Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: 1519-5228 revbiocieter@yahoo.com.br Universidade Estadual da Paraíba Brasil



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Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: 1519-5228 revbiocieter@yahoo.com.br Universidade Estadual da Paraíba Brasil de Lima Martins, Patrícia; Vasconcelos Baracuhy, José Geraldo; Brito de Melo Trovão, Dilma Maria; Medeiros da Costa, Giselle; Cavalcanti Farias, Mário Luiz; Alves de Almeida, Myrthis Virginia As essências florestais utilizadas nas fogueiras de São João, na cidade de Campina Grande PB Revista de Biologia e Ciências da Terra, vol. 4, núm. 1, primer semestre, 2004, p. 0 Universidade Estadual da Paraíba Paraíba, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=50040101 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 4 - Número 1-1º Semestre 2004 As essências florestais utilizadas nas fogueiras de São João, na cidade de Campina Grande PB Patrícia de Lima Martins¹; José Geraldo Vasconcelos Baracuhy²; Dilma Maria Brito de Melo Trovão³; Giselle Medeiros da Costa 4 ; Mário Luiz Farias Cavalcanti 5 ; Myrthis Virginia Alves de Almeida 6. RESUMO Na região Nordeste são intensas as manifestações culturais e religiosas, destacando-se entre elas as festas juninas, que possuem como símbolo principal as fogueiras, as quais são sinal de fé, homenagem e agradecimento do povo aos santos juninos pela colheita obtida. Embora seja uma prática de natureza cultural e regional, sabe-se que muitas árvores nobres têm sido tombadas para fazer parte da chama e do calor das fogueiras juninas, acarretando prejuízos ao meio ambiente.o trabalho teve como objetivo, identificar as espécies florestais utilizadas nas fogueiras de São João em Campina Grande-PB, a origem e quantidade disponível para a venda bem como incentivar um controle efetivo para que a queima só ocorra com plantas exóticas, como a Algaroba (Prosopis juliflora). Através de um trabalho de Educação Ambiental buscou-se sensibilizar a população de Campina Grande-PB, para não utilizarem nas suas fogueiras, lenhas da mata nativa devido aos danos ao meio ambiente e que utilizar planta exótica seria uma alternativa viável para minimizar a degradação da flora. Constatou-se que existem 62 pontos de comercialização na cidade, estas lenhas são originadas do Cariri e Curimataú e a quantidade disponível para venda foi de 1405 st o que equivale a uma média de 15 hectares de área desmatada.embora tenham sido encontradas várias espécies florestais nativas, nos pontos de comercialização de lenha para fogueiras. Houve uma preferência pela Algaroba correspondendo a 60% das espécies disponíveis para venda. Palavras chave: Fogueiras, espécies nativas comercialização, plantas exóticas, educação ambiental. ABSTRACT In the Northeast region, there is intense cultural and religious events, the June parties is one of them, which your principal symbol are the bonfires, that they symbolize faith, homage and thankfulness of the population to the June Saints for the obtained crop. Although this habit it was be cultural and regional character, it is known that so many noble trees have been plucky and utilized to make June bonfires, causing damage to the environment. The purpose this work it is to identify the forest species used in the São João s bonfires in the city of Campina Grande, Paraíba State. Their origin and available amount for sale and also to motivate about the control, which the burnt happens with exotic plants only, like Algaroba plant (Prosopis juliflora). It was made an environmental education work to sensitive the Campina Grande population, to not use in your bonfires, native forest woods due to the environment damages,

and that is possible to use exotic plant to minimize the flora s degradation. It was verified 62 sale points in the city, these woods are originated from cariri and curimataú area and the available amount for sale it was 1405 st, this value is equal an average deforest area of 15 hectares. Even, have been found so many native forest species in the woods sales points for bonfires, it was verified the preference in 60% by the Algoroba tree. Key words: Bonfires, species native, commercialization, exotic plants, environmental education. 1 - INTRODUÇÃO O patrimônio natural Brasileiro é sobejamente reconhecido como o mais significativo do Planeta. Essa riqueza natural é expressa pela extensão continental, pela diversidade, pelo endemismo das espécies biológicas e seu patrimônio genético, bem como, pela variedade ecossistêmica dos biomas ecoregiões e bioregiões (ARRUDA, 2001). O Nordeste do Brasil tem a maior parte de seu território ocupado por uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada, denominada caatinga. Fitogeograficamente, a caatinga ocupa cerca de 11% do território nacional, abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Minas Gerais. Na cobertura vegetal das áreas da região Nordeste, a caatinga representa cerca de 800.000 km², o que corresponde a 70% da região (DRUMOND et al, 2000). A Caatinga vem sofrendo contínua devastação, perdendo-se com isto várias espécies características da região provocando alterações na sua biodiversidade. Na atualidade verifica-se uma redução de sua área plantada de 52,10% para 32,27%. Entretanto é desta região que se obtém grande quantidade de energético florestal utilizados pelos domicílios e atividade industrial (DUARTE, 1995). Na região Nordeste são intensas as manifestações culturais e religiosas destacando-se entre estas as festas juninas, que possuem como símbolo principal as fogueiras, as quais representam a tradição cristã de fé e devoção para homenagear os santos juninos e agradecer pela colheita obtida. Em virtude da derrubada descontrolada de árvores nobres consideradas ameaçadas de extinção para serem utilizadas como lenha, o processo de devastação vem se intensificando, tornando-se necessário um controle efetivo baseado em uma política preservacionista apoiada na utilização em fogueiras, de espécies exóticas tais como a Algaroba e Aveloz. Com a regulamentação da Lei Nº 9605/98 de Crimes Ambientais, a União passou a dispor de uma ferramenta fundamental para a coibição de práticas nocivas ao meio ambiente. Esta lei dispõe no capítulo V sobre os crimes contra a flora e as devidas punições para os infratores, os artigos 45, 46 e seu parágrafo único refere-se à exploração, transportes, venda e armazenamento de lenha, estes são atos lícitos quando outorgados pela autoridade competente ao interessado. A partir do conhecimento e identificação das espécies florestais, buscou-se promover um disciplinamento do uso da lenha nas fogueiras de São João, na cidade de Campina Grande,

priorizando o uso da Algaroba (Prosopis juliflora),de modo a não comprometer a tradição cultural e provocar um menor efeito no meio ambiente, através de uma campanha de Educação Ambiental com o objetivo de diminuir as vendas clandestinas, desmatamento indiscriminado e desta maneira evitar a extinção de determinadas espécies características da flora nordestina. 2 - OBJETIVOS 2.1 - Objetivo Geral O estudo e identificação das espécies de essências florestais usadas nas fogueiras de Campina Grande no período junino de 2001, além de incentivo através de campanha de Educação Ambiental a utilização de espécies vegetais exóticas nas fogueiras de São João, com o intuito de reduzir os danos da flora da Caatinga. 2.2 - Objetivo Específico Identificar as espécies vegetais arbóreas e ou arbustivas utilizadas como lenha nas fogueiras de São João no período junino em Campina Grande; Identificar a origem da lenha utilizada nas fogueiras; Investigar o número de pontos de venda de lenha para fogueiras no período junino e a quantidade comercializada; Analisar o mecanismo de liberação do corte, bem como as espécies permitidas por parte do IBAMA; Sensibilizar a população através dos meios de comunicação sobre os danos causados ao meio ambiente, devido ao corte de árvores nativas, destinadas às fogueiras. 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 - Caatinga, ecossistema único O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na região Nordeste, estendendo-se pelos domínios de clima semi-árido. É um bioma único, pois apesar de estar localizado em área de clima semi-árido apresenta grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo (ARRUDA, 2001). Esta vegetação com característica xerofítica têm uma importância fundamental na sinecologia do ambiente, seja pela relação intrínseca com a fauna, seja pela capacidade de diminuir o déficit hídrico e a erosão. Assim como afirma Virgínio Filho (1996) a potencialidade que a região guarda em seu ambiente é desconhecida e/ou mal aproveitada. A rica fauna e flora, importantes reservas de recursos naturais não renováveis, solos agrícolas e um grande potencial pecuário e florestal constituem o patrimônio da Caatinga.

A interação do homem com a natureza vem alterando cada vez mais o ecossistema e paisagens, resultando na destruição degradação e fragmentação do habitat, a tal ponto que consta esta como a maior causa do declínio da biodiversidade (VALLS, 1996). Os ecossistemas do bioma Caatinga têm a sua ocupação antrópica datada da época do Brasil colônia e desde este período vem sofrendo muitas alterações. Relata DUARTE (1995) que a Paraíba apresenta mais de 50% do seu território com fisionomia de Caatinga e padece bastante com a redução da sua cobertura vegetal. O desmatamento, a substituição de espécies vegetais nativas por cultivo de pastagens, a derrubada de árvores para serem utilizadas como lenha e as queimadas, são ainda práticas comuns no preparar da terra para a agropecuária, que além de destruir a cobertura vegetal e acelerar o processo de desertificação prejudica a manutenção de populações e da fauna silvestre (ARRUDA, 2001). O Ecossistema e seus recursos naturais do Semi-Árido possui uma vegetação resistente e adaptada que sobre condições limitantes tem garantido a demanda de lenha como recurso energético para fins domésticos e industriais, além de fornecer frutos, pastagens folhas e raízes medicinais (VIRGÍNIO FILHO, 1996). De acordo com ANDRADE, citado por Baracuhy (2001), a maior parte dos produtos florestais principalmente os energéticos, consumidos por atividades domésticas, industriais e comerciais na região da Caatinga, é oriunda de matas nativas.concordando com isto assegura DUARTE (1995) que das 339 espécies de plantas lenhosas 180 são endêmicas. Os estudos apontaram que a vegetação nativa da região Nordeste encontra-se reduzida a menos da metade.conforme o Diagnóstico Florestal do Estado PNUD/FAO/IBAMA, (1994), a cobertura florestal restante do estado da Paraíba é de pouco mais de 30%, apresenta um estoque de 163.388.271 st de lenha, e um consumo anual de 6.877.667 st dos quais 75,30% são para domicílios e 24,70% são para a atividade industrial, indica ainda que há um suprimento para apenas 28 anos. A utilização de lenha ainda é a fonte de energia mais importante para as famílias nordestinas o que compromete os resíduos fragmentários de vegetação ainda existente. A energia da biomassa florestal representa a segunda fonte de energia do Nordeste. Isto mostra a dependência da economia local e o conflito social que pode decorrer de uma escassez desta fonte (BRAID, 1996). 3.2 - Fogueiras e Festas Juninas Na região Nordeste são intensas as manifestações culturais e religiosas, destacando-se entre elas as festas juninas, que possuem como símbolo principal as fogueiras, as quais representam sinal de fé, homenagem e agradecimento do povo aos santos juninos, pela colheita obtida (MARTINS, 2002). Dentre as espécies da Caatinga, consideradas ameaçadas de extinção segundo CORDEIRO e TROVÃO (1999), estão: o Angico (Anadenanthera macrocarpa Benth), Quixabeira (Bumelia obtusifolia), Craibeira (Tabebuia caraíba Mart.), Mororó

(Bahuinia forticata Link.), Pereiro (Aspidosperma guaraniticum), Umburana (Bursera leptophloeos Engl.). Estes dados foram obtidos através de estudos etnoecológicos, porém de acordo com a lista oficial do IBAMA, apenas as espécies baraúna(schinopsis brasiliensis Engl.), e a aroeira (Myracroduon urundeuva) encontram-se ameaçadas. Ao longo dos anos tem-se verificado que muitas destas árvores, consideradas em extinção são sistematicamente tombadas para fazer parte da chama e do calor da fogueira junina, acarretando inúmeros e sérios prejuízos ao meio ambiente (MARTINS, 2001). Segundo BRAGA (1976) plantas exóticas como a Algaroba (Prosopis juliflora) são produtoras de madeira pesada, compacta, serve tanto para móveis como para estacas e carvão e por terem um alto poder calorífico são ideais para serem usadas como lenha. Este vegetal exótico adaptou-se as condições adafo-climáticas da região, a ponto de hoje ser considerado uma praga vegetal/invasora, apresenta-se bastante dominante quando em concorrência com as plantas nativas e em algumas situações tem sido inclusive prejudicial à recuperação da mata nativa. Desta maneira, a utilização de sua madeira para fins energéticos, tem se mostrado como uma alternativa viável, carecendo, portanto de um trabalho de Educação Ambiental para incentivar a sua utilização. 3.3 - Legislação Ambiental A Legislação ambiental é a principal fonte do Direito Ambiental. Portanto dela emanam os diversos princípios e regras que o compõem. No ano de 1998, a legislação ambiental ganha mais força com a vigência da Constituição de 1988, quando passa a ter valor de norma constitucional. Esse processo de formação da legislação ambiental sacramentou posturas inerentes a uma nova ética social, na qual o ser humano deixa de ser o centro do universo e o meio ambiente não ser um mero patrimônio a serviço dos interesses da humanidade (ROCCO, 2002). De acordo com ANDRADE (1998), o Brasil dispõe de uma farta e rica legislação ambiental, o que não quer dizer, porém que o país seja um exemplo, no que se refere à preservação, conservação e ou gestão dos recursos naturais. Existe um arcabouço de instrumento legal, constituído por Lei, Decretos, Decretos-Lei, Portarias, Resoluções ou Normas, que regulamentam e normatizam mecanismos da política ambiental dos pais, no seu mais amplo sentido. No capítulo V, referente aos crimes contra a flora, da Lei 9605/98 (BRASIL,1998) reza os artigos 45, 46 e parágrafo único sobre a exploração, transportes, venda e armazenamento de lenha, estes são atos lícitos quando outorgados pela autoridade competente ao interessado.

3.4 - Educação Ambiental A Lei Federal nº 9795 reza no capítulo I: Entende-se por Educação Ambiental, os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999). Na compreensão de SILVA (2002a), a Educação Ambiental é um processo educativo contínuo e interdisciplinar, que tem em vista, os problemas ambientais concretos, assim como propor mudanças na postura da sociedade humana com relação ao meio ambiente, bem como na relação ser humano-ser humano, através da construção de novos valores sociais, do conhecimento, das habilidades e atitudes, voltadas para a melhoria da qualidade de vida. A sensibilização botânica, utilizando as espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, desperta nas pessoas um sentido maior pelas vidas vulneráveis e engajaas na conservação da diversidade biológica. Afirma Siqueira (1997) que pela alteração e destruição de nossos ecossistemas, faz-se necessário incorporar na educação ambiental o método de sensibilização para a formação de valores relacionados com a preservação da vida. À Educação Ambiental, enquanto prática social, cabe montar ações de sensibilização, capaz de envolver a sociedade e a natureza de maneira inabalável. E como um processo educativo contínuo. E também deve está presente nas escolas em todos os níveis de ensino, não como uma disciplina isolada, mas sim integrada a todas as disciplinas, formando desde cedo nas crianças, uma consciência ecológica transformadora, que no futuro seja capaz de perceber, a dimensão dos problemas ambientais erguidos por um modelo econômico excludente, resgatando a cidadania, o respeito a si mesmo e a natureza (SILVA, 2002b). 4 MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho realizou-se em duas etapas, a fase de coleta de dados e informações além do trabalho de educação ambiental ocorreu de Maio a Julho de 2001 e a segunda etapa de análise dos resultados iniciou-se em julho e estendeu-se até dezembro do mesmo ano. A área de estudo foi o município de Campina Grande, PB e áreas polarizadas por esta cidade, sendo os pontos de coleta de dados os locais de comercialização de lenha para fogueiras de festas juninas tradicionais na cidade. A pesquisa foi dirigida para a população dos vendedores de lenha da cidade, pessoas que comumente comercializam este produto só no período junino, como uma alternativa para aumentar a sua renda e também a população da cidade que habitualmente queimam suas fogueiras no período em estudo.

4.1 - Monitoramento das espécies vegetais, utilizadas como lenha nas fogueiras de São João em Campina Grande-PB. Inicialmente foi feito um levantamento junto ao órgão competente, o IBAMA local, para saber quantos pontos de venda de lenha existem na cidade de Campina Grande/PB, no período junino; como são cadastrados esses vendedores; quais os mecanismos de liberação do corte e quais são as espécies permitidas por parte do IBAMA. A sensibilização dos vendedores de lenha teve inicio durante o período de cadastro dos pontos de venda, realizado no próprio IBAMA, durante o mês de Junho, esta iniciativa teve como objetivo inibir o desmatamento e comércio descontrolado das lenhas. Através do apoio do CREA, foi realizado um treinamento com um engenheiro florestal e funcionários do IBAMA de João Pessoa PB, por meio deste foram apresentadas amostras das principais espécies vegetais da Caatinga para que a partir destes fosse possível fazer a identificação das espécies nativas e exóticas da vegetação (FIGURA 1). FIGURA 1: Espécies florestais nativas e exóticas identificadas, durante o treinamento realizado por funcionários do IBAMA. Posteriormente foi realizada uma visita conjuntamente com os fiscais do IBAMA, nos pontos de venda de lenha cadastrados para certificar-se do local, documentação exigida pela fiscalização, e principalmente dos tipos de lenhas comercializadas (exóticas ou nativas). Nos pontos que vendiam apenas lenha exótica, foram distribuídas pequenas placas para identificação dos locais como autorizados por estarem comercializando este tipo de lenha. Com os vendedores, foram aplicados questionários com informações relativas a origem, quantidade, as preferências por parte dos consumidores, as espécies vendidas e a preocupação em relação aos prováveis danos causados ao meio

ambiente com as derrubadas discriminadas. Foram realizadas e analisadas 40 entrevistas. 4.2 - Campanha educativa: Acenda a fogueira, mas não apague o verde Simultaneamente, realizou-se um trabalho de Educação Ambiental, na cidade de Campina Grande-PB, o qual enfocou a necessidade da população priorizar a queima da lenha exótica como a Algaroba (Prosopis juliflora), uma vez que, esta madeira disseminou-se pelo Nordeste brasileiro, hoje ocupando imensas áreas antes destinadas a Caatinga, e havendo o corte destas árvores reduzir-se-ia o corte da madeira nativa, uma madeira compacta, com alto poder calorífico. Para esta fase do trabalho utilizou-se como principal veículo de comunicação os folders, placas identificatórias nos pontos de venda da madeira permitida, adesivos, camisas, entrevistas em jornais e rádios. Todo o trabalho foi assessorado por estudantes de Biologia, Comunicação Social, Engenharia Agrícola e Desenho Industrial, estes auxiliaram na elaboração de todo material: organização dos relises (textos enviados aos meios de comunicação abordando os objetivos do trabalho desenvolvido), designer das placas, folder, adesivo e camisas, além da criação do slogan da campanha. Com toda essa equipe técnica e multidisciplinar foi estudado o lema da campanha e finalmente titulado de Acenda a fogueira, mas não apague o verde. A divulgação da campanha ocorreu através dos meios de comunicação, com entrevistas em emissoras de rádio, televisão e jornais impressos. Houve ainda a distribuição de panfletos informativos e adesivos nas principais ruas da cidade, para que desta maneira a população pudesse conhecer mais da importância de se preservar a tradição cultural de se fazer fogueiras na nossa região, mas sem esquecer dos riscos de extinção de árvores nativas, caso se acentue o desmatamento da Caatinga. 5 RESULTADO E DISCUSSÃO 5.1 - Espécies comercializadas Através do cadastro realizado pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), foram constatados 62 pontos de venda de lenha, no período junino de 2001, estando 56 destes distribuídos em 21 bairros da cidade de Campina Grande PB, o restante nas cidades de Esperança, Remígio e Areia. Foram visitados 40 destes estabelecimentos e encontradas várias espécies florestais nativas da vegetação Caatinga, entre elas, o angico, catingueira, jurema preta, pereiro, umburana, marmeleiro, bem como, uma espécie exótica, a algaroba (Prosopis juliflora) como mostra a TABELA 1.

TABELA 1: Espécies florestais comercializados nos postos de venda de lenha para fogueiras em Campina Grande-PB. Nomenclatura Vulgar Nomenclatura Científica Angico Anadenanthera macrocapa Algaroba* Prosopis juliflora Catingueira Caesalpinia piramidalis Jurema Preta Mimosa hostilis Marmeleiro Croton sonderianus Pereiro Aspidosperma guaraniticum Umburana Bursera leptophloeos * Espécies exóticas (inseridas no ecossistema) Feita a análise da TABELA 1 observa-se que a maioria das espécies disponíveis a venda compõem a paisagem nativa característica da vegetação Caatinga, com exceção da Algaroba (Prosopis juliflora), espécie vegetal da família Leguminosa Mimosideae que se adapta bem as regiões de baixa pluviosidade. Foi introduzida no Nordeste Brasileiro, no ano de 1942 e sua maior utilização foi na alimentação animal, por ter esta um alto valor nutritivo, produção de madeira e no reflorestamento (PIMENTEL, 1982). De acordo com a comunidade científica e os próprios moradores da região onde são retiradas as lenhas, já existe um reconhecimento quanto ao risco de extinção de várias espécies da Caatinga (CORDEIRO E TROVÃO, 2000). No entanto, com relação à autorização para o corte de árvores fornecida pelo próprio IBAMA, convém relatar que o órgão só atua coibindo os cortes de essências florestais se estas estiverem na lista vermelha, exclusivamente, a Aroeira (Myracroduom urundeuva) e Baraúna (Schinopsis brasiliensis) ambas da família Anacardiaceae, assim como dispõe a Lei 4771 (Código Florestal) portaria 83 de 26 de setembro de 1991. 5.2 - Riscos de extinção das espécies comercializadas Deste modo, muitas das espécies comercializadas, nos pontos de venda de lenha, não constam nesta lista. Árvores nobres e bastante característica da Caatinga paraibana, já encontradas nos pontos de venda, como o Angico, a Jurema Preta, a Catingueira entre outras, são espécies medicinal, entretanto não estão na lista vermelha do IBAMA, e, portanto são vendidas livremente. Sugere-se então uma imediata revisão na lista do IBAMA, uma vez que a cada ano ocorre uma diminuição da cobertura vegetal da Caatinga. De acordo com CAMPANILI (2001), os estudos apontam que a vegetação nativa da região Nordeste encontra-se reduzida a menos da metade. No caso da Paraíba a cobertura vegetal restante é de pouco mais de 30%.

5.3 - Mecanismos de autorização para o de lenha corte e transporte por parte do IBAMA. As espécies para serem cortadas devem ter a autorização do IBAMA, o qual respaldado pela Lei 9605/98 de Crimes Ambientais promove o controle da exploração da madeira, utilizando alguns recursos entre eles a AD (Autorização de Desmatamento). Com base nesta lei, se prevê uma severa punição para quem cortar árvores sem a devida autorização de desmatamento do órgão, ou avançar na reserva legal. O transporte é realizado mediante a portaria da devida documentação, a ATPF (Autorização de Transporte de Produtos Florestais) estes instrumentos são usados para regular a exploração, transporte e comercialização das principais essências florestais. 5.4 - Dados obtidos De acordo com os dados coletados após as entrevistas feitas com os vendedores de lenha observou-se que a lenha comercializada na cidade é originada do Cariri e Curimataú paraibano.cada ponto de venda comercializa em média de 20-80st (estéreo, unidade de medida de lenha) de lenha e dentre as mais procuradas pelos consumidores, apesar de Catingueira e a Algaroba, devido ao seu alto poder calorífico. De acordo com os dados obtidos, através da análise dos documentos de cadastro dos vendedores no IBAMA alguns deles preferem usar nas suas vendas a chamada lenha branca ou seja, a lenha oriunda das árvores nativas, já que estes alegaram ter a Algaroba um baixo custo e fazer muita fumaça. poucos destes terem uma preferência, estão a Catingueira e a Algaroba, devido ao seu alto poder calorífico. De acordo com os dados obtidos, através da análise dos documentos de cadastro dos vendedores no IBAMA alguns deles preferem usar nas suas vendas a chamada lenha branca ou seja, a lenha oriunda das árvores nativas, já que estes alegaram ter a Algaroba um baixo custo e fazer muita fumaça. Após o período junino, os vendedores de lenha fizeram a prestação de conta no escritório do IBAMA e foram constatadas as quantidades adquiridas pelos vendedores equivalente a 1405 st de lenha, sendo 545 st de lenha oriunda de árvores nativas da Caatinga e 860 st de Algaroba. Com base nos dados adquiridos, através do rendimento de planos de manejo florestal realizado pelo IBAMA, o estado da Paraíba apresenta em média 93 st de lenha por hectare de área desmatada, sendo que certas áreas do estado possuem uma média que varia de 36 a 121 st. No entanto, de acordo com os resultados obtidos na avaliação das espécies florestais, encontradas nos pontos de venda de lenha, da cidade de Campina Grande no mês de junho que foi no total de 1405 st, equivale a uma área desmatada de 15 hectares. A diminuição da cobertura vegetal acelera o processo de erosão hídrica, em decorrência da incidência direta das gotas de chuva sobre desmatamento favorece diretamente a erosão, a diminuição de água acumulada no solo, bem como o assoreamento dos açudes, barreiros e riachos. A fauna também é negativamente

afetada e assim inicia-se o processo de desertificação. O Estado da Paraíba, hoje já padece com o maior percentual brasileiro de área susceptível à desertificação com 70,3% (MARACAJÁ, 2000). 5.5 - Trabalho de Educação Ambiental O trabalho de Educação Ambiental realizado no mês de Junho teve um grande apoio por parte de várias instituições, bem como da imprensa que se mostrou sensibilizada e apoiadora de trabalhos que buscam preservar a vida, sobretudo daquelas mais vulneráveis no processo de sobrevivência. Através das entrevistas em rádios, televisão e jornais impressos e entrega de panfletos informativos a população pode ficar informada sobre os riscos de extinção da flora nordestina caso se prolongue os desmatamentos. A partir do trabalho realizado foi possível demonstrar que campanhas de sensibilização podem ser realizadas durante a ocorrência do problema, como forma de diminuir os danos ao meio ambiente, no caso das fogueiras de São João em Campina Grande-PB. Sabe-se que esta atitude passa por uma convenção cultural, difícil de ser repelida devido ao tradicionalismo do comportamento da população, resta então a possibilidade de tentar minimizar os danos, evitando assim grandes transtornos. Percebe-se que, embora não faça parte do consciente coletivo, a necessidade de conservar nossos recursos florestais, já existem pequenos núcleos multiplicadores de trabalhos de Educação Ambiental, com objetivo de sensibilizar a população para que preservem a riqueza do patrimônio genético da Caatinga Nordestina. 6 - Conclusões Com base nos resultados verificou-se, que nos ponto de comercialização de lenha para fogueiras, na cidade de Campina Grande, a quantidade de lenha disponível para venda foi de 1405 st sendo de espécies nativas e exóticas, o equivalente a uma média de 15 hectares de área desmatada. A priori, não há por parte dos consumidores, uma preocupação com o tipo de espécie florestal da lenha (nativa ou exótica) que estão adquirindo. Embora tenham sido encontradas várias espécies florestais nativas, nos pontos de comercialização de lenha para fogueiras, houve uma preferência pela Algaroba correspondendo a 60% das espécies disponíveis para venda. 7 - Sugestões Sugere-se que haja uma revisão na lista oficial do IBAMA, já que está só atua coibindo o corte e exploração das seguintes essências florestais: Aroeira (Myracroduom urundueva) e Baraúna (Schinopsis brasiliensis). Sejam realizados estudos mais detalhados em relação às conseqüências do desmatamento, nas regiões do Cariri e Curimataú, onde são retiradas as lenhas bem como um reflorestamento, mediante a intensa área deteriorada.

Faz-se necessária uma intensificação no programa de Educação ambiental para sensibilizar a população de Campina Grande-PB, para não utilizarem nas suas fogueiras, lenhas da mata nativa devido aos danos ao meio ambiente e que utilizar planta exótica seria uma alternativa viável para minimizar a degradação da flora. 8 - Referências Bibliográficas ANDRADE, Leonaldo Alves de. Manejo e conservação de recursos naturais renováveis. Areia, PB, 1998. ARRUDA, Moacir Bueno. Ecosistemas Brasileros. Edição: IBAMA, 2001. BARACUHY, José Geraldo Vasconcelos. Manejo Integrado de Microbacias Hidrográficas no Semi-árido Nordestino. Um estudo de caso. 2001. 33p. (Tese de Doutorado em Recursos naturais). Universidade Federal da Paraíba. BRAGA, Renato. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 4ª edição Natal-RN, 1976. BRAID, Enílima Cruz. Importância Sócio-Econômica dos recursos florestais do Nordeste do Brasil. In: I Seminário Nordestino sobre a Caatinga. João Pessoa-PB 1996. BRASIL, Diário Oficial da República Federativa do. Lei 9605 de 13/2/1998. BRASIL, Política Nacional de Educação ambiental. Brasília, 1999. CAMPANILI, Maura. IBAMA quer barrar destruição da Caatinga. Artigo da coluna Ciência e Meio ambiente. Estado De São Paulo, 13 de Agosto de 2001. São Paulo. CORDEIRO, A. M; TROVÃO, D. M de B., Espécies ameaçadas de extinção no Cariri Paraibano-Uma visão Etnobotânica. In: Encontro de Iniciação Científica, 6. Anais, Campina Grande. Universidade Estadual da Paraíba, 1999. DRUMOND, M. A. et al. Estratégias para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Caatinga. Petrolina, 2000. DUARTE, D. P. Considerações sobre a vegetação da Caatinga. Departamento de Fitotecnia. CCA/UFPB Areia, 1995. MARACAJÁ, N. de F. Núcleos de desertificação no município de São João do Cariri. Julho de 2000. MARTINS, P. de L. M. et al. Monitoramento de materiais lenhosos, Proveniente de planta exótica, usadas como lenha de fogueiras de São João, na cidade de Campina Grande, PB. In: IV ENCOBIO Encontro de Biologia da UEFS. Feira de Santana-BA 2002. PIMENTEL, Marluce de Lyra. Extração de sementes da Algaroba Prosopis juliflora (SW) D.C. através de processo químico In: Simpósio Brasileiro sobre Algaroba, 1. Natal, 1982. PNUD/FAO/IBAMA/Governo da Paraíba. Consumo de energéticos florestais no setor Domiciliar do Estado da Paraíba, João Pessoa, 1994. ROCCO, R. Legislação Brasileira do Meio Ambiente/ organizado por. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. SIQUEIRA, J. C. de, et al. Ética e Educação Ambiental. In Simpósio Brasileiro De Educação Ambiental, PUC. Rio de Janeiro, 1997. SILVA, M. M. P. da. Instrumentos de Pesquisa para Identificação da percepção Ambiental. In: IV Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia. Pernambuco, 2002a. SILVA, M. M. P. da. Percepção da população de Juazeirinho/PB com relação a extinção de espécies animais e vegetais da Caatinga. Relatório aprovado no programa de iniciação científica da Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande, PB, Março 2002b. VALLS, J. F. M. A preservação da Biodiversidade e as novas biotecnologias.embrapa, Recursos Genéticose Biotecnologia. Parque Estação Biológica.Brasília-DF 1996.

VIRGÍNIO FILHO, E. Aspectos Ambientais do Semi-Árido-Sociedade e Ecologia. In: Anais do I Seminário Nordestino sobre a Caatinga. João Pessoa, 1996. (1) Bióloga; Pós-Graduanda em Gestão e Análise Ambiental - Universidade Estadual da Paraíba. Departamento de História e Geografia. E-mail: plimamartins@yahoo.com.br (2) Profº Dr. da Universidade Federal de Campina Grande - Departamento de Engenharia Agrícola. (3) Profª Doutoranda em Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande. (4) Bióloga; Pós-Graduanda em Gestão e Análise Ambiental - Universidade Estadual da Paraíba. Departamento de História e Geografia. E-mail: gisacg@yahoo.com.br (5) Biólogo; Doutorando em Engenharia Agrícola - Universidade Federal de Campina Grande Departamento de Engenharia Agrícola. E-mail: mariolfcavalcanti@yahoo.com.br (6) Bióloga: Pós Graduando em Gestão e Análise Ambiental - Universidade Estadual da Paraíba. Departamento de História e Geografia. E-mail: myrthisvirginia@yahoo.com.br