Bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação



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Transcrição:

Bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação Roger de Miranda Guedes Introdução As bibliotecas comunitárias são ambientes físicos criados e mantidos por iniciativa das comunidades civis, geralmente sem a intervenção do poder público. Estes centros comunitários possuem um acervo bibliográfico multidisciplinar, abarcando diversas tipologias documentais. Suas coleções, por vezes, possuem organização improvisada ou intuitiva, pois o objetivo principal desses espaços é ampliar o acesso da comunidade à informação. Proposta semelhante tem os espaços públicos de informação que objetivam a democratização do acesso à cultura, incentivo à educação e promoção à cidadania. Esses espaços estão representados pelos centros culturais, postos de serviços ao cidadão, espaços de diversão e arte, bibliotecas etc. Esses ambientes físicos de compartilhamento, troca e fluxos de informação são vistos como instrumentos de democratização e inclusão informacional ao ensejarem o amadurecimento das relações sociais dentro comunidade e proporcionar o crescimento pessoal dos cidadãos através de práticas informacionais, como atividades de leitura. Vistos como uma prática social (MACHADO, 2008) as bibliotecas comunitárias e os espaços públicos de informação são uma reação da própria comunidade no combate às desigualdades de acesso à informação, situação tão preocupante nos países em desenvolvimento. Definições Criar uma biblioteca comunitária é uma forma de valorização da própria comunidade, uma vez que iniciativas para difusão e acesso à informação são uma forma de contribuir para a

redução das desigualdades sociais e promover a inclusão informacional. Projetos de implantação de centros comunitários de informação evidenciam as ações de organização, amadurecimento e cidadania, em que cada indivíduo se torna responsável pelo crescimento cultural da comunidade. 1 Apesar da ascensão e relevância dessas iniciativas de cunho sociocultural nos grandes centros urbanos, percebe-se que ainda são insipientes as reflexões desenvolvidas nas universidades e instituições de pesquisas acerca das duas expressões que intitulam este capítulo. De maneira que as próprias designações aqui utilizadas carecem de discussão, pois lidam com conceitos relativamente dinâmicos e complexos, como comunidade e informação. Entretanto, há características comuns a estes ambientes informacionais que podem nos ajudar a compreendê-los. Talvez a principal característica desses espaços comunitários de informação é ser uma iniciativa dos membros da comunidade que tem como público-alvo a mesma comunidade que os mantém. 2 As bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação se localizam nas regiões e bairros periféricos dos grandes centros urbanos e objetivam suprir necessidades de informação, cultura e lazer dos grupos sociais ali existentes. Essas comunidades carecem de espaços culturais públicos, como salas de teatro e cinema, bibliotecas, museus, livrarias, galerias e cibercafés. Essa é uma das justificativas para a criação destes centros comunitários de informação e lazer. Em plena ascensão de uma sociedade pautada pela informação e conhecimento, ainda existem pessoas desinformadas, não pela opção de não quererem fazer parte desse processo, mas porque se vêem privadas do direito de participação 3. Para uma grande parcela de cidadãos a informação só se torna acessível se for gratuita e se houver meios (sociais, políticos, físicos) que a aproxime das pessoas. Existem muitas outras causas que levam a criação desses espaços, por exemplo, a necessidade de vestibulandos terem acesso à materiais de estudo adequado e até mesmo o desejo de músicos e artistas populares de terem seus trabalhos divulgados, compreendidos e aceitos pela comunidade. 1 PROGRAMA de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto; Setor de bibliotecas comunitárias. Folheto para a criação de bibliotecas comunitárias auto-geridas. 2 ALMEIDA; MACHADO. Bibliotecas comunitárias em pauta. 3 JESUS, 2007, p. 3.

Há alguns casos em que a iniciativa parte de entidades externas à comunidade, apesar de contar com o total apoio da comunidade para levar a cabo a implantação e continuação das bibliotecas e espaços públicos de informação. As parceiras entre comunidades e organismos sociais, como escolas e universidades, empresas privadas e instituições do terceiro setor, têm se mostrado frutíferas. Como é o caso do Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto 4, realizador do Projeto Bibliotecas Comunitárias. A iniciativa é responsável por criar bibliotecas comunitárias auto-geridas. Essa designação demonstra a missão de tornar esses espaços de informação organismos gerencialmente autônomos, isto é, mantidos, desenvolvidos e administrados pela própria comunidade. Esse projeto já coordenou a criação de pelos menos quatro bibliotecas comunitárias auto-geridas nas regiões periféricas de Belo Horizonte. A criação de bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação depende de alguns requisitos básicos para sua implementação e funcionamento. Em primeiro lugar, essas iniciativas orientam-se por uma intencionalidade política e social, isto é, por uma causa ou circunstância que irá motivar a criação desses espaços. A missão das bibliotecas comunitárias gira em torno do estímulo à leitura; redução das desigualdades de acesso à informação; disponibilização de recursos de informação e meios de comunicação de qualidade; contribuição para a formação cidadã de crianças, jovens e adultos. Os espaços públicos de informação, apesar de terem uma proposta de uso e objetivos semelhantes às bibliotecas comunitárias, se diferem no que tange à autonomia e administração. Um bom exemplo de espaços públicos de informação são os centros culturais existentes nas grandes cidades. Eles se localizam em regiões de grande circulação de pessoas seja na área central da cidade, seja em pontos nucleares das regiões periféricas. A atuação do poder público é fundamental para a manutenção desses espaços, que normalmente são gerenciados pelos governos municipais e/ou estaduais, mas sempre com o apoio e cooperação das lideranças comunitárias e da população atendida. De fato, muitos dos espaços públicos de informação nascem a partir de iniciativas e projetos já implementados pela comunidade local como as bibliotecas comunitárias. No 4 O Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto, desenvolvido pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG), é voltado para a formação de leitores e para a inclusão informacional das camadas mais excluídas da população. Dentre os projetos permanentes desenvolvidos dentro do Programa está o Projeto Bibliotecas Comunitárias.

entanto, as ações de promoção à cidadania, à educação, à cultura e à sociabilidade destes espaços se tornaram tão importantes e necessários que o poder público começou a agir e dar sustentação a eles. Funcionamento e organização Uma condição fundamental para o funcionamento de uma biblioteca comunitária ou um espaço público de informação é a existência de um espaço físico, onde se dará o encontro entre usuários, membros da comunidade e os serviços prestados pela biblioteca ou centro de informação. É necessária também a mínima infraestrutura no espaço físico. Alguns dos equipamentos que possam vir a compor o ambiente das bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação são mesas, cadeiras, estantes, arquivos e computadores. Outro requisito para a existência desses centros comunitários de informação é contar com um acervo. Uma coleção de material intelectual que costuma variar bastante a sua natureza documental e tipologia de suportes. Tanto nas bibliotecas comunitárias como nos espaços públicos de informação o material mais recorrente são os livros geralmente usados, provenientes de doações as revistas e gibis, materiais didáticos e apostilas fotocopiadas. Também é possível encontrar um acervo audiovisual, como filmes ou gravações de programas de televisão; além de, em alguns casos, contar com computadores conectados à Internet. É importante ressaltar que a implementação de uma biblioteca comunitária não depende apenas de uma infraestrutural material; é fundamental que haja um grupo organizado de cidadãos dispostos a trabalhar por um objetivo. 5 Este grupo é composto por membros da comunidade onde estão instaladas as bibliotecas e espaços comunitários de informação. São trabalhadores voluntários, motivados pelo poder transformador que estas organizações sociais ensejam na comunidade local. É de se imaginar que os coordenadores e monitores desses espaços de inclusão informacional não possuam formação especializada para executar as tarefas de gerenciamento e organização dos acervos pertencentes às bibliotecas comunitárias e espaços públicos de 5 PROGRAMA de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto; Setor de bibliotecas comunitárias. Folheto para a criação de bibliotecas comunitárias auto-geridas.

informação. Devido a essas condições, esses espaços de informação e cultura mantidos pela comunidade têm sua estrutura de arranjo dos materiais orientada por princípios básicos de organização. Entretanto, há diversas iniciativas, projetos e programas sociais, vinculados a ações sociais desenvolvidas por ONGs, empresas privadas e até mesmo por universidades e cursos de Biblioteconomia que auxiliam e orientam os coordenadores das bibliotecas comunitárias no tratamento viável para o acervo, bem como na instrução de procedimentos de serviços prestados por uma biblioteca ou espaço público de informação. Há, por exemplo, situações em que são ministradas oficinas para os trabalhadores voluntários das bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação. São oficinas fundamentalmente informativas e motivadoras, em que os voluntários conhecem os principais elementos, processos e serviços de uma biblioteca e suas condições para gerar desenvolvimento. 6 Outra sugestão é a troca de experiências com outras comunidades que já desenvolvem iniciativas parecidas, uma vez que ações sociais como essas têm se proliferado no país. No país existe a Rede Brasil de Bibliotecas Comunitárias (RBBC), uma rede que promove o diálogo, a troca de experiências e conhecimentos entre membros e demais envolvidos com bibliotecas comunitárias e/ou projetos dessa natureza. 7 Também é possível encontrar na Internet alguns manuais e folhetos orientando a criação e gerenciamento de bibliotecas comunitárias. Esses manuais podem servir como ponto de partida para a organização do acervo e implementação dos primeiros serviços de uma biblioteca comunitária ou espaço público de informação. Quanto aos serviços oferecidos pelos centros comunitários de informação, os principais são: espaço para leitura; empréstimos de livros e outros materiais; auxílio em pesquisas e tarefas escolares; reunião de grupos organizados; ensaios de música e dança; mediação de leitura para crianças e atividades culturais em geral. Também poderá proporcionar atividades culturais e de lazer, como exibição de filmes e desenhos animados; concursos de redação; contação de histórias e oficinas de teatro. Os espaços públicos de informação ainda podem oferecer diversos cursos de aperfeiçoamento para trabalhadores e alguns serviços de emissão de documentos. 6 GOROSITO LOPEZ. La biblioteca comunitária: una experiencia de organización social, educativa y cultural. 7 SILVA et al, 2010.

A diversificação de serviços e atividades nas bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação é uma forma de atrair os diversos grupos de moradores e valorizar a comunidade, na medida em que promove a integração social e reafirma valores sociais compartilhados no meio. Tanto os espaços públicos de informação como as bibliotecas comunitárias se mostram instrumentos transformadores do contexto ao qual estão inseridos, contribuindo para o desenvolvimento sócio-cultural dos indivíduos. Estas iniciativas inclusivas são demanda da população e uma resposta da própria comunidade que demonstra reconhecer o poder construtivo da informação. Sugestões de sites e conteúdos Encontra-se na Internet uma vasta quantidade de conteúdos acerca dos temas abordados nesse capítulo. São informações úteis para quem busca compreender melhor as definições, objetivos e funcionamento de bibliotecas comunitárias e espaços públicos de informação, além de relatos de experiências e sugestões importantes para o sucesso das ações nesses espaços informacionais. Encontramos abaixo dois endereços Web que podem auxiliar o trabalho de implantação de bibliotecas comunitárias e ser o ponto de partida para a realização de muitas ações sociais em prol da democratização e acesso à informação. Folheto para criação de bibliotecas comunitárias auto-geridas Um manual prático que tem por finalidade orientar as ações de gerenciamento e organização documental de bibliotecas comunitárias. Busca ter o devido cuidado de apresentar informações, processos e tarefas viáveis de se executar por pessoas que não sejam profissionais ou especialistas. Esse manual foi criado no âmbito do Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto. http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/folheto_biblioteca.pdf Rede Brasil de Bibliotecas Comunitárias RBBC A RBBC é um espaço de discussão sobre as Bibliotecas Comunitárias no Brasil, foi adotada uma ferramenta Web a plataforma NING que possibilitou a formação de um grupo em que é

possível trocar experiências por meio de fóruns, além de compartilhar documentos, fotos, dicas e sugestões. É aberto a todos os interessados em questões relativas às bibliotecas comunitárias. http://rbbconexoes.ning.com/

Referências ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de; MACHADO, Elisa. Bibliotecas Comunitárias Em Pauta. Itaú Cultural, 2006. Disponível em: < http://www.itaucultural.org.br/biblioteca/download/bibliotecas_comunitarias_e_populares.pdf>. Acesso em: 24 out. 2010. GOROSITO LOPEZ, Antonio. La biblioteca comunitária: uma experiência de organización social, educativa y cultural. Biblios, v.4, n.15, p.35-40, abr./jun. 2003. JESUS, Maria S. de. Implantação de bibliotecas comunitárias do Estado da Bahia. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA DA INFORMAÇÃO, 7., 2007, Salvador. Anais... Salvador. 2007. Disponível em: < http://www.cinform.ufba.br/7cinform/soac/papers/41d630061c75a5256dde4897e527.pdf>. Acesso em: 26 out. 2010. MACHADO, Elisa Campos. Bibliotecas comunitárias como prática social no Brasil. 2008. 184 f Tese (Doutorado em Ciência da Informação) Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2008. FOLHETO para a criação de bibliotecas comunitárias auto-geridas. Programa de ensino, pesquisa e extensão A Tela e Texto; Setor de bibliotecas comunitárias. [2010?]. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/folheto_biblioteca.pdf>. Acesso em 24 out. 2010. SILVA, Abraão Antunes et al. Articulação e integração de bibliotecas comunitárias: o caso da Rede Brasil de Bibliotecas Comunitárias. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, GESTÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 33., 2010, João Pessoa. Anais... João Pessoa. 2010. Disponível em: <http://dci.ccsa.ufpb.br/enebd/index.php/enebd/article/view/81>. Acesso em 27 out. 2010.