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Transcrição:

Page 1 of 5 Acórdãos TRL Processo: 7579/2007-8 Relator: SILVA SANTOS Descritores: CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA PRETERIÇÃO DO TRIBUNAL ARBITRAL INTERPRETAÇÃO Data do Acordão: 11/15/2007 Votação: UNANIMIDADE Texto Integral: S Meio Processual: AGRAVO Decisão: PROVIDO Sumário: A cláusula compromissória segundo a qual todos os eventuais litígios emergentes da interpretação, aplicação e execução do presente contrato, serão dirimidos por um Tribunal Arbitral, nos termos da Lei n.º 31/86, de 29 de Agosto, o qual funcionará em Lisboa, no local escolhido pelo respectivo Presidente não abrange litígio que tenha por objectivo declarar-se o contrato inválido com base em alegado vício da vontade Decisão Texto Integral: (SC) ACORDAM NO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA SECÇÃO CÍVEL: I. "A. [ ] S.A" instaurou contra José [ ] acção declarativa de condenação com processo ordinário pedindo seja anulado o contrato de compra e venda de acções da "T. [ ]" celebrado em 30 de Abril de 2004 entre a autora e o réu e seja o réu condenado a restituir à autora um montante correspondente ao preço de aquisição pago pela autora ao réu e a autora a devolver as acções ao réu. Na contestação o réu para além de impugnar parcialmente os factos, pediu, para além do mais, seja reconhecida a excepção de incompetência do Tribunal, uma vez que «a competência para o julgamento de todos os litígios emergentes da interpretação, aplicação e execução dos referidos contratos foi convencionalmente cometida pelas partes ora A. e R. a um Tribunal Arbitral» II. O tribunal na fase de saneamento processual considerou assente os seguintes: 1. A autora dedica-se à gestão de participações sociais; 2. A 13 de Novembro de 2000, a "T. [ ] S.A" e José Maria [ ] subscreveram o cópia consta a fls. 39 e segs. dos autos, e cujo teor se dá por reproduzido; 3. Sob a cláusula la consta "1. Pelo presente contrato, a T.[ ] vende ao Segundo Outorgante, que por sua vez compra, as 1400 acções acima identificadas. (...) "; 4. Sob a cláusula 3a - as partes estipularam o seguinte: "1. Fica desde já consignado que, caso cesse a prestação de serviços de administração que presentemente liga o Segundo Outorgante à [ ], por iniciativa deste, sem justa causa para tal ou por iniciativa da [ ] com justa causa para tal, dentro do prazo de quatro anos a contar da presente data, este último ficará obrigado a vender à T. [ ] ou a quem esta indicar, as acções ora adquiridas ". (...) "; 5. Sob a cláusula 6a, as partes acordaram o seguinte: "1. Todos os eventuais litígios emergentes de interpretação, aplicação e execução do presente contrato, serão dirimidos por um Tribunal Arbitral, nos termos da Lei n 31/86, de 29 de Agosto, o qual funcionará em Lisboa, no local escolhido pelo respectivo Presidente. (...) "; 6. A 11 de Dezembro de 2003, a "A. [ ], S.A" e José Maria [ ] subscreveram o cópia consta a fls. 44 e segs. dos autos, e cujo teor se dá por reproduzido; 7. No referido instrumento particular consta, para além do mais, a) A A. [ ] é dona e legítima titular de 700 acções, ordinárias, nominativas, com o valor nominal de 4,99 Euros, representativas do capital da sociedade T. [ ] S.A", (...); 8. Sob a cláusula la consta "1. Pelo presente contrato, a A. [ ] vende ao Segundo

Page 2 of 5 Outorgante, que por sua vez compra, as 700 acções acima identificadas. (...) "; 9. Sob a cláusula 3a - as partes estipularam o seguinte: "1. Fica desde já consignado que, caso cesse a prestação de serviços de administração que presentemente liga o Segundo Outorgante à [ ], por iniciativa deste, sem justa causa para tal ou por iniciativa da [ ] com justa causa para tal, dentro do prazo de um ano a contar da data do exercício da referida opção, este último ficará obrigado a vender à A. [ ] ou a quem esta indicar, as acções ora adquiridas ". (..) "; 10. Sob a cláusula 6a, as partes acordaram o seguinte: "1. Todos os eventuais litígios emergentes de interpretação, aplicação e execução do presente contrato, serão dirimidos por um Tribunal Arbitrai, nos termos da Lei n 31/86, de 29 de Agosto, o qual funcionará em Lisboa, no local escolhido pelo respectivo Presidente. (..)"; 11. A 30 de Abril de 2004, a "A. [ ] S.A" e José Maria [ ] subscreveram o cópia consta a fls. 68 e segs. dos autos, e cujo teor se dá por reproduzido. 12. No referido instrumento particular consta, para além do mais, que "Considerando que: a) Com data de 13 de Novembro de 2000, o Segundo Outorgante adquiriu à A.[ ] 1.400 acções, ordinárias, nominativas, representativas do capital social da T. [ ] S.A" (..); b) Com a data de 11 de Dezembro de 2003, o Segundo Outorgante adquiriu à A. [ ] 700 acções ordinárias, nominativas, representativas do capital social da dita [ ], S.A"; c) Nos termos da alínea c) do n 2 da Cláusula Terceira do Contrato de Compra e Venda datado de 13 de Novembro de 2000, a cessação da relação de administração que o Segundo Outorgante desempenhava para a sobredita [ ], S.A por destituição com justa causa para tanto, daria lugar à obrigação de alienação à A. [ ] de parte das acções então adquiridas, em quantidade que actualmente corresponde a 700 acções; d) Também de acordo com a Cláusula Terceira do Contrato de Compra e Venda de Acções celebrado com data de 11 de Dezembro de 2003, a ocorrência da factualidade prevista na alínea anterior daria lugar à obrigação de alienação das 700 acções adquiridas pelo Segundo Outorgante ao abrigo desse instrumento contratual; e) Por deliberação da Assembleia Geral de Accionistas da [ ], S.A, realizada em 14 de Abril de 2004, o Segundo Outorgante foi destituído com justa causa das funções de administrador que vinha exercendo para a [ ], SA; (..); g) O Segundo Outorgante vem pelo presente instrumento alienar à A. [ ] as 1400 acções representativas do capital social da [ ], S.A que, por força dos aludidos contratos, está obrigado a realizar em favor da A. [ ]; (...) "; 13. Sob a cláusula 1a consta "1. Pelo presente contrato, a A. [ ] adquire ao Segundo Outorgante, que por sua vez vende àquela, as 1.400 acções representativas do capital social da [ ] e acima identificadas. (...) ". III. E decidiu que «a presente acção, deveria ter sido proposta junto de um Tribunal Arbitral, tal como convencionado pelas partes». Assim, julgou procedente a excepção dilatória de preterição do Tribunal Arbitral voluntário e, em consequência, absolveu o réu da instância. IV. Desta decisão recorre a A., pretendendo a sua revogação invocando as seguintes conclusões: 1. Recorre-se da sentença proferida a fls. que absolveu o R. da instância por julgar procedente a excepção dilatória de preterição do tribunal arbitrai; 2. O Senhor Juiz a quo fez uma interpretação incompleta do regime da preterição do tribunal arbitrai voluntário, quer por desconsiderar matéria de facto relevante à boa decisão da causa, quer por ter julgar procedente uma excepção dilatória que não existe; 3. Também deveria ter sido dado como provado, porquanto com relevo para a suscitada questão da (alegada) preterição do tribunal arbitrai que: 4. Em Assembleia Geral de accionistas da [ ], realizada em 14 de Abril de 2004, foi deliberada a destituição, com fundamento em justa causa, do R., ora Apelado, das funções administrador que vinha exercendo; 5. No final do ano de 2004 foi constituído um Tribunal Arbitrai para, entre outras questões, apreciar a regularidade da destituição do R., ora Apelado, das funções de administrador da [ ]; 6. Por decisão de 3 de Outubro de 2005, o Tribunal arbitrai julgou, entre outros, que a destituição do R. das funções de administrador da [ ] havia sido promovida "sem justa causa" para tanto; 7. Tais factos foram alegados pela A., ora Apelante, suportados por prova documental e

Page 3 of 5 não foram impugnados na contestação do R.; 8. Além disso, a Sentença recorrida desconsiderou que não ficou acordado pelas partes que os litígios emergentes da interpretação, aplicação e execução do contrato celebrado em 30 de Abril de 2004 seriam dirimidos por um Tribunal Arbitral! 9. A pretensão da A. nos presentes autos, contrariamente ao decidido na Sentença ora recorrida, nada tem a ver com o cumprimento ou incumprimento de algum dos contratos celebrados pelas partes, não podendo, por isso, aplicar-se o art. 494, n. 1, al. j), do CPC, sob pena da sua violação; 10. São três os motivos para não se aplicar o art. 494., n. 1, al. j), do CPC; 11. Em primeiro lugar, porque, conforme referido, o contrato de compra e venda de acções celebrado pelas partes a 30 de Abril de 2004 não ficou sujeito a cláusula compromissória; 12. Logo, qualquer diferendo relativo ao mesmo é da alçada dos Tribunais Comuns, rectius, do Tribunal recorrido, não havendo, por isso, preterição do tribunal arbitral; 13. Em segundo lugar, porque ainda que se entenda, por mero dever de patrocínio e sem conceder, que o contrato celebrado pelas partes a 30 de Abril de 2004 está sujeito à cláusula compromissória de contratos anteriores, sempre se dirá que, nesses contratos, as partes apenas sujeitaram ao Tribunal arbitrai as questões relativas à sua interpretação, aplicação e execução; 14. Sucede que, o problema subjacente ao contrato de compra e venda de acções celebrado pelas partes em 30 de Abril de 2004 é a sua eventual cessação, por erro, e não pelo seu incumprimento por qualquer das partes; 15. Além disso, o incumprimento, em que Senhor Juiz a quo se alicerçou para sustentar a aplicação da cláusula compromissória de outros contratos, não existe; 16. O contrato em apreço foi celebrado, as acções objecto do mesmo foram entregues ao comprador, e o preço acordado pela aquisição das acções foi pago ao vendedor! 17. Assim, não estando em causa qualquer incumprimento do contrato celebrado em 30 de Abril de 2004, não está a matéria em apreço contemplada nas cláusulas compromissórias acordadas pelas partes em contratos anteriores; 18. Assim, porque na(s) cláusula(s) compromissória(s) das partes não consta expressamente a questão do erro da declaração negocial, não tem nenhum tribunal arbitral que se pronunciar sobre tal questão, sob pena, de o fazendo, gerar uma situação de incompetência que, por sua vez, desencadearia a invalidade de qualquer decisão arbitral daí decorrente. 19. Assim, também por esta via, se pode concluir pela inexistência de preterição do tribunal arbitral voluntário; 20. Finalmente, mesmo que se considere que o erro da Apelante aquando da celebração contrato de compra e venda de acções a 30 de Abril de 2004 está contemplado na cláusula compromissória acordada pelas partes em contratos anteriores, o que só por mero dever de patrocínio se equaciona sem conceder, a competência convencionalmente atribuída pelas partes ao tribunal arbitral não foi privativa; 21. As partes não estabelecerem que "os eventuais litígios emergentes de interpretação, aplicação e execução do presente contrato, serão dirimidos, em exclusivo, por um Tribunal arbitral", ou, em sentido idêntico, "com expressa renúncia a qualquer outro"; 22. A lei estabelece, em lugares paralelos, relativamente aos pactos atributivos de jurisdição que, presume-se, em caso de dúvida, que seja alternativa a competência atribuída (art. 99., n. 3 do CPC); 23. No presente caso, conforme resulta documentalmente provado, as partes não atribuíram competência exclusiva ao tribunal arbitral. Podiam-no ter feito, mas não o fizeram; 24. Logo, a competência do tribunal arbitral era (é!) concorrente com a competência dos tribunais civis, pelo que não estavam as partes, rectius, a Apelante, impedidas de recorrer aos tribunais comuns para decidir a presente questão. Termos em que deve ser dado provimento a este recurso e consequentemente anulada a sentença recorrida, que julgou procedente a excepção dilatória de preterição do tribunal arbitral voluntário e absolveu o Réu da Instância, com as demais consequência legais. Não foram apresentadas contra alegações. V. É sabido e tem sido jurisprudência uniforme a conclusão de que o objecto do recurso

Page 4 of 5 se limita em face das conclusões contidas nas alegações do recorrente, pelo que, em princípio, só abrange as questões aí contidas, como resultado aliás do disposto nos artigos 684. 3 e 690.1 do CPC. Face às conclusões das alegações temos que o objecto do recurso se resume: Verifica-se ou não preterição do tribunal arbitral, ou dito de outro modo, cabe determinar se é o Tribunal de Lisboa ou um Tribunal Arbitral o competente para conhecer de pedido nesta acção? A Lei 31/86, de 29 de Agosto (Lei de Bases da Arbitragem Voluntária, futuramente designada por LAV) prevê no art. 1.º, sob a epígrafe Convenção de arbitragem as condições genéricas a que pode ser submetido a um tribunal arbitral voluntário a solução de um litígio. Começa desde logo por enunciar o seguinte: 1. Desde que por lei especial não esteja submetido exclusivamente a tribunal judicial ou arbitragem necessária, qualquer litígio que não respeite a direitos indisponíveis pode ser cometido pelas partes, mediante convenção de arbitragem, à decisão de árbitros. Exclui assim, desde logo, a solução de litígios referentes a direitos indisponíveis ou a outros que por lei devam ser necessariamente submetidos a tribunal judicial ou a arbitragem necessária. O art.1.º-n.º2 da mesma Lei, por outro lado, reporta-se ao objecto, dizendo que A convenção de arbitragem pode ter por objecto um litígio actual, ainda que se encontre afecto a tribunal judicial (compromisso arbitral), ou litígios eventuais emergentes de uma determinada relação jurídica contratual ou extracontratual (cláusula compromissória). Em causa está a interpretação da clausula 6ª nº1 constante do contrato em causa que expressamente refere: «Todos os eventuais litígios emergentes de interpretação, aplicação e execução do presente contrato, serão dirimidos por um Tribunal Arbitral, nos termos da Lei n 31/86, de 29 de Agosto, o qual funcionará em Lisboa, no local escolhido pelo respectivo Presidente.» Esta cláusula é válida e aplica-se apenas às questões objectiva e directamente relacionadas com a interpretação, aplicação e execução do presente contrato. VI. A fundamentação do tribunal para considerar violada o pacto de jurisdição assenta essencialmente no facto de. «Tendo as partes estipulado que "1. Todos os eventuais litígios emergentes de interpretação, aplicação e execução do presente contrato, serão dirimidos por um Tribunal Arbitral, nos termos da Lei n 31/86, de 29 de Agosto, o qual funcionará em Lisboa, no local escolhido pelo respectivo Presidente. (...) ", dúvidas não há de que as partes estipularam uma cláusula compromissória. Aparentemente assim parecia ser, mas uma leitura mais atenta da situação demonstrará que não. Na realidade, salvo o devido respeito, não é isso que está em causa na acção. De facto, a A. visa através da pressente acção obter a anulação de um contrato de compra celebrado em 30/04/07 que teve por objecto a venda de 1400 acções que na altura eram propriedade do R. Para o efeito invoca a existência de vício da vontade da A. na celebração do contrato em questão, o qual enquadra como erro sobre os motivos já que actuou na convicção de que certa disposição contratual lhe permite ou o obriga actuar nesse sentido por pensar existir justa causa no despedimento do R., pressuposto esse que havia determinado a «obrigatoriedade» de venda das acção, mas que afinal não se verifica, como se alcança da decisão do tribunal arbitral constituído para o efeito.

Page 5 of 5 Independentemente de se ajuizar sobre se se verificam ou não os elementos necessários para se qualificar do alegado erro sobre os motivos determinantes da vontade, ou qualquer outro que condicione a vontade, o certo é que os factos invocados escapam agora à concretização deste contrato. E resulta da leitura da petição cf. arts 31, 32, 33, 34, 56, 57, 58 que o alegado erro se releva como essencial já que constituiu a causa determinante da vontade que hipoteticamente constituiria causa de escusa. De facto, o que agora se pretende é avaliar da eventual existência de pressupostos que são supervenientes ao contrato celebrado, que tem ou podem ter a virtualidade de invalidar o contrato e, por isso, estão já para além da sua concretização. Por outro lado, não se trata de ajuizar do cumprimento ou não cumprimento do contrato. Eventualmente da sua violação parcial ou sequer do seu cumprimento defeituoso. As realidades em discussão na acção são bem distintas daquelas previstas na cláusula compromissória. Por conseguinte, tratando-se como se trata de anulação hipotética, por ora, bem entendido daquele negócio, tal realidade nada tem que a ver com a referida interpretação, aplicação e execução do contrato, mas sim de situação diferente e oposta. Ora, assim sendo, é sabido que a anulação, nulidade ou invalide por qualquer forma dos negócios jurídicos cabe plenamente ao tribunal comum já que não é atribuída a qualquer ordem especifica jurisdicional. Daí que, o tribunal competente para o efeito é aquele onde a acção foi instaurada, uma vez que está excluída, nos termos supra citados, a referida cláusula compromissória. Procedem assim as conclusões das alegações do recurso. VII. Nestes termos, julga-se procedente o recurso, revoga-se a decisão impugnada, julgando-se improcedente a excepção de preterição de tribunal arbitral voluntário, seguindo-se os ulteriores termos processuais. Custas pela parte que decair a final. Registe e notifique. Lisboa, 15 de Novembro de 2007 Silva Santos Bruto da Costa Catarina Manso