VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS IRS PRIVILÉGIO CREDITÓRIO GARANTIA REAL

Documentos relacionados
Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: I O Instituto da Segurança Social, IP Centro

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: I-RELATÓRIO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam os juízes da secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE TRANSMISSÃO ONEROSA DE IMOVEIS ISENÇÃO FISCAL PRÉDIO URBANO PARTE INDIVISA

RECLAMAÇÃO VERIFICAÇÃO GRADUAÇÃO DE CRÉDITOS

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS GRADUAÇÃO DE CRÉDITOS IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS PRIVILÉGIO CREDITÓRIO PRIVILÉGIO IMOBILIÁRIO

Supremo Tribunal Administrativo:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

NOTIFICAÇÃO DO ACTO DE LIQUIDAÇÃO NOTIFICACÃO POR CARTA REGISTADA COM AVISO DE RECEPÇÃO PRESUNÇÃO OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO FISCAL

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

ECLI:PT:TRC:2006:521.A.1999.C1.27

1.1. Terminou a alegação de recurso com as seguintes conclusões:

Acordam nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

PRAZO DE ARGUIÇÃO PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL FALTA ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ACTO PENHORA

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

ECLI:PT:TRE:2010: TBLLE.A.E1.ED

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 0734/05. Data do Acórdão: Tribunal: 2 SECÇÃO. Relator: JORGE LINO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam, em conferência, nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Supremo Tribunal Administrativo:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo I-RELATÓRIO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

2 Não foram apresentadas contra alegações. 4 - Colhidos os vistos legais, cabe decidir.

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

IMPUGNAÇÃO JUDICIAL LIQUIDAÇÃO IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS TEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PN ; Ap: TC Ovar; Ape: BTA, S.A, Rua do Ouro, 88, Lisboa; Apa: Irmãos Neto, Construções, Lda., Rua 62, 8 1ºB, Espinho.

RECLAMAÇÃO DE ACTO PRATICADO PELO ÓRGÃO DA EXECUÇÃO FISCAL PRAZO FÉRIAS JUDICIAIS SUSPENSÃO DE PRAZO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Descritores: - EMBARGOS DE TERCEIRO; DIREITO DE CRÉDITO; DILIGÊNCIA INCOMPATÍVEL COM O DIREITO DA EMBARGANTE.

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: - Relatório -

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

PORTAGEM COIMA NOTIFICAÇÃO ADMINISTRADOR DA INSOLVENCIA

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

FORMALIDADE AVISO DE RECEPÇÃO ASSINATURA DO AVISO POR PESSOA DIVERSA DO DESTINATÁRIO

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL. 28.ª Sessão (14/06/2011) A Execução Comum

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Transcrição:

Acórdãos STA Processo: 01118/09 Data do Acordão: 08-09-2010 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Tribunal: Relator: Descritores: Sumário: 2 SECÇÃO PIMENTA DO VALE RECLAMAÇÃO VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS IRS PRIVILÉGIO CREDITÓRIO GARANTIA REAL O artº. 240º, nº 1 do Código de Procedimento e de Processo Tributário deve ser interpretado amplamente no sentido de abranger não apenas os credores que gozam de garantia real stricto sensu, mas também aqueles a que a lei substantiva atribui causas legítimas de preferência, nomeadamente, privilégios creditórios. Nº Convencional: JSTA000P12077 Nº do Documento: SA22010090801118 Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO E FAZENDA PÚBLICA Recorrido 1: BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, SA E OUTRO Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Acordam nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: 1 O Magistrado do Ministério Público, junto da instância e a Fazenda Pública, não se conformando com a sentença de verificação e graduação de créditos proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada, na parte em que decidiu não reconhecer, nem graduar o crédito, por aquela reclamado, respeitante a IRS, relativo ao ano de 2005, dela vem interpor o presente recurso, formulando as seguintes conclusões: A) RECURO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (fls.79 a 81)

1. Nos autos foi reclamado pela F.P. crédito relativo a IRS de 2005 que goza de privilégio imobiliário geral sobre o bem objecto de penhora nos autos de execução fiscal pertença do executado; 2. Pese embora a natureza jurídica do privilégio creditório geral, sempre a jurisprudência dos Tribunais Superiores admitiu, expressa ou implicitamente, a possibilidade da reclamação dos créditos que gozam desse privilégio; 3. Mesmo que se entenda que os privilégios creditórios gerais não constituem garantias reais, mas meras preferências de pagamento, o seu regime é o das garantias reais, para efeito de justificar a intervenção no concurso de credores, como defende maioritariamente a jurisprudência; 4. Daí que o n 1 do artigo 240 do Código de Procedimento e de Processo Tributário, ao afirmar que «podem reclamar os seus créditos (...) os credores que gozem de garantia real sobre os bens penhorados», deve ser interpretado amplamente, de modo a terem-se por abrangidos na sua estatuição, não apenas os credores que gozem de garantia geral, stricto sensu, mas também aqueles a quem a lei substantiva atribui causas legítimas de preferência, designadamente, privilégios creditórios; 5. A Mma. Juiz a quo, ao não admitir a graduação do crédito reclamado relativo ao IRS de 2005, violou, assim, as disposições conjugadas dos art.s 604, n 2, do Código Civil, 111 do C.I.R.S., e 240, n 1 do CPPT, motivo pelo qual deve ser revogada e substituída por outra que admita e gradue tal crédito no lugar que lhe pertence. B) RECURSO DO FAZENDA PÚBLICA (fls. 88 a 91) A Os créditos de IRS relativos aos três últimos anos, gozam de privilégio mobiliário geral e de privilégio imobiliário sobre os bens existentes no património do sujeito passivo à data da penhora, nos termos do estatuído no artigo 111º do CIRS; B Para aquele normativo relevam os anos a que respeitam os rendimentos que justificaram a liquidação do imposto e não o momento em que foram postos a cobrança; C Privilégio creditório é a faculdade que a lei, em atenção à causa do crédito, concede a certos credores, independentemente do registo, de serem

pagos com preferência a outros (art. 733. do Código Civil); D A circunstância do privilégio creditório geral ser uma mera preferência de pagamento não implica o afastamento do crédito da reclamação e graduação no lugar que lhe competir; E Pois que, ainda que os privilégios creditórios gerais não constituam garantias reais, mas meras preferências de pagamento, (...) o seu regime é o das garantias reais, para o efeito de justificar a intervenção no concurso de credores. (cf. Salvador da Costa, O Concurso de Credores, 3ª Edição, Almedina, 2005, pág. 388); F Motivo porque, de harmonia com entendimento jurisprudencial largamente maioritário do STA O artigo 240 n 1 do CPPT deve ser interpretado amplamente no sentido de abranger não apenas os credores que gozam de garantia real stricto sensu mas também aqueles a que a lei substantiva atribui causas legítimas de preferência, nomeadamente, privilégios creditórios. (cf., a titulo de exemplo, o Acórdão do STA de 18-05-2005, recurso n. 0612/04); G Ao não admitir o crédito de IRS relativo ao exercício de 2005, reclamado pela Fazenda pública, a douta sentença ora recorrida incorreu em erro de direito na interpretação e aplicação das normas constantes nos art 240º, nº 1 e 246º ambos do CPPT e no artº 111º do CIRS. Os recorridos não contra-alegaram. O Exmº Procurador-Geral Adjunto não emitiu parecer na medida em que o Ministério Público intervém como recorrente na defesa da legalidade (Fls.78/81). Colhidos os vistos legais, cumpre decidir. 2 A sentença recorrida fixou a seguinte matéria de facto: 1. A Fazenda Pública instaurou em 20/05/2005, o processo de execução fiscal n onde é executado A, tendo por objecto dívidas de IVA de 2004 de que os presentes autos de verificação e graduação de créditos constituem apenso, no montante de 1.210,06 e acrescido (cfr. cópia do processo de execução fiscal junto aos autos); 2. Ao processo identificado no ponto anterior foram

apensos os processos n,,,,, e por dívidas de IVA e coimas no montante global de 23.007,96 (cfr. fls. não numeradas da cópia do processo executivo junto aos autos); 3. Em 14/02/2001, foi celebrado entre o executado e ao Banco Comercial Português, S.A., um contrato de Mútuo com hipoteca no montante de Esc.: 12.500.000$00, com hipoteca incidindo esta sobre a fracção autónoma designada pela letra H correspondente segundo andar esquerdo, do prédio urbano para habitação constituído em regime de propriedade horizontal sito na Rua São João Batista de Ajudá, n 69, freguesia de Alto Seixalinho e Concelho do Barreiro, descrito na Conservatória do Registo Predial do Barreiro sob o número 225 e inscrito na matriz predial urbana da freguesia do Alto Seixalinho sob o artigo 1.609, com valor patrimonial de Esc.: 302.868$00 (cfr. docs. juntos a fls. 4 a 16 dos autos); 4. Em 17/01/2001, foi registada hipoteca a favor do Banco Comercial Português, S.A., incidente sobre a fracção autónoma melhor identificada em 3), penhorada no processo de execução de que os autos constituem apenso, com vista à garantia da quantia de Esc.: 12.500.000$00, referente a capital, à taxa de juro anual de 6,87%, acrescido em 4% em caso de mora e despesas no montante de Esc.: 500.000$00, com montante máximo de Esc.: 17.076.250$00, convertida em definitivo em 13/07/2001 (cfr. fls. do processo executivo junto aos autos, cujo teor aqui que se dá por integralmente reproduzido); 5. Em 18/06/2008, foi efectuada da uma penhora incidente sobre a fracção autónoma melhor identificada em 3) a favor da Fazenda Pública para garantia da quantia exequenda de 22.896,30, registada em 18/06/2008 (cfr. doc. junto a fls. não numeradas do processo executivo); 6. Em 2005 foi inscrita para cobrança a dívida referente a IRS do exercício de 2005 (cfr. doc. junto a fls. 21 a 29 dos autos); 7. Em 2008 foi inscrita para cobrança a dívida de IMI do exercício de 2007, respeitantes ao imóvel penhorado nos autos (cfr. doc. junto a fls. 21 a 29 dos autos);

8. O executado é devedor à Fazenda Pública das dívidas identificadas em 1, 2, 6 e 7 deste probatório; 9. O executado é devedor ao Banco Comercial Português, S.A. das quantias reclamandas. 3 Desde logo, importa referir que, sendo o mesmo o objecto dos presentes recursos, vamos deles conhecer em conjunto. Assim, a única questão que vem controvertida consiste em saber se o crédito de IRS reclamado pela FP, relativo ao ano de 2005, deve ou não ser reconhecido e graduado. A sentença recorrida não reconheceu e graduou o referido crédito, por ter entendido que o privilégio imobiliário geral previsto no artº 111º do CIRS não constitui uma garantia real. Por sua vez, os recorrente, apoiando-se na jurisprudência deste STA, entendem, em suma, que o artº 240º, nº 1 do CPPT deve ser interpretado amplamente no sentido de abranger não apenas os credores que gozam de garantia real stricto sensu mas também aqueles a que a lei substantiva atribui causas legítimas de preferência, nomeadamente, privilégios creditórios. Esta questão foi já amplamente apreciada e decidida por este STA no sentido defendido pelos recorrentes, jurisprudência essa que vamos aqui seguir, já que não vemos motivo para a alterar e para, assim, obter uma interpretação e aplicação uniformes do direito (cfr. artº 8º, nº 3 do CC). A propósito, escreve-se no recente Acórdão desta Secção do STA de 10/2/10, in rec. nº 1.035/09, em que o Relator foi o mesmo, citando o Acórdão também desta Secção do STA de 13/5/09, in rec. nº 169/09, que o legislador fiscal determinou a execução de bens individualizados do património do executado para satisfação do crédito do exequente, permitindo todavia aos credores que gozem de garantia real sobre os bens penhorados que reclamassem os seus créditos na execução. É o que resulta do disposto no artigo 240.º, n.º 1, do Código de Procedimento e de Processo Tributário, em consonância com o artigo 865.º do Código de Processo Civil no respeitante à execução comum. Mas, para alguma doutrina, direitos reais de garantia em sentido próprio serão apenas a penhora, o

penhor, a hipoteca, o direito de retenção e a consignação de rendimentos. Já quanto aos privilégios creditórios, que o artigo 733.º do Código Civil define como «a faculdade que a lei, em atenção à causa do crédito, concede a certos credores, independentemente do registo, de serem pagos com preferência a outros», não há unanimidade, entendendo alguns que não serão verdadeiros direitos reais de garantia, mas qualidades do crédito, atribuídas por lei em atenção à sua origem. Praticamente unânime é o entendimento quanto aos privilégios gerais: estes não são qualificáveis como direitos reais de garantia. Em todo o caso, há, na doutrina, como na jurisprudência, concordância quanto a que os privilégios creditórios conferem preferência sobre os credores comuns. Nos termos do artigo 111.º (antes artigo 104.º) do Código do IRS, para o pagamento de IRS relativo aos três últimos anos a Fazenda Pública goza de privilégio mobiliário geral e imobiliário sobre os bens existentes no património do sujeito passivo à data da penhora ou de acto equivalente. Gozando o crédito reclamado de privilégio imobiliário, não preferindo embora aos credores com garantia real, não deixa, por isso, de poder ser reclamado e graduado no lugar que lhe competir. Neste sentido se têm pronunciado quer o Supremo Tribunal Administrativo quer o Supremo Tribunal de Justiça, em inúmeros acórdãos. Aliás, assim o impõe a unidade do sistema jurídico, pois não faria sentido que a lei substantiva estabelecesse uma prioridade no pagamento do crédito e a lei adjectiva obstasse à concretização da preferência, impedindo o credor de acorrer ao concurso. Exigir a esse credor que, para fazer valer o privilégio, obtivesse penhora ou hipoteca, seria deixar sem sentido útil o privilégio, pois nesse caso o crédito passaria a dispor de garantia real, sendo-lhe inútil o privilégio legal. Assim, afigura-se dever o artigo 240.º, n.º 1, do Código de Procedimento e de Processo Tributário ser interpretado no sentido de abranger não apenas os credores que gozam de garantia real, stricto sensu, mas também aqueles a quem a lei substantiva atribui causas legítimas de preferência, designadamente, privilégios creditórios cf. neste

sentido, quase textualmente, o acórdão do Pleno desta Secção do Supremo Tribunal Administrativo, de 18-5-2005, no recurso n.º 612/04, o qual, por sua vez, seguiu o acórdão do Pleno também desta Secção do Supremo Tribunal Administrativo, de 13-4-2005, no recurso n.º 442/04, a confirmar os acórdãos fundamento desta Secção do Supremo Tribunal Administrativo, de 2-7-2003, e de 4-2-2004, proferidos respectivamente nos recursos n.º 882/03, e n.º 2078/03. No mesmo sentido pode ver-se, ainda e entre muitos outros, os recentes Acórdãos desta Secção do STA de 12/11/09, in rec. nº 919/09 e de 18/11/09, in rec. nº 920/09. Assim e pelo que fica exposto, resulta que o crédito em causa deve ser reconhecido e graduado no lugar que lhe couber. 4 Nestes termos, acorda-se em conceder provimento aos presentes recursos, revogar a sentença recorrida na parte impugnada e, julgando reconhecido o crédito reclamado pela Fazenda Pública referente ao IRS do ano de 2005, proceder à respectiva graduação pela seguinte forma, saindo as custas precípuas do produto do bem penhorado: 1º - Os créditos reclamados pela Fazenda Pública referentes a IMI do exercício de 2007 e respectivos juros; 2º - O crédito reclamado pelo Banco Comercial Português, SA, garantido por hipoteca registada em 17/1/01 e juros até ao limite de três anos; 3º - O crédito reclamado de IRS relativo ao ano de 2005 e respectivos juros, que goza do privilégio imobiliário do artº 111º do CIRS; 4º - Os créditos exequendos. Sem custas. Lisboa, 8 de Setembro de 2010. Pimenta do Vale (relator) Jorge Lino - Casimiro Gonçalves.