DIREITO ELEITORAL Ações Especiais Eleitorais: Ação Rescisória Eleitoral (ARE), Recurso contra Diplomação (RCD) e Representação ou Reclamação por Infringência à Lei das Eleições (Lei n.º 9.504/97) Parte 2 Prof. Roberto Moreira de Almeida
Recurso Contra a Expedição de Diplomas (RCD) Noção prévia Depois de realizadas e apuradas as eleições, proclamado o resultado e diplomados os eleitos, é possível se arguir, dentro do prazo legal, determinados vícios de inelegibilidade ou falta de condição de elegibilidade, através do instrumento jurídicolegal denominado recurso contra a expedição de diploma.
Natureza jurídica Embora o RCD seja denominado e tenha recebido tratamento de recurso pelo Código Eleitoral, ele, a bem da verdade, não tem natureza jurídica recursal.
Competência para julgar o RCD (Tribunal Regional Eleitoral) Relativamente a diplomas concedidos pelas Juntas Eleitorais, ou seja, nas eleições municipais (para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador). O ajuizamento do RCD é feito, todavia, na primeira instância, perante o próprio Juiz Eleitoral, presidente da Junta Eleitoral e responsável pela entrega do diploma. Após o recebimento, faz-se a intimação do recorrido para apresentar as contrarrazões, também no prazo de 3 (três) dias, que poderão ser acompanhadas de documentos.
Apresentados estes, deverá o recorrente ser intimado para, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, falar sobre os mesmos. Encerrado o prazo para entrega das contrarrazões, o Juiz Eleitoral, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, deverá remeter os autos para o Tribunal Regional Eleitoral, onde deverá ser apreciado e julgado.
Competência para julgar o RCD (Tribunal Superior Eleitoral) Quando a diplomação é oriunda dos Tribunais Regionais Eleitorais, isto é, nas eleições gerais (para Governador, Vice- Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital), o julgamento do recurso contra a expedição de diplomas é da competência do Tribunal Superior Eleitoral. O ajuizamento do RCD é feito, no entanto, perante o Tribunal Regional Eleitoral, onde será distribuído a um relator
Este intima o recorrido para, no prazo de três dias, apresentar as contrarrazões, as quais poderão vir acompanhadas de documentos. Juntados estes, o recorrente deverá ser intimado para sobre eles falar. Depois de cumpridas tais diligências, o TRE, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, fará a subida dos autos ao Tribunal Superior Eleitoral para apreciação e julgamento.
Competência para julgar o RCD (Supremo Tribunal Federal) Não houve previsão legal de recurso contra a diplomação nas eleições presidenciais, mas parte da doutrina fala na hipótese de cabimento de recurso extraordinário, desde que preenchidos os requisitos de admissibilidade, contra o ato de diplomação de Presidente da República e Vice-Presidente da República pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Data máxima venia, entendemos incabível o RE em tal hipótese, porque a diplomação é ato meramente administrativo. Assim sendo, não há previsão no texto constitucional de 1988 de cabimento de recurso extraordinário nessa seara. Destarte, à míngua de previsão legal, entendemos ser incabíveis RCD ou mesmo recurso extraordinário contra a expedição de diplomas nas eleições presidenciais.
Prazo de interposição O prazo para a impetração do remédio é de três dias, contados a partir da data da sessão de diplomação (CE, art. 258). Cabimento O art. 262 do Código Eleitoral é taxativo ao explicitar os casos em que se admite o manejo do RCD. Com o advento da Lei nº 12.891/13, o recurso contra a expedição de diploma somente é cabível em casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional, bem como quando houver falta de alguma condição de elegibilidade.
Legitimidades ativa e passiva Podem propor: os candidatos (desde que registrados para a respectiva eleição), os partidos políticos, coligações e o Ministério Público Eleitoral; Devem ser réus: candidato eleito e diplomado com as irregularidades apontadas no art. 262 do Código Eleitoral, bem como os respectivos vices e suplentes.
Representações por Infringência à Lei das Eleições Previsão legal As reclamações e representações relativas ao descumprimento da Lei das Eleições estão previstas no art. 96 da Lei nº 9.504/97. Competência a) Tribunal Superior Eleitoral (diretamente aos Juízes Auxiliares ): em eleição presidencial; b) Tribunais Regionais Eleitorais (diretamente aos Juízes Auxiliares): nas eleições gerais; e c) aos Juízes Eleitorais: nas eleições municipais.
Legitimidade a) os partidos políticos (desde que não coligados); b) as coligações; c) os candidatos; ou d) o Ministério Público Eleitoral.
Procedimento Representações em geral: rito no art. 96 da Lei n.º 9.605/97. Representações especiais (representações dos arts. 23, 30-A, 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81 da Lei das Eleições): rito da AIJE (já estudado). Procedimento geral: petição inicial: relata-se fatos e informa qual a violação à lei eleitoral e pede a aplicação das sanções; Notificação do representado: preferencialmente por fax ou correio eletrônico, para, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, caso queira, apresentar defesa;
Defesa: o demandado indicará os fundamentos fáticos e jurídicos de sua irresignação; Oitiva do MP: se custos legis, falar em 24 horas; Decisão: o órgão da Justiça Eleitoral competente decidirá de plano e fará publicar a decisão em 24 (vinte e quatro) horas, salvo necessidade de dilação probatória; Recurso: prazo de 24 horas da publicação da decisão e no mesmo prazo as contrarrazões; Julgamento do recurso pelo tribunal: o recurso deve ser julgado em 48 horas.