XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017

Documentos relacionados
DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO E DA ENTROPIA DIFERENCIAL DO CAJÀ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES FORMULAÇÕES RESUMO

ISOTERMAS E CALOR ISOSTÉRICO DAS SEMENTES DE ALGODÃO COM LÍNTER E SEM LÍNTER

Sorption isotherms of pepper seeds variety Cabacinha

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ESTÁTICO E DINÂMICO NA DETERMINAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DAS ESPÍGAS DE MILHO

Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico para sementes de arroz em casca

RESUMO. Palavras-chave: equilíbrio higroscópico, modelagem matemática, Oryza Sativa.

Isotermas e Calor Isostérico de Sorção do Feijão 1

DETERMINAÇÃO DAS ISOTERMAS DE EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DE FRUTOS DE CRAMBE PELO MÉTODO DINÂMICO

CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO DA SEMENTE DE GERGELIM BRS SEDA

OBTENÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO E DO CALOR ISOSTÉRICO DE DESSORÇÃO PARA GRÃOS DE TRIGO

Higroscopicidade das sementes de pimenta (Capsicum chinense L.)

ISOTERMAS DE SORÇÃO DAS ESPIGAS DE MILHO: OBTENÇÃO E MODELAGEM

DETERMINAÇÃO DA CURVA DE EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DO URUCUM

Isotermas e calor latente DE DESSORÇÃO dos grãos de milho da cultivar ag Isotherms AND latent heat of desorption of corn

CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

Isotermas de dessorção e calor isostérico dos frutos de crambe

Higroscopicidade das sementes de feijão adzuki

COMPORTAMENTO HIGROSCÓPICO DA SEMENTES DE LINHAÇA (Linum usitatissimum L.). G.Z. Campos e J.A.G. Vieira* RESUMO

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

Determinação do equilíbrio higroscópico e do calor isostérico da polpa e da casca do abacaxi (Ananas comosus) 1

Isotermas de dessorção de grãos de café com pergaminho

Secagem e Armazenagem de Grãos e Sementes Aula 04

ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE GRÃOS DE FEIJÃO MACASSAR VERDE (Vigna unguiculata (L.) Walpers), VARIEDADE SEMPRE-VERDE.

Modelagem Matemática da Secagem de Café Natural Beneficiado com Alto Teor de Água

ATIVIDADE DE ÁGUA DO CAJÁ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES MATERIAIS DE PAREDE RESUMO

DETERMINAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DO ALHO CHINÊS "Allium Tuberosum"

Modelos matemáticos na secagem intermitente de arroz

PALAVRAS-CHAVE: bagaço de cana-de-açúcar; equilíbrio higroscópico; calor isostérico. HYGROCOPIC EQUILIBRIUM AND ISOSTERIC HEAT OF SUGARCANE BAGASS

DETERMINAÇÃO E MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DE ARROZ AROMÁTICO

Pâmella de Carvalho Melo¹, Arlindo Modesto Antunes¹, Paulo Henrique Ribeiro Dias Alves², Jéssica Antônia Andrade Alves³, Ivano Alessandro Devilla 4

Equilíbrio higroscópico de milheto, alpiste e painço: Obtenção e modelagem

ARMAZENAMENTO E PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

ESTUDO DO FENÔMENO DE ADSORÇÃO DE ÁGUA E SELEÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA REPRESENTAR A HIGROSCOPICIDADE DO CAFÉ SOLÚVEL RESUMO

DESSORÇÃO E CALOR ISOSTÉRICO DE AMÊNDOAS DE BARU DESORPTION AND ISOSTERIC HEAT OF BARU ALMONDS

HIGROSCOPICIDADE E CRIOPRESERVAÇÃO DE AQUÊNIOS DE Anacardium humile St. Hil.

19 ESTUDO DO FENÔMENO DE ADSORÇÃO DE ÁGUA E SELEÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA REPRESENTAR A HIGROSCOPICIDADE DO CAFÉ SOLÚVEL RESUMO

ENTROPIA DIFERENCIAL DO PÓ DO MIX DE BATATA YACON COM SUCO DE LIMÃO - CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO

MODELOS MATEMÁTICOS E CURVAS DE UMIDADE DE EQUILÍBRIO DE SEMENTES DE JACARANDÁ-DA-BAHIA, ANGICO-VERMELHO E ÓLEO-COPAÍBA

CINÉTICA DE SECAGEM DE MASSA ALIMENTÍCIA INTEGRAL. Rebeca de L. Dantas 1, Ana Paula T. Rocha 2, Gilmar Trindade 3, Gabriela dos Santos Silva 4

OSVALDO RESENDE. VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS E DA QUALIDADE DO FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) DURANTE A SECAGEM E O ARMAZENAMENTO

CALOR ISOSTÉRICO DA POLPA DE BANANA VARIEDADES MAÇÃ E NANICA

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NOS PARÂMETROS DE MODELOS BI- PARAMÉTRICOS QUE PREDIZEM ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DO GUARANÁ

Isotermas de sorção de tâmaras: determinação experimental e avaliação de modelos matemáticos 1

HIGROSCOPIA DAS FOLHAS DE LOURO (Lauro nobilis L.) Curso de Engenharia Agrícola, Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas/UEG RESUMO

CINÉTICA DE SECAGEM DOS GRÃOS DE MILHO

HIGROSCOPICIDADE, CINÉTICA DE SECAGEM E PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DAS SEMENTES DE TAMARINDO (Tamarindus indica L.)

DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE PARA PREDIÇÃO DE UMIDADE DE EQUILÍBRIO DE PLANTAS MEDICINAIS

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

DETERMINAÇÃO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE MICROCÁPSULAS DE ÓLEO ESSENCIAL DE CANELA EM DIFERENTES TEMPERATURAS

MODELAGEM MATEMÁTICA PARA DESCRIÇÃO DA CINÉTICA DE SECAGEM DO FEIJÃO ADZUKI (Vigna angularis)

EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DE SEMENTES DE GERGELIM

MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DE FRUTOS DE CRAMBE EM CAMADA DELGADA MATHEMATICAL MODELING OF CRAMBE FRUITS IN THIN LAYER DRYING

ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE SEMENTES DE BETERRABA RESUMO. ) de sementes de beterraba, cv. Chata do Egito, em diferentes T e UR.

Aplicação de modelos matemáticos bi e triparamétricos na predição de isotermas de adsorção de umidade do guaraná (Paullinia cupana) em pó 1

Isoterma de dessorção e calor latente de vaporização da semente de pimenta Cumari Amarela (Capsicum chinense L.)

Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DO PROCESSO DE SECAGEM DOS GRÃOS DE CANOLA (Brassicanapus L) RESUMO

Bean grain hysteresis with induced mechanical damage

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) VARIEDADE EMGOPA OURO

ESTUDO DA SECAGEM E HIGROSCOPICIDADE DE SEMENTES E GRÃOS DE NABO FORRAGEIRO

Propriedades Físicas de Grãos de Aveia Branca Submetidos ao Processo de Secagem

CINÉTICA DE SECAGEM E DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO EFETIVO DE GRÃOS DE SORGO

DETERMINAÇÃO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO E DO CALOR DE SORÇÃO DA FARINHA DE BABAÇU COMERCIAL

EQUILÍBRIO DE SORÇÃO DE ÁGUA NA MANGABA (HANCORNIA speciosa)

PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) VARIEDADE EMGOPA 201 OURO

Alteração da Cor de Grãos de Cártamo Submetidos à Secagem e ao Armazenamento

Variação da Cor de Grãos de Girassol ao Longo da Secagem

ISOTERMAS E CALOR ISOSTÉRICO DE SUBPRODUTOS DA UVA (VITIS VINIFERA)

AVALIAÇÃO HIGROSCÓPICA DA FIBRA RESIDUAL DO ABACAXI HYGROSCOPIC EVALUATION OF PINEAPPLE RESIDUAL FIBER

MODELAGEM MATEMÁTICA DA CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DE GRÃOS DE SORGO MATHEMATICAL MODELING OF SORGHUM GRAINS SHRINKAGE

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS VITOR GONÇALVES FIGUEIRA

PARÂMETROS TERMODINÂMICOS DURANTE A SECAGEM DE FOLHAS DE AROEIRA (Schinus terebinthifolius)

XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017

INFLUÊNCIA DO TEOR DE UMIDADE NA VELOCIDADE TERMINAL DE GRÃOS DE SORGO E MILHETO

UMA EQUAÇÃO EMPÍRICA PARA DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO PARA GRÃOS

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR PARAGUAÇU

Modelagem matemática das curvas de secagem de grãos de feijão carioca cultivar brs pontal RESUMO

CINÉTICA DE SECAGEM DA BORRA DE CAFÉ EM ESTUFA COM CIRCULAÇÃO DE AR

ISOTERMA DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DA CASTANHA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa) MOISTURE ADSORPTION ISOTHERM FROM BRAZIL-NUT (Bertholletia excelsa)

Adsorption isotherms and vaporization latent heat of malagueta pepper seeds

Ajuste de modelos matemáticos a contração volumétrica unitária e da massa dos grãos de soja

CINÉTICA DE SECAGEM DE GRÃOS DE MILHO DA CULTIVAR PIONEER P3646

XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017

CINÉTICA DE SECAGEM DA TORTA DE MAMONA

MODELOS MATEMÁTICOS PARA AJUSTE DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DA POLPA DE BANANA DA VARIEDADE PRATA 1

Isotermas de dessorção de Calendula officinalis L.: determinação experimental e modelagem matemática

ESTUDO DAS ISOTERMAS E CALOR ISOSTÉRICO DE ADSORÇÃO DA FARINHA DA COROA DE FRADE

Pesquisa Agropecuária Tropical ISSN: Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. Brasil

MODELAGEM MATEMÁTICA E PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DA SECAGEM DO GRÃO DE GIRASSOL

ANÁLISE DOS PARÂMETROS DO MODELO DE ADSORÇÃO EM MULTICAMADA, CALOR ISOSTÉRICO E ENTROPIA DE DESSORÇÃO PARA ISOTERMAS DE CEVADA RESUMO

CINÉTICA DA CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS GRÃOS DE DUAS CULTIVARES DE MILHO-PIPOCA DURANTE O PROCESSO DE SECAGEM

Isotermas de dessorção de folhas in natura de juazeiro e mororó 1

ANDRÉ LUÍS DUARTE GONELI

DETERMINAÇÃO DAS ISOTERMAS DE EQUILÍBRIO DAS SEMENTES DE UVA DAS VARIEDADES CABERNET SAUVIGNON E BORDÔ

ANÁLISE DA CINÉTICA DE SECAGEM EM CAMADA FINA DO ARROZ VERMELHO EM CASCA RESUMO

CINÉTICA DE SECAGEM E MODELAGEM MATEMÁTICA DO FRUTO DE BURITI (Mauritia flexuosa)

PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DAS SEMENTES DE PINHÃO- MANSO THERMODYNAMIC PROPERTIES OF SEEDS JATROPHA

Volume 35, número 4, 2010

MODELAGEM MATEMÁTICA DAS CURVAS DE SECAGEM DA PIMENTA DE CHEIRO

Transcrição:

XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017 DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO INTEGRAL DO CÁRTAMO (Carthamus tinctorius L.) JAQUELINE F. V. BESSA 1, OSVALDO RESENDE 2, DANIEL EMANUEL C. DE OLIVEIRA 3 1 Eng. Agrícola, Doutoranda, IF Goiano, Rio Verde GO, Fone: (0XX64) 99231.8084, jaqueline@agricola.eng.br 2 Eng. Agrícola, Prof. Doutor, Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação, IF Goiano, Rio Verde GO 3 Eng. Agrícola, Prof. Doutor, Engenharia Agrícola, IF Goiano, Iporá GO Apresentado no XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 30 de julho a 03 de agosto de 2017 - Maceió - AL, Brasil RESUMO: O objetivo no trabalho foi determinar o calor isostérico do cártamo da cultivar S- 351 em função do teor de água de equilíbrio dos grãos para as diversas condições de temperatura e atividades de água. As isotermas de adsorção foram obtidas pelo método estático indireto para as temperaturas de 10, 20, 30 e 40 C e a atividade de água para cada temperatura entre 0,462 a 0,726. Os valores de atividade de água, temperatura e teor de água de equilíbrio foram obtidos a partir das isotermas de adsorção dos grãos de cártamo, por meio do modelo de Chung-Pfost. A partir dos resultados obtidos calculou-se o calor isostérico para cada teor de água de equilíbrio. O calor isostérico integral foi obtido adicionando valores de calor isostérico líquido de sorção e o valor do calor latente de vaporização da água livre. Observou-se que o calor isostérico aumenta com a redução do teor de água dos grãos de cártamo, indicando redução do teor de água e a necessidade de maior energia necessária para a remoção da água do produto. Os valores de calor isostérico para os grãos de cártamo na faixa de 6,6 a 9,0% (bs) variam de 2.642,08 a 2.540,64 kj kg -1. PALAVRAS-CHAVE: Temperatura. Teor de água. Atividade de água. DETERMINING THE INTEGRAL ISOSTERIC HEAT OF SAFFLOWER (Carthamus tinctorius L.) ABSTRACT: The objective of this ork as to determine the isosteric heat of saffloer cultivar S-351 as a function of the equilibrium moisture content of the grains for the various temperature conditions and ater activities. The adsorption isotherms ere obtained by the indirect static method at temperatures of 10, 20, 30 and 40 C and the ater activity for each temperature as beteen 0.462 and 0.726. The values of ater activity, temperature and equilibrium moisture content ere obtained from the adsorption isotherms of the saffloer grains, using the Chung-Pfost model. From the results obtained the isosteric heat as calculated for each equilibrium moisture content. The integral isosteric heat as obtained by adding isosteric liquid values of sorption and the value of the latent heat of vaporization of free ater. It as observed that the isosteric heat increases ith the reduction of the moisture content of the saffloer grains, indicating reduction of the moisture content and the need for

greater energy required to remove ater from the product. The isosteric heat values for saffloer grains in the range of 6.6 to 9.0% (bs) range from 2642.08 to 2540.64 kj kg -1. KEYWORDS: Temperature. Moisture content. Water activity. INTRODUÇÃO O cártamo (Carthamus tinctotius L.) é uma espécie cultivada há mais de dois milênios e ultimamente vem sendo cultivado em, praticamente, todos os continentes. Esta cultura é uma alternativa para a produção de óleo, para utilização na alimentação humana e na indústria para diversos fins. Além de ser uma das opções econômicas em regiões áridas ou semiáridas. As sementes desta espécie possuem elevados teores de óleo que podem chegar a 50%. O óleo de cártamo apresenta altos teores de ácidos linoleico e oleico, que são considerados de ótima qualidade para o consumo humano, apresentando menores riscos à saúde (SILVA, 2013). Pensando na qualidade dos grãos até o seu consumo e no produto final quando este é utilizado para extração de óleo e afins, a redução da quantidade de água é essencial para o armazenamento dos grãos que é realizado a partir da secagem. É necessário estudar todos os fenômenos da secagem de cada produto agrícola, pois a composição de cada produto varia e diferencia, como também o tempo de secagem e o tempo de início de ativação da retirada de água de seu interior. O conhecimento do calor isostérico em função do teor de água de equilíbrio é essencial nos estudos de secagem e armazenamento de produtos agrícolas servindo para estimar as necessidades energéticas do processo de secagem além de fornecer dados sobre o estado da água no produto (COSTA et al., 2013). Devido a escassez de informações sobre a pós-colheita das sementes de cártamo, nesta pesquisa objetivou-se determinar o calor isostérico do cártamo da cultivar S-351 em função do teor de água de equilíbrio das sementes para as diversas condições de temperatura e atividades de água. MATERIAL E MÉTODOS A presente pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Pós-colheita de Produtos Vegetais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano Campus Rio Verde localizado no município de Rio Verde, GO. Foram utilizadas sementes de cártamo (Carthamus tinctorius L.) cedidas pela empresa americana California Oils Corporation. Após a aquisição, determinou-se o teor de água das sementes pelo método da estufa a 105 ± 3 C, durante 24 h, em três repetições (BRASIL, 2009). As sementes foram levadas ao umedecimento à B.O.D. (Biochemical Oxygen Demand) com temperatura de 30 C e 90% de umidade relativa até o ganho de teor de água. Em seguida, as sementes foram colocadas em sacos plásticos. Durante o umedecimento, o teor de água das sementes foi monitorado pelo ganho de água, até atingirem 6,6; 6,9; 7,3; 7,7; 8,3 e 9,1% (base seca, bs). As isotermas de sorção das sementes de cártamo foram determinadas utilizando o método estático indireto, sendo a atividade de água (a ) determinada por meio do equipamento Hygropalm Model A1. Para cada teor de água, foram utilizadas três amostras de aproximadamente 28,5g, as quais foram colocadas individualmente no recipiente do equipamento e acondicionados em B.O.D. regulada a 10, 20, 30 e 40 C.

Aos dados experimentais foram ajustados os modelos matemáticos frequentemente utilizados para representação da higroscopicidade de produtos agrícolas, cujas equações estão apresentadas na Tabela 1. TABELA 1. Modelos matemáticos utilizados para predizer o fenômeno de higroscopicidade de produtos vegetais. Mathematical models used to predict the hygroscopicity of vegetable products. Designação do modelo Modelo Xe a b ln[ (T c) ln(a )] Chung-Pfost (1) Xe exp[a (b T) (c a )] Copace (2) Xe 1 [exp(a - b T)/ - ln(a )] c Halsey Modificado (3) c Xe a (a b/t ) Sabbah (4) Xe exp{a (b T) [c exp(a )]} Sigma Copace (5) 1 c Xe (a b T)/[a /(1- a )] Osin Modificado (6) Xe Xe Xe 1 b c [ln(1- a )/(a (T Cavalcanti Mata (7) ))] 1 c [ln(1- a)/( a (T b))] Henderson Modificado (8) 1 b [ln(1- a )/( a (T Henderson (9) 273,16))] Para o ajuste dos modelos matemáticos foi realizada análise de regressão não linear, pelo método Gauss Neton. Para verificar o grau de ajuste de cada modelo considerou-se a significância do coeficiente de regressão pelo teste t adotando-se o nível de 1% de significância, a magnitude do coeficiente de determinação (R 2 ), os valores do erro médio relativo (P), do erro médio estimado (SE), Qui-quadrado (χ 2 ) e o comportamento da distribuição dos resíduos. O erro médio relativo, erro médio estimado e o teste de Quiquadrado foram calculados para cada modelo matemático utilizando as seguintes expressões, respectivamente: Y Ŷ (10) 100 P n Y 2 (11) Y Ŷ SE GLR 2 (12) Y Ŷ 2 χ GLR Y- valor experimental; Ŷ - valor estimado pelo modelo; n - número de observações experimentais, e GLR - graus de liberdade do modelo (número de observações menos o número de parâmetros do modelo).

Os valores do calor isostérico líquido de sorção (ou entalpia diferencial), para cada teor de água de equilíbrio, foram obtidos por meio da equação Clausius-Clayperon (IGLESIAS & CHIRIFE, 1976) como mostrada a seguir: In a T h = RT st 2 a T a - temperatura absoluta, K; Δh st - calor isostérico líquido de sorção, kj kg -1 ; R - constante universal dos gases, 8,314 kj kmol -1 K -1, sendo para o vapor d água 0,4619 kj kg -1 K -1. Integrando a Equação 13 e assumindo que o calor isostérico líquido de sorção é independente da temperatura, obtém-se o calor isostérico líquido de sorção, para cada teor de água de equilíbrio, conforme a Equação 14 (WANG & BRENNAN, 1991): C - coeficiente do modelo. hst 1 In a =- +C R T Os valores de atividade de água, temperatura e teor de água de equilíbrio foram obtidos a partir das isotermas de adsorção das sementes cártamo, utilizando o modelo de melhor ajuste aos dados experimentais. O calor isostérico integral de sorção foi obtido adicionando-se aos valores de calor isostérico líquido de sorção, o valor do calor latente de vaporização da água livre de acordo com a Equação 15: * Qst Δhst L a exp b Xe c (15) Q st - calor isostérico integral de sorção, kj kg -1, e a, b e c - coeficientes do modelo. O calor latente de vaporização da água livre (L), em kj kg -1, necessário ao cálculo de Q st, foi obtido utilizando-se a temperatura média (T) na faixa em estudo, em C, por meio da seguinte equação: L 2.502,2-2,39 T (16) L - calor latente de vaporização da água livre, kj kg -1. a (13) (14) RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2 estão apresentados os valores médios da atividade de água das sementes de cártamo (Carthamus tinctorius L.), obtidas pelo processo de adsorção, em função da temperatura ( C) e do teor de água de equilíbrio (decimal). TABELA 2. Valores médios da atividade de água (decimal) das sementes de cártamo (Carthamus tinctorius L.), obtidas pelo processo de adsorção, em função da temperatura ( C) e do teor de água de equilíbrio (%bs).

Mean values of the ater activity (decimal) of the saffloer seeds (Carthamus tinctorius L.), obtained by the adsorption process, as a function of temperature ( C) and equilibrium moisture content (% bs). Teor de água de equilíbrio (% bs) Temperatura ( C) 10 20 30 40 7,21 0,333 - - - 7,34-0,378 - - 7,31 - - 0,400-7,25 - - - 0,422 9,63 0,433 - - - 9,62-0,497 - - 9,67 - - 0,521-12,19 0,527 - - - 9,49 - - - 0,538 12,99 0,558 - - - 12,06-0,573 - - 12,07 - - 0,611-13,29-0,620 - - 11,93 - - - 0,622 13,31 - - 0,650-13,03 - - - 0,669 De modo geral, verificou-se (Tabela 2) que ocorre um aumento do teor de água de equilíbrio para uma mesma temperatura com o acréscimo da atividade de água, corroborando com OLIVEIRA et al. (2017). Na Tabela 3 estão apresentados os parâmetros dos modelos de equilíbrio higroscópico ajustados para as sementes de cártamo, obtidos por adsorção, para diferentes condições de temperatura. TABELA 3. Parâmetros dos modelos ajustados aos teores de água de equilíbrio higroscópico para as sementes de cártamo (Carthamus tinctorius L.) com seus respectivos coeficientes de determinação (R 2, %), erros médios estimado (SE, decimal) e relativo (P, %), Qui-quadrado (χ 2, decimal) e tendência de distribuição dos resíduos. The parameters of the models adjusted to the moisture content of hygroscopic equilibrium for saffloer seeds (Carthamus tinctorius L.) ith their respective coefficients of determination (R 2,%), estimated mean (SE, decimal) and relative (P,%) Chi-square (χ 2, decimal) and trend distribution of residues. Modelos Parâmetros SE P χ² R² Distribuição de Resíduos Chung-Pfost b= 3,6272 ** 0,069 0,677 0,0047 99,45 A a= 23,1706 ** c= 117,0422 ** 0,088 0,885 0,0077 99,09 A Copace b= 0,0032 ** a= 1,1790 ** c= 1,560965 ** Halsey Modificado a= 3,887411 ** 0,083 0,749 0,0070 99,18 A

b= 0,006902 ** c= 2,16336 ** Sabbah Sigma Copace Osin Modificado Cavalcanti Mata Henderson Modificado Henderson a= 15,42607 ** b= 0,93362 ** 0,132 1,291 0,0175 97,95 A c= 0,07015 ** b= 0,003199 ** 0,077 0,763 0,0060 99,25 A a= 0,564856 ** c= 0,84816 ** b= -0,021172 ** 0,081 0,784 0,0066 99,22 A a= 7,105151 ** c= 2,737047 ** b= 0,1225 ** 0,103 0,997 0,0105 98,76 A a= -0,017103 ** c= 1,769402 ** b= 148,8543 ** 0,092 0,936 0,0084 99,02 A a= 0,0001 ** c= 1,7671 ** a= 0,000081 ** b= 1,789511 ** 0,152 1,590 0,0230 97,18 A Os modelos Chung-Pfost (maior valor: 99,45%), Copace, Halsey Modificado, Sigma Copace, Osin Modificado, Henderson Modificado e Henderson apresentaram o coeficiente de determinação (R 2 ) superior a 99%. Além disso, o modelo de Chung-Pfost apresentou os menores valores do erro médio estimado (SE) e Qui-quadrado (χ 2 ), sendo que a capacidade de um modelo representar adequadamente é inversamente proporcional aos valores destes parâmetros, ou seja, quanto menores os valores, melhor será o ajuste do modelo em relação aos dados experimentais. Com relação ao erro médio relativo (P), nota-se que o modelo Chung-Pfost também apresentou o menor valor, já os modelos Sabbah e Henderson apresentaram os maiores valores. Os modelos analisados apresentaram valores de P menores que 10%, que, de acordo com MOHAPATRA & RAO (2005), indica serem apropriados para a representação da higroscopicidade das sementes de cártamo. Considerando a distribuição de resíduos, verificou-se que todos os modelos apresentaram distribuição aleatória, indicando ajuste adequado aos dados experimentais. Assim, considerando os parâmetros estatísticos, todos os modelos analisados podem ser utilizados para descrever a higroscopicidade das sementes de cártamo. Sendo que o modelo de Chung-Pfost apresentou maior coeficiente de determinação, distribuição aleatória dos resíduos e menores valores dos erros médios relativo e estimado, bem como menor magnitude no teste de Qui-quadrado, sendo selecionado para a predição do teor de água de equilíbrio das sementes de cártamo. CORRÊA et al. (2016) e ULLMANN et al. (2017), estudando a higroscopicidade das sementes de beterraba e sorgo sacarino, respectivamente, verificaram que o modelo de Chung-Pfost se ajustou melhor aos dados experimentais. Já CORRÊA et al. (2014), estudando as isotermas de sorção (adsorção e dessorção) de frutos de Coffea canephora, verificaram que o modelo de Sigma Copace se ajustou melhor aos dados experimentais. Sousa et al. (2013) estudando as isotermas de dessorção de nabo-forrageiro descreveram que é possível ajustar uma única equação de COPACE para os dois métodos avaliados, dinâmico e estático.

Na Figura 1 estão apresentados os valores experimentais do teor de água de equilíbrio das sementes de cártamo, obtidos por adsorção, bem como suas isotermas estimadas pelo modelo de Chung-Pfost. FIGURA 1. Valores experimentais do teor de água de equilíbrio e isotermas de adsorção estimadas pelo modelo de Chung-Pfost para as sementes de cártamo (Carthamus tinctorius L.), em diferentes condições de temperatura e atividades de água. Analisando as isotermas (Figura 1), verificou-se que com o aumento da temperatura, para um mesmo teor de água, ocorre a elevação da atividade de água e, para uma atividade de água constante, os valores do teor de água de equilíbrio diminuíram com o aumento da temperatura, seguindo a mesma tendência da maioria dos vegetais. O modelo de Chung-Pfost foi utilizado para realizar o cálculo do calor isostérico integral de adsorção por ter sido o que melhor se ajustou aos dados. Na Figura 2 são apresentados os valores do calor isostérico integral de adsorção em função do teor de água de equilíbrio (% bs), para as sementes de cártamo. FIGURA 2. Valores experimentais e estimados do calor isostérico integral de adsorção em função do teor de água de equilíbrio para as sementes de cártamo (Carthamus tinctorius L.).

O aumento do teor de água (Figura 2) proporcionou aumento na energia liberada pela adsorção da água no produto, representada pelos valores do calor isostérico integral de adsorção (Q st ), conforme observado por GONELI (2008), estudando os grãos mamona. Os valores do calor isostérico das sementes de cártamo variaram de 2.540,64 a 2.642,08 kj kg -1, para os respectivos teores de água de 9,14 e 6,57% (bs). Nota-se que com o aumento do teor de água o valor do calor isostérico tende a se aproximar ao valor do calor latente de vaporização (2.442,45 kj kg -1 ). OLIVEIRA et al. (2017), estudando o calor isostérico integral dos frutos de sucupirabranca (Pterodon emarginatus Vogel) verificaram comportamento semelhante, sendo que os valores variaram de 3.477,54 a 15.375,89 kj kg -1, na faixa de teor de água de com teores de água de equilíbrio de 10,4 a 4,7% (bs), respectivamente, porém os frutos de sucupira branca necessitam de maior energia para remover água do que as sementes de cártamo precisam para adsorver. Ainda na Figura 2, nota-se que a equação de regressão pode ser utilizada para estimar o calor isostérico integral de adsorção para as sementes de cártamo, pois apresenta elevado coeficiente de determinação (R 2 ). O calor isostérico é um importante parâmetro a ser obtido porque, por meio dele, é possível determinar a demanda energética nos processos de desidratação e secagem de materiais biológicos (Lima et al., 2008). CONCLUSÕES O calor isostérico integral de adsorção aumenta com a redução do teor de água de equilíbrio sendo necessária uma maior quantidade de energia para retirar a água das sementes de cártamo, com valores de 2.540,64 a 2.642,08 kj kg -1, para os respectivos teores de água de 9,14 e 6,57% (bs). AGRADECIMENTOS À empresa California Oils Corporation pela disponibilização do produto, à Sueli Strazzi pela colaboração, ao IF Goiano, ao CNPq e à FAPEG pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília, DF, 2009. 398p. CORRÊA, P. C.; OLIVEIRA, G. H. H.; OLIVEIRA, A. P. L. R.; GONELI, A. L. D.; BOTELHO, F. M. Isotermas de dessorção de sementes de beterraba. Engenharia na Agricultura, v.24, n.1, p.15-21, 2016. CORRÊA, P. C.; BOTELHO, F. M.; BOTELHO, S. C. C.; GONELI, A. L. D. Isotermas de sorção de água de frutos de Coffea canephora. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.18, p.1047-1052, 2014. COSTA, L. M.; RESENDE, O.; OLIVEIRA, D. E. C. Isotermas de dessorção e calor isostérico dos frutos de crambe. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.17, n.4, p.412-418, 2013. GONELI, A. L. D. Variação das propriedades físico-mecânicas e da qualidade da mamona (Ricinus communis L.) durante a secagem e o armazenamento. 2008. 186f. Tese (Doutorado Stricto Sensu em Engenharia Agrícola) Universidade Federal de Viçosa UFV. Viçosa, 2008. IGLESIAS, H.; CHIRIFE, J. Prediction of the effect of temperature on ater sorption isotherms of food material. Journal of Food Technology, v.11, p.109-116, 1976.

LIMA, E. E.; SILVA, A. S.; FIGUEIREDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M. Estudo das isotermas e calor isostérico de adsorção da farinha da coroa de frade. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.10, n.2, p.163-170, 2008. MOHAPATRA, D.; RAO, P. S. A thin layer drying model of parboiled heat. Journal of Food Engineering. v.66, p.513-518, 2005. OLIVEIRA, D. E. C.; RESENDE, O. COSTA, L. M. SILVA, G. P.; SALES, J. F. Hygroscopicity of sucupira-branca (Pterodon emarginatus Vogel) fruits. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.21, n.4, p.285-289, 2017. SILVA, C. J. Caracterização agronômica e divergência genética de acessos de cártamo. Tese (Doutorado) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2013. SOUSA, K. A.; RESENDE, O.; COSTA, L. M. Isotermas de dessorção das sementes de nabo forrageiro obtidas pelos métodos dinâmico e estático. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.17, n.2, p.216-222, 2013. ULLMANN, R.; RESENDE, O.; OLIVEIRA, D. E. C.; COSTA, L. M.; CHAVES, T. H. Higroscopicidade das sementes de sorgo-sacarino. Engenharia Agrícola, v.36, n.3, p.515-524, 2016. WANG, N.; BRENNAN, J. G. Moisture sorption isotherm characteristics of potatoes at four temperatures. Journal of Food Engineering, v.14, n.4, p.269-287, 1991.