DISCUSSÕES UE/EUA RELATIVAS AO ACORDO SOBRE EQUIVALÊNCIA VETERINÁRIA



Documentos relacionados
(Actos cuja publicação é uma condição da sua aplicabilidade)

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, o n. o 1 do seu artigo 95. o,

Jornal Oficial da União Europeia

Norma Interpretativa 2 Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso

Aplicação do Direito da Concorrência Europeu na UE

COMPRAR GATO POR LEBRE

Jornal Oficial nº L 018 de 21/01/1997 p

Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana.

Comissão apresenta estratégia europeia para a energia

PARECER N.º 26/CITE/2006

Direito das sociedades e governo das sociedades: a Comissão apresenta um Plano de Acção

PARLAMENTO EUROPEU. Comissão do Meio Ambiente, da Saúde Pública e da Política do Consumidor

GRUPO DE TRABALHO DE PROTECÇÃO DE DADOS DO ARTIGO 29.º

ADENDA AO MANUAL SOBRE A APLICAÇÃO PRÁTICA DO REGULAMENTO INN

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS RECOMENDAÇÃO DA COMISSÃO

CAPÍTULO 25 COERÊNCIA REGULATÓRIA

Montepio, Portugal. Tecnologia de recirculação de notas na optimização dos processos de autenticação e de escolha por qualidade

L 129/52 Jornal Oficial da União Europeia

Observações. Referência Título / Campo de Aplicação Emissor Data de adoção

REACH A legislação mais ambiciosa do mundo em matéria de produtos químicos

Observações. Referência Título / Campo de Aplicação Emissor Data de adoção

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Este documento constitui um instrumento de documentação e não vincula as instituições

URBAN II Em apoio do comércio e do turismo

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS PARECER DA COMISSÃO

Resposta da Sonaecom Serviços de Comunicações, SA (Sonaecom) à consulta pública sobre o Quadro Nacional de Atribuição de Frequências 2010 (QNAF 2010)

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP)

I O SISTEMA DE CONTROLO OFICIAL NA UNIÃO EUROPEIA

SEGURANÇA ALIMENTAR. b) Nota de rodapé 3: que outros produtos pode o produtor fornecer para além dos ovos, leite cru e mel?

2. Existem actividades dentro do sector dos alimentos para animais que estejam isentas de registo ou aprovação?

NCE/15/00099 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

(Actos não legislativos) REGULAMENTOS

A NECESSIDADE DA PROTECÇÃO DA (SUA) MARCA EM MOÇAMBIQUE 1

O que esperar do SVE KIT INFORMATIVO PARTE 1 O QUE ESPERAR DO SVE. Programa Juventude em Acção

POLÍTICA DE SEGURANÇA DA RCTS

Decreto do Governo n.º 1/85 Convenção n.º 155, relativa à segurança, à saúde dos trabalhadores e ao ambiente de trabalho

Avaliação De Desempenho de Educadores e de Professores Princípios orientadores

PROJECTO DE PARECER n.º 84 "Novos mecanismos de intervenção sobre o mercado"

L 343/10 Jornal Oficial da União Europeia

PARLAMENTO EUROPEU. Comissão da Indústria, do Comércio Externo, da Investigação e da Energia

Jornal Oficial da União Europeia L 279/47

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

Projecto de diploma. que estabelece o regime jurídico aplicável aos aparelhos áudio portáteis

NOVA LEGISLAÇÃO COMUNITÁRIA

NOVO REGIME JURÍDICO DA REABILITAÇÃO URBANA. Decreto-Lei n.º 309/2007, de 23 de Outubro Workshop IHRU 12 Abril 2010

Centro Cultural de Belém

Regras de procedimento para a implementação e cumprimento do Plano de Contingência ARC/COP2/D _13. Segunda Conferência das Partes da ARC

Referenciais da Qualidade

ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS COMPARADAS CMI-CEIC

Implicações da alteração da Taxa de Juro nas Provisões Matemáticas do Seguro de Vida

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 3 Abril de /03 ADD 1 LIMITE FISC 59

Novos Vectores de Enquadramento do Transporte Rodoviário O Pacote Rodoviário

X CONGRESSO DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS. 1.ª Sessão Supervisão do sistema financeiro

A Contabilidade em Angola. José Luiz Gouveia Neto

1 Introdução. 2 Exemplo de aplicação

MELHORAR O CONCEITO DE «AUTOESTRADAS DO MAR»

Campus Capivari Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) Prof. André Luís Belini prof.andre.luis.belini@gmail.com /

Programa Janela Eficiente tem potencial de negócio de 500 milhões 08/03/11, 18:31

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

Conselho da União Europeia Bruxelas, 21 de junho de 2016 (OR. en)

Auxílio estatal n SA (2010/N) Portugal Alteração do regime de auxílios para a modernização empresarial (SIRME)

NCE/09/02087 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos

QUARTO PROTOCOLO AO ACORDO GERAL SOBRE O COMÉRCIO DE SERVIÇOS

ADR Esclarecimento sobre as principais implicações para o nosso Sector, decorrentes das alterações introduzidas pelo ADR 2009

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

DECLARAÇÃO DE RISCO DE INVESTIMENTO (OTC) De 15 de Fevereiro de 2012

PARLAMENTO EUROPEU. Comissão dos Assuntos Jurídicos PE v01-00

ACEF/1112/20967 Relatório final da CAE

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO PROGRAMA AFERIÇÃO

SIREVE (SISTEMA DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS POR VIA EXTRAJUDICIAL)

SEJA RESPONSÁVEL EVITE ATRASOS E MULTAS FACILITE A SUA VIDA! 1ª Fase - 1 a 31 de Março de 2014, para rendimentos das categorias A e H;

Estado da tecnologia avançada na gestão dos recursos genéticos animais

PROJECTO DE LEI N.º 267XI/1.ª LINHA DE CRÉDITO BONIFICADO DE APOIO À ACTIVIDADE AGRÍCOLA

01. Missão, Visão e Valores

A Governança Global da Propriedade Intelectual e os Recursos Biológicos

Jornal Oficial das Comunidades Europeias

Rastreabilidade na Indústria Alimentar

Taxas de serviço aos comerciantes na utilização de cartões de pagamento

Anúncio de concurso. Serviços

Código: CHCB.PI..EST.01 Edição: 1 Revisão: 0 Páginas:1 de Objectivo. 2. Aplicação

REGULAMENTO DE REALIZAÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO PÓS-GRADUADA NO ISA

INDÍCE. Capítulo 1.- Introdução 2. Capítulo 2.-Normas técnicas 3. Capítulo 3.-Normas de Procedimento do SIRCA/suínos Funções do IFAP 5

Jornal oficial no. L 171 de 07/07/1999 P Texto:

NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO Convenção (n.º 102) relativa à segurança social (norma mínima), 1952

Diretiva do WEEE. Março de Escopo/definições Objetivos da coleção Reutilização e reciclagem Responsabilidade do produtor

REGULAMENTO DA COMISSÃO DE AUDITORIA BANCO ESPÍRITO SANTO, S. A. Artigo 1.º Composição

1. Requisitos quanto a detecção e sensores

Resolução da Assembleia da República n.º 64/98 Convenção n.º 162 da Organização Internacional do Trabalho, sobre a segurança na utilização do amianto.

Novas perspectivas para o Comércio entre Brasil e China. Resenha Economia e Segurança

Transcrição:

MEMO/97/37 Bruxelas, 3 de Abril de 1997 DISCUSSÕES UE/EUA RELATIVAS AO ACORDO SOBRE EQUIVALÊNCIA VETERINÁRIA Na sequência da conclusão dos acordos da OMC de 1993 no sector agrícola, a União Europeia (UE) lançou uma iniciativa para a negociação de amplos acordos veterinários com os seus principais parceiros comerciais. Até agora, as negociações veterinárias com países terceiros têm geralmente sido coroadas de êxito. No ano passado, a UE assinou o primeiro acordo com a Nova Zelândia. Foram concluídos acordos técnicos com uma série de outros países, incluindo o Canadá e a República Checa. Decorrem actualmente negociações com a Austrália. A UE lamenta não ter sido possível alcançar um acordo semelhante com os EUA até 1 de Abril. Os Estados Unidos são o único país com o qual a UE está em desacordo na questão da saúde pública. A União Europeia ainda espera prosseguir as negociações e alcançar brevemente um acordo com os Estados Unidos. Na perspectiva da UE, as dificuldades que impedem a conclusão de um acordo global não são muitas, dizendo respeito a questões de descontaminação, refrigeração das aves de capoeira e alguns aspectos relativos à carne vermelha. Para a UE, as discussões veterinárias dizem respeito à saúde pública e à sua protecção. Apesar de as medidas veterinárias terem implicações comerciais, tal não deveria constituir a preocupação principal. Considerar que a discussão é exclusivamente do âmbito comercial é, pois, deslocado - e as retaliações comerciais apenas tornarão as negociações mais difíceis. Perguntas/Respostas: Quais são os objectivos de um acordo veterinário? O acordo veterinário UE/EUA tem por objectivo estabelecer uma equivalência dos respectivos sistemas, de modo a facilitar o comércio de produtos animais, mantendo um nível adequado de protecção da saúde pública e da sanidade animal.

Nomeadamente, os acordos veterinários destinam-se a proporcionar um mecanismo claro: Para o reconhecimento da equivalência de medidas sanitárias; Para a aplicação do princípio da regionalização (controlar focos de doenças animais por isolamento das áreas localmente afectadas e não da totalidade do(s) Estado(s)- membro(s) onde a doença ocorre); E para melhorar o intercâmbio de informações e a cooperação em matéria de medidas sanitárias. Um elemento fundamental destes acordos é o reconhecimento de que o nível de protecção da UE pode ser alcançado por medidas não idênticas, mas equivalentes. Quais seriam os produtos abrangidos pelo acordo veterinário? Um acordo veterinário UE/EUA cobriria todos os produtos animais para consumo humano (incluindo toda a carne, aves de capoeira, ovos e ovoprodutos, leite e produtos lácteos, peixe, moluscos e crustáceos, etc.), animais vivos, embriões e sémen de animais, alimentos para animais de companhia e todos os produtos fundidos (gordura, etc.) e outros produtos animais secundários (peles, estrume, etc.). Um acordo veterinário significa que a indústria de exportação dos EUA deve cumprir todas as disposições da legislação da UE? Não. Um acordo veterinário permite que a UE possa também aceitar medidas equivalentes, desde que estas satisfaçam o nível de protecção da saúde pública e da sanidade animal exigido à indústria comunitária. A fim de permitir avaliar se as medidas de um país exportador asseguram globalmente esse nível de protecção, as medidas sanitárias devem ser comparadas uma a uma. Para a UE, a equivalência não é simplesmente um processo de comparação das especificações do produto final. É, sobretudo, uma avaliação hígio-sanitária global da produção e da capacidade do exportador para aplicar um sistema eficaz de inspecção. Neste contexto, não estão em discussão, entre a UE e os EUA, questões como a cor das paredes ou a forma das molduras, desde que possam ser acordadas normas hígiosanitárias. É de assinalar que muitas das actuais normas sanitárias da UE tiveram origem nos Estados Unidos. Começaram a ser aplicadas na Europa à cerca de 20 anos, a pedido de inspectores americanos. 2

Sem um acordo veterinário, quais as regras que se aplicam à exportação de animais vivos e de produtos animais para a UE? Sem um acordo veterinário, as condições de importação harmonizadas da UE aplicarse-ão a uma série de produtos (incluindo carne de aves de capoeira, ovoprodutos, produtos lácteos e alimentos para animais de companhia) a partir de 1 de Abril de 1997. Estas condições correspondem às normas em vigor na UE há vários anos. Efectivamente, a aplicação externa das condições de importação harmonizadas deveria ter entrado em vigor em 1 de Janeiro de 1997, mas foi adiada para 1 de Abril por razões administrativas da UE. As condições de importações harmonizadas da UE exigem que possa ser certificado que os exportadores cumprem as exigências da legislação comunitária. Sem um acordo de equivalência veterinária, os EUA declararam que não podem assinar certificados sanitários de exportação para a UE relativamente a certos produtos. As consequências da não conclusão de um acordo afectariam os principais sectores de produtos do seguinte modo: Carne de aves de capoeira e ovoprodutos Para a UE, há dois domínios que constituem fonte de preocupação: Descontaminação das carcaças de aves de capoeira. Esta prática não é permitida pela legislação comunitária. Se há contaminação, a legislação da UE exige que a parte contaminada seja retirada pelo inspector veterinário. Além de se poderem aparar partes da carcaça com uma faca, apenas pode ser utilizada água limpa - que não produz qualquer alteração do produto nem deixa qualquer resíduo - sob a forma de um duche após essa operação. A utilização de vapor seria também permitida. Práticas de refrigeração. Algumas práticas de refrigeração utilizadas nos EUA não satisfazem normas europeias. Há um risco de contaminação cruzada se, durante o processo de refrigeração, for utilizada uma quantidade insuficiente de água limpa. Com efeito, a indústria avícola europeia deixou de utilizar água, preferindo sistemas de refrigeração por fluxos de ar que evitam completamente o risco de contaminação cruzada. O Comité Científico Veterinário da UE discutiu recentemente diferentes métodos de descontaminação (Dezembro de 1996). O comité receava que, se a descontaminação fosse permitida, a higiene pudesse ficar comprometida ou que se corressem outros riscos. O comité manifestou nomeadamente a sua preocupação quanto à utilização de água hiperclorada, mas considerou não prejudiciais à saúde humana outros produtos de descontaminação como o ácido láctico ou o trifosfato de sódio, sem recomendar de qualquer modo a prática da descontaminação. 3

Atendendo às dificuldades imediatas que as condições de importação da UE impõem à indústria avícola americana, a UE sugeriu uma solução temporária especificamente para o sector avícola. Esta proposta, que se destinava a ultrapassar problemas comerciais até ser alcançado um acordo de equivalência, permitiria temporariamente a utilização do trifosfato de sódio ou do ácido láctico para a descontaminação. Alimentos para animais de companhia: Não se verificarão muitas alterações a nível das exportações de alimentos para animais de companhia. A UE envidou todos os esforços necessários para assegurar que a maior parte do comércio de alimentos para animais de companhia possa prosseguir. Quanto às proteínas de não mamíferos (aves de capoeira e peixe), os EUA podem assinar certificados de exportação em 1 de Abril, visto esses produtos não conterem materiais que possam provir de animais afectados pela BSE. Esses certificados permitirão que os EUA produzam e exportem os produtos em questão de acordo com as suas próprias normas. Esta possibilidade cobre 70% do comércio de alimentos para animais de companhia dos EUA. Relativamente às proteínas de mamíferos nos alimentos para animais de companhia (os restantes 30%), o comércio pode prosseguir se o produtor utilizar "matérias de baixo risco", i.e. matérias de animais considerados "próprios para o consumo humano", e não de animais que tenham morrido ou sido abatidos por se encontrarem doentes. Comércio de carne vermelha: O comércio UE-EUA de carne vermelha (por exemplo, carne de bovino, de suíno e de equídeo) é regido pelo acordo relativo à carne vermelha concluído entre a UE e os EUA em 1992, com base na directiva comunitária sobre carne de países terceiros. Entre outros aspectos, o acordo reforçava o diálogo no local entre os veterinários comunitários e americanos e visava a busca de soluções imediatas para questões de saúde pública, sem prejudicar o comércio de carne de bovino e de suíno. Este acordo é ilimitado no tempo e continuará a constituir a base para o comércio, mesmo no caso de não conclusão do acordo veterinário. No entanto, a lista comunitária de instalações dos EUA aprovadas para a exportação de carne caduca em 31 de Julho de 1997. Está pendente uma renovação, que exige uma decisão do comité veterinário permanente da UE até Julho. Quanto à conclusão de um acordo veterinário, uma das principais questões no sector da carne vermelha diz respeito à inspecção post mortem dos corações de suínos. Os EUA questionaram a utilidade dessa inspecção, que a UE pratica para avaliar o estado sanitário geral do animal antes do abate. Em reconhecimento das conclusões da investigação dos EUA nesta matéria, a UE propôs que as inspecções dos porcos destinados ao mercado da UE fossem reduzidas de 100 para 10%. 4

Quais as acções comerciais que os Estados Unidos pensam realizar? Segundo a publicação "USDA News #0097/97", de 1 de Abril, as exportações anuais de carne da UE para os EUA são superiores a 300 milhões de dólares - e deverão satisfazer as exigências dos EUA relativas às inspecções ou ser suspensas. Se este valor cobre os produtos afectados pela não conclusão do acordo veterinário (i.e., carne de aves de capoeira, ovos e produtos lácteos), é completamente desproporcionado relativamente a qualquer efeito comercial comparável para os produtos dos EUA. Segundo os dados comerciais dos EUA de 1996, o valor das exportações dos EUA para a UE afectadas é de 75 milhões de dólares para as aves de capoeira e os ovos. Assim, o valor do comércio afectado é de cerca de 75 milhões de dólares. Além disso, qualquer retaliação dos EUA contra a UE seria ilegal de acordo com as regras comerciais internacionais. Porque é que a UE não confia nas especificações do produto final? Precisamos de normas hígio-sanitárias "do estábulo até à mesa". Quanto a isto, a UE e os EUA estão de acordo. É impossível controlar todos os bifes ou frangos para assegurar que são salubres. As boas práticas de higiene devem ser seguidas em todo o processo de produção, tal como um cozinheiro trabalha de uma forma higiénica do princípio até ao fim, não confiando apenas à cocção a salubridade dos alimentos. Se todo o controlo assentar numa única medida preventiva - tal como tratar um produto contaminado com cloro, para remover as bactérias -, persiste um risco substancial de que o tratamento seja ineficaz e de que o consumidor seja exposto a um produto perigoso. Segundo a UE, as medidas preventivas necessárias devem ser tomadas em todas as fases da produção e transformação, a fim de evitar a contaminação - em vez de, depois de esta se verificar, se proceder à remoção das partes contaminadas. Deverão os consumidores dos EUA estar preocupados com a segurança dos seus alimentos em comparação com os consumidores da UE? Não há no mundo qualquer sistema que proteja totalmente o consumidor de consumir um produto contaminado. Dado o desenvolvimento da agricultura intensiva de ambos os lados do Atlântico, a necessidade de garantir que a segurança dos alimentos em todas as fases desde a exploração até ao consumidor tornou-se extremamente importante. Assim, não é suficiente confiar numa única medida aplicada numa determinada fase da cadeia alimentar. É por esta razão que a UE tem em conta todo o processo de produção alimentar, desde a nutrição animal até aos medicamentos veterinários, ao abate e à subsequente transformação dos produtos. Assinale-se que as próprias autoridades americanas começam a reflectir na utilização desta abordagem nas suas novas propostas relativas à segurança alimentar. Este facto torna ainda maior a decepção por não terem reagido positivamente à posição da UE nas negociações. 5