ACÚMULO DE FÓSFORO EM SORGO SUBMETIDO A COMPOSTOS ORGÂNICOS E IRRIGADO COM ÁGUA SALINA

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO MINERAL DE SORGO SUBMETIDO A SALINIDADE E COMPOSTOS ORGÂNICOS MINERAL EVALUATION OF SORGHUM SUBMITTED TO SALINITY AND ORGANIC COMPOUNDS

ACÚMULO DE SÓDIO EM SORGO IRRIGADO COM ÁGUA SALINA E SUBMETIDO A COMPOSTO ORGÂNICOS DIFERENTES

INFLUÊNCIA DA SALINIDADE NO ACÚMULO DE CÁLCIO EM SORGO SUBMETIDO A DIFERENTES COMPOSTOS ORGÂNICOS

PALAVRAS-CHAVE: salinidade, Sorghum, matéria orgânica, irrigação.

EFEITO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS NO ACÚMULO DE ÍON CLORO EM SORGO IRRIGADO COM ÁGUA SALINA

XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE INTRODUÇÃO

EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES PELA CULTURA DO SORGO FORRAGEIRO. C. A. Vasconcellos, J. A. S. Rodrigues, G.V.E. PITTA e F.G.

REDUÇÃO DA SALINIDADE E DA SODICIDADE EM SOLOS IRRIGADOS: AÇÃO DA IRRIGAÇÃO, LAVAGEM, CORRETIVOS QUÍMICOS E INSUMOS ORGÂNICOS

EFEITO DOS NÍVEIS DE SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DO FEIJOEIRO COMUM*

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 465

COMPARAÇÃO DE DOSES DE ESTERCO BOVINO EM SORGO IRRIGADO COM ÁGUA SALINA

CRESCIMENTO DE PLANTAS DE SORGO BRS 610 SOB DIFERENTES SALINIDADES E TIPOS DE ADUBAÇÃO

TÍTULO: ACÚMULO DE BIOMASSA E COMPRIMENTO DE RAIZ DE ESPÉCIES DE BRACHIARIA SUBMETIDAS A DUAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS

TAXAS DE CRESCIMENTO EM DIÂMETRO CAULINAR DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO-SALINO(*)

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

RELATÓRIO DE PESQUISA 11 17

ANÁLISE DO TECIDO VEGETAL DO PINHÃO MANSO, SUBMETIDOS A FONTES E DOSES DE FERTILIZANTES

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Análise Comparativa de Métodos de Extração de Nutrientes de Tecidos Vegetais

ADUBAÇÃO NPK DO ALGODOEIRO ADENSADO DE SAFRINHA NO CERRADO DE GOIÁS *1 INTRODUÇÃO

Protocolo. Boro. Cultivo de soja sobre doses de boro em solo de textura média

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 726

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE BRACHIARIA SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

CRESCIMENTO DE PLANTAS DE SORGO EM FUNÇÃO DE ADUBAÇÃO FOSFATADA

EFEITO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NO SULCO DE PLANTIO NO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE SORGO

Acúmulo e exportação de nutrientes em cenoura

PRODUÇÃO DE PROLINA NO CAPIM MOMBAÇA EM FUNÇÃO DO SUPRIMENTO DE CÁLCIO COMO AMENIZADOR DO ESTRESSE SALINO SÓDICO

AVALIAÇÃO DA FITOMASSA E COMPRIMENTO DAS RAÍZES DA MAMONEIRA BRS NORDESTINA INFLUENCIADOS PELA FERTILIZAÇÃO ORGÂNICA

IMPACTO DA APLICAÇÃO DO LODO DE INDÚSTRIA DE GELATINA NA PERCOLAÇÃO DE FÓSFORO E POTÁSSIO EM COLUNAS DE SOLO CULTIVADAS COM MILHO

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SALINA NA CULTURA DA RÚCULA EM CULTIVO ORGÂNICO INTRODUÇÃO

DOSES ÓTIMAS DE BORO PARA O MILHO FORRAGEIRO

EFEITO DA SALINIDADE SOBRE O CRESCIMENTO EM PLANTAS JOVENS DE MILHO (Zea mays L.)

RESPOSTA DO MILHO A NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DE ÁGUA NO SOLO E DOSES DE CÁLCIO*

INTERAÇÃO ENTRE SALINIDADE E BIOFERTILIZANTES NA CULTURA DO ARROZ

Eficiência Agronômica de Compostos de Aminoácidos Aplicados nas Sementes e em Pulverização Foliar na Cultura do Milho 1. Antônio M.

FONTES ORGÂNICAS DE NUTRIENTES E SEUS EFEITOS NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA MAMONEIRA*

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

INTERAÇÃO ENTRE ÁGUA SALINA E ADUBAÇÃO POTÁSSICA NOS ÍNDICES FOLIARES DE CLOROFILA EM MELANCIEIRAS

ALTURA DE PLANTA DO CAPIM-CORRENTE EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA E NITROGENADA

Efeito do Tratamento de Sementes com Micronutrientes (Zn e Mo) Sobre o Desenvolvimento de Plântulas de Milho (Zea mays)

TEORES DE NPK EM SORGO FORRAGEIRO IRRIGADO COM EFLUENTE SALINO DA PISCICULTURA

6 CALAGEM E ADUBAÇÃO

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

CRESCIMENTO DA MAMONEIRA SOB DOSES DE GESSO AGRÍCOLA APLICADAS AO SOLO

AVALIAÇÃO DO USO DE RESÍDUO ORGÂNICO E ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CULTIVO DE GERGELIM (Sesamum indicum L. cv. Trhébua)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 637

Protocolo Gessagem. Doses de gesso agrícola e seu residual para o sistema de produção soja/milho safrinha

SOLOS AFETADOS POR EXCESSO DE SAIS E SÓDIO SOLOS AFETADAS POR EXCESSO DE SAIS E SÓDIO

ADUBAÇÃO FOSFATADA NA CULTURA DO MILHO

NUTRIENTES EXTRAÍDOS PELA CULTURA DO SORGO FORRAGEIRO CV. JUMBO EM FUNÇÃO DAS DOSES DE NITROGÊNIO

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E SÓDIO PELO CAUPI EM SOLOS SALINO-SÓDICOS CORRIGIDOS COM GESSO

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE UM POLIFOSFATO SULFORADO (PTC) NO ALGODOEIRO EM SOLO DE GOIÂNIA-GO *

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO 1 INTRODUÇÃO

FISIOLOGIA DE PLANTAS DE FEIJÃO-DE-CORDA IRRIGADAS COM ÁGUA SALINA E SUBMETIDAS A DOSES DE BIOFERTILIZANTE

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 17 a 20 de outubro, ARTIGOS COMPLETOS

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM GRÃOS DE SOJA E FEIJÃO CULTIVADOS EM SOLO SUPLEMENTADO COM LODO DE ESGOTO

Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto: Descrição do Estudo

Enxofre Nutrição Mineral de Plantas ENXOFRE. Prof. Volnei Pauletti. Departamento de Solos e Engenharia Agrícola

Continente asiático maior produtor (80%) Arroz sequeiro perdendo área para milho e soja

PP = 788,5 mm. Aplicação em R3 Aplicação em R5.1. Aplicação em Vn

CULTIVO DE MANJERICAO VERDE EM FIBRA DE COCO FERTIIRRIGADO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA

Protocolo. Dinâmica do K. Dinâmica do potássio em solo de textura arenosa

Biofertilizante de origem Suína na formação inicial de Mudas de Graviola (annomamuricata l.) e matéria seca da raiz.

CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE MILHETO IRRIGADAS COM ÁGUAS SALINAS

AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO TARDIA DE COBALTO, NA ABSCISÃO DE FLORES E COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM (Vigna unguiculata).

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E DIFERENTES NÍVEIS DE FÓSFORO EM SOLOS SALINOS. Palavras-chave: Fósforo. Matéria orgânica. Solos afetados por sais.

POTENCIAL DE ROCHAS SILICÁTICAS NO FORNECIMENTO DE NUTRIENTES PARA MILHETO. 1. MACRONUTRIENTES (1)

INFLUÊNCIA DA SUPRESSÃO DA IRRIGAÇÃO NOS DIFERENTES ESTÁGIOS FENOLÓGICOS DO FEIJÃO-CAUPI

Prof. Francisco Hevilásio F. Pereira Cultivos em ambiente protegido

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

Manejo da fertilidade de solo e Nutrição de sorgo sacarino Leonardo A. Aquino

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Protocolo. Enxofre. Resposta da cultura da sojaa fontes e doses deenxofre

Protocolo. Parcelamento do K. Doses e parcelamento daadubação potássica para o cultivo da soja em solo arenoso

CRESCIMENTO DO SORGO EM FUNÇÃO DA IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SALOBRA E APLICAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS 1

TAXAS DE CRESCIMENTO EM ALTURA DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO- SALINO(*)

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE "BRACHIARIA" SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

EFICIÊNCIA AGRÔNOMICA, DE ESTIRPES DE RIZOBIO NATIVO DO CERRADO DO TOCANTINS INOCULADOS EM FEIJÃO-CAUPI

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

TEOR E EXTRAÇÃO DE NPK EM DOIS GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

Influência de doses de fósforo e de nitrogênio na produção de abobóra híbrida, tipo tetsukabuto, na região norte de Minas Gerais

TEORES DE AMIDO EM GENÓTIPOS DE BATATA-DOCE EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de alface

Comportamento de plantas de açaizeiro em relação a diferentes doses de NPK na fase de formação e produção

SUMÁRIO. Capítulo 1 ESCOPO DA FERTILIDADE DO SOLO... 1

28/2/2012. Fertirrigação Noções de Química e Física do Solo e Nutrição Mineral de Plantas. Formação do solo. Formação do solo

23/11 a 09/12 de 2015 Câmpus de Araguaína, Gurupí e Palmas

EFEITO RESIDUAL DE LONGO PRAZO DA ADUBAÇÃO DE PRÉ-PLANTIO COM TORTA DE MAMONA NA PRODUÇÃO DE AMOREIRA-PRETA

Fertilidade de Solos

Manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho

DESENVOLVIMENTO DO ALGODOEIRO COLORIDO BRS 201 IRRIGADO COM ÁGUA DE DIFERENTES NÍVEIS DE SALINIDADES

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO NO CERRADO

Recomendação de correção e adubação para cultura da alface

EFEITO DA TORTA DE MAMONA SOBRE O CRESCIMENTO DA MAMONEIRA BRS 149 NORDESTINA.

EFEITO DA SALINIDADE NO CRESCIMENTO INICIAL DO GIRASSOL EM DOIS TIPOS DE SOLOS DIFERENTES

Comportamento Agronômico de Cultivares de Sorgo Forrageiro em Jataí - Goiás 1

Transcrição:

ACÚMULO DE FÓSFORO EM SORGO SUBMETIDO A COMPOSTOS ORGÂNICOS E IRRIGADO COM ÁGUA SALINA ACCUMULATION OF PHOSPHORUS IN SORGHUM SUBMITTED TO ORGANIC COMPOUNDS AND IRRIGATED WITH SALINE WATER Medeiros, CC 1 ; Sousa, RA 1 ; Pires, ABFS 1 ; Silva, MNP 1 1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, CP 07, 59280-000, Macaíba-RN. Brasil. medeiros-if@hotmail.com; roalsoagro@yahoo.com.br; amandapires2912@hotmail.com; navegantes76@hotmail.com RESUMO: Verificar os efeitos da salinidade da água de irrigação e de compostos orgânicos sobre a composição mineral do sorgo cv BRS Ponta Negra foi o objetivo deste trabalho. As plantas foram cultivadas em vasos contendo 23 kg de solo arenoso, em casa de vegetação. Os níveis de salinidade foram 0,2; 2,0; 4,0; e 6,0 ds m -1. Os compostos orgânicos foram o esterco bovino curtido e o biofertilizante Ative. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco repetições, em esquema fatorial 4 x 3. Avaliou-se os teores de P nos colmos + bainhas e nos limbos foliares. Houve diminuição do teor de fósforo nas plantas quando se aumentou a salinidade da água de irrigação, mesmo como a presença dos compostos orgânicos. PALAVRAS-CHAVE: esterco bovino, salinidade, água, irrigação. INTRODUÇÃO: Devido a iminente necessidade da utilização da água de qualidade inferior para irrigação no semiárido nordestino brasileiro, cuja caracterização hídrica é de alta evaporação e baixa precipitação pluviométrica, vários estudos têm sido desenvolvidos com o objetivo de obter manejo adequado que possibilite o uso dessas águas sem afetar negativamente o desenvolvimento e o rendimento das culturas (OLIVEIRA et al., 2015). Diversas alternativas têm sido avaliadas com o objetivo de possibilitar o uso de águas salinas na agricultura irrigada, dentre estas se podem citar a aplicação de matéria orgânica (YIP; ELIMELECH, 2013) já que o acúmulo de íons sódio e cloreto em excesso nas células pode causar na planta danos por toxidade, quando não excluídos ou compartimentados no vacúolo (ULRICH et al., 2014). A matéria orgânica do solo desempenha um papel importante na sustentabilidade agrícola, influenciando os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, com reflexo na estabilidade da produtividade dos agroecossistemas (COSTA et al., 2013). Segundo Naiff (2007), o P tem importante função nas plantas, sendo constituinte de compostos armazenadores de alta energia, como o ATP (adenosina trifosfato). É através da utilização dessa forma de energia química que a semente germina, que a planta efetua a fotossíntese (ciclo de Calvin), que se absorve de forma ativa os nutrientes do solo e se sintetiza vários compostos orgânicos. O sorgo possui múltipla utilização, desde a alimentação humana, como na maioria dos países da África e da Ásia, até a alimentação animal, que predomina na maioria dos países ocidentais que o utilizam como principal substituto do milho. Esta espécie é classificada em diferentes tipos de acordo com o seu

potencial de uso para os diferentes fins da agroindústria. O sorgo pode ser do tipo forrageiro, destinado à produção de forragem para silagem ou pastagem para animais; do tipo granífero, destinado à produção de grãos; do tipo vassoura, cultivado essencialmente no sul do país para a confecção de vassouras caseiras; e por fim, do tipo sacarino, que apresenta a característica de acumular altos teores de açúcares fermentescíveis no colmo (PONTES, 2013). Segundo Formiga et al. (2012), na cultura do sorgo, o fósforo promove a formação e o desenvolvimento inicial da raiz, bem como promove o crescimento da planta em altura, diâmetro do caule, e é vital para a formação de sementes. GUIMARÃES et al. (2015) com o objetivo de verificar a absorção de macronutrientes (NPK) em plantas de sorgo forrageiro irrigado com efluente salino da piscicultura, encontraram aumentos nos teores de fósforo somente nas panículas. Diante do exposto assim como pela escassez de trabalhos que verifiquem o efeito de compostos orgânicos na cultura do sorgo quando irrigado com água salina, desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de verificar o acumulo do íon fosforo nas plantas de sorgo cv BRS Ponta Negra. METODOLOGIA: O experimento foi conduzido em casa de vegetação localizada na Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias - UFRN, em Macaíba RN. Utilizou-se a cultura do sorgo cv. BRS Ponta Negra, classificada na categoria forrageiro de pequeno porte. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco repetições no esquema fatorial 4 x 3, totalizando doze tratamentos. Foram estudados quatro níveis de salinidade da água de irrigação (0,2; 2,0; 4,0 e 6,0 ds m -1 ); e, dois compostos orgânicos: sem composto orgânico (testemunha), esterco bovino curtido (20 t ha -1 ) e biofertilizante Ative (50 L ha -1 ). Para o preparo das soluções salinas, foram utilizados os sais de NaCl, dissolvidos em água de açude, obedecendo-se à relação entre a condutividade elétrica da água de irrigação (CEa) e sua concentração (mg L -1 = 640 x CE). Na Tabela 1, observa-se a composição química das águas utilizadas para a irrigação no experimento. Tabela 1. Composição química das águas de irrigação usadas no experimento. Água Ca2+ Mg 2+ Na + K + Cl - 2- - CO 3 HCO 3 CEa ph mmol (ds m -1 c L -1 ) RAS S0 0,15 0,22 0,85 0,20 1,12 0,00 0,42 7,0 0,20 1,11 S1 0,50 0,50 21,35 0,15 19,81 0,00 0,33 6,4 2,00 15,69 S2 0,70 0,30 41,39 0,16 38,50 0,00 0,28 6,2 4,00 26,85 S3 0,50 0,50 56,35 0,15 54,15 0,00 0,24 6,2 6,00 37,03 Fonte: Laboratório de Análises de Solo, Água e Planta EMPARN. CEa = condutividade elétrica da água de irrigação; RAS = relação de adsorção de sódio. S0 = água de açude do Bebo; S1 = solução salina 1; S2 = solução salina 2; S3 = solução salina 3. O turno de rega foi diário. A quantidade de água aplicada no experimento foi estimada com o objetivo de o solo alcançar a sua capacidade de campo e o excesso de água percolasse adicionando-se uma fração de lixiviação de 15%, aproximadamente. Até o desbaste, utilizou-se água de Açude do Bebo (S0) para a irrigação. Para a instalação do experimento, colocou-se aproximadamente 23 kg de solo arenoso (Tabela 2) em vasos plásticos de 32 cm de diâmetro na base maior e 24 cm de diâmetro na base menor e altura 34 cm, perfurados na face inferior. Tabela 2. Atributos químicos e classificação textural do solo utilizado no experimento. Ca 2+ Mg 2+ Na + K + H + +Al 3+ Al 3+ SB t P ph CE es PST V Dg cmol c kg -1 (mg dm -3 ) (ds m -1 ) (%) (g cm -3 ) T 0,8 0,7 0,05 0,13 1,82 0,65 1,7 3,5 1,31 5,0 0,1 1,0 49 1,46 Areia

Fonte: Laboratório de Solos e Água DCS/CCA/UFC. SB = soma de bases; t = capacidade de troca catiônica efetiva; ph = ph em água (1:2,5); CEes = condutividade elétrica do extrato de saturação; PST = porcentagem de sódio trocável; V = saturação por bases; Dg = densidade global; T = textura Antes da semeadura, em fundação, aplicou-se o equivalente a 20 t ha-1 de esterco bovino curtido, sendo homogeneizado na camada de 0-0,20 m nos vasos correspondentes a esse tratamento, cuja análise química está na Tabela 3. Tabela 3. Composição química do esterco bovino utilizado no experimento. N P P 2 O 5 K + K 2 O Ca 2+ Mg 2+ Fe Cu Zn Mn CE eb g kg -1 mg kg -1 (ds m -1 ) 5,9 2,4 5,5 0,8 1,00 14,1 4,7 1.150,80 19,8 135 145,9 2,63 Fonte: Laboratório de Solos e Água DCS/CCA/UFC. CEeb = condutividade elétrica do esterco bovino A aplicação do biofertilizante Ative, Tabela 4, iniciou-se vinte dias após a semeadura, na dose de 50 L ha -1, segundo recomendação do fabricante, nos vasos correspondentes a esse tratamento, colocando-se em cada vaso 0,5 ml de biofertilizante. Tabela 4. Composição química do biofertilizante Ative concentrado utilizado no experimento. Ca 2+ Mg 2+ Na + K + Cl - 2- - CO 3 HCO 3 CE b (ds m -1 ) ph RAS b mmol c L -1 246,6 80,4 70,11 10,3 900,00 0,00 0,00 2,8 704,00 5,5 Fonte: Laboratório de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas DCAT/UFERSA. CEb = condutividade elétrica do biofertilizante. RASb = Relação de adsorção de sódio do biofertilizante A semeadura foi realizada colocando-se dez sementes de sorgo em cada vaso. A germinação ocorreu cinco dias após o plantio, sendo o desbaste realizado após dez dias, deixando-se duas plantas por vaso. Em seguida, iniciou-se a aplicação de água salina nos tratamentos correspondentes. A adubação química constituiu na aplicação de ureia (0,94 g vaso -1 ), cloreto de potássio (0,49 g vaso -1 ) e superfosfato simples (1,96 g vaso -1 ), seguindo a recomendação para a cultura. Aos sessenta dias após a semeadura, procedeu-se a coleta do experimento. O material coletado após pesagem foi acondicionado em sacos de papel e levados a estufa com circulação forçada, a 65 ºC, por um período de sete dias, quando se constatou o peso constante das amostras, para obtenção da matéria seca total. E a partir desta foram finamente triturados em moinho tipo Willey, preparou-se o extrato para a determinação dos teores de K+. O extrato foi preparado utilizando 200 mg do pó diluído em 15 ml de ácido clorídrico 1 N e, em seguida, agitado por 60 minutos e filtrado, utilizando-se papel de filtro de filtragem rápida (MIYAZAWA et al., 1984). Os teores de P foram determinados por colorimetria (MALAVOLTA et al., 1989). Os resultados das variáveis foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey com p < 0,05 (comparação dos compostos orgânicos) utilizando-se o programa ASSISTAT 7.6 Beta. A análise de regressão foi empregada para a avaliação dos efeitos da salinidade da água de irrigação e da interação, quando significativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na Figura 1A observa-se que o teor de fósforo no colmo + bainhas decresceu 41% até a CEa = 2,56 ds m -1, representando o valor mínimo do teor deste íon, e a partir do qual ocorreu incremento de 59% até a máxima salinidade. Figura 1. Teor de fósforo colmo + bainhas (A) e nos limbos foliares (B) de plantas de sorgo cv. BRS Ponta Negra em função da salinidade da água de irrigação. SC = testemunha; EB = esterco bovino; Bio = biofertilizante Ative. CEa = condutividade

elétrica da água de irrigação. *Significativo pelo teste F a 5%; ** Significativo pelo teste F a 1%. Na Figura 1B, verifica-se redução de 42%, no teor de fósforo nos limbos foliares, no tratamento testemunha, até o nível de salinidade igual a 4,6 ds m -1, a partir do qual observa-se acréscimo de apenas 6% no maior nível de salinidade; quando se aplica o esterco bovino observa-se que nos níveis iniciais de salinidade ocorre redução até a salinidade de 4,5 ds m -1, e aumento a partir deste nível, no entanto, de apenas 7%, na CEa = 6,0 ds m -1. A utilização do biofertilizante, gerou comportamento irregular do teor de fósforo nos limbos foliares ao se incrementar os níveis de sais da água, representado por modelo cúbico (Figura 1B). O decréscimo do íon fósforo nas partes vegetativas do sorgo, pode ser explicado pelo aumento da salinidade no meio de cultivo mesmo ocorrendo durante o período experimental a fertilização química, e a aplicação do esterco bovino e biofertilizante visto que a salinidade pode diminuir a concentração de fósforo no tecido das plantas, devido aos efeitos da força iônica, que reduzem a atividade de fosfato na solução do solo. Coelho et al. (2014) em plantas de sorgo submetidas a salinidade encontraram decréscimos de P no colmo, folhas e raízes, com o aumento da salinidade, fato que foi observado neste trabalho, pois além de ser essencial no ciclo de Calvin-Benson para a formação de trioses-fosfato, e consequentemente a síntese de amido e sacarose para formação da biomassa e crescimento da planta (TAIZ; ZEIGER, 2013). CONCLUSÕES: Houve diminuição do teor de fósforo nas plantas quando se aumentou a salinidade da água de irrigação, mesmo como a presença dos compostos orgânicos. AGRADECIMENTOS: CAPES, INCT-Sal, EAJ-UFRN REFERÊNCIAS: COELHO, D. S.; SIMÕES, W. L.; MENDES, A. M. S.; DANTAS, B. F.; RODRIGUES, J. A. S.; SOUZA, M. A. Germinação e crescimento inicial de variedades de sorgo forrageiro submetidas ao estresse salino. Revista Brasileira Engenharia Agrícola e Ambiental, v.18, n.1, p.25-30, 2014. COSTA, E. M.; SILVA, H. F.; RIBEIRO, P. R. A. Matéria orgânica do solo e o seu papel na manutenção e produtividade dos sistemas agrícolas. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17, 2013

FORMIGA, M. S.; FERREIRA, A. C.; TRAVASSOS, K. D.; BARACUHY, J. G. V.; LIMA, V. L. A.; DANTAS, J. P. A marcha de absorção de nutrientes (NPK) no sorgo granífero sacarino. Revista Educação Agrícola Superior, v. 27, n. 1, p. 3-12, 2012. GUIMARÃES, M. J. M.; SIMÕES, W. L.; WILLADINO, L. G.; FERREIRA, P. P. B.; SILVA, M. V. T.; SOUZA, M. A. Teores de NPK em sorgo forrageiro irrigado com efluente salino da piscicultura. In: XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem, UFS - São Cristóvão/SE, nov. 2015. Anais... MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: Princípios e Aplicações. Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. Piracicaba, SP, 1989. 201p. MIYAZAWA, M.; PAVAN, M. A.; BLOCH, M. F. M. Avaliação de métodos com e sem digestão para extração de elementos em tecidos de plantas. Ciência e Cultura, v.36, p.1953-1958, 1984. NAIFF, A. P. M. Crescimento, composição mineral e sintomas visuais de deficiências de macronutrientes em plantas de Alpinia purpurata cv. Jungle King. 2007. 75 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal da Amazônia, Belém, 2007. OLIVEIRA, F. A.; GUEDES, R. A. A.; GOMES, L. P.; BEZERRA, F. M. S.; LIMA, L.A.; OLIVEIRA, M. K. T. Interação entre salinidade e bioestimulante no crescimento inicial de pinhão-manso. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.19, n.3, p.204 210, 2015. PONTES, G. M. Avaliação da produtividade de biomassa de capim elefante e sorgo sacarino no estado do Ceará para uso energético. 2013. 103 f. Dissertação (Mestrado em Agroenergia) - Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas EESP FGV, São Paulo, 2013 TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5. ed. Porto Alegre, Artmed, 918 p. 2013 ULRICH, D.; AARON, B. S.; TOMOAKI, H.; WEI, L.; GUOHUA, X.; JULIAN, I. S.; Plant salt-tolerance mechanisms. Trends in Plant Science, v. 19, n. 6, p. 371-379, 2014. YIP, N. Y; ELIMELECH, M. Influence of Natural Organic Matter Fouling and Osmotic Backwash on Pressure Retarded Osmosis Energy Production from Natural Salinity Gradients. Environmental Science Technology, v. 47, p.12607-12616, 2013.