UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE: UM ESTUDO DE CASO NUMA DISCIPLINA DE PÓS-GRADUAÇÃO Por: Uyara Guimarães Santos Orientador Profª. Ms. Maria Esther de Araújo Oliveira Co-orientador Profº. Drº. Alexandre de Gusmão Pedrini Rio de Janeiro 2003

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE: UM ESTUDO DE CASO NUMA DISCIPLINA DE PÓS-GRADUAÇÃO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Planejamento e Educação Ambiental. Por: Uyara Guimarães Santos

3 AGRADECIMENTOS Aos amigos e professores, que contribuíram para a confecção desse trabalho acadêmico.

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu filho, Vinicius, orgulho de minha existência.

5 RESUMO Esta pesquisa aborda, a Educação Ambiental numa Universidade do Rio de Janeiro, no nível de Pós-graduação. É relatado como esta temática é abordada, se é uma disciplina ou não; si possui metodologia dentro dos pressupostos teóricos, como por exemplo, da principal Conferência sobre Educação Ambiental (EA) que é a de Tbilisi e se está de acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente (PONEA). Serão apresentados os conceitos de Educação Ambiental, e as mais importantes recomendações das principais Conferências Internacionais sobre o tema. É relatada a opinião de vários autores a respeito da implantação da Educação Ambiental nas Universidades, com suas dificuldades e porque é considerado fundamental que a EA seja inserida através da interdisciplinaridade. Apresenta ainda o resultado de uma entrevista realizada com o professor responsável pela disciplina na instituição pesquisada com a síntese da Ementa e da bibliografia adotada.

6 METODOLOGIA Nesta pesquisa monográfica foram realizadas pesquisas em sites para detectar quais as universidades que possuem a Educação Ambiental como disciplina bem como uma pesquisa bibliográfica em três fases: identificação, localização e reunião sistemática dos materiais, tais como: Ementa, Conteúdo Programático, Programa, Bibliografia adotada e complementar. Nesta pesquisa foram obtidos dados já catalogados em fontes de informações como bibliotecas, editoras e internet. A escolha da Instituição de ensino Superior para estudo foi realizada com base em informações obtidas na pesquisa e pela facilidade de acesso para obtenção de material para a pesquisa. Inicialmente contatou-se o professor do curso onde a disciplina Educação Ambiental faz-se presente, para uma entrevista focalizada que permite mais liberdade para o pesquisador e para o pesquisado. As perguntas, foram elaboradas sem rigor, foram definidos tópicos para uma orientação a entrevista, isso fez com que a conversa fosse informal, mesmo obedecendo um roteiro pré estabelecido. Com os dados coletados analisou-se qualitativamente a proposta buscando o sentido mais explicativo da pesquisa.

SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - Conceitos de Educação Ambiental 10 CAPÍTULO II - Histórico da Educação Ambiental 13 CAPÍTULO III - A Educação Ambiental no Brasil 18 CAPÍTULO IV - A Educação Ambiental na Universidade 20 CAPÍTULO V - A Interdisciplinaridade na Educação Ambiental 23 CAPÍTULO VI - Resultados: Entrevista 26 Bibliografia adotada 29 Comentários 33 CONCLUSÃO 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36 ANEXO 38

8 INTRODUÇÃO A Educação Ambiental, surge como um processo de conscientização para reverter ou pelo menos tentar minimizar as agressões que o homem vem infringindo, em relação ao meio ambiente. Assistimos nos anos 70 ao que se convencionou chamar de o despertar da consciência ecológica no mundo. A Educação Ambiental segundo DIAS (1992:p.28). Foi dada a missão de ser o agente de mudanças desejáveis na sociedade, e a ela se acoplaram as educações (sexual, antidroga, para o trânsito, para a saúde e higiene, etc.). Pode-se dizer, que a Educação Ambiental deve resgatar o papel fundamental que a educação tradicional não cumpriu. De acordo com Paulo Freire (In:BELTRÃO;1992:p.161) a educação é um enfoque crítico da realidade. A Constituição de 1988 em seu art. 225 estabeleceu que o poder público deve promover a Educação Ambiental em todos o níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Na Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental aos Países Membros (Tbilisi Geórgia, ex - URSS 1977), a Educação Ambiental se define como resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas, que facilitam a percepção integrada do meio ambiente. (BELTRÃO;1992:p.179).

9 A Educação Ambiental no curso de pós-graduação, considera-se uma proposta eficaz o que consiste em adotar em enfoque pluridisciplinar, centrado em soluções dos problemas. Formando assim especialistas que trabalhariam como integradores (integeracionistas para distingui-los dos generalistas e dos especialistas) em equipes multidisciplinares. (DIAS;1992:p.78). Embora muitos autores mencionam que a Educação Ambiental não deve ser uma disciplina, pois para eles seria um retrocesso, a Lei 9.795, no Art.10º- 2º de 27 de abril de 1999 da Política Nacional de Educação Ambiental (PONEA), que no Ensino Formal consta: Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica. O objetivo desta pesquisa foi conhecer como a Educação Ambiental (EA) está sendo abordada nos cursos de pós-graduação, qual sua importância na universidade, a possibilidade de ser uma opção para capacitar o profissional, afim de atuarem em diferentes níveis da educação formal e não formal, se os cursos que dizem possuir a Educação Ambiental apresentam metodologias com características interdisciplinares, e se estão dentro da política ambiental.

10 CAPÍTULO I CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL... Nenhum homem poderá revelar-vos nada senão o que já está escrito meio adormecido na aurora do vosso entendimento. O mestre que caminha à sombra do templo, rodeado de discípulos, não dá de sua sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura. Se ele for verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão de seu saber, mas antes vos conduzirá ao limiar de vossa própria mente. (Gibran-1975:p.53) A Educação Ambiental (EA) recebeu várias definições segundo DIAS (1992:p.29),ao longo de sua evolução: STAPP et al. processo que deve objetivar a produção de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente biofísico e seus problemas associados, possam alerta-los a resolver os problemas. IUCN (1970), definiu Educação Ambiental como o processo de reconhecimento de valores e de esclarecimentos de conceitos, que permitam o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para entender e apreciar as interrelações entre o homem, sua cultura e se seu ambiente biofísico circunjacente.

11 MELLOWES (1972), A Educação Ambiental seria um processo no qual deveria ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio ambiente, baseado num completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente em sua volta. O modo como o meio ambiente era percebido interferiu, na evolução do conceito de Educação Ambiental. Não se pode avaliar as interdependências, conceituando a EA só nos seus aspectos naturais, nem a contribuição das ciências sociais à percepção e melhoria do meio ambiente humano. O conceito de Educação Ambiental que é válido até hoje, foi definido na Conferência Intergovernamental sobre a Educação Ambiental (Tbilisi, Geórgia, ex- URSS 1977), conhecida como a Conferência de Tbilisi: "A Educação Ambiental com uma dimensão dada ao conteúdo e a prática, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares, e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade." (DIAS; 1992:p.29). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),defini como um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental. (DIAS- 1992:p.31)

12 As definições são muitas, mas existem entre elas vários pontos em comum, pois consideram que na Educação Ambiental possui a necessidade de uma visão holística e de uma abordagem integradora.

CAPÍTULO II HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 13 Quando for buscar alternativas para soluções aos problemas ambientais, segundo DIAS (1992:p.24), a palavra mais coerente seria REDESCOBRIR. Os nossos antepassados já se preocupavam com os problemas ambientais. Thomas Huxley em 1863, no seu ensaio sobre os seres vivos e os seres humanos, já escrevia sobre as interdependências entre eles. "Evidências sobre o lugar do homem na natureza". Na Suécia, Estocolmo em 1972 aconteceu o marco histórico político internacional para a criação das políticas de gerenciamento do meio ambiente. Realizou-se a Conferência da ONU sobre o meio Ambiente gerando assim, a Declaração sobre o meio Ambiente Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial com o intuito de orientar e inspirar a humanidade para a preservação e melhoria do meio ambiente humano. Para combater a crise ambiental, reconheceu que a Educação Ambiental é o elemento crítico para o combate à crise no mundo, destacou a necessidade urgente do homem recompor suas prioridades. Reconheceu a importância do treinamento de professores e o desenvolvimento de novos recursos instrucionais e métodos, e a Educação Ambiental como fundamental para o público de um modo geral. A UNESCO promoveu em Belgrado, Iugoslávia (1975) a Carta de Belgrado, segue um trecho da Carta - Czapski In:MEC (1998:p.31).

14 Governantes e planejadores podem ordenar mudanças e novas abordagens de desenvolvimento que possam melhorar as condições do mundo, mas tudo isto não se constituirá em soluções de curto prazo, se a juventude não receber um novo tipo de educação. Isto vai requerer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre escola e comunidade, entre o sistema educacional e a sociedade. É nesse sentido que devem ser lançadas as fundações para um programa mundial de Educação Ambiental que torne possível o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando à melhoria de qualidade ambiental e, efetivamente, à elevação da qualidade de vida para as gerações e futuras. Segundo DIAS (1992:p.26) a carta de Belgrado: "Preconiza a necessidade de uma nova ética global, capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação humana, e censurava o desenvolvimento de uma nação às custas de outra, acentuando a premência de formas de desenvolvimento que beneficiassem toda a humanidade." Realizou-se em 1977 em Tbilisi, Georgia, ex-urss, promovida pela UNESCO-PNUMA, a Conferência Intergovernamental sobre a Educação Ambiental, ficou conhecida como a Conferência de Tbilisi. Um marco no desenvolvimento da Educação Ambiental. Uma seqüência à recomendação nº96 da Conferência de Estocolmo. Na Conferência de Tbilisi foram definidas, quarenta e uma Recomendações, mas para fins de esclarecimentos sobre o tema desta pesquisa, só transcreverei as Recomendações abaixo relacionadas que considera:

15 Recomendação nº11 Que menciona a motivação para os profissionais que possuem grande influência sobre o meio ambiente a aperfeiçoarem sua educação ambiental em: a) Programas de formação complementar que permitam estabelecer relações mais apropriadas sobre uma base interdisciplinar. b) Programas de pós-graduação destinados a um pessoal já especializado em certas disciplinas. Considera-se como método de formação eficaz o que consiste em adotar em enfoque pluridisciplinar centrado na solução dos problemas. Isto permitiria formar especialistas que, havendo adquirido essa formação, trabalhariam como integradores em equipes multidisciplinares. Recomendação nº13 considera que as universidades: na sua qualidade de centro de pesquisa, de ensino e de pessoal qualificado no país, devem dar, cada vez mais, ênfase à pesquisa sobre a educação formal e não formal; a educação ambiental nas escolas superiores diferirá cada vez mais da educação tradicional, e se transmitirá aos estudantes os conhecimentos básicos essenciais para sua futuras atividades profissionais redundem em benefícios para o meio ambiente; Recomenda: que se examine o potencial atual das universidades para o desenvolvimento de pesquisa; que se estimule a aplicação de um tratamento interdisciplinar ao problema fundamental da correlação entre o homem e a natureza, em qualquer que seja a disciplina;

16 que se elaborem diversos meios auxiliares e manuais sobre os fundamentos teóricos da proteção ambiental. (DIAS;1992:p.81) Recomendação nº17 considera: a necessidade de que todo o pessoal docente compreenda que é preciso conceder um lugar importante em seus cursos à temática ambiental, recomenda: que se incorporem nos programas, o estudo das ciências ambientais e da educação ambiental. Dez anos após Tbilisi em 1987, realizou-se em Moscou, URSS, o Congresso Internacional da UNESCO - PNUMA sobre a Educação e Formação Ambientais, onde ficou estabelecido a Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação (EA) e Formação Ambiental (FA)para o Decênio de 90. Foram definidas orientações, objetivos e ações para as estratégias internacional em EA e FA, que são; a) Acesso à informação, b) Pesquisa e experimentação, c) Programas educacionais e materiais de ensino, d) Treinamento de pessoal, e) Educação técnica e vocacional, f) Educando e informando ao público, g) Educação Universitária em Moscou foram estabelecidas as seguintes prioridades de ação: DIAS;1992:p.100 I - Desenvolvimento de sensibilização para as autoridades acadêmicas. II Desenvolvimentos de programas de estudo. III Treinamento de professores. IV - Cooperação institucional.

h)treinamento de especialistas, i)cooperação internacional e regional. 17 Em 1992 realizou no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento UNCED, (Rio 92). Houve vários debates com educadores do mundo todo, que debateram uma agenda comum de ação como: as questões metodológicas e curriculares no campo da Educação Ambiental. Desses debates foram criados três documentos, que hoje são referências para a Educação Ambiental, são elas: Agenda 21 O Capítulo 36 é de grande importância, pois foi dedicado integralmente à Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento. A Carta Brasileira para Educação Ambiental que deu destaque para o poder público federal, estadual e municipal, para se cumprir a legislação brasileira, inserindo a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. Tratado de Educação Ambiental para a Sociedade Sustentável e Responsabilidade Global que contém, entre outras propostas, o fortalecimento de uma Rede de Educação Ambiental. Com estes encontros e documentos, abriram-se mais caminhos para a EA. Só que a abertura de um caminho não significa o fim dos obstáculos. É o que se percebe, ao analisar as conseqüências desta constelação de eventos. (Czapski IN:MEC-1998)

18 CAPITULO III A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL Na década de 70 o ensino de primeiro grau, nas disciplinas de ciências, introduzia a defesa do meio ambiente com exercício a cidadania. SANTOS In:PEDRINI (org)(2002:p.58). Com a repercussão na mídia, os movimentos ecológicos popularizaram-se na década seguinte (80), dando uma nova visão para as questões do meio ambiente. Nesta mesma década o Conselho Federal de Educação (CFE) defende que a Educação Ambiental não dever ser uma disciplina específica, mas ressalva que a inclusão da Educação Ambiental nos cursos de formação de professores faz-se necessário. Em 1988 a Constituição no seu art. 225 estabeleceu que para a preservação do meio ambiente e conscientização pública, o poder público deve, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. Na Conferência Rio 92, surge muitas ofertas de informações, cursos, materiais didáticos e aperfeiçoamento dos profissionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1996, em seu Art. 26, 1º, considera que a "compreensão do meio ambiente natural, social do sistema político em que se fundamenta a sociedade deve estar inserida na formação básica". SANTOS In:PEDRINI(org)(2002:p.60). Consagrada como tema transversal pelos PCNS em 1998, tendo como critério norteador a perspectiva de construção da cidadania, com os temas: ética, Educação e Saúde, Educação Ambiental, etc...

19 Mas só em 1999 que os termos legitimados na Conferência de Tbilisi, foram mencionados na Política Nacional de Educação Ambiental (PONEA), onde foram definidos os princípios, objetivos, as obrigações do governo, empresas, instituições de um modo geral, as modalidades, o papel do ensino formal e não formal.

20 CAPÍTULO IV A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE As reflexões sobre o tema começou a ser debatida em 1986 de acordo com TRISTÃO (1997:p.107), foram realizados cinco encontros nacionais, que muito contribuíram para a divulgação das experiências com relação a Educação Ambiental. A universidade tem se visto envolvida em discussões intermináveis, quanto ao seu objetivo, qualquer que seja o resultado desta discussão, a instituição não pode estar separada dos interesses das sociedades. O Tratado de Educação Ambiental para a Sociedade Sustentável e Responsabilidade Global, dá ênfase a importância do ensino, pesquisa e extensão em Educação Ambiental (EA) e criação de centros interdisciplinares para o meio ambiente em cada universidade. A estrutura organizacional segundo TRISTÃO (1997:p.107), da universidade : Dificulta a descentralização das informações e a comunicação entre os diferentes setores da instituição. Devido uma estrutura interna departamentada, compartimentada que fragmenta o conhecimento e torna a instituição resistente a mudanças.

21 Embora não se tenha nenhuma definição se a EA no 3º grau seria ou não uma disciplina, os autores enfatizam que o mais importante, seria não perder o enfoque interdisciplinar que a EA necessita. Os cursos de especialização, extensão e pós-graduação são uma indicação para a solução da formação dos profissionais da área formal e não formal. Seria uma abordagem sócio-ambiental em disciplinas de todas as áreas das ciências humanas, natureza, a sociedade e o planeta. A universidade possui hoje uma importância muito maior na criação de espaços de discussão, tanto no formal como o não formal. A formação profissional acadêmica necessita desse componente no sentido de que os estudantes, futuros profissionais, compreendam a sociedade em toda sua complexidade. BELTRÃO (1992:p.21). A extensão universitária estaria envolvida na integração do saber cientifico com o popular, através de pesquisas metodológicas participativa com a comunidade. Segundo BELTRÃO (1992:p.125), A proposta de um curso de pós-graduação de profissionais neste nível de graduação para a EA, entendendo-se esta como uma prática subjacente a qualquer área do conhecimento ou disciplina curricular. A universidade que é uma instituição, a nível superior, para formação na área formal, precisa segundo PEDRINI&PAULA (2002:p.102: Sensibilizar para a capacitação de educadores sócioambientais. A capacitação de professores nos cursos regulares ou de extensão, deveria perseguir a construção de referenciais teóricos - práticos inovadores em EA e outras áreas. E, na prática, a criação de cursos multidisciplinares, buscando a prática interdisciplinar, ainda na graduação.

22 Assim, os professores poderão, no ensino formal, articular-se entre si e promover a EA, segundo prevê tantos instrumentos legais. E os pressupostos da UNESCO, estando disponíveis para adoção, permitiriam que os educadores pudessem conceber, planejar, executar e avaliar atividades/projetos em EA que este órgão promovesse. Capacitados, o educadores poderão instruir seus alunos para lutarem pela sua cidadania, por meio de um aprendizado que possibilite mudar sua conduta e o desenvolvimento de novos hábitos para fazer valer seus direitos constitucionais e holísticos. Algumas universidades, um número ainda reduzido, encontraram uma forma de satisfazer o interesse por uma Educação Ambiental orientada, criando institutos ou centros voltados para esse fim.

23 CAPÍTULO V A INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL INTER é uma preposição latina que quer dizer: no meio de, no número de; junto de. DISCIPLINA vem do conceito de aprender, objeto do conhecimento. Apesar de conhecida desde os anos 60, a palavra ainda não tinha adquirido a conotação específica que se tem hoje. Foi no Seminário Internacional realizado na Universidade de Nice, França em 1970, que houve um marco na definição e no tratamento da interdisciplinaridade, voltada principalmente para o papel da universidade, neste seminário também se discutiu a pesquisa na construção do conhecimento e a utilidade do processo para o crescimento do ensino. Num tempo de comunicações rápidas e de fácil contágio terminológico, o jargão da interdisciplinaridade alastrou-se facilmente, não apenas pela sensação de novidade mas, ainda, por uma justificada preocupação com a busca de novos paradigmas, que viessem a responder às inquietações teóricas e práticas associadas as mutações que o saber e o agir enfrentam nos dias de hoje.

24 A importância da interdisciplinaridade é indiscutível que, longe de restringir-se a simples metodologia de ensino e aprendizagem, é também uma das molas propulsoras na reformulação do saber, do ser, do fazer. COIMBRA (2000:p.52). A interdisciplinaridade é considerada uma das vias possíveis para articular o conhecimento sobre o meio ambiente. De acordo com ROCHA;2002:p.9, se entende por interdisciplinaridade ambiental: Como o processo de pesquisa, de conhecimento, de levantamento, análise e síntese da realidade por diferentes campos disciplinares em trabalho conjunto interligado por um objetivo unificado, o de compreender e resolver problemáticas sócioambientais. A interdisciplinaridade envolve um compromisso com as diferentes disciplinas para obter o conhecimento da realidade, mas para BARBOSA;2000p.297: não se trata de ambientalizar as ciências existentes, como se o ambiente fosse uma nova dimensão a ser internalizada às disciplinas. Tampouco se trata de criar uma disciplina síntese, uma ciência totalitária. No entanto, deve-se conhecer os paradigmas das ciências existentes, pois o interdisciplinar não exclui o disciplinar, mas supõe como referencial básico. Em todos o níveis educacionais é exigida a interdisciplinaridade devido a complexidade dos fenômenos vitais, pessoais, sociais e naturais e é considerada como importante alternativa ao desenvolvimento profissional cientifico.

25 O curso de extensão segundo ROCHA;2002;p.11, pode ser a saída: o excessivo encerramento acadêmico, na busca de divulgar e democratizar o conhecimento. Uma ciência fechada não é mais suportada, pois passa a não resolver questões sociais pela falta de vínculo entre estudo e sociedade A estrutura universitária rígida e tradicional deforma uma tendência natural do aluno de perceber seu ambiente com uma visão múltipla. A extensão acontece quando orientadores e alunos desenvolvem o trabalho de pesquisa associando práticas integradas com as comunidades envolvidas pesquisa-ação. De acordo com a Recomendação nº 13 da Conferência de Tbilisi, segundo DIAS;1992:p.81, as universidades deve estimular a aplicação de um tratamento interdisciplinar ao problema fundamental da correlação entre o homem e a natureza, em qualquer que seja as disciplinas. A finalidade da interdisciplinaridade na Educação Ambiental de acordo com BARBOSA;2000:p.298, é uma ação do conhecimento que consiste em confrontar saberes, cuja finalidade é alcançar outro saber, mais complexo, diverso daquele que seria efetuado, caso não existisse o encontro entre diferentes disciplinas.

CAPÍTULO VI RESULTADOS: ENTREVISTA COM O PROF. DA INSTITUIÇÃO 26 Esta entrevista foi realizada com um professor de uma universidade no Rio de Janeiro, com o objetivo de verificar, na prática, como a instituição aborda a Educação Ambiental, se é como disciplina, qual sua metodologia, como é o interesse dos alunos sobre o tema. Quais são as dificuldades encontradas para a realização da temática e se possui projetos com a participação da comunidade. Foi uma conversa informal onde foram definidos tópicos para uma orientação do roteiro pré-estabelecido. Segue a entrevista: a) Qual sua formação acadêmica? - Possuo formação em Biologia, pedagogia, mestre em Educação e estou fazendo doutorado em Saúde Ambiental. De acordo com o professor existem outros professores na instituição que lecionam a disciplina, mas na mesma área de graduação, ou seja Biologia. b) Há quanto tempo existe a Educação Ambiental nesta instituição? - Desde 1992, já havia um grupo chamado "GIEA" (Grupo interdisciplinar em Educação Ambiental). c) È uma disciplina? Eletiva? Como é a procura dos alunos? - Não é disciplina. A Educação Ambiental é inserida em dois projetos a nível de pós-graduação: Um curso é de pós-graduação de ciências, que às vezes conseguimos incluir a disciplina de Educação Ambiental e o outro é de Iniciação a Docência.

27 Existe uma disciplina para elaboração de monografia, que o aluno pode escolher a Educação Ambiental como tema, mas os alunos não se inscrevem, porque preferem fazer sua monografia na área específica da biologia. d) Qual sua opinião sobre a Educação Ambiental na Universidade? - Na graduação acho necessária, porque estaria discutindo os pressupostos teóricos, mas na educação básica, isso já foi muito discutido, seria um retrocesso ter a Educação Ambiental como disciplina. A geografia, biologia na disciplina de ciências sempre trabalhou com o meio ambiente, mas isso não é Educação Ambiental. Aqui na universidade existe a dificuldade de montar uma grade para os cursos de pós-graduação, principalmente com Educação Ambiental. Nem sempre a EA pode ser incluída, depende da disponibilidade da carga horária dos professores, pois os cursos de pós não contam como carga horária trabalhada, então vai muito da possibilidade do professor. e) Você considera importante a teoria da Educação Ambiental? - Dentro de um projeto a Educação Ambiental é necessário. A aula teórica é importante, mas quando agente vai para campo, você começa encontrar várias conexões e percebe que a coisa é mais complexa. Surge a necessidade do auxilio de outras ciências. Já houve caso de necessitarmos até da ajuda de um "pai de santo", pois o projeto seria realizado numa área de que a comunidade fazia seus rituais religiosos. Não poderíamos desrespeitar a crença da comunidade. Em conversa com o professor foi mencionado que a instituição possui um projeto com uma comunidade no Estado, mas às vezes encontra dificuldade de levar os alunos, por ser uma comunidade distante da instituição.

28 f) Alguns autores mencionam que não há diálogo na Educação Ambiental, você concorda? E a confusão com o nome Educação Ambiental? - Não concordo com a falta de diálogo. Acontece o seguinte: No Brasil a Educação Ambiental começou na era da ditadura militar, onde não era permitido nenhuma manifestação social, não era permitido falar em Educação Ambiental, no sentido mais amplo. Por isso o conceito ficou muito voltado para a ecologia, onde só se levantava a problemática da natureza. Esta idéia ficou muito forte, daí que até hoje pensam que Educação Ambiental e Ecologia é a mesma coisa. g)qual sua opinião sobre a nossa legislação? - Como tudo que é novo, precisa ser mais elaborado com o tempo. A legislação é importante, mas sozinha não conta. h) Qual a bibliografia utilizada? E adotada? - Existem várias bibliografias clássicas como é o caso do livro de Genebaldo, mas não dá para trabalhar somente com os livros de Educação Ambiental, é necessário muitas vezes buscar o auxílio nas outras ciências. SÍNTESE DA EMENTA DO CURSO EMENTA: Educação Ambiental. Meio Ambiente. Cidadania e Qualidade de Vida Saúde. Meio Ambiente e Desenvolvimento. Ensino e Pesquisa. UNIDADES: Educação Ambiental e Meio Ambiente. Cidadania e qualidade de vida. Meio Ambiente e desenvolvimento. Educação Ambiental: Ensino e Pesquisa. OBJETIVOS, PROCEDIMENTOS, TÉCNICAS, MÉTODOS:

29 A disciplina é desenvolvida com o objetivo de proporcionar uma reflexão crítica sobre os fatores que ocasionam e/ou interferem nos problemas ambientais atuais e a necessidade da implantação da Educação Ambiental como uma possibilidade de entendimento, controle e resolução dessas questões ambientais. Para isso são utilizadas aulas expositivas (teóricas); apresentações de seminários; dinâmicas de grupo; estudos de textos; pesquisas bibliográficas; exibições de vídeos; entrevistas; atividades de observação e experimentação; trabalhos de campo. SINTESE DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADOTADA PELO PROFESSOR NO CURSO: BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21.Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. São Paulo: Ática, 1995. CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE. Agenda 21 - Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1996. CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE: EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO PÚBLICA PARA A SUSTENTABILIDADE. Educação para um futuro sustentável: uma visão transdisciplinar para ações compartilhadas. UNESCO.- Brasília: Ed. IBAMA, 1999. CRESPO, S. et al. O que o brasileiro pensa do meio ambiente, do desenvolvimento e da sustentabilidade. Rio de Janeiro: MAST/ISER/MMA/MCT, 1998.

30 CURRIE, Karen et al. Meio ambiente: interdisciplinaridade na prática. Campinas, SP: Papirus, 1998. CZAPSKI, Silvia. A implantação da Educação Ambiental no Brasil. Coordenação de Educação Ambiental do Ministério da Educação e do Desporto: Brasília, DF, 1998 D ÁVILA NETO, Maria Inácia (Org.). Desenvolvimento social: desafios e estratégias. Rio de Janeiro: Imprinta, 1995. DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2001. DIEGUES, Antônio Carlos (Org.). Etnoconservação. Novos rumos para a conservação da natureza. São Paulo: Hucitec, 2000. DIEGUES, Antonio Carlos e ARRUDA, Rinaldo S. V. (Orgs.). Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; São Paulo: USP, 2001. GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des) caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1990 GRÜN, Mauro. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. Campinas, SP: 1996 GUATARRI, Félix. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1990.