PROCESSOS N s 043-57922/09, Nº 043-57921/09, Nº 043.57918/09, Nº 043.57919/09, Nº 043.14335/10, 043.14334/10, 03.14337/10 E Nº 043.14336/10. RECURSO VOLUNTÁRIO RECORRENTE: ASSISTÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR LTDA. RECORRIDO: Secretaria Municipal de Finanças da Prefeitura de Teresina RELATOR: Cons. MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO DE DÉBITO Nº 2009/001697 E 2009/001698 (ISS FONTE DEIXAR DE EFETUAR A MENOR RECOLHIMENTO DO IMPOSTO RETIDO DE TERCEIRO) NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO DE DÉBITO Nº 2009/001683 E Nº 2009/001682 (ISS PRÓPRIO NÃO RECOLHIMENTO) RELATÓRIO Trata-se de Recurso Voluntário interposto por ASSISTÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR LTDA., inscrita no CMC sob o nº 086.713-6, em face da decisão nº 020/2013, proferida pelo Secretário Municipal de Finanças da Prefeitura de Teresina, referente aos processos nº 043-57922/09, Nº 043-57921/09, Nº 043.57918/09, Nº 043.57919/09, Nº 043.14335/10, 043.14334/10, 03.14337/10 E Nº 043.14336/10.
O motivo da presente autuação, em síntese, é o não recolhimento referente ao período fiscalizado, gerando as Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001683 e 2009/001682, bem como o recolhimento menor de ISS devido, gerando as Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001697 e 2009/001698. Em sua defesa de primeira instância, a recorrente afirma que os Lançamentos de Débitos nº 2009/001697 e nº 2009/001698 resultam de aplicação equívoca da Legislação pertinente ao ISS. No artigo 96, Lei 3.606/06, para efeitos de incidência e do pagamento do ISS, o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador. Entende ainda que a atividade de plano de saúde afigura-se como sui generis, pois há o serviço prestado pelo médico, hospital ou congênere para o usuário, de outro lado há o serviço prestado pela operadora ao usuário, que consiste justamente na intermediação entre o serviço prestado pelo profissional de saúde ou hospital e o usuário. Sendo somente o ISS relativo a este serviço é indubitavelmente devido ao município de Teresina. Com relação aos Lançamentos de Débitos nº 2009/001683 e nº 2009/001682, argumenta que o preço do serviço da atividade de plano de saúde é a comissão auferida pela prestadora, ou seja, a remuneração em troca do fazer prestado. Para que seja devidamente identificado o preço de serviço prestado, necessário se faz descontar da receita bruta recebida dos usuários os valores repassados a terceiros prestadores de serviços, sob pena de incorrer em bitributação. A base de cálculo do ISS é o preço do serviço prestado, nos termos do art. 7º, da LC n. 116/03 e do art. 111 do CTM.
Defende ainda que este é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e há entendimentos favoráveis a sua tese, afirmando que a imposição tributária seja aplicada em conformidade com a legislação atinente, a base de cálculo sobre a qual deve incidir a alíquota deve ser alterada, com a devida dedução dos valores repassados para terceiros prestadores de serviços médicos e hospitalares, não podendo subsistir o entendimento da autoridade fiscal de que a base de cálculo consiste na totalidade dos valores recebidos pela operadora à título de mensalidades. Chamado a se manifestar, na forma da legislação municipal, a Auditora-Fiscal notificante, em seu pronunciamento as folhas 121 e 122 do processo nº 043-57922/2009 e 043.57921/2009, opinou no sentido da manutenção parcial das NLD nº2009/001697 e 2009/001698 e nas folhas 21 dos processos nº 043.51918-09 e 043.57919-09 pela manutenção integral das NLD nº 2009/001683 e 2009/001682. Alega em síntese que foram efetuadas alterações no levantamento fiscal e nas respectivas Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001697 e 2009/001698, considerando estes novos elementos. Argumenta ainda que respectivas Notificações de Lançamento de Débito não apresentam valores que não são de competência do município de Teresina e que todos os valores cobrados resultam da não apresentação de documentação comprobatória da retenção. Com relação às Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001683 e 2009/001682, entende que a reclamante presta serviços de comercialização de planos privados de assistência à saúde, enquadrados no item 4.22 da lista de serviços, tendo como base de cálculo do ISS o valor total
recebido sem nenhuma dedução, conforme legislação pertinente ao ISS Lei nº 3.254/03, Lei nº 3606/06 e Decreto nº 7232/07. Nas contrarrazões apresentadas, o reclamante apresentou para o Órgão Julgador de Primeira Instância Administrativa, processo nº 043.14335/2010, 043.14.334/2010, 043.14337/2010 e 043.14336/2010, corroborando com os argumentos já apresentados nas reclamações e acrescentando que o ISSQN das operadoras de planos de assistência à saúde deveria ser inexigível, em razão do fornecimento de serviços médicos pelos profissionais e prestadores por ela credenciados, arguindo assim a constitucionalidade do item 4.23 da lista anexa a LC nº 166/03. Em decisão nº 099/2013, o Exmo. Senhor Secretário Municipal de Finanças, Admilson Brasil Lustosa Filho, entende que não há serviço de intermediação entre a Operadora e o Usuário do plano de saúde. Isso porque, na intermediação o prestador dos serviços não fecha nem conclui o negócio para o tomador, apenas o encaminha, para que as partes procedam ao devido ajuste. Tal não é a situação de fato do impugnante, que opera plano privado de assistência à saúde, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.656/1998, conforme verificado pela Auditora-Fiscal autuante, serviço esse que se encontra previsto no item 4, subitens 4.22 e 4.23, da Lista de Serviços do ISS, constante na Lei nº 1.761/1983, com a redação dada pela LC nº 3.254/1983 e mesmo item e subitens da LC nº 3.606/2006. Conclui ainda o Exmo. Senhor Secretário da seguinte forma: julgo parcialmente procedentes as Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001697 e 2009/001698 consubstanciadas nos processos nº 043-52265/2009 e 043-5289/2009, com as alterações promovidas pela Auditora-
Fiscal, através das Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001697-1 e 2009/001698-1, procedentes as Notificações de Lançamento de Débito nº 2009/001683 e 2009/0016982 consubstanciadas nos processos nº 043-52887/2009 e 043-52886/2009 e (...) condenou o sujeito passivo ao pagamento do ISS devido, corrigido monetariamente, acrescido dos consectários legais sancionatórios. Inconformada com o julgamento em Primeira Instância, a recorrente interpôs Recurso Voluntário para este Conselho, utilizando dos mesmos argumentos expostos acima, bem como que há a existência de medida liminar determinando a cobrança do ISS sobre a base menor. Defende-se ainda que há equivoco no saldo por considerar que a ora recorrente é responsável por recolher, ao município de Teresina, verba devida para outros municípios, tais como Parnaíba e Picos, pois o ISS é devido no local da prestação do atendimento médico. Em virtude da recorrente ter informado no Recurso Voluntário interposto a existência de processo judicial tratando da matéria objeto da presente lide, os presentes autos foram baixados em diligência para fins de comprovação da existência da ordem judicial exarada em desfavor do Município de Teresina (fls.28). Foi juntada pela recorrente certidão de inteiro teor do processo n. 0012066-85.2012.8.18.0140, noticiando a existência de medida judicial em desfavor do Município, a qual determinou a suspensão da exigibilidade do ISS na forma em que imposta pelo Município, bem como determinar a incidência do tributo sobre o valor líquido auferido pela autora, ou seja, excluindo-se da base
de cálculo os valores repassados aos terceiros prestadores de serviços (médicos, hospitais e profissionais de saúde credenciados). anulação das autuações. Diante disso, requer a reformulação da Decisão nº 020/2013 e a É o relatório. Teresina-PI, 10 de fevereiro de 2014. Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Conselheiro Relator