PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ERBETTA FILHO (Presidente) e RAUL DE FELICE. São Paulo, 4 de maio de 2017.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

Vistos. Foi indeferido o pedido de tutela de urgência (fls. 130/133). Citada, a requerida não apresentou resposta (fls. 139/140). Esse é o relatório.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ERBETTA FILHO (Presidente) e RAUL DE FELICE. São Paulo, 20 de abril de 2017.

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ACORDAM, em 3 a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA DE CARVALHO (Presidente) e OSWALDO LUIZ PALU.

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Acórdão em Apelação Cível Processo n º Relator: DES. Antônio Iloízio Barros Bastos

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARIA LAURA TAVARES (Presidente sem voto), NOGUEIRA DIEFENTHALER E MARCELO BERTHE.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores LUCILA TOLEDO (Presidente) e MENDES PEREIRA. São Paulo, 30 de maio de 2019.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LUIS MARIO GALBETTI E MARY GRÜN.

CLEVERSON AUGUSTO FLORES BRUM. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Apelação Cível n , de Videira Relator: Des. Joel Dias Figueira Júnior

Transcrição:

Registro: 2014.0000779932 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes/apelados ADOBE SYSTEMS INCORPORATED e MICROSOFT CORPORATION, é apelado/apelante HANDS EMPREENDIMENTOS S.A. ACORDAM, em 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte aos recursos. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores ENIO ZULIANI (Presidente sem voto), FÁBIO QUADROS E NATAN ZELINSCHI DE ARRUDA. São Paulo, 27 de novembro de 2014. Teixeira Leite RELATOR Assinatura Eletrônica

Voto nº 22368 INDENIZAÇÃO. Violação de direitos autorais. Sentença de parcial procedência. Perícia que concluiu pela utilização de apenas um programa de computador sem a regular licença. Laudo bem elaborado e analisado. Indenização em quantia equivalente a dez vezes o valor de um dos programas. Sentença que condenou as autoras no pagamento das verbas de sucumbência. Nenhum programa de autoria da Microsoft, que deve ser condenada no pagamento de sucumbência. Necessária declaração da sucumbência recíproca com relação à Adobe. Majoração da verba honorária para R$ 8.000,00. Recursos providos em parte. A r. sentença (fls. 476/483), em razão da comprovada utilização de um programa de computador sem a origem atestada, julgou procedente em parte medida cautelar e ação indenizatória proposta pela Adobe Systems Incorporated e Microsoft Corporation para proibir Hands Empreendimentos Ltda de dar prosseguimento nesse irregular procedimento e para condená-la no pagamento de indenização em valor equivalente a 10 vezes o valor da licença para utilização desse programa fraudulento encontrado pela perícia, com juros de 1% ao mês a partir da data da vistoria e correção monetária pela tabela do Tribunal de Justiça de São Paulo, a partir da data da prolação da r. sentença. Condenou as empresas autoras, que sucumbiram na maior parte, no pagamento das despesas do processo, com honorários de R$ 2.000,00. b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 2/8

Adobe Systems Incorporated e outra, em suas razões (fls. 500/509) alegam que venceram parcialmente a ação e não devem ser condenadas no pagamento das verbas de sucumbencia. Por sua vez (fls. 517/545), a Hands Empreendimentos, preliminarmente, requer sejam apreciados os agravos retidos que contestam o indeferimento de realização de nova perícia e produção de provas. Afirma que não há comprovação em língua portuguesa que as autoras sejam titulares das marcas, supostamente, violadas e que elas não elencaram quais programas de computador estariam sendo copiados. Entende que a Microsoft deve ser condenada no pagamento da totalidade da sucumbência, já que não foi encontrada nenhuma copia ilegal de software de sua autoria, pleiteando que o valor dos honorários deve ser aumentado. Esclarece que possui mais licenças do que utiliza, e, mesmo podendo utilizar versões mais modernas permanece com as originais, apesar de pagar por elas; daí então conclui que a Adobe não teve prejuízo, devendo a ação ser julgada improcedente. Contrarrazões às fls. 552/563. Este é o relatório. Preliminarmente, afasta-se a alegação de necessidade de realização de nova prova pericial, porquanto se observa que a questão foi criteriosamente analisada por perito de confiança do Juízo, e, totalmente desnecessária a produção de quaisquer outras provas. Com relação à eventual ausência de comprovação de titularidade dos programas em língua portuguesa, evidente que o software em questão possui o mesmo nome da empresa autora Adobe; daí porque, diante da notoriedade dessa relação, ficam dispensadas as traduções b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 3/8

pleiteadas pela empresa ré. No mérito, é incontroverso que, apesar de possuir diversos programas de computador adquiridos de forma regular das empresas Microsoft e Adobe, Hands Empreendimentos utilizou uma cópia de software de titularidade da Adobe, denominada pirata, aliás um fato comprovado através de laudo pericial criteriosamente realizado na ação cautelar. A propósito, apesar da perícia concluir que a empresa ré adquiriu várias licenças e programas, inclusive não utilizando algumas versões, ainda que já pagas, ela não pode pretender compensar esse investimento para poder usufruir de forma irregular aquele específico programa da Adobe encontrado na vistoria. De acordo com a Lei 9609/98, programa de computador é: "É a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados." E, segundo a Analista de Sistemas do Exército Brasileiro, Terezinha Cristina Firmino da Cruz: Na realidade, a noção de software é um pouco mais ampla do que a do simples programa de computador. O software abrange não somente o programa de computador, indo muito além disso e atingindo a sua apresentação verbal ou esquemática, e também os materiais descritivos e instruções para os usuários. Apenas no seu sentido restrito, o software, chega a coincidir com o programa pois ele é um bem intangível, que como o programa, tem a b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 4/8

necessidade de ser materializado em um corpo físico, como por exemplo, um disquete ou um disco óptico. Conforme ela afirma, mais adiante, o software é uma criação intelectual: O software é tipicamente uma obra do espírito na medida em que requer criatividade do seu autor. Com efeito, a elaboração de programa de computador é altamente criativa e pessoal. A proteção das expressões de seu intelecto significa ao homem, a um tempo, não só o respeito à sua personalidade mas também a possibilidade de fruição dos proventos advindos da exploração econômica dessa expressão. Isso representa o reconhecimento dos valores culturais que a criação injeta no mundo fático e estimula o nascimento de novas manifestações criativas do espírito e o aperfeiçoamento daquelas já existentes. Por conseguinte, como conseqüência desse posicionamento, a comunidade será beneficiada, pelo conhecimento e pela utilização dessas criações, agregando resultados positivos às suas atividades. Dar proteção jurídica a esses sistemas significa então, atribuirse maior segurança às relações com base neles estabelecidas como modo de estimular a criatividade no setor; propiciar a realização de novos estudos e de novas pesquisas. É necessário por isso o reconhecimento do papel da proteção intelectual sobre o desenvolvimento em termos de formação do capital humano, difusão do conhecimento e introdução de produtos com base no conhecimento. A proteção à atividade intelectual é na verdade um grande instrumento para o desenvolvimento econômico, desenvolvimento este que proporcionará uma proteção cada vez mais efetiva a este tipo de propriedade. (Direito autoral no uso de Programas de Computador, b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 5/8

artigo do site Jus Navigandi). Assim, qualquer pessoa envolvida com a prática ilícita - seja um usuário de programa pirata, um comerciante ilegal ou um cúmplice na pirataria corporativa - está sujeita a punições que variam de seis meses a quatro anos de detenção, além do pagamento de indenização, conforme o caso edição com finalidade comercial - em até 3000 vezes o valor do software pirateado aos produtores do software (Lei 9610/98, artigo 103, parágrafo único) e, de acordo com a lei brasileira, cabe ao empresário responder por qualquer irregularidade que ocorra na companhia, inclusive por aquelas praticadas por funcionários. Portanto, a consequência da indenização determinada à empresa decorre de sua opção e isso não se esgota pela eventual regularização, pagando à Adobe o preço do programa. A propósito, a prevalecer essa tese, a reiteração desse tipo ilícito, e o que se pretende evitar com um preço, bem se aproximaria de uma verdadeira loteria, porquanto limitado seu custo ao que se deveria ter pago antes dessa descoberta. Nesse rumo, a vedação prevista em nossa lei, abrange a criação autoral também de empresas estrangeiras, sendo desnecessária a reciprocidade. Quanto ao valor da reparação de danos ao direito autoral, sabe-se tratar de uma questão controvertida, complexa, e, pela sua própria essência, abstrata. Em concreto, isso deve atender o escopo de sua dupla função: reparar o prejuízo, buscando minimizar o prejuízo do autor, e, punir o infrator, para que não volte a reincidir. Por outro lado, é necessário assegurar uma justa compensação, sem, entretanto, incorrer em b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 6/8

enriquecimento ilícito por parte de quem a recebe, e, paralelamente, determinar a ruína daquele responsável pelo seu pagamento. Aliás, é esse o entendimento da jurisprudência: Consoante entendimento pacificado desta Corte, o valor da indenização por danos morais só pode ser alterado na instância especial quando ínfimo ou exagerado o que não ocorre no caso em tela. Com efeito, o quantum indenizatório arbitrado pelo Tribunal a quo não escapa à razoabilidade, nem se distancia do bom senso e dos critérios recomendados pela doutrina e jurisprudência (AgRg no Recurso Especial/0169648, Min. Fernando Gonçalves). O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal de Justiça quando a quantia arbitrada se mostrar ínfima, de um lado, ou visivelmente exagerada, de outro. Hipótese de fixação excessiva, a gerar enriquecimento indevido do ofendido (Resp 573.809/MT, Rel. Min. Barros Monteiro). Nesse sentido, e encerrada a prova técnica com dados suficientes laudo e documentos - a uma correta estipulação do prejuízo material (136 programas), correta a r. decisão ao fixar indenização em 10 vezes o valor de cada programa, o que é o adequado e apropriado para a finalidade da demanda e, dessa reparação. A propósito, oportuno e necessário registrar a r. b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 7/8

sentença apresentou minuciosa, detalhada e suficiente análise de toda a questão, inclusive da prova técnica, aqui incluídas as observações dos assistentes técnicos das partes, o que orienta a afirmação de ser desnecessário avançar mais a esse respeito. Aliás, os motivos do recurso da empresa ré, apelante na parte maior, são muito semelhantes aos adotados desde a contestação, no curso do processo. outra solução. Por outro lado, com relação à sucumbência, uma Na inicial, a empresa Microsoft alega que programas de sua titularidade estavam sendo indevidamente utilizados pela Hands, e, a perícia não constatou esse proceder, devendo, então, a Microsoft arcar com as verbas de sucumbência, contudo, levando-se em consideração o trabalho dos patronos e o tempo do processo, mais adequado fixar honorários de R$ 8.000,00. A Adobe solicitou perícia sobre sete programas de sua titularidade; todavia, somente foi encontrado um utilizado de forma ilícita pela empresa ré, daí porque, deve ser declarada a sucumbência recíproca. Portanto a r. sentença deve ser reformada para condenar a Microsoft no pagamento das verbas de sucumbência, com honorários de R$ 8.000,00 e declarar a sucumbência recíproca com relação à Adobe. Ante o exposto, voto pelo provimento parcial dos recursos. TEIXEIRA LEITE Relator b Apelação nº 0066174-39.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto n º22368 8/8