ISSN 1808-3579 BIOENERGIA: ASPECTOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS RESUMO



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BIOENERGIA: ASPECTOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS Fabiane Fernanda de Barros Correa (G-CCHE-UENP/CJ) Richard Cordeiro da Silva (G-CCHE-UENP/CJ) Ddo. Alexandre O. Fernandes da Silva (Orientador-CCHE-UENP/CJ) RESUMO A bionergia engloba todos os tipos de energia derivados da biomassa, como os biocombustíveis ou agrocombustíveis. Com o uso prolongado de recursos não-renováveis, a poluição que estes causam e os altos preços dos combustíveis fósseis, inicia-se uma discussão sobre como interromper a perda da biodiversidade com a prática de monocultura para produção de recursos renováveis e, simultaneamente, tratar das alterações climáticas levando em consideração a necessidade global do aumento da produção de alimentos. A partir do potencial de biomassa, uma alternativa são os sistemas camponeses de produção, que têm como base a agroecologia, visto que conseguem garantir uma combinação entre a produção de alimentos (valendo-se do policultivo) e energia, além de garantir que o valor agregado promova sustentabilidade para o pequeno produtor. Priorizar a produção alimentícia, consorciar a produção energética com outras culturas e evitar os sistemas de integração com grandes empresas, engaja o produtor rural na máquina financeira, permitindo o uso correto do solo, recursos estes que não causam agressão ao meio ambiente. A lenha e os resíduos de madeira, o carvão vegetal, o bagaço da cana-de-açúcar e o álcool, os resíduos agrícolas e óleos vegetais e o biogás (produzido a partir de aterros sanitários, resíduos municipais e industriais), constituem as principais fontes de biomassa no Brasil e devem ser exploradas de maneira consciente e viável sócio-ambientalmente. É necessário que a matriz energética mundial seja revista, para que as diversas formas de produção energética renováveis possam ser utilizadas de forma que os benefícios sejam superiores aos danos. Palavras-chave: Bioenergia. Biocombustíveis. Sustentabilidade. Recursos renováveis. ABSTRACT The bioenergy encompasses all types of energy derived from biomass such as biofuels or agrofuels. With prolonged use of nonrenewable resources, they cause the pollution and the high prices, a discussion about how to stop biodiversity loss through the practice of monoculture production of renewable resources starts, while addressing climate change taking into consideration the overall need of increased food production. From the biomass potential as an alternative are systems of peasant production, which are based on agroecology, since they can ensure a combination of food production (taking advantage of polyculture) and energy, besides ensuring that the aggregate value promotes sustainability 239

for the small producer. Prioritizes food production, energy production consorting with other cultures and avoid systems integration with major companies, the farmer engages in financial machine, allowing the correct use of soil, that these resources do not cause harm to the environment. The wood and wood waste, charcoal, bagasse from sugar cane and alcohol, agricultural waste, vegetable oils and biogas (produced from landfills, municipal and industrial waste) are the main sources of biomass in Brazil and should be explored in a conscious about viable environmentally. It is necessary that the global energy matrix has been revised, so that the various forms of renewable energy production can be used so that the benefits outweigh the harm. Keywords: Bioenergy. Biofuels. Sustainability. Renewable resources. INTRODUÇÃO Ao nos referirmos à bioenergia é necessário ter como base conhecimento sobre a proveniência da matéria prima utilizada para sua produção. A biomassa é um material vegetal orgânico ou compostos de origem animal, que abrange a geração de fontes alternativas de energia. A biomassa constitui uma forma de armazenamento da energia solar que é convertida em energia química. Variedade de possíveis utilizações, um armazenamento seguro e inofensivo, possibilidade de unir fornecedores de combustíveis, entre outros, são fatores que fazem com que a Biomassa ofereça um enorme campo para uma utilização sustentável e ao contrário da energia eólica e solar, a mesma encontra-se sempre disponível. (Newsday Consultoria de Comunicação e Marketing. Biocombustíveis, 2007) De acordo com Moret, (2006): O Brasil tem seu desenvolvimento econômico histórico fortemente ligado ao uso da energia da biomassa: desde seus primórdios históricos, nos primeiros ciclos econômicos ligados ao açúcar, até as florestas energéticas para a siderurgia e o pró-álcool nas últimas décadas do século XX e, mais recentemente, o programa do governo federal para o biodiesel, muitas foram as ações, políticas públicas e investimentos privados que desenvolveram tecnologias e mecanismos de gestão capazes de gerar um salto em direção a uma grande ampliação da escala de geração desta fonte de energia. No entanto, este mesmo processo deixou marcas cruéis na devastação de biomas, na concentração de renda e na expulsão de populações tradicionais de suas terras. A Biomassa pode ser dividida em quatro diferentes categorias, que variam de acordo com sua origem, sendo elas: 240

1.Culturas para fins energéticos São colheitas cultivadas especificamente para a produção de bioenergia, e seu papel é a captura da energia solar e transformação em energia química. São exemplos dessas culturas: a cana-de-açúcar, o girassol, milho. 1.2 Resíduos agrícolas e florestais A colheita dos cereais, o corte da madeira, tudo isso gera resíduos, nessa categoria de biomassa, tais resíduos são utilizados como combustível, reduzindo as perdas da produção. 1.3 Subprodutos orgânicos Quando se tem o processamento da biomassa para criação de produtos, o que ocorre é a formação de subprodutos, que são os resíduos orgânicos, os efluentes da agropecuária e os resíduos do processamento industrial da madeira e de fibras vegetais. Dessa forma, a reciclagem energética propicia um aumento da utilidade e assegura que partes do processo de produção sejam permanente e ambientalmente sustentáveis. 1.4 Resíduos orgânicos Fazem parte dessa categoria de biomasssa, os resíduos orgânicos que englobam os resíduos domésticos e as lamas dos efluentes domésticos e industriais, como exemplo, os resíduos da produção alimentar. Atualmente são gerados dois tipos de bioenergia, a de primeira geração, que exige a expansão das monoculturas e demanda de grandes extensões de terra exclusivamente para o desenvolvimento de matriz energética, e a bioenergia de segunda geração, que é a utilização dos rejeitos das culturas que antes eram desprezados (como exemplo as palhas da cana-de-açúcar, a serragem do corte da madeira) reduzindo desta forma a produção em larga escala das monoculturas e resíduos das mesmas. (NASCIMENTO, 2008). Segundo FIESP/CIESP (2001), do ponto de vista energético, usinas de cana-deaçúcar produzem grandes volumes de bagaço, o que faz com este seja um grande 241

transtorno quanto a sua disposição na natureza, com isso desenvolveu-se um potencial até pouco não explorado que é a co-geração de energia através do bagaço dessa cana, aproveitando melhor os recursos. 2. REVISÃO DE LITERATURA Moreira (2007) diz que a biomassa não é restrita apenas às áreas tropicais, ela pode ser encontrada em todos os lugares, bastando que haja fotossíntese e água suficiente. De acordo com Santos (2006), as principais fontes de biomassa no Brasil são o bagaço de canade-açúcar e álcool; carvão vegetal; lenha e resíduos de madeira; resíduos agrícolas e óleos vegetais e resíduos industriais e municipais. Fig. 1 Variedade de Biomassa Fotografia: colecção criativa / www.sesolutions.de A partir do gráfico que segue, podemos notar as parcelas que compõem a matriz energética renovável do mundo, cerca de 44,7%, as quantidades em que estão disponíveis e as que são majoritariamente utilizadas. 242

Gráfico 1 Matriz Energética Mundial Gráfico: ceragro.iica.int/documents/cartilha_biocombustiveis_petrobras.pdf Para Pereira (2009), o petróleo consiste ainda em uma fonte de energia de relativo baixo custo, entretanto com o aumento da dificuldade de captação e exploração deste e de outros tipos de combustíveis fósseis, surge a necessidade de buscar alternativas não esgotáveis. Assim, os biocombustíveis ou agrocombustíveis que armazenam a energia renovável que provém da fotossíntese das plantas, mostram-se como uma ótima alternativa. Segundo o Manual Sobre Tecnologias, Projeto e Instalação (2004), por meio de tecnologias de conversão, a biomassa pode ser transformada em combustíveis gasosos, líquidos ou sólidos e posteriormente utilizados num vasto campo de aplicações no setor energético. Os gasosos são resultado de processos microbiológicos e de conversões termoquímicas da biomassa sólida modificadas por processos de gaseificação. A produção termoquímica dos gases de síntese e a fermentação anaeróbia do metano são métodos diferentes de transformação da biomassa em gases. São fontes líquidas principalmente a colza e o girassol, cujo óleo é usado tanto na sua forma natural ou como biodiesel. Entretanto, a maior fonte é a sólida, principalmente proveniente da madeira. Estamos inseridos na terceira era técnica, e a bionergia é o fruto dessa fase na qual o biocombustível se destaca como símbolo. A bioengenharia é o epicentro da terceira revolução industrial, demonstrando os avanços da biorrevolução que está acontecendo. (MOREIRA, 2007). 243

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os biocombustíveis possuem diversos benefícios em relação aos combustíveis fósseis, pois estes além de altamente poluente é finito e já se observa grande movimentação em todo o mundo com guerras localizadas buscando o domínio das fontes produtivas e pressões exageradas exercidas pelos produtores o que leva países a desequilíbrios financeiros, éticos e morais (BRANDALIZE, 2007). Dentre eles podemos destacar: é uma energia limpa e renovável; causa menor corrosão de equipamentos; os resíduos emitidos pela sua queima não interferem no efeito estufa; é uma fonte de energia sustentável; é descentralizadora de renda; reduz a dependência de petróleo e demais combustíveis fósseis; auxilia na diminuição do lixo industrial (já que é útil na produção da biomassa); tem baixo custo de implantação e posterior manutenção e são biodegradáveis, entre diversos outros aspectos favoráveis. Fig. 2 Biocombustível Fotografia: http://www.abolsamia.pt/news.php?article_id=1029&article_type=noticia Essa energia é obtida a partir de fontes renováveis, ou seja, fontes que podem se recompor num ritmo capaz de suportar sua utilização sem restrições ou risco de se esgotarem. Comprovado por diversas pesquisas científicas, as plantas que originam aos 244

biocombustíveis absorvem gás carbônico do ar, desse modo se tem uma redução do efeito estufa e, também, compensa o gás carbônico que será emitido durante a queima do combustível. (Newsday Consultoria de Comunicação e Marketing. Biocombustíveis, 2007). Ainda de acordo com o Newsday Consultoria de Comunicação e Marketing. Biocombustíveis, Para a população, a cadeia de produção do biodiesel proporciona a geração de um número expressivo de novos empregos no campo a partir do plantio das matérias-primas e, assim, ajuda a promover a inclusão social. Fator este de grande importância para o sistema social do país, levando em conta principalmente as classes menos favorecidas financeiramente. Apesar de todos os benefícios já citados, os biocombustíveis possuem algumas desvantagens, pois a produção das monoculturas exige grandes extensões de terras causando grande impacto em biomas como o cerrado, caatinga e nos pampas que não são ressalvados, dessa forma o avanço da agricultura nestas áreas pode gerar uma grande perda ecológica, com redução dos habitats causando déficit na biodiversidade, além da redução do plantio dedicado a produção alimentar, pois pode tornar-se muito mais lucrativo a produção de biomassa do que a produção alimentar, fazendo com que os preços dos alimentos atinjam índices exorbitantes. (NASCIMENTO, 2008). Fig. 3 Monocultura de cana-de-açúcar Fotografia: http://www.riobranco.org.br/.../images/canavial1.jpg Ainda com relação aos impactos causados pelos biocombustíveis a Agência Européia do Meio Ambiente, (2009), enfatiza: Os impactes na biodiversidade e nos recursos naturais, tal como a água, são mais difíceis de medir. O aumento da produção de milho no Centro-Oeste dos Estados Unidos, por exemplo, ameaça a vida 245

marinha no Golfo do México, onde uma zona morta de mais de 20.000 km 2 foi criada pelos grandes afluxos de nutrientes provenientes do rio Mississípi. De acordo com um estudo recente, o cumprimento das metas da legislação em matéria de energia em 2022 nos Estados Unidos fará aumentar as acumulações de azoto no Mississípi em 10 34%. A energia da biomassa é em média 50% menos eficiente que a energia provinda dos combustíveis fósseis, além do mais é grande a quantidade de veículos utilizados para o transporte dessa biomassa tendo assim altos gastos de energia para a produção da mesma. Culturas tradicionais de etanol como a cana-de-açúcar e o milho aumentam a erosão do solo levando ao empobrecimento de aquíferos, e o aumento de tais culturas ainda faz com que sejam utilizados maiores quantidades de pesticidas, fertilizantes e maior utilização de quantidade de água. A grande parcela de gases do efeito estufa no Brasil provém de fontes como a agricultura e criação animal, mudanças de uso do solo e florestas e tratamento de resíduos, mostrando assim mias essa parcela negativa da biomassa. (Goldemberg, 2005). De acordo com Arbex (2004), a queima da biomassa ainda traz agravantes à saúde, na produção da cana-de-açúcar, por exemplo, sua colheita é realizada após a queima dos canaviais, gerando grande quantidade de um elemento negro particulado de nome fuligem, esse material altera as características do ambiente onde a cana é produzida, fazendo com que a população fique exposta à poluição gerada durante o período da queima dessa biomassa. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os biocombustíveis são mais degradantes que os combustíveis fósseis, para alguns pesquisadores, visto que aqueles demandam maiores quantidades para serem eficazes, utilizam maior quantidade de água, cerca de quatro vezes mais, liberam grandes quantidades de CO 2, necessitam de altas quantidades de pesticida para que assim a plantação se desenvolva com maior rapidez e sucesso. Para outros, as vantagens trazidas pelos biocombustíveis superam de longe as desvantagens trazidas pelos combustíveis fósseis, pois são provenientes de energias renováveis o que favorece a gama de alternativas para geração de energia necessária para todos os processos feitos atualmente. Pelo seu potencial de impacto sobre populações tradicionais e biomas, a energia da biomassa deve ser destinada além da proteção ao meio ambiente, a fins que favoreçam a sustentabilidade e a produção do país. É importante que esses métodos sejam beneficentes 246

para a expansão do mercado interno, da renda, da produção de baixo custo, todos voltados com prioridade para a população. Empreendimentos poluentes, intensivos, que visem apenas um setor da economia sem se preocupar com as demais, devem ser excluídos e modos biologicamente sustentáveis devem ser empregados e privilegiados, para a garantia dessas normas são necessárias políticas com rigorosas fiscalizações a fim de manter o equilíbrio entre o uso consciente da biomassa e o capitalismo que envolve essa fonte de energia. Algumas soluções possíveis são: reciclagem e reuso dos insumos; rotatividade do solo; produção sustentável sem que prejudique o setor alimentício; manejo das culturas empregadas privilegiando as de famílias distintas; capacidade de redução de emissão dos gases poluentes e privilégio as técnicas novas que sejam auto-sustentáveis iniciando e encerrando os ciclos sem resultados maléficos. 5. REFERÊNCIAS ARBEX, Marcos Abdo. Queima de Biomassa e Efeitos Sobre a Saúde. Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(2) - Mar/Abr de 2004. BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJETO E INSTALAÇÃO, 2004. BRANDALIZE, Adalberto; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIOENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA. Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007. EEA (The European Environment Agency) - Agência Européia do Ambiente. Se o uso da bioenergia aumentar demais A substituição do petróleo pela bioenergia não é isenta de riscos. 2008. Disponível em: <http://www.eea.europa.eu/pt/articles/se-o-usoda-bioenergia-aumentar-demais-2014-a-substituicao-do-petroleo-pela-bioenergia-nao-eisenta-de-riscos>. Acesso em: 18 maio. 2010. FIESP/CIESP. Ampliação da Oferta de Energia Através da Biomassa. São Paulo. 2001. GOLDEMBERG, José. Política Energética no Brasil. 2005. MOREIRA, Ruy. Bionergia, Sentido e Significado. Revistada ANPEGE. V.3. 2007. MORET, Arthur; RODRIGUES, Délcio; ORTIZ, Lúcia. Critérios e Indicadores de Sustentabilidade para Bioenergia. 2006 NASCIMENTO, Iracema Andrade. Bioenergia Como Fator de Sustentabilidade Ambiental: A Garantia Existe?. 2008. 247

Newsday Consultoria de Comunicação e Marketing. Biocombustíveis, 50 Perguntas e Respostas Sobre Este Novo Mercado. Petrobrás. 2007. Disponível em: <http://ceragro.iica.int/documents/cartilha_biocombustiveis_petrobras.pdf>. Acesso em: 16 maio. 2010. PEREIRA, Leonel Molero. Modelo de formação de preços e commodities agrícolas aplicado ao mercado de açúcar e álcool. São Paulo. 2009. SANTOS, Gabriel Mann dos. Tecnologia Brasileira de Produção de Energia a partir de Biomassa. 2006.. Bioenergy. Disponível em: <http://www.information.org>. Acesso em: 18 maio. 2010. Para citar este artigo: CORREA, Fabiane Fernanda de Barros; SILVA, Richard Cordeiro da. Bioenergia: aspectos ambientais e econômicos. In: X CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho. 2010. Anais...UENP Universidade Estadual do Norte do Paraná Centro de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2010. ISSN 18083579. p. 239 248. 248