar a carência das consultas (interagindo nos problemas sociais) com base nessas considerações acredito que a medida mais eficaz seja garantir as mulheres o acesso aos serviços de saúde na atenção primária, contribuindo assim, para a redução do coeficiente de partos prematuros, reduzindo o coeficiente da morbilidade neonatal. Sugestões 1. Discutir no espaço profissional e entidade de classe que seja cumprido o que é preconizado para assistência de qualidade ao cliente crítico;
2. Que o enfermeiro busque priorizar novos modelos de assistência centrados na atenção à família, como unidade de cuidados de enfermagem; 3. Incentivar para que haja espaço físico com condições para encontros realizados com aprazamento prévio, entre enfermeiros e família; 4. Formar grupo de interesse para discutir a importância e priorizar na UTI neonatal atividades centradas na educação das mães.